26 dezembro 2013

5. You Make Me Love You - Capítulo 3

Tentativa


Belieber's POV
    Nós estávamos deitados no sofá, checando a lista de convidados mais uma vez, após o almoço. Já era a quarta vez que eu ia citando o nome de cada pessoa que eu havia anotado há alguns meses atrás e Harry ia confirmando que tinha sim mandado o convite para todos aqueles. Com a correria do final da turnê, eu acabei deixando boa parte dessa etapa para ele executar e, embora eu confiasse nele, ainda tinha algumas dúvidas sobre o meu próprio desempenho em arrumar tudo.

    – (Seu nome), não chega, não? – resmungou ele, parecendo frustrado.
    – Só mais um pouquinho, Harry, por favor... – pedi, com aquele miado lento que eu nunca deixara se perder – Vamos só mais uma vez, só para me certificar que está tudo certo!
    – Nós já fizemos isso três vezes. – argumentou – Quero dizer... A menos que você tenha conhecido uma pessoa nessa última uma hora, coisa que eu sei que não aconteceu, nós chamamos todos os nossos parentes e amigos mais próximos!
    – Tudo bem, então! Eu vou parar, mas fique sabendo que internamente eu estarei me remoendo de dúvida e de preocupação em deixar tudo certo.
    – Ah, é? Então, vem cá que eu te aquieto! – ele riu, antes de se colocar em cima de mim.

    Rapidamente, Harry retirou das minhas mãos o grosso bloco onde eu havia anotado o nome de todo mundo, antes de começar a beijar o meu pescoço devagar. Não consegui segurar um fino grito de surpresa, já que em uma fração de segundos eu havia saído de um momento de extrema concentração para um de distração e atração total. Esse lado mais atirado do meu noivo era tão bom que deveria ser censurado!

    – (Seu nome), você deveria frequentar mais a igreja para se purificar um pouco, sabia? – ele indagou, sério, se afastando um pouco de mim.
    – Eu? Por quê? – me surpreendi, ofendida – Eu não sei se você reparou, senhor, mas foi você quem se jogou em cima de mim, sem aviso prévio!
    – Sim, eu reconheço isso, mas foi você quem começou a gritar descontroladamente, sem que eu sequer fizesse alguma coisa minimamente aceitável para isso. Não que eu não saiba que você gosta de tudo isso, mas você deveria aprender a se controlar um pouco mais...
    – Harry, pelo amor de Deus, você acha mesmo que eu gritei por sua causa? Você deveria se colocar mais no seu lugar. – dissimulei, com a melhor cara de cínica que conseguia – Eu estava gritando unicamente porque me desesperei pensando em tudo o que nós ainda temos que conferir...
    – Ah, não, (Seu nome), chega! – ele me fuzilou com os olhos – Você deveria se calar, porque quieta você fica muito mais bonita.

    Com esse pretexto descabido de querer fazer com que eu ficasse quieta, Harry me beijou vorazmente, pressionando tanto seu corpo contra o meu que eu me senti quase afundando no sofá. Acompanhando seu ritmo intenso, cravei minhas unhas em sua nuca, enquanto descia a outra mão pelas suas costas e puxava devagar sua blusa. Alguma parte de mim sabia perfeitamente que eu não devia permitir que ele me distraísse assim tão facilmente, mas eu havia ficado tanto tempo sem aquilo que era complicado, para mim, resistir.

    Mas, ainda assim, eu não conseguia esquecer tudo o que eu tinha que fazer. O beijo de Harry era como um escape de todos os problemas, mas não era sobre algo negativo que estávamos falando no momento e, sim, sobre o nosso futuro. Mais do que tudo, eu queria que o dia do nosso casamento fosse perfeito, porque não seria mais sobre especulações e fofocas em uma revista. Seria o nosso dia, só nosso, sem qualquer sombra de imprensa em cima da gente. Seria uma data para lembrar para sempre...

    Além disso, eu também queria deixar claro para todos os nossos conhecidos, que antes acreditavam que nós dois não iríamos durar muito tempo, pois ainda era coisa de criança, que o nosso relacionamento era realmente sério. Afinal, nem todo mundo parecia compreender isso há certo tempo atrás...

    Eu estava quase me arrependendo de ter pedido para que o Lucas me visitasse naquele final de semana, afinal, eu não queria que ele saísse do país onde estava começando a faculdade apenas para vir reclamar no meu ouvido. Aliás, até onde eu sei, eu não pago essas viagens desse loiro safado para ele ficar de um lado para o outro, reclamando do que eu ando fazendo ou deixando de fazer.


    Eu compreendia que ficar sabendo da notícia que eu estava ficando com um moreno suspeito através de fansites ao invés de pela boca da própria melhor amiga deveria ser um pouco chato para Lucas, mas não era motivo para tanto drama. Além disso, eu só ainda não contara para ele por falta de oportunidade. Eu não tinha culpa se esses papparazzis ridículos são muito mais rápidos do que eu.

   “Ai, (Seu nome), não é possível que eu não possa te deixar sozinha por um tempo, sem que você se meta em confusões.”, ele voltou a reclamar. “E não venha me dizer que não são confusões, porque se você estivesse tão segura disso, com certeza, teria me falado sobre esse garoto há mais tempo!”
    “Lucas, por favor, não complica as coisas...”, pedi, tentando ser paciente. “Olha, você vai me deixar explicar ou vai ficar aí, resmungando sem nem saber direito o que está acontecendo com a sua melhor amiga?”
    “Tudo bem, comece a falar!”, falou, se jogando na cama em que eu estava.

    Eu ainda não tinha certeza se o loiro estava tão disposto assim a me ouvir e mesmo acreditar no que eu tinha a dizer, mas aparentemente não havia muitas outras opções. O único problema é que eu não sabia bem o que dizer, afinal, eu ainda não tinha conseguido explicar a situação nem para mim mesma. Embora circulasse pela rede uma foto minha com Harry Styles, em que aparecíamos nos beijando no estacionamento de um restaurante depois de termos saído, eu não tinha tanta certeza de que estávamos juntos, como aqueles sites afirmavam. Pelo menos, não oficialmente.

