15 setembro 2013

4. You Make Me Love You - Capítulo 21



                                                                            Efeito Dominó


 Belieber's POV
    Cory estava começando a me irritar, me censurando daquela forma. Por que, afinal, ele havia me levado a um bar apenas para beber água? Por que ele não conseguia simplesmente se libertar e se divertir um pouco comigo? Por que eu não podia beber o que eu quisesse e fazer o que me desse vontade no momento, sem ter que aguentar todo mundo? Era oficial. Cory precisava de uma boa dose de “como ser jovem”.

    – (Seu nome), eu acho melhor irmos embora! – repetiu Cory, mais uma vez.
    – Cory, você está muito estressado... – soltei, antes de voltar a me referir ao anjo que me servira durante toda a noite – Kaique, me traz mais um Martini, por favor. Agora, em dose dupla, porque o gatinho aqui está precisando!
    – Não! – interrompeu-me, sem um pingo de educação – Cara, não traz mais nada, pelo amor de Deus. Tome isto aqui e pode ficar com um troco, ok? Uma boa noite para você!

    Antes que eu pudesse reestabelecer meu pedido, Cory abandonou uma nota no balcão e depois me puxou tão rapidamente que eu cambaleei na cadeira, tropeçando e quase indo de encontro ao chão. Mas ele me segurou ainda mais depressa. Infelizmente, a rapidez de seu movimento não fora suficiente para me causar outro efeito, se não a sensação de que minha cabeça girava. Eu estava começando a traçar vários planos para matá-lo, mas não fui capaz de fazê-lo, já que a tontura trouxe uma parede negra até meus olhos, me fazendo ter que piscar várias vezes.

    – Vamos! – ele continuou a me puxar no meio da rua – Vamos logo antes que você arranje outro jeito de ingerir mais alguma coisa, sua alcoólatra.
    – Eu não sou alcoólatra, Cory! – esperneei, me soltando de seu aperto de ferro.
    – (Seu nome), para de berrar!
    – Quem está berrando aqui? – revoltei-me – Eu estou aqui apenas reivindicando os meus direitos de cidadã. Sendo assim, eu tenho liberdade de dizer que eu não sou alcoólatra. Se eu fosse, já deveria estar bêbada. E eu não estou bêbada. Ainda aguento, no mínimo, quatro taças de Martini. Vamos voltar!
    – (Seu nome), mais uma dose e você entrará em coma alcoólico.
    – Que exagero!

    A cada segundo mais, eu notava que Cory era muito, muito dramático, tanto que me fazia pensar estar na presença de algum médico de uma novela brasileira. Afinal, era um tremendo teatro dizer que eu estava bêbada. Eu nunca estivera tão sóbria em toda a minha vida. Tão sóbria que eu podia andar em uma corda bamba, segurando um elefante e começando a cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz, porque eu sei que a vida deveria ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita... É bonita, é bonita e é bonita!

    Boa música.

    – Cory, eu não entendo o motivo pelo qual você me trouxe aqui, se você vai ficar regulando o que eu vou ou não fazer, sabia?
    – (Seu nome), eu te trouxe aqui para jogarmos sinuca, exclusivamente! – a voz dele estava parecendo mais arrastada do que jamais fora – Você que se esqueceu disso.
    – Hum, sinuca, é? Então, você gosta de enfiar o taco no buraco? Que safadinho!
    – Menos, (Seu nome), bem menos! Agora, por favor, vamos para o carro, vamos!
    – No carro? Que versátil!

    Ele não voltou a me responder, apenas me empurrou até o seu veículo, que não parecia muito à vontade com a nossa invasão em seu interior. Pacientemente, comecei a acariciar sua superfície metálica, esperando por assim fazê-lo que os ânimos se acalmassem. Eu não queria ter que recomeçar uma discussão ou algum debate qualquer, mas Cory parecia não compreender isso, infelizmente.

    – (Seu nome), o que você está fazendo? – escutei, ao longe.
    – Eu estou fazendo carinho no carrinho, posso?
    – Desculpa a pergunta, mas... Por quê? – insistiu.
    – Porque eu sou uma pessoa gentil, oras. – expliquei, paciente como nunca – Acho que seu carro merece o mínimo de respeito e atenção que você não sabe lhe dar. Imagina abrir o pobrezinho assim, sem mais nem menos...
    – (Seu nome), entra logo!

    Cory deu a volta no carro e apareceu ao meu lado rapidamente. Em questão de segundos, a porta estava aberta e eu não tive alternativa a não ser entrar, mesmo achando uma injustiça. Afinal, que mundo era aquele em que os homens não sabiam mais como lidar com seus pequenos brinquedos modernos e de alto custo? Como, com toda essa falta de atenção, o ser humano espera que o planeta Terra evolua?

    Enquanto Cory nos tirava dali rapidamente, eu começava a refletir sobre o motivo que ele teria para tamanha pressa de ficar sozinho comigo e... Na verdade, todos apontavam para uma única coisa: sexo. Definitivamente, ficar com ele era uma possibilidade, embora eu não tivesse realmente que chegar a ir tão longe. Eu estava a fim de brincar um pouquinho. Pegação e provocação já deveriam ser o suficiente para Cory se aquietar e também para curar a minha boca carente de companhia.

    O caminho ia ficando mais embaçado à medida que Cory ficava mais concentrado na estrada. Minha cabeça estava começando a girar com a mesma velocidade que nos locomovíamos até algum lugar desconhecido. Obviamente, criei algumas teorias para isso: a mais absurda era de piolhos passistas – eu não tinha piolhos – e a mais provável de todas era a culpa. A culpa que me consumia por estar tomando o papel de bom moço do meu acompanhante ao invés de me permitir fazer algo que eu realmente queria.

    – Cory, você pode ir mais devagar, por favor? – pedi, esforçando-me para fazer minha voz funcionar como deveria.
    – Ah, não! – parecia um som de lamento – Não me diga que você quer vomitar, por favor. Por favor, não faça isso com meu carro!
    – Que vomitar o quê? – fuzilei-o, por não saber que vomitar era algo completamente nojento – Olha só, eu quero... Fazer igual aos filmes. Vamos! Largue o volante e vamos tirar nossas blusas na janela e gritar para as pessoas na rua. Vamos cantar! Você conhece alguma música?
    – (Seu nome), linda, amor da minha vida, presta bem atenção no que eu vou dizer agora, ok? – pediu, demorando demais para continuar – Se eu largar, mesmo que por um minuto, a direção do carro... Nós morremos!
    – Ai, que dramático!  - resmunguei, sem saber como lidar com todas as suas desculpas – Sério, eu me sinto como se estivesse saindo com meu avô. Porém, isso seria considerado pedofilia, já que você tentou me levar para um canto, várias vezes, né, vovô? Vovô! Mentira... Pare de falar no meu avô, porque ele era um homem muito digno e que não merecia ser comparado a alguém como você. Ai, ai, vovô, que saudades do senhor. Eu espero que seja legal no céu...

    Cory não me respondeu, mas começou a sussurrar qualquer coisa consigo mesmo, parecendo centrado exclusivamente nisso, e eu achei bonito da parte dele estar rezando pelo meu falecido avô.

    Não voltamos a conversar. Para mim, parecia mais interessante observar os borrões na paisagem lá fora do que ter que ouvir os sussurros preocupados de Cory. Havia nuvens em destaque no céu, casas coloridinhas e gramados que passavam correndo por nós e me faziam sentir como se eu estivesse dentro dos meus desenhos frustrados de criança. Meus sonhos foram destruídos logo no jardim de infância, o que explica muitos espaços desmotivados em minha vida. Eu poderia começar a chorar me lembrando de todos os meus fracassos artísticos, mas...  

    Mas eu estava muito feliz!

    – Cory, eu quero ser famosa! – informei, imaginando que ele pudesse me ajudar.
    – (Seu nome) – falou, logo após sussurrar algo que novamente não consegui compreender –, você já é famosa! Famosíssima! Mais famosa impossível... Agora, por favor, se aquieta. Nós já estamos quase chegando.
    – Espera! Eu sou famosa? – sim, é verdade, então, sonhos se realizam – Como assim? Cadê meus fãs, então? Fãs, eu amo vocês!
    – Olha só...
    – Não, espera! Se eu sou famosa, onde estão minhas obras, hein? Nós estamos indo vê-las, não é? Ai, ai, aposto que elas ficaram lindas, expostas no Louvre. Como é difícil ser uma artista famosa e aclamada por todo o mundo...
    – Do que você está falando, menina? – Cory estava sofrendo de Alzheimer, coitado.
    – Garoto, você não ouviu o que acabou de falar? Eu estou enganada ou estamos falando sobre o fato de eu ser praticamente o novo Leonardo da Vinci, só que mulher...
     – (Seu nome), você... Olha, nós estamos indo ver seus magníficos quadros agora, tudo bem? Mas, para chegarmos mais rápido, você precisa ficar bem quietinha, minha princesa.

    Calei-me.

    Eu queria chegar o mais rápido possível nas únicas vitórias da minha vida. Na verdade, era um pouco engraçado pensar que eu acabara de descobrir que toda a minha existência tinha um sentido maior, afinal, por conta da força com que eu acreditara. Até porque tudo começa com algo, mas algo pode ser nada... Nada se o pobre coraçãozinho de Cory não sonhasse comigo. Onde eu estaria se ele não acreditasse?

    Espera! Eu já ouvi isso em algum lugar...

    O caminho parecia que ficava mais e mais embaçado, meus olhos começavam a pesar e meu estômago revirava. Eu provavelmente estava nervosa com toda a situação, mas tudo começou a soar incômodo, de repente. Fiquei com vontade de chorar, como se estivesse sob uma crise de TPM. Mas eu era orgulhosa demais para deixar que aquilo borrasse a minha maquiagem, antes de chegar arrasando no lançamento da minha nova obra memorável.

    – Chegamos! – informou Cory, ao pararmos.
    – Isso? – perguntei, olhando para o lado externo ao carro – Mas... Cadê os meus fãs? Cadê os repórteres para realizarem um documentário sobre a minha vida? Cadê todo mundo?
    – Eles podem estar escondidos por aí, oras. Paciência!

    Cory saiu do carro e, segundos depois, me ajudou a fazer o mesmo, já que eu me atrapalhara ao fazê-lo. Minhas pernas pareciam suportar vários sacos de cimento e estes me faziam cambalear praticamente a cada passo que eu dava. Felizmente, o possível homem da minha vida estava bem atrás de mim, enquanto cobríamos a distância até o local da exposição. Cory tinha as chaves do mesmo, então as chances de tudo aquilo fazer parte de alguma ideia bizarra sua pareciam ter aumentado.

    Assim que entramos, me deparei com um breu absoluto e engoli a vontade de gritar de pavor – nunca se sabe o que se esconde na escuridão –, porque continuamos seguindo assim mesmo, como se aquilo incomodasse só a mim. Já esperando por isso, esbarrei em todos os móveis e tropecei em milhares de degraus durante o percurso, enquanto Cory (ou o bicho-papão, que sabe?) permanecia bem atrás de mim, sibilando a cada mísero barulho. Talvez ele não soubesse que o nome dessa preocupação toda se chamava TOC.

    De repente, uma claridade forte invadiu meus olhos, fazendo-me sentir que poderia desmaiar ali mesmo, de tamanho desconforto. Não era só de sono que eu poderia cair pelos cantos, mas também de dores pelo corpo. E, quanto a isso, toda aquela luminosidade, embora eu não entendesse o porquê, me massacrava tanto quanto uma manada de elefantes sambando sobre mim.