    “Lucas...”, suspirei. “Olha, eu conheci esse garoto de verdade depois do último show da turnê da banda dele. Eu havia prometido levar uma amiga nesse show e foi o que eu fiz, mas eu não esperava que eu e o Harry nos aproximássemos, só aconteceu. As coisas foram acontecendo, nós ficamos amigos e, de repente, em um dia qualquer, nós acabamos ficando. Nada demais!”

     Em um dia qualquer. Era patético o modo como eu falava como se não soubesse o dia exato em que acontecera pela primeira vez. Assim como todas as outras também...

    “Vocês ficaram uma vez só?”, indagou ele, atacando todos os meus pontos fracos como sempre fazia.
    “Bem... Não exatamente!”, admiti, contrariada.
    “Ah, meu Deus, me dê forças para continuar perguntando...”, murmurou de forma quase inaudível, antes de novamente virar-se para mim. “Tudo bem, eu quero a ficha completa desse garoto. Comece a falar...”

    Engoli em seco. Lucas estava começando a complicar o jogo para mim e eu sabia que era de propósito, então a única coisa que eu poderia esperar era esforço da minha parte para sambar naquela carinha sonsa dele, mas o único problema era que eu não tinha certeza se sabia tantas coisas assim sobre o Harry.

    “Bom, o nome dele é Harry Styles... Ou Harry Edward Styles se você preferir. Ele tem 23 anos e faz aniversário dia 1º de fevereiro. Ele tem uma irmã mais velha, gosta de azul e, assim como eu, tem medo de montanhas russas. Ele gosta de encontros calmos e sonha em se casar um dia. Ele não gosta muito de azeitonas, mas sabe fazer malabarismo muito bem e... Eu não sei, ele é simplesmente a pessoa mais doce e mais boba que eu já conheci. Quando eu estou com ele é como se eu não precisasse pensar em tudo o que já deu errado. Ele me faz querer olhar para frente e seguir adiante, sabe?”
    “Ai, meu Deus! Eu não acredito nisso!”, Lucas parecia meio enojando quando eu acabei de falar. “Você está apaixonada!”
    “O quê?”, franzi o cenho involuntariamente, assustada diante da suposição dele. “Você está bêbado? Lucas, eu não estou apaixonada por esse garoto! Quero dizer... Eu só gosto de estar com ele, mas não é nada demais! Dizer que eu estou apaixonada é um pouco de exagero, você não acha?”
    “Sério, (Seu nome), eu estou pensando profundamente em te dar uma gazela de pelúcia de presente, porque sinceramente está difícil para você, hein? Quando não está gostando de um viado, está gostando de outro!”
    “Lucas, para de drama!”
    “Drama?”, ele pareceu se abalar finalmente, antes de se apegar ao auge do seu sarcasmo. “Tudo bem, então. Eu só quero ver quem é que você vai chamar quando precisar de ajuda para sair de toda essa confusão em que você está se metendo!”

    Minha vontade foi de acertar sua cara com um soco bem forte, afinal, ele estava redondamente enganado, já que não teria que me salvar de nada. Não havia nada acontecendo entre Harry e eu. O fato de nós termos ficamos uma, duas ou talvez quinze vezes não influenciava em nada. Absolutamente nada. Afinal, como eu podia me apaixonar por um garoto que amarrava trapos na cabeça? Não iria acontecer.

    Pois é, eu estava certa quando dissera para Lucas que ele nunca precisaria me salvar daquela confusão, embora estivesse completamente equivocada ao mentir para mim mesma, afirmando que nunca chegaria a sentir algo suficiente forte por Harry. No próprio dia daquela conversa, eu já sentia as coisas totalmente diferentes ao estar com ele, até que duas semanas depois do seu aniversário, ele me pediu em namoro e eu não consegui esconder mais de ninguém.

    Arfei, me afastando suavemente de Harry, antes de tomar o controle da situação e imprensá-lo no sofá, ficando em cima dele. Eu tinha que dar um basta naquilo ou aquele garoto iria acabar me matando. E até onde eu sabia, minha mãe não me criara para ser brinquedo sexual de ninguém. Na verdade, se minha pobre mãe imaginasse as coisas que eu andava fazendo com aquele garoto, ela provavelmente iria me manter em cativeiro para o resto da vida, sem nem se importar com a minha idade, para que eu pudesse me purificar.

    – Harry, e quanto às lembrancinhas do casamento? – indaguei, aproximando meu rosto do dele novamente. – Além disso, nós temos que ligar para um mundo de gente para confirmar tudo, porque se faltar alguma coisa, eu processo o universo inteiro.
    – (Seu nome)... – ele cantarolou, como uma forma de me repreender.
    – Tudo bem, eu sei, eu sei... Eu estou sendo paranoica! – ri, antes de selar nossos lábios rapidamente – Mas é que eu quero que seja especial. Você sabe... Nem em um milhão de anos eu poderia imaginar que iria me casar e ainda mais com alguém como você!
    – Sério?

    Sim, era sério. Talvez não do jeito negativo que ele estivesse pensando, mas antes de Harry entrar na minha vida de vez, eu estava passando por um momento bem complicado, onde embora eu quisesse parecer completamente pronta para o que viesse, qualquer palavra mais áspera parecia uma tapa para mim. Era exatamente esse o motivo pelo qual eu não podia detestar Lucas por ser pessimista em relação a mim e Harry, afinal, ele tinha me visto e me ajudado nos meus piores momentos.

    Nós havíamos acabado de chegar à casa de Lucas e já estávamos no meu lugar preferido que era o seu quarto. Eu adorava aquele ambiente, simplesmente porque não importava quantos anos o loiro tivesse, ele sempre estaria completamente bagunçado com as mesmas coisas desnecessárias que não costumava serem usadas e que mesmo assim Lucas se recusava a jogar fora. Mas era bom assim, fazia com que eu não tivesse medo de embora, já que aquele cantinho sempre estaria igual à última vez.