    Após diversas piscadelas para afastar a cegueira temporária, o ambiente em que estávamos começava a formar imagens em minha cabeça – nada muito nítido, na verdade – e eu notei já estarmos em outro cômodo do local em que entramos. Era um quarto masculino, a julgar pelas cores presentes no mesmo. Porém, independente da decoração, estar li me fez entender finalmente o que Cory pretendia com toda a ilusão relacionada nos meus sonhos artísticos. Ele estava era com vontade de pintar o sete...

    Sinceramente, eu estava destruída, morta e com preguiça de caminhar até a minha cova, mas, por ele, talvez fosse possível o sacrifício. Além disso, mesmo com a minha visão momentaneamente falha, eu tinha consciência de que tudo em Cory era atraente. Então, por que não? Eu tinha mais a perder se, por acaso, não me aproveitasse da maravilhosa oportunidade que o destino jogara em meu colo.

    – Você sabe que não precisava disso tudo, Cory... – ri, virando-me para ele – Poderia ter evitado toda essa conversa barata que usara para tentar me distrair e ter me dito o que você estava pensando desde o início.

    Não esperei mais, afinal, ele mesmo já havia enrolado por muito tempo. Com destreza, joguei Cory em sua própria cama e me aproximei, por cima dele. Deitado de imediato, ele parecia completamente inocente e indefeso. Eu gostava demais daquilo. Gostava de sentir que estava no controle. Apesar de apreciar homens que assumem a situação de vez em quanto, eu estava a fim de brincar um pouco naquela noite e Cory parecia ser o tipo certo para me distrair.

    Deixando-me levar pela minha safadeza iminente, deslizei minhas mãos por dentro de sua camisa, sentindo o movimento de seu abdômen. Sua pele estava em uma temperatura um pouco mais baixa do que esperava, mas isso era algo que eu poderia resolver logo. Sem pensar duas vezes, levei meus lábios até seu pescoço, beijando-os de forma lenta e provocante. Seu perfume chegava ao meu nariz, fazendo-me sentir dopada por aquele aroma maravilhoso. Minha sonolência anterior se dissipara, enquanto meu sangue fervia dentro das veias.

    Eu não sabia bem o que me levava a fazer aquilo, mas se havia algo do qual eu estava certa era de que eu queria aquele homem com rostinho de menino. Havia algo nele que me despertava a vontade de tê-lo perto. Talvez sua respiração ofegante provocada por mim, o modo como ele arqueava as sobrancelhas nas situações certas ou mesmo seus lábios incrivelmente mordíveis. Tinha alguma coisa realmente sexy naquele garoto e eu precisava daquilo para mim.

    – (Seu nome), o que você está fazendo? – até sua voz entrecortada era sexy.
    – Ah, por favor, não vá me dizer que você nunca fez isso, porque eu não acredito! – ri, aproximando nossos rostos.
    – Não é isso, mas... Eu não posso fazer isso com você, (Seu nome). Não assim, pelo menos...

    Recapitulando... Eu acabei de levar um toco dele? Em que mundo isso aconteceu? Eu não era de levar tocos de ninguém!

    – Sobre o que você está falando? – indaguei, levantando um pouco o tronco, mas sem sair de cima dele.
    – Estou falando sobre você ter um namorado. Eu não sei se essa é a impressão que passa, mas eu não sou esse tipo de cara...
    – O quê? Namorado? Você está louco?

    Sem dar mais espaços para conversas bobas, deslizei meus dedos por seu belo rosto e voltei a me aproximar novamente. Meus olhos em seus lábios, sua respiração em minha pele e, então, estávamos perto de chegar onde realmente importava. Eu já podia sentir nossas línguas se tocando, seus braços ao meu redor e o calor dessa atração, quando fui injustamente interrompida, com um dedo indicador sobre meus lábios.

    Frustração seria a palavra mais adequada para definir o que aquele garoto estava me causando.

    – Mas... E quanto a Justin?
    
   Pergunta errada.

    Justin. Justin. Justin. Um idiota – com certeza –, mas, infelizmente, ainda capaz de fazer minha garganta se fechar por completo, afinal, é isso o que a repulsa faz com as pessoas. Era a única coisa que eu podia sentir, além do meu estômago se revirando e da cabeça voltando a girar. Dessa forma, precisei de alguns minutos para entender que a pergunta que me fora feita não era muito relevante, então, eu não julgava precisar de qualquer resposta, mas cedi em consideração a Cory.

    – Justin? Ah, você deveria perguntar à namorada dele, que é com quem ele deve estar agora! Provavelmente, os dois devem estar contando estrelas no céu e vomitando romantismo um no outro ou, talvez, trancados em um quarto, fazendo sabe-se lá o quê...
    – (Seu nome), você está delirando?
    – Não, eu não estou! – sai de cima dele, me levantando da cama e me pondo de pé, ao lado da mesma – Como você pode não ligar? Aliás, como você poderia saber, em primeiro lugar, não é mesmo? Afinal, temos que cuidar da boa imagem do pobre Justin Bieber e não seria bom para ele o título de “traidor duas caras”. Então, eles te fazem pensar que não seria bom para ninguém que o mundo todo soubesse que esse idiota pisou em cima de você e aproveitou o momento para pegar uma piranha qualquer, que diz ser “sua melhor amiga”. Mas, pense bem, como eu fico nessa história, hein? Ah, espera, ninguém liga, porque é mais importante cuidar do pobre garotinho acidentado. Quem se importa se ele quebrou um osso ou dois? Eu, não...
    – Espera! Mas... Naquele dia, na patinação, você me disse que...
    – Eu menti, ok? – minha garganta ardia a cada palavra que saia da minha boca – Eu sou uma mentirosa! Por que você acredita em mim, afinal? Eu minto, eu sou uma pessoa dissimulada, eu sou cínica. Minha vida é um grande teatro, eu estou sempre atuando.  Eu sou uma pessoa horrível. Alguém deveria me internar em um manicômio ou, melhor, me tacar em uma fogueira, como fizeram com Joana D’arc. A diferença é que ela fez algo que preste pelo mundo, enquanto eu sou um completo fracasso. Não é à toa que ninguém me suporta, nem eu mesma. Eu deveria me matar para assim conseguir escapar do terrível fardo que é conviver com a minha presença contínua!
    – Para de dizer besteiras, garota! – ele estava brigando comigo, eu podia sentir isso.
    – Cala a boca! Você não sabe como é... Eu me odeio mais a cada minuto. Todos os dias, quando eu acordo, eu olho para o espelho e pergunto a mim mesma como a minha vida se tornou essa porcaria hoje. Então, por que não se põe no meu lugar e para de gritar comigo? Eu estou cansada! – havia uma sensação ruim em todo o meu rosto, algo me sufocando, que doía cada vez mais – Que saber? Para mim, é o suficiente. Eu vou ligar para todas as emissoras do mundo, para as editores de jornal e qualquer site lixo de fofoca e soltar a verdade, a verdade que ninguém vê... Justin Bieber é um falso, que deveria enfiar aquelas cançõezinhas ridículas no orifício que melhor achar conveniente!
    – (Seu nome), calma!

   Eu já estava me preparando para começar a gritar de novo, se ele tentasse me impedir de fazer o que eu queria, mas fui surpreendida. Braços fortes se apertaram ao meu redor, me pressionando contra um peitoral firme e eu não tinha certeza se isso estava tendo o efeito adequado. Eu não conseguia sentir esse contato. Não conseguia sentir esse choque entre temperaturas. Era só um abraço.

    Minha cabeça estava latejando de dor, meu corpo estava dormente e minha mente me fazia ter vontade de superar isso tudo pulando de um precipício. Eu queria gritar até as minhas cordas vocais pararem de funcionar para o resto da vida. Talvez assim eu pudesse apenas voltar para a minha vida normal e esquecer tudo o que, no momento, eu não me lembrara com toda clareza. Mas se havia algo que estava me incomodando era o meu rosto molhado e quente. Eu realmente odiava isso, me fazia sentir uma fracassada. E era mesmo o que eu era. Fracassada o suficiente para ter até dificuldade de admitir isso.

    De repente, quase sem que eu percebesse, eu havia sentado, ainda sendo amparada pelo abraço forte daquele ao meu lado. Minha percepção estava ligeiramente alterada, enquanto eu tentava entender o que estava acontecendo, sem muito sucesso. Enxergar já não era mais algo que eu estava conseguindo fazer e, mesmo assim, eu não fazia ideia se estava com os olhos abertos ou fechados. As únicas coisas que pareciam se distinguir das outras era um incomodo estranhamente contínuo e um pedido de calma sendo sussurrado repetidamente em meus ouvidos.

    Quando eu já estava quase certa de estar dormindo, um aroma diferente chegou até mim, me fazendo estremecer. Meu coração vacilou à medida que eu começava a visualizar uma perfeita imagem do meu desejo. Seu cabelo perfeitamente desarrumado, seus olhos como a coisa mais preciosa que eu já vira, seu jeito tão único de me segurar, tudo estava me tocando profundamente. Eu estava destruída – era um fato –, mas ter aquilo foi suficiente para me reestruturar novamente, pelo menos, por alguns minutos. Eu precisava, mais do que qualquer coisa, ter certeza e que seria capaz de prolongar aquilo por mais tempo. Talvez, até mesmo para sempre...

    – Você me ama, Justin?
    – Hã... Eu... – sua hesitação me assustou de início, antes de eu conseguir perceber que aquilo era meu problema de compreensão, o que também fazia sua voz parecer ligeiramente diferente – Claro. É claro que eu amo você, (Seu nome)!

    Foi o suficiente. A dor, o incômodo e a dormência passaram tão rapidamente que parecia que eu nunca os havia sentido. Não havia mais grito, pânico ou choro, afinal, o que eu precisava saber, já havia me sido dito. Eu tinha certeza, afinal. Ele era meu. Sempre seria...

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Capítulo 21, bbys!
  Eu sei que atualmente com o meu suporto descado em relação ao blog (descaso esse que não existe, eu realmente estava tendo dificuldades para postar), eu sei que bem menos leitoras leem a ymmly, mas mesmo assim eu falei que não iria parar, não é mesmo?
   Então, é o seguinte, gatinhas... O capítulo 22, se o blog não buggar, já está programado para ser postado na quarta-feira e os seguintes no sábado (ou no domingo, ainda não ajeitei a programação deles). Então, o blog seguirá nesse ritmo, capítulos quartas e finais de semana. Lembrando que eu já programei os posts no blog, então eu não avisarei para vocês quando atualizar e, qualquer problema, eu resolverei quando voltar a olhar. Mas, comentem, me digam o que estão achando, se vocês ainda se derem o trabalho de ler até aqui...
    Anyway, continuo amando vocês! Obrigada por continuarem aqui!    