     "Eu ia falar para que você se sentisse em casa, mas eu não acho que isso seja mais necessário...”, falou o loiro, jogando-se na cama e ligando a televisão com o controle remoto.
    “Não mesmo!", ri, sentando-me também, porém na beirada do colchão. "Então, o que nós vamos fazer, hein? Cadê todas as coisas legais que você costumava ter no seu quarto, moço?"
    "Devem estar jogadas por aí, pode procurar se quiser...", Lucas fez pouco caso da minha animação.
    "Ah, qual é, Lucas?", suspirei, frustrada, antes de me colocar de pé nae cama e ficar em cima dele, olhando-o com um ar de superioridade. "Você costumava ser mais legal, sabia? Quero dizer... Antes, quando eu vinha aqui, você me implorava para jogar vídeo game com você, colocava alguns DVDs de comédia para a gente rir, vestia a sua capa super velha de super homem e me pegava no colo, correndo pelo quarto todo, pegava seus CDs antigos para a gente escutar, ficava cantando comigo em cima da cama..."
    "Espera! Isso de ficar cantando igual maluca com você quem fazia era a Manuela, lembra?", ele franziu o cenho, intrigado pela minha memória falha.
    "Sim, mas... Ah, deixa para lá!", arfei, sentando-me em cima dele.
    "(Seu nome)...", o loiro fechou os olhos com força e mordeu os lábios, antes de voltar a olhar para mim, respirando fundo. "Não faz mais isso, pelo amor de Deus!"

    Logo de início, eu não consegui entender sobre o que ele estava falando, devido a minha lerdeza constante, mas quando parei para analisar a situação com outros olhos, o nervosismo dele pareceu fazer sentido. Eu não tivera a intenção quando o fiz, mas ao perceber que eu havia me sentado, quase me jogado, sobre os quadris do meu melhor amigo, bem sobre a região onde sua calça ficava mais volumosa, senti uma incontrolável vontade de rir por ser tão sem jeito. Mas, na verdade, não tinha graça nenhuma.

    Voltei a olhar para Lucas com uma sobrancelha levemente arqueada e, como era de esperar, ele não pareceu se intimidar com isso. Eu não sabia se minha expressão estava tímida ou então engraçada, mas um meio sorriso bobo surgiu no rosto do meu melhor amigo, enquanto alguns pensamentos impróprios apareciam na minha cabeça, provocados exatamente pelas palavras que ele dissera anteriormente.

    "Lucas...", eu me aproximei, segurando um sorriso. "Você, por acaso, pensa em mim dessa forma?"
    "Hã... Eu não sei!", o loiro pareceu sem graça, o que era incomum. "Eu te enxergo de diferentes formas, (Seu nome), mas isso não quer dizer que você tenha que ser má comigo, fazer coisas assim e esperar que eu fique bem com isso... Aliás, você não deveria esperar isso de qualquer outro garoto!"
    "Bom, eu não ligo para outros garotos!", afirmei, passando a mão devagar pelo seu cabelo. “E você?"
    "O que tem eu?", seus olhos brilharam nos meus, antes de se voltarem para a minha boca, fazendo com que um arrepio percorresse toda a minha espinha.
    "E quanto à Melanie, hein?", sussurrei, receosa pela resposta.

    Perguntei-me se havia sussurrado baixo demais, fazendo com que Lucas não tivesse me ouvido, pois pouco depois da minha pergunta, o loiro segurou minha cintura, puxando-me para ainda mais perto. Aquilo era o suficiente para que minhas dúvidas acabassem, mas eu sabia que ele nunca encerrara um serviço pela metade, por isso não me assustei quando seus dedos deslizaram pela lateral do meu rosto, parando em meu queixo, e puxando para um primeiro selinho rápido.

    "Quem é Melanie?", indagou, com os lábios a milímetros do meu.

    Então, eu não tinha mais como voltar atrás e nem queria. Deslizei minhas unhas em seu pescoço ao mesmo tempo em que suas mãos pressionaram firmemente a minha cintura. Em um minuto, nós estávamos nos beijando da forma mais intensa e quente que eu podia imaginar. Era quase como se o sangue em minhas veias tivesse sido substituído por gasolina, meu coração era um isqueiro e, logo, todo meu corpo estava em chamas.

    Eu sabia que nunca tinha me permitido ir tão longe com Lucas, mas enquanto a língua permanecia tão próxima a minha, eu também não conseguia me lembrar do porquê. Ele era perfeito. Seu beijo era tão quente, urgente e viciante, que fazia com que eu me sentisse errada por não conseguir parar mais. Seu toque fazia com que eu pensasse seriamente em meu internar em um manicômio, pois me tirava do meu estado normal.

    No único instante em que nos afastamos, eu puxei a camisa dele com força, jogando-a em algum lugar onde não prestei atenção. Em pouco mais de um segundo, sua boca achou o caminho de volta até a minha e meus pensamentos voltaram a ficar embaralhados. Eu conseguia ouvir algo em mim gritando que aquilo não era certo, mas eu já havia me dado tão mal por ter tentando ser politicamente correta, que o errado estava parecendo muito certo para mim. Aliás, Lucas sempre pareceu inapropriado e, com ele, eu tinha aprendido que gostar do perigo não era algo tão mal assim.

    Inadvertidamente o loiro ficou por cima de mim, permitindo que eu recostasse a cabeça no seu travesseiro e, quando eu já estava começando a relaxar, ele encostou os lábios em meu pescoço, mexendo completamente com o meu juízo. Eu podia fingir que estava tudo bem com aquilo, até que ele me deu um chupão e eu não consegui segurar um gemido baixinho. O loiro riu logo em seguida, provavelmente satisfeito por ter a total certeza do poder que tinha.