01 setembro 2013

4. You Make Me Love You - Capítulo 20



 Próxima fase
 


 Belieber's POV

    Nós havíamos estacionado à frente do lugar escolhido por Cory e os nossos papéis aparentemente estavam se invertendo. Enquanto ele aguardava minha reação, eu tentava disfarçar ao máximo o misto de surpresa e insegurança que eu sentia. Embora o local não fosse tão ruim – aliás, nem ruim era –, definitivamente não estava na minha lista de mais frequentados, o que era uma pena, na verdade.
    – Você está planejando me levar para o mau caminho? – indaguei, gostando demais da ideia.
    – (Seu nome), é só um bar! – respondeu, preparando-se para sair do carro. – Vai me dizer que nunca foi em um?
    – Sim... Quando eu tentava me desvencilhar para o mau caminho! – completei.
    – Bom, isso é um problema seu, não meu. – ele pareceu se divertir com as minhas palavras – De qualquer forma, pode ficar tranquila. Na lista do pessoal da faculdade, esse é um dos lugares mais leves que frequentamos!
    – Acho que não vou querer saber quais são os outros! – murmurei – E eu que pensava que estudantes de medicina fossem pessoas sérias...
    Cory saiu do veículo rapidamente, repetindo o mesmo ato cavalheiro que já fizera tantas vezes. Assim, caminhamos a pouca distância entre a rua e a entrada do local, em silêncio, enquanto eu começava a me questionar novamente o que eu poderia ainda não saber sobre Cory. De uma maneira um pouco estranha, eu sentia a necessidade de superar essa falta de conhecimento.
    O ambiente em si parecia um bar bastante comum: mesas bem distribuídas, luzes características, uma música do aparelho de som ao fundo, conversas ecoando, mesas de sinuca, um balcão repleto dos mais diversos tipos de bebidas possíveis e barmans fazendo graças para os clientes. Era o típico ambiente casual, que embora deixasse claro esse ar de despojado, não parecia o tipo de lugar mal frequentado em que sempre se desenrolavam brigas e confusões.
    Como se não parecesse agradável de um jeito simples o bastante para me encantar, Cory ainda estava certo sobre ninguém me reconhecer. Não havia uma pessoa sequer olhando para mim de uma forma “Nossa, não é aquela menininha da televisão?”. Muito pelo contrário. Os poucos que focavam o olhar em mim sustentavam algo mais “Ei, há realmente uma garota aqui? Que surpreendente e... Que gatinha, hein?”. Eu não estava sendo autoconfiante demais ao pensar assim, havia realmente um ar de predador em algum dos rapazes ali e isso não era agradável.
    – Então, o que você vai querer? – perguntei.
    – Você já está pensando em beber, não é? – seus olhos se estreitaram e um sorriso bobo surgiu no canto de seus lábios – E eu que pensei que você fosse uma boa garota, hein? Bom, só para a sua informação, eu não te trouxe aqui para encher a cara, não...
    – Ah, não? Então, para quê?
    – Eu te trouxe aqui, porque está na hora de entrarmos no meu jogo.
    – Você está falando sobre...
    – Sinuca!
    – Ah, não! – sussurrei, sem saber como escapar daquilo – Eu não vou entrar nessa, Cory!
    – Por que não?
    – Porque eu não sei jogar sinuca e vou acabar perdendo...
    – Hum, não quer jogar porque vai perder? – eu estava começando a odiar o modo como ele analisava tudo o que saia da minha boca – Típico comportamento de uma garota mimada!
    Embora eu soubesse que ele só dissera aquilo como forma de me provocar e, consequentemente, me fazer participar de seu joguinho, não tinha como eu resistir à vontade de fazê-lo engolir o próprio jeito implicante de achar que sabia de tudo!
    – Tudo bem! – concordei, juntando toda minha autoconfiança – Você pode começar, se quiser. Gosto de dar vantagens às minhas vítimas!
    – Aham, sei! – obviamente, Cory já estava convencido de que seria fácil me vencer. E ele estava coberto de razão.
    Fingindo estar muito à vontade ali, caminhei para as mesas de sinuca, logo atrás de Cory. Habituado ao que estava fazendo, ele pegou os tacos, passando um pouco de giz em uma das extremidades, antes de me passar um deles. Não foi preciso mais do que isso para eu entender que estava prestes a me humilhar de livre e espontânea vontade. Eu não tinha sequer ideia de como manejar aquele pedaço de madeira ou mesmo se existia regras complexas que eu teria que seguir.
    Enquanto eu me despedia da minha dignidade, Cory reuniu todas as bolas coloridas que estavam sobre a mesa, ajeitando-as de uma forma específica, que eu desconhecia. Era o tipo de procedimento que eu já vira diversas vezes na televisão ou em joguinhos de videogame, porém por algum motivo desconhecido agora parecia bem mais complexo do que eu jamais pensara ser.

    Dessa forma, exatamente como um personagem fictício faria, Cory fez a sua primeira jogada, fazendo com que cada bola fosse parar em um canto diferente. Seu olhar analítico sobre o jogo me deixava ainda mais tensa, fazendo-me pensar que a partida era algo de extrema importância. Então, de repente, ele voltou a olhar para mim – da mesma forma de antes –, a duvidar da minha capacidade em relação ao que fazíamos.
    – Sua vez, gatinha... – informou.
    Suspirei, reunindo a minha concentração. Com um pouco de dificuldade e me esforçando ao máximo para ocultar esse nervosismo, tentei fazer exatamente o que Cory havia feito, embora eu não soubesse bem o que fora. Na verdade, eu estava completamente perdida já no começo do jogo. Aliás, não tinha ideia de em que canto da mesa eu poderia ter um melhor aproveitamento do que já havia sido feito. E... Sinceramente, eu não sabia nem o que significava um “melhor aproveitamento” nesse jogo idiota. 
    – Você sabe que tem que usar a bola branca para poder acertar as outras, não sabe? – indagou, duvidando da minha mentalidade.
    – É óbvio que eu sei, Cory! – arfei, frustrada – Agora, se você me der licença e parar de me desconcentrar, eu vou poder jogar...
    Cory riu baixinho, continuando a me fitar. Sabendo que, se continuasse a ligar para as ações dele, havia grandes chances de eu acabar enfiando aquele taco em um lugar que iria lhe doer, tentei me desligar do moreno diante de mim e pensar no que estava fazendo. Felizmente, a minha conclusão fora lógica o bastante para me fazer pensar em acertar a bola que parecia mais próxima do um dos buracos no canto da mesa, a amarela.
    Quase deitando em cima da mesa, sem conseguir achar uma posição adequada, tomei um leve impulso com o braço, tentando fazer com que, ao menos, eu não me envergonhasse tanto assim. Porém, antes que eu pudesse finalizar minha tacada, os reflexos de Cory foram mais rápidos. Quando finalmente consegui notar o que havia acontecido, sua mão já retirara a bola amarela da mesa, segurando-a firmemente, enquanto seus olhos continuavam ainda sobre mim. Sua expressão era mais divertida do que vitoriosa quando ele começou a se aproximar de mim, ainda com a bola em mãos.
    – Você sabe que tem que acertar a bola vermelha, não sabe? – perguntou, segurando o riso.
    – Por quê? – chiei, respirando fundo.
    – Porque são as regras do jogo. Eu não posso fazer nada quanto a isso e, nem você, mesmo com toda a sua importância colossal...
    – Você é muito chato, sabia? – miei, dando-lhe a língua como uma criança – Se você fosse mais cavalheiro, com certeza, permitiria um jogo sem todas essas regras idiotas, considerando a minha enorme deficiência em sinuca.
    – É, mas eu não sou desses, então eu prefiro observar, enquanto você quase morre para realizar algumas jogadas simples!
    – Nesse caso, não me leve à mal, Cory, mas... Quanto mais eu te conheço, mais compreendo o motivo pelo qual você não tem uma namorada.