    Quando ele finalmente retornou aos meus lábios com seus beijos cálidos e irresistíveis, minhas mãos deslizaram pelas suas costas fortes e as arranhei suavemente, fazendo com que o loiro sorriso enquanto me beijava. Eu já estava me sentindo meio perdida, quando ele começou a abrir minha blusa devagar. Naquele momento, se ainda houvesse alguma parte do meu corpo que não estivesse completamente em chamas, agora estava. Eu nunca gostei tanto de camisas de botões quanto naquele dia.

    Eu estava tranquila, tentando parecer experiente – até porque eu não era mais virgem há certo tempo –, mas era diferente com o Lucas. Embora sentir a pele quente dele encostando na minha fosse uma das melhores sensações possíveis, eu não me sentia pronta para o meu loiro, afinal, porque ele parecia demais,não era como se ele fosse como... Como os outros garotos. Como o garoto com quem eu tive minha primeira vez.

    "(Seu nome)...", Lucas se afastou de mim, de repente. "Eu acho melhor a gente parar por aqui."
    "O quê? Por quê?", percebi tarde demais que minha garganta estava completamente fechada de frustração.

    Devagar, Lucas passou a mão devagar pelo meu rosto e eu percebi, surpresa, que ele estava secando algumas lágrimas que estavam descendo pela minha bochecha. Antes de ele fazer isso, eu não tinha sequer notado que estava chorando, mas um segundo depois, desabei. Eu não sabia por que estava em prantos, mas o loiro havia tirado de mim todo o meu lado racional, me deixando apenas com aquele sentimentalismo idiota que me sustentara por muito tempo.

    Mas, mesmo assim, eu não conseguia achar aquilo justo. Lucas se dizia o meu melhor amigo e aquela não parecia uma atitude muito correta da parte dele. Aliás, não era ele que sempre dizia que após começar alguma coisa, tinha que ir até o fim? Quem se importava com uma lágrima ou outra? Por que aquele loiro idiota pensava que podia usar a minha fraqueza como desculpa para se desfazer de mim?

    "Eu não sou boa o suficiente para você?", miei, com apenas um fiapo fraco de voz.
    "O quê?", ele pareceu surpreso com minhas palavras e, então, seus olhos se encheram de preocupação. "(Seu nome), por favor, não diga uma coisa dess..."
    "Deixa para lá, Lucas!", respirei fundo, antes de tentar me levantar sem sucesso, já que seu corpo ainda estava muito próximo do meu. "Está tudo bem. Eu só... Quero ir para casa, ok?"
    "Não, não está tudo bem! (Seu nome), olha para mim, por favor...", Lucas utilizou do seu tom mais doce para se referir a mim e eu senti as lágrimas voltarem. "Eu não quero que você diga isso nunca mais, tudo bem? (Seu nome), o problema aqui é exatamente o contrário e só você não percebe. Você é boa demais para mim, pequena. Boa demais para um homem como eu. Você acha que eu não percebo? Acha que eu não me culpo por isso? (Seu nome), a coisa que eu mais queria no mundo era ser o cara certo para você. Eu queria poder te fazer feliz todos os dias da sua vida, mas eu não sou esse cara e eu sinto muito por isso. Você é muito mais do que eu poderia desejar, eu sei disso, mas eu te amo mais do que meu coração pode suportar, mesmo sendo errado..."

    Lucas não sabia, mas estava triturando o meu coração aos poucos, porque ele havia dito exatamente tudo o que eu lamentava sentir. Se eu pudesse fazer um pedido para uma estrela naquele segundo, eu pediria que ele pudesse ser só meu e eu só dele, porque eu sabia que estar com ele nunca iria me machucar. Pelo menos, não como Justin ainda me machucava. Eu sabia que aos olhos do loiro, eu não tinha qualquer defeito, mas justamente por causa disso, eu conseguia enxergar em mim meu maior problema: meu coração se recusava a amar o que o fazia bem.

    "Me desculpa...", sussurrei, me inundando de culpa. "Me desculpa, por favor. Eu sinto muito mesmo! Eu estraguei tudo..."
    "Ainda dói, não é?", ele sabia perfeitamente que eu entenderia a quem suas palavras se referiam.

    Sim, doía. Nos poucos momentos em que eu me desprendia do meu lado racional que me salvara tantas vezes, doía mais do que eu poderia descrever.

    "Eu te amo!", foi a única coisa que me limitei a responder, sabendo que o loiro conseguia ler a resposta para sua pergunta em minha expressão.
    "Eu te amo também...", ele sorriu solidário, antes de começar a fechar a minha blusa delicadamente. "Que tal nós irmos devagar dessa vez?"

    Nós trocamos um longo olhar, enquanto eu ficava esperando que minha respiração voltasse ao normal. Assim que aconteceu, acariciei devagar seu rosto macio, antes que seus lábios voltassem a encostar-se aos meus, muito mais calmos e doces do que a última vez. Aproveitei o momento para abraçá-lo apertado, agradecendo mentalmente por tudo o que ele vinha fazendo por mim. Eu sabia que era péssimo para ele me ver daquela forma, por isso tentava me controlar ao máximo na sua presença, mas mesmo quanto eu não conseguia, ele fazia questão de continuar sendo o herói que sempre fora.

    Era um pouco incomum, mas de uma forma ou de outra, Lucas – apesar de ser completamente contrário ao meu relacionamento com Harry, de início – fora o principal responsável pela reciclagem do meu coração. Talvez, se ele não tivesse ficado ao meu lado por tanto tempo, eu nunca teria me permitido renovar os ares dos meus sentimentos e, junto a isso, nunca teria começado nada com Harry, por pura insegurança de tentar novamente.

    – É sério, Harry! – sorri, sem graça. – Eu nunca poderia imaginar que algo tão bom como casar com você pudesse acontecer comigo. Você foi uma das melhores surpresas da minha vida!
    – Engraçado você dizer isso, porque a senhorita foi um dos melhores presentes que eu já ganhei... – seus olhos brilharam para mim, enquanto falava.
    – Aliás, por falar em presentes, vamos voltar às confirmações dos preparativos do nosso casamento? – sugeri, animada.
    – Mais? – ele miou, fazendo a carinha de cachorrinho abandonado que sempre me destruía – Chega por hoje, por favor...
    – Por hoje, talvez, tudo bem! Mas, temos que encarar, Harry, casar não é assim tão fácil quanto parece. Vai querer desistir?
    – Desistir? De você? – suas sobrancelhas se arquearam – Nem em um milhão de anos, minha linda.

    Assim, Harry voltou a me abraçar apertado e eu descansei minha cabeça em seu ombro, enquanto nossas pernas permaneciam entrelaçadas. E, a cada segundo que passava, eu contava com mais ansiedade, os minutos que faltavam para que o "grande dia" chegasse, me imaginando cada vez mais perto de ter legalmente aquele homem só para mim para sempre.


----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Então, aí está, minhas lindas! Capítulo para deixar as #TeamLucas felizes, principalmente as mais antigas (como a senhorita Steph, hahahaha, eu avisei!). Eu espero que vocês tenham gostado desse capítulo e que estejam gostando da temporada em si. Garanto que muita coisa ainda vai rolar, gatas!
Enfim, o capítulo de hoje é dedicado para a minha aniversariante do dia, a Mila (sigam-na no @GarotaFavorita). Gatinha, eu espero que você tenha um aniversário maravilhoso e, mais do que isso, um ano cheio de realizações, tudo de perfeito para você, minha linda! Parabéns!

Então, por hoje, é só. O capítulo 4 ainda não tá pronto, por motivos de: preguiça. Mas provavelmente ele deve ser postado no dia 29 ou no dia 30. Esperemos a inspiração da Juh chegar e a preguiça sair, haha.
Amo vocês, lindas! Boa noite! Sonhem com o Lucas!

23 dezembro 2013

5. You Make Me Love You - Capítulo 2

Primeira impressão

Música do capítulo: I'm Yours - Jason Mraz


Belieber's POV
    Ruídos repetitivos do despertador do meu celular me acordaram pela manhã. Eu estava largada na cama de casal coberta por lençóis vermelhos do meu quarto na minha – teoricamente nova – casa nos EUA, vestindo apenas a minha lingerie preta mais bonita, enquanto era suavemente esmagada por um braço em cima de mim. Isso era tão comum, que eu me perguntei mentalmente se aquela era uma das coisas das quais eu havia sentido falta durante os últimos meses.

    Não importava em que situação ou lugar estivéssemos, se eu dormisse na mesma cama com o Harry, sempre acordaria com uma parte do corpo dele sobre mim. Poderia ser um braço, uma perna, o corpo todo e, às vezes, ele simplesmente me agarrava durante o sono, quase me sufocando. Eu já tinha falado com ele, há muito tempo, que nós passaríamos a dormir em quartos separados se aquilo continuasse, mas Harry me prometera com um discurso descabido que iria parar. Aparentemente não era tão fácil!

     Mas eu sabia que quem perdia mais com aquela mania era ele mesmo, afinal, eu não ia ficar presa ali, naquela cama, esperando que Harry acordasse. Por mais maléfico que pudesse parecer, eu tinha que empurrá-lo para longe de mim, antes que aquele sobrepeso acabasse me sufocando de vez.

    Rapidamente, mas com um pouco de dificuldade, me virei na cama para ficar de frente para meu namorado e foi a pior coisa que eu poderia ter feito. Logo que me deparei com sua face de anjo sereno somado ao seu cabelo completamente bagunçado, meu coração amoleceu em questão de segundos. Ele parecia completamente absorto em um sonho e o modo como seus lábios se esticavam em um tímido sorriso me tirava todas as forças. Eu não conseguiria fazer mais nada, além de suspirar observando.

     Eu me sentia bastante boba por ser inundada de felicidade por causa disso, mas eu não conseguia me segurar.  Harry não tinha nem como saber essa vontade que me despertava de cuidar dele para sempre, mas meu corpo sabia perfeitamente e por isso cobriu qualquer distância que ainda existia entre nós. Devagar, levei meus lábios até os dele, sem chegar a tocá-los. Eu só queria sentir a proximidade, o perfume dele, tudo.

    Eu me via com todas essas emoções misturadas e precisava me esforçar para controlar a enorme gargalhada que ficava presa em minha garganta. Era cômico estar em uma situação como aquela e pensar no dia que a gente se conheceu. Por Deus, como eu estava errada...

    Nós estávamos caminhando apressadamente pelos corredores do backstage do show da One Direction, sendo acompanhados por um dos seguranças que havia se comprometido a nos levar até os garotos. Aquele era o último show da atual turnê deles e eu havia combinado esse encontro com o Zayn há algumas semanas, porque promessa é promessa. Eu havia prometido levar a irmã de Cory para conhecer os meninos, então eu tinha uma boa razão para estar em pleno México, naquele sábado.

    Vanessa parecia estar em êxtase, quase empurrando o pobre segurança para que ele caminhasse mais rápido e chegasse até os meninos o quanto antes. Logo atrás deles, eu seguia de mãos dadas com Cory, que parecia estar muito agradecido por eu estar proporcionando aquilo para sua irmã. Acho que até o segundo em que eu liguei confirmando e chamando ambos para viajar comigo, ele ainda não tinha muita fé que uma promessa minha é quase como um pacto.

    Nós demos a volta ao mundo, antes de finalmente nos encontrarmos diante de uma porta, que foi logo aberta para nós, depois de uma leve batida e uma permissão para que entrássemos. Nesse pequeno espaço de tempo, a única coisa que conseguia prender minha atenção era a euforia da irmã de Cory, que me lembrava vagamente do estado em que a minha melhor amiga havia ficado ao saber que ia conhecer o ídolo – e, na época, eu nem sonhava com os problemas que isso me traria, bons tempos.