    Suas sobrancelhas se arquearam, com o aparente surgimento da descrença em sua expressão. Ironicamente, eu também não acreditava que tinha dito aquilo, porque, bem, era possível que, no momento, eu não tivesse um namorado também. Mesmo assim, não retirei minhas palavras, pelo simples fato de eu ainda ter razão. Afinal, por mais que eu estivesse sozinha e solitária, eu não havia me tornado tão chata quanto Cory. Na verdade, havia sim, mas eu disfarçava.

    – Tudo bem! – ele deu de ombros, afinal – É melhor mesmo eu ajudar você. Caso contrário, ficaremos aqui até a semana que vem, enquanto você tenta acertar uma única vez...
    – Eu não preciso de ajuda na forma de jogar, ok? – esclareci – Só preciso saber essas regras idiotas!
    – (Seu nome), eu sei o que estou fazendo, diferente de você, e posso seguramente dizer que a senhorita não acertaria a jogada que você pretendia fazer, mesmo conhecendo todas as regras possíveis...
    – Sério?
    Ele balançou a cabeça afirmativamente e, em seguida, consegui perceber nossa competição sobre quem era melhor caminhar para o fim. Não era como se Cory ainda quisesse que eu me rendesse e assumisse não saber o que fazer, mas, sim, como se me ajudar em algo fosse algo consideravelmente bom para ele. Sinceramente, era para mim também, porque, embora eu não gostasse de admitir, eu realmente odiava não conseguir fazer as coisas com precisão.
    – Ok! – sorri, por fim – Eu provavelmente preciso de ajuda mesmo.
    – Provavelmente? - ele riu, sem humor – Eu não sabia que você gostava de minimizar a realidade!
    – Você não precisa me humilhar também, não é?
    Ignorando minhas lamentações, Cory apenas largou seu taco em um canto qualquer e se aproximou ainda mais, me abraçando suavemente por trás. Involuntariamente, hesitei, antes de voltar a relaxar, respirando fundo. Mas fiz isso cedo demais, já que novamente fui pega de surpresa, quando ele puxou minha cintura para trás bruscamente e depois me levou a inclinar o tronco. Trinta perguntas diferentes sobre o seu comportamento inadequado passaram pela minha cabeça e eu comecei a ter a certeza de que eu não estava só imaginando essa ousadia toda.
    – Cory... – comecei, temerosa em perguntar – O que, exatamente, você está fazendo?
    – Hã... Te ensinando a jogar! – os traços de inocência em sua voz não pareciam se encaixar corretamente com a situação.
    – Sério?
    – Por que a pergunta, hein?
    – Eu não sei bem, mas de onde eu venho, chamamos isso de outra coisa, sabia? – insinuei, levemente desconfortável.
    – (Seu nome)... – Cory suspirou pesadamente, parecendo meio impaciente – Será que você consegue apenas relaxar? Eu não sou louco, ok? Eu não faria nada com você... Não em público, pelo menos.
    – O quê?
    – Vamos lá! Perna direita só um pouquinho mais para trás e flexione um pouco a da frente, agora.
    Cory continuou a me instruir com toda a paciência que ainda restava, ignorando as maldades que perambulavam em minha cabeça – e que, de alguma forma, ele alimentava. Assim, delicadamente, ele segurou meus braços, ajeitando-os à posição correta em que eu deveria segurar o taco e coordenou toda a minha jogada, sussurrando exatamente o que eu teria que fazer e estava quase dando certo como deveria. Quase.

    Eu simplesmente não conseguia me concentrar tendo uma respiração pausada e compassada indo de encontro à pele da minha nuca, sempre que eu tentava prestar atenção no que estava fazendo. Além disso, eu ainda tinha que me esforçar para não estremecer sob o efeito disso e deixar que Cory percebesse, o que seria extremamente fácil, já que o corpo dele estava grudado no meu. Apesar de apreciar sua gentileza ao se propor a me ajudar, eu não sabia se me sentia completamente preparada para esse tipo de aproximação física, vindo de qualquer um.
    – Cory, isso não está dando certo! – disparei.
    – Claro que não, (Seu nome). Você não para de falar um minuto e não consegue se concentrar!
    – Eu não consigo me concentrar mesmo, mas não é por isso...
    – O que foi? – havia preocupação em sua voz, o que soou estranho.
    – Bom, para começar, eu poderia focar melhor no jogo, se você parasse de se aproveitar da minha inocente pessoa! – virei suavemente, sem sair da posição de jogada, mas podendo assim olhar fixamente para ele.
    – Eu?
    – Não, Cory, não estou falando de você! – ironizei – Estou falando do garoto que está bem atrás de mim, me encoxando. Não, espera... É você mesmo!
    – Eu não estou fazendo isso... Propositalmente. – sua expressão tomou ares de ultraje – (Seu nome), é bom que saiba que eu não faço esse tipo de coisa. Aliás, embora você desconheça esse termo, eu sou um moço de família!
    – Não sei por que eu não acredito...