    Um passo pela enorme sala com boa ventilação e eu já estava notei um grito de animação sendo reprimido por Vanessa. Educadamente fingi não perceber que Cory ficou vermelho de vergonha ao observar a irmã correndo de encontro ao abraço daqueles garotos que até então eram desconhecidos para ela. E, de certa forma, para mim também, a considerar que eu só tinha me aproximado um pouco mais de Zayn e Niall por conta do... Justin. Os outros eu só costumava ver em premiações ou algo do tipo.

    Mas, no entanto, lá estavam eles.

    Zayn estava com o cabelo escuro um pouco bagunçado, a barba por fazer e seus olhos castanhos pareciam completamente receptivos a nossa presença ali. Liam parecia bem mais maduro do que da última vez que eu o vira, embora o seu cabelo estivesse mais curto antes, o que o deixava com uma aparência de mais idade, mas talvez não fosse algo apenas superficial. Louis, que estava bem ao lado do segundo, tinha um sorriso tão animador nos lábios que me deixou com vontade de sorrir também, como se aqueles lindos olhos azuis não fossem suficiente para deixar qualquer um mais feliz.

    E, por último, Harry já estava abraçado a Vanessa – que chorava incontrolavelmente – quando reparei e, sinceramente, não pude deixar de me perguntar se ele sabia que estava parecendo que tinha acabado de ser atropelado por um caminhão. Quero dizer... Fazer as pazes com um cabeleireiro e vestir roupas decentes fariam muito bem àquele garoto.

    Mas... Não estava faltando um?

    De repente, a porta logo atrás de nós se abriu bruscamente e lá estava um loiro completamente fofo. Mas parecia que tinha algo faltando em sua composição, em comparação as outras vezes em que eu o vira.

    “Ok, vocês, onde estão minhas calças?”, perguntou Niall, franzindo o cenho, antes de notar que já não estava mais sozinho com seus amigos da banda. “Hã... Oi!”

    Imediatamente Zayn e Liam começaram a rir, enquanto eu apenas admirava aquela figura aparentemente ingênua com as pernas de fora e apenas uma cueca preta de marca cobrindo suas intimidades. Embora fosse uma cena um tanto quanto cômica, eu ainda não tinha começado a gargalhar, quando Cory andou até sua irmã, lhe tapando os olhos para que ela então parasse de babar.

    “Ok, Liam... Você pode ir lá pegá-las para ele?”, perguntou Zayn com a sua voz incrivelmente sexy, enquanto ainda ria.
    “Deixa comigo! Com licença, eu volto já...”, ele revirou os olhos, enquanto caminhava até Niall. “Vamos lá, garotinho! Vamos procurar uma calça para você, mas... Você deveria saber que fica bem sem elas.”
     “Eu sei...”, o loiro continuou falando enquanto eles já estavam a fechar a porta. “Eu tenho uma bunda legal!”

    Um minuto e todos nós nos entreolhamos antes de começarmos a rir. Aqueles garotos eram completamente loucos, mas parecia que todos eles estavam muito bem com isso. Na verdade, eles pareciam até preferir desse jeito e eu tinha que admitir que era divertido.

    “Calças... Sempre desaparecendo!”, suspirou Louis, antes de rir e ir até Vanessa. “E, quando a você, garota linda?”

    A loira abriu um sorriso de orelha a orelha, antes de se jogar nos braços dele e começar uma conversa cheia de lágrimas e declarações de amor da qual tentei me desligar. Embora fosse lindo observar os olhinhos dela brilhando de emoção, eu sabia que aquele era um momento só dela e respeitava isso.  A única coisa que eu não podia evitar era sentir saudades dos meus fãs também. Eu precisava voltar a trabalhar o mais rápido possível.

    “Oi, Zayn! Obrigada por atender ao meu pedido. É muito importante para mim...”, suspirei, abraçando-o. “Como você está, hein?”
     “Bem, eu acho...”,  ele sorriu de uma forma meio sem graça. “É bom te ver de novo. E... A sua amiga é encantadora, eu gostei de você tê-la trazido aqui.”
     “Acredite, significa muito para ela e para mim também...”, falei, antes de puxar Cory para mais perto de nós. “E, bom, esse é Cory, meu amigo e também irmão da Vanessa!”
     “Ei, cara, legal te conhecer!”, Zayn o cumprimentou com um aperto de mão.
     “Eu digo o mesmo...”, o sorriso de Cory apareceu por um minuto me fazendo sorrir também. “E me desculpe pela minha irmã. Ela parece um pouco nervosa!”
     “Não é nada. É apenas o que acontece quando você tem que ficar ouvindo Louis falar por muito tempo. Talvez, eu deva ir salvar a sua irmã. Espera um pouco!”

    Deixei uma risada escapar sem permissão e Cory fez o mesmo, enquanto eu me voltava discretamente para observar Vanessa. Ela ainda estava com Louis e mais do que isso, ele estava fazendo-a rir, antes que Zayn se aproximasse, implicando com os dois. Era uma cena tão bonita que me deu vontade de pegar o meu celular e filmar só por alguns poucos segundos. Eu não sabia se, algum dia, consegui reproduzir esse mesmo efeito em alguém, mas naquele momento eu desejei que tudo fosse exatamente daquele jeito: simples e encantador.

    Então, a percepção de alguém se aproximando de mim me trouxe de volta para onde eu estava e eu precisei voltar a prestar atenção. Foi quando percebi que Harry já estava perto de nós e cumprimentava Cory. Imediatamente forcei-me a desfranzir o cenho, que havia se movimentado sem que eu percebesse diante daquela situação estranha.

    “Ei, (Seu nome)!”, falou, virando-se para mim finalmente. “É bom te ver de novo...”
    “É bom te ver também, Harry!”, sorri,  envergonhada por não ter lhe dado atenção antes.

    Na verdade, eu não tinha reparado, mas era inusitado estar ali, em uma situação em que eu não era estranha para toda banda, mas também não era a melhor amiga de metade dela. Especialmente Harry. Eu me sentia culpada por ficar reparando no cabelo. Quero dizer... Seria tão maravilhosamente bom poder ter uma tesoura em mãos e poder ajeitar aquele ringue para luta de gatos raivosos!

    “Hã... Alguma coisa errada?”

    A pergunta de Harry me fizera voltar à realidade e também notar que eu estava encarando-o, sem perceber. Eu realmente não tinha a intenção de constranger ninguém – incluindo a mim mesma –, mas parecia que todos ali já haviam percebido minha fixação no moreno de voz bonita e cabelo engraçado. E a pergunta dele não ajudara nem um pouco a disfarçar esse pequeno momento inoportuno.

     Afinal, alguma coisa errada? Realmente precisava perguntar?

     Pode parecer um pouco superficial, mas você não pode me julgar, garoto. Não é culpa minha se da última vez que eu te vi, você estava usando um terno e indo receber um prêmio e, agora, está bem na minha frente, com um figurino que eu posso jurar ter sido usado por um pobre morador de rua...

    Então, eu não aguentei mais e cair na risada. Mesmo sabendo que estava perto demais de Harry para fazer isso, não consegui me segurar e quando percebi já estava gargalhando, quase tendo um colapso, deitada na cama, mas o braço dele que ainda estava em cima de mim me impedia de fazer isso.

    – (Seu nome)... – Harry miou baixinho, enquanto seus olhos iam se abrindo gradativamente – Você está bem?
    – Ótima! – admiti, sem graça – Desculpe-me por te acordar, não era minha intenção. Eu só estava aqui, relembrando algumas coisas, enquanto você me prendia nessa cama...
    – Hã... Quando você diz que eu te prendia nessa cama, você está se referindo a algo que acontecia enquanto eu dormia ou está falando da noite passada? – suas sobrancelhas se uniram diante da dúvida.
    – O quê? Não... – neguei de prontidão, sem graça – Harry, você é tão inapropriado, às vezes...
    – Bem, desculpe-me, senhorita. Foi só uma pergunta! – ele fingiu uma pontada de indignação, antes de começar a rir perto de mim – Então... Nós temos alguma coisa para fazer hoje?
    – Hum... Não que eu me lembre.
    – Ótimo! Isso significa que eu ainda tenho muito tempo para ficar aqui. – Harry voltou a fechar os olhos suavemente – Com licença, moça, mas eu vou te agarrar agora. Obrigado!

    Assim, rapidamente Harry lançou seus braços ao meu redor e me abraçou com força, puxando-me de encontro ao seu peitoral. Eu teria reclamado se eu não gostasse tanto daquilo. Mas eu estava absorta demais sentindo o calor de seu corpo e respirando o seu cheiro de bebê para me lembrar de pensar em alguma reclamação que quebrasse seu jeito mais folgado do que deveria. A verdade era que se ele não tivesse me abraçado primeiro, eu provavelmente teria me jogado em seus braços sem qualquer cerimônia.

    Harry estava com os olhos fechados e eu sabia que, se eu permitisse, logo ele voltaria a dormir. Mas, eu, pelo contrário, não conseguia parar de encarar um detalhe sequer dele só para me certificar de que eu não havia me esquecido de nada nesses últimos meses. E, felizmente, tudo ainda estava como eu me lembrava. Sua pele clara e cheirosa. Seus lábios que me davam vontade de morder e não soltar mais. Seus braços fortes. Seu cabelo um pouco grande – mas atualmente com um corte decente – e, no momento, bagunçado. Suas tatuagens estranhas que por tanto tempo tinha sido vítima das minhas reclamações...

    Já havia se passado aproximadamente um ano desde que minha vida supostamente independente de sofrimento havia me começado e muita coisa havia mudado desde então. Eu já estava no processo de produção do meu novo álbum, mas durante essas longas férias, eu tinha feito tanta coisa: conhecido com outros olhos lugares que eu já visitara, dedicado um tempo maior para crianças desamparadas que eram donas do meu coração, conhecido pessoas novas e até mesmo me relacionado bastante com aquelas que eu nunca imaginara.

    E isso incluía os garotos da One Direction.

    Estava fazendo um sol insuportável e nós já havíamos combinado de ir à praia juntos há certo tempo, então ali estávamos nós, sorrateiramente naquele ambiente deserto. Infelizmente, Zayn e Louis desmarcaram conosco de última hora, pedindo desculpas, mas isso não pareceu desanimar nem um pouco os outros meninos e nem as garotas que os acompanhavam. Para falar a verdade, eles pareciam garotinhos animados por irem à praia pela primeira vez.

    Ajeitei a canga branca sobre a areia macia e me sentei sobre ela, pegando o meu celular. Embora o dia estivesse realmente muito bonito, eu não me sentia confortável estando de biquíni, mesmo tendo escolhido o meu azul preferido para aquela tarde. Ainda assim, minha vontade era de me enrolar nas roupas que eu havia acabado de abandonar e me enterrar na areia, onde ficaria para o resto da vida. As pessoas que pensaram no design das roupas de banho tinham mentes bem pervertidas.

    "(Seu nome), posso saber o que você está fazendo?", perguntou Niall, parando diante de mim com o corpo já completamente molhado.
     "Hã... Eu ia...", comecei, sem graça.
     "Exatamente. Você ia, mas não vai mais!", ele segurou minha mão desocupada. "É melhor você cair na água agora ou eu vou ter que fazer com você o mesmo que fiz com suas amiguinhas que também estavam com frescura!"

    Olhei furtivamente para a enorme porção de água cristalina que se estendia mais a frente e lá estava Sophia e Emily tão encharcadas quanto Niall, jogando água nos meninos que faziam o mesmo. Mas, se eu conhecia bem aquele loiro, fora ele que, com certeza, jogara as duas lá, sem dó, nem piedade. Aparentemente minhas opções se resumiam a isso: ir ou ir.

    "Ok, eu estou indo...", ri, abandonando meu celular perto das minhas coisas.
    "Ótimo!"