    Um sorriso meio provocante foi a única coisa que obtive em resposta e, se eu ainda sabia decifrar pessoas, aquilo com certeza queria dizer que nem ele mesmo acreditava no que havia dito. Eu não tinha reparado antes, mas tinha proximidade entre nossos rostos e também entre nossos sorrisos, cada um com significado diferente. Mas, principalmente, havia uma proximidade absurda da essência dos seus olhos com os meus e eu percebi que estava gostando demais daquele mar negro.
    Perdida em interpretar tudo o que poderia estar presente em um simples e belo par de olhos, eu acabei por me desligar das coisas relativamente consideráveis que aconteciam a nosso redor. Por esse motivo, me surpreendi quando Cory puxou, leve e ligeiramente, meu braço e o impulsionou para frente novamente, realizando a jogada. Durante todo esse processo, ele não tirou os olhos dos meus nem por um minuto, mas, ainda assim, quando me virei novamente para a mesa, havia uma bola a menos, que se encontrava em um dos seis buracos nas extremidades.
    – Hã... – me virei por completo para ele, nos afastando um pouco – Como você...
    – Parabéns! Acertou a bola com precisão. – falou, como se estivesse realmente maravilhado – Você é uma aluna realmente maravilhosa, (Seu nome)!
    – Vou preferir fingir que você está falando só do jogo, ok?
    – É sobre isso mesmo que eu estou falando, você não? – não havia qualquer tipo de maldade em sua voz, fazendo com que eu começasse a acreditar nisso também.
    – Cory, você é um dos insuportáveis mais incríveis que eu já conheci, sabia? – ri, sem graça.
    – É claro que eu sei disso... – ele riu também, enquanto passava os dedos por uma mecha do meu cabelo, que estava à frente do meu rosto – Mas, e quanto a você? Em que você é incrível, hein?
    – Eu não sei. Acho que em nada de especial... – admiti.
    – Bom, talvez você seja ligeiramente míope, porque eu consigo enxergar milhares de coisas maravilhosas em você! – a aparente sinceridade dele ao falar fez com que eu corasse – Mas, já que você não as vê, não há motivo para citá-las, não é?
    – Não! Diga, por favor! É importante, para mim, saber a sua opinião... – miei, tentando não me derreter diante dele.
    – Bom, primeiro e mais notável de tudo, você definitivamente é muito competente em ser linda. Isso me surpreende! Segundo, você é muito boa em fazer as pessoas gostarem de você, mesmo sendo tão chata assim... Terceiro, você canta maravilhosamente bem e acho que o mundo inteiro sabe disso. Resumindo, a lista é infinita, ok?
    – Ah, Cory, você sabe que está mentindo... Além disso, você nunca me viu cantando ao vivo, para julgar se eu canto bem ou não.
    – Ah, então, você não acredita que canta maravilhosamente bem, mas sabe que é linda e carismática... Nossa, (Seu nome), sua humildade é tangível!
    – Eu não disse isso, bobo!
    – Não? – suas sobrancelhas se arquearam e eu notei que tudo isso fazia parte do seu joguinho – Então, já que não foi isso que você quis dizer, talvez, um dia desses, você possa cantar para mim...

    A característica de Cory que mais parecia me matar aos poucos eram seus olhos tão inocentes ao olhar para mim. Era como se um jovem safado tivesse conseguido manter, após tantos anos, o mesmo olhar que tinha quando era uma criança e ganhara seu primeiro brinquedo. Mas eu não deveria considerar esse traço algo tão bom, porque no exato momento em que eu percebi isso, entendi que acabaria por fazer tudo o que ele pedira, apenas por estar estranhamente hipnotizada.
    – Vou pensar no meu caso... – murmurei, enquanto me apoiava na mesa de sinuca – Mas, só a título de curiosidade, qual a sua música preferida, hein?
    – “Wherever You Will Go” do The Calling. Conhece?
    – Quem não conhece essa música, hein?
    – Tudo bem. Foi uma pergunta idiota! – ele respirou fundo, como forma de apagar sua indagação despropositada – Mas, e quanto a você, qual a sua música preferida?
    – Hã... – havia realmente uma música que seria a minha preferida para sempre, mas eu não estava muito a mim de ter que pensar ela, no momento – Back at One do Brian McKnight.
    – Nossa, que surpresa! Você não disse uma música sua... Acho que estamos evoluindo, (Seu nome).
    – Eu não quero te deixar preocupado, mas é em momentos como esse que eu começo a me perguntar o motivo pelo qual aceitei sair com você. – disparei – Eu estou começando a ter certeza de que você passou por algum trauma terrível na infância, que veio te deixar assim tão bobão!
    – Eu discordaria, mas provavelmente você passou pela mesma coisa, porque só isso explica o fato de você ser tão rabugenta... – provocou, com uma expressão de desdém – De qualquer forma, é uma pena você pensar assim, porque eu sei exatamente o motivo pelo qual eu quis sair com você!
    – Sério? Por que, então?
    – Nada que valha a pena ser dito...
    – Cory, por que você faz isso, hein? – suspirei, começando a ficar impaciente.
    – Isso o quê? Ficou louca?
    – Isso de ficar bancando o misterioso. Você diz uma coisa, que dá a entender outra e, ao invés de explicar, terminando o seu relato, você simplesmente para, como se nem tivesse começado a falar, em primeiro lugar.
    Cory pareceu se divertir com a minha frustração e, enquanto eu permanecia a encará-lo sem qualquer paciência, com os braços cruzados, ele apenas se limitou a se afastar de mim. Como se eu não tivesse me queixado de nada, ele pegou os tacos, colocando os novamente no canto da mesa e ajeitando as bolas sobre ela, colocando-as na mesma formação que estavam antes de começarmos a jogar. Só depois de longos minutos, quando eu já havia desistido de ter uma resposta direta ou mesmo de um comportamento normal, ele voltou a olhar para mim. Os olhos mais inocentes do que antes.