    Rapidamente, sai correndo de encontro ao mar, apenas para não ser vítima do lado mais malvado de Niall. Eu sabia que, para ele, falta de animação não era algo aceitável, então me obriguei a parecer o mais feliz possível enquanto me aproximava daquela água que muito provavelmente estaria com a mesma sensação térmica de um congelador. Assim, respirei fundo, antes de encostar qualquer parte da minha pele nela e amarrei um sorriso no rosto, só para não decepcionar.

    A água estava na altura das minhas coxas e ia continuar por lá por um bom tempo já que eu não tinha mais coragem para continuar. Embora a única coisa que me passava pela cabeça fosse a ideia de ficar submersa só para que não tivesse que exibir meu biquíni por aí – eu me sentiria mais a vontade se estivesse com uma melancia pendurada no pescoço –,a água estava frio demais para aquele calor terrível que o sol exalava. Eu iria ter um choque térmico em breve...

    Foi quando inesperadamente fui agarrada por trás e soube que a morte estava perto. Eu podia jurar que era Niall voltando a me perturbar, mas eu estava distraída demais para ter certeza e também não tive tempo de me virar para certificar essa teoria, porque, antes que eu o fizesse, ele me puxou para debaixo d’água. Mesmo sabendo que eu tenho uma tendência para o drama, se houve um momento da minha em que eu soube que iria ter um ataque cardíaco, esse momento foi aquele.

    A minha vontade foi de abrir os olhos debaixo d'água mesmo e afogar aquele idiota que me agarrara só para ele sentir na pele a sensação horrível que eu estava sentindo no momento. Afinal, eu mal sabia nadar e considerava um bônus conseguir prender a respiração em situações como aquela, então, não era tão legal assim quando alguém me forçava a sobreviver quando eu não estava preparada.

    Senti um alívio absurdo ao voltar à superfície, ainda tendo braços ao redor da minha cintura. Assim, pisquei algumas vezes para retirar aquela sensação de água salgada em meus olhos e me virei para espancar aquele loiro safado, mas assim que o fiz, me surpreendi. Harry estava bem perto de mim com aquele seu maravilhoso sorriso com covinhas e os cachos do cabelo completamente desfeitos por conta da água.

    Amoleci e me permitir esquecer a raiva por um minuto.

    De todos os garotos da banda, era de Harry que eu me sentia mais próxima. Talvez pelo fato de que eu descobri de cara todas as características dele que eu não gostava ou talvez pelo seu jeito de rir que me encantava, mas, menos de um mês depois de ter uma conversa de mais de dez frases com ele – quando levei a Vanessa para vê-los –, eu já sentia como se ele me conhecesse mais do que Zayn ou Niall. Desde então, nós passamos a sair mais (com os outros garotos e também sozinhos), ficar no telefone até tarde, compartilhar várias coisas e implicar muito um com o outro.

    "Harry, seu idiota, o que você está fazendo, hein?", resmunguei, fingindo estar chateada.
    "Hã... Eu estou fazendo você parar de bobeira, afinal, eu não te chamei aqui hoje para você ficar toda encolhida, se cobrindo com os próprios braços, tipo 'ai, meu Deus, eles estão olhando para o meu corpinho de princesa?'", Harry imitou de forma tosca minha voz e minha expressão, sem saber que isso o fazia parecer bem mais... colorido, do que de costume.
    "Em primeiro lugar, eu não falo, nem penso assim, tudo bem?", ri, ajeitando o cabelo que ficara todo desgrenhado depois do mergulho forçado. "E, em segundo lugar, você fica rindo de mim, mas era você quem deveria estar se cobrindo, porque ninguém é obrigado a ficar olhando para essa sua borboleta deprimente. Se eu fosse você, provavelmente processaria quem fez essas tatuagens em você..."
    "Ah, é assim?", indagou, revirando os olhos. "Da próxima vez, não reclama quando eu te puxar para debaixo d'água e me esquecer de te trazer de volta."
    "Hum... Você sabe que ao fazer isso provavelmente nós dois morreremos afogamos, não sabe?"
     "Isso parece profundo...", ele pareceu pensativo.
     "Ah, sim. Profundo e triste como o Titanic...", soltei, caminhando mais para o fundo.
     "(Seu nome), você sabe que isso significa que você vai se salvar, ficar boiando em uma portinha e me deixar morrer congelado, né?", Harry pareceu realmente ofendido e me deu vontade de rir.
     "Bom, eu achei que você já estivesse conformado, porque todo mundo sabe que as borboletas morrem cedo!", provoquei, tentando não rir.
     "Ah, garota, se eu fosse você, manteria distância..."

    Os olhos de Harry se tornaram perversos de uma hora para outra e eu percebi que ele estava falando sério. Rapidamente, mergulhei, obrigando meus braços e pernas a se moverem com agilidade para me afastar daquele garoto maligno. Eu sabia que não iria muito longe, considerando que não tinha força muscular o suficiente, além da água não ser o meu local de conforto. Mas eu precisava tentar, apenas para ele não sentir que me dominava assim tão facilmente.

    De repente, quando eu já estava começando a sentir a necessidade de respirar novamente, meu pé direito foi facilmente agarrado e, então, meu corpo todo foi puxado bruscamente para trás. Embora eu não tivesse o costume saudável de beber água o tempo todo, naquele segundo eu senti como se tivesse ingerido toda a quantidade de líquidos que eu ignorara durante boa parte da minha vida. O oceano agora estava passando pela minha garganta.

    Levantei o rosto acima do nível de água, tossindo compulsivamente, tentando ainda ficar viva. Logo que percebeu meu estado deprimente, Harry me soltou, levantando-se depressa e eu acabei fazendo o mesmo, me esforçando para não parecer tão patética. Afinal, não era culpa dele o fato de eu não conseguir garantir minha própria segurança. Eu sempre fora atrapalhada por natureza.

    "Você está bem?", sua voz soou preocupada.

    Consegui reestabelecer a respiração normal no mesmo minuto em que voltei a abrir  os olhos e, então, voltei a sentir a mesma falta de ar. Os olhos verdes dele estavam carregados de culpa, mas