    – Por que você não responde a essa pergunta, hein? – sugeriu, dando ênfase à palavra “você” – Por que quis sair comigo, afinal?
    Eu tinha duas respostas para essa pergunta. A primeira era falsa e consistia basicamente no fato de eu estar solitária, emburrada e trancada em uma droga de casa o dia inteiro, durante semanas, sem nunca ter contato com a luz do sol – ou mesmo com o frio penetrante dessa época do ano. Isso tudo me fazia correr para ver qualquer pessoa diferente das que eu estava acostumada, sendo esta um príncipe europeu, um mendigo desesperado ou Cory. E tinha a verdade, que foi a que eu escolhi...
    – Porque eu gosto de você. – admiti – Eu gosto do jeito que você olha para mim, como se eu fosse sua colega do jardim de infância. Gosto do jeito como você esconde a verdade com ironia e é sincero logo em seguida. E você me faz rir... Nos últimos tempos, sempre que eu estou teoricamente me divertindo, eu tenho que ficar lembrando para mim mesma que estou fazendo algo legal, que deveria estar feliz. Com você, eu não me sinto assim. Eu sorrio, porque você me provoca isso. Eu me divirto porque você é um idiota e... Eu me sinto ótima com isso. Além disso, eu gosto do jeito como você está descobrindo quem eu sou, mesmo que eu tenha que aguentar os seus comentários desnecessários, porque... Me faz entender um pouco o seu ponto de vista. Eu gostei de te conhecer, Cory, embora isso não tenha acontecido de um jeito usual.
     Logo que acabei de falar, sentindo certo constrangimento por ter sido sincera demais, Cory voltou a se aproximar de mim, tão perto quanto estivera da última vez. Ele pegou uma das minhas mãos com extrema delicadeza e beijou as costas dela, sempre mantendo seus olhos sobre mim. Eu sabia que grande parte da culpa de eu estar vulnerável vinha deles, mas eu não podia simplesmente mandar meu acompanhante parar de olhar para mim.

    – Foi muito bom ouvir isso, sabia? – comentou, por fim.
    – Imagino que sim. – concordei – Mas, agora, eu quero saber. Por que você quis sair comigo, afinal?
    – É uma longa história! – desconversou – Outro dia, quem sabe, eu te conto...
    – Nada disso, Cory! Deixa de ser bobo e comece a falar.
    – Bom, acho que foi um conjunto de fatores que me fez querer estar mais com você! – ele não parecia muito confortável em ter que dizer aquilo – Você esbarrou em mim em uma pista de patinação, meio de repente e eu senti a necessidade de chamar a sua atenção, porque não é sempre que uma garota linda derruba a gente no gelo, sabia? Mas eu não achei que fosse passar daquele dia, embora eu tivesse gostado muito de você. Então você realmente fez o que falou que faria e nós começamos a conversar virtualmente, coisa que eu nunca achei muito prudente. De uma forma geral, você me mostrou que é diferente do que eu achava que seria. Você está muito distante do usual, sabe? Sinceramente, eu nunca me dei bem com coisas normais e fáceis de resolver e você é completamente oposta a isso. Parece que tem orgulho de ser diferente, chata, boba, complicada e enrolada. Eu adoro isso e adorei também poder descobrir isso, conhecer você...
    Enquanto falava, Cory deslizou os dedos do meu cabelo até o meu rosto, passando pela minha bochecha e parando no queixo, onde levantou meu rosto para que pudesse olhar diretamente para mim. Sua respiração começou a fazer cócegas em minha pele e, por um minuto inteiro, desejei sentir aquilo mais perto. Fazia séculos que eu não ficava com ninguém de forma casual... Literamente, porque eu nunca fora do tipo de garota que ficava confortável com isso. Assim, empurrei essas ideias inadequadas para o fundo de mim, lembrando-me de que essa minha vulnerabilidade iria acabar me deixando mal, no final.
    – O que você acha de bebermos alguma coisa? – desconversei.
    – Você não perde a oportunidade, não é?

    Ri, nos afastando rapidamente e puxando-o até o balcão, que parecia um pouco mais vazio do que antes. Observei enquanto Cory analisava as variedades de bebidas disponíveis e fiquei satisfeita pelo fato de ele não ter tornado o clima tenso, apesar da minha clara interrupção do momento anterior. Mesmo que seu jeito me impulsionasse a pensar em coisas um pouco absurdas para mim, ele não estava me pressionando. E, ironicamente, isso me deixava com ainda mais vontade de fazer o que não devia.
    – Acho que vou ficar só com uma água. E você? – perguntou, me trazendo do volta à realidade.
    – Água? Você está falando sério? – minha perplexidade fez com que eu parecesse completamente habituada a frequentar esses lugares, o que não era verdade – O que é isso? Parte da sua dieta, por acaso?
    – Na verdade, sim.
    – Eu não sei como você consegue. Essa dieta maluca limita muito você...
    – Você não faz ideia... – murmurou, desviando o olhar. – Mas, vamos ao que interessa. O que você vai querer?
    – Hã... Eu estava pensando em um Martini!
    – Martini? Sério, (Seu nome)? Eu não tomaria isso, se fosse você. É como um veneno!
    – Pede um Martini para mim, por favor... – miei – Vai ser só um, sério!
 

    Achei bonito da parte de Cory se preocupar comigo, mas, ainda assim, eu sabia que não era mais aquela garotinha que não aguentava uma dose de álcool sequer. Eu já conseguia lidar com isso, então não seria uma grande coisa. E, particularmente, eu me sentiria mais confortável com a bebida em mãos, porque seria algo a ocupar a minha boca e consequentemente me manter longe dos problemas que eu mesma estava querendo causar...

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Capítulo 20, nenéns (:
   Eu sei, eu sei. Logo, logo vocês vão se queixar de que "o Justin não aparece mais" e tudo o mais que vocês tem direito, mas não, não faz tanto tempo assim que o Justin sumiu de cena, só que como os espaçamentos entre os posts estão demorados faz parecer que o tempo é maior do que realmente é. Então, não se estressem, porque, como eu tava tendo muita reclamação, muito "Ah, que enrolado!", eu vou encurtar essa temporada, que >DEVE< (eu não sei bem, pq depende de como eu vou dividir as ideias nos capítulos) acabar em torno de 30 capítulos.
   Então, é só isso mesmo que eu queria falar.
    Espero que gostem do capítulo. Tenham uma boa noite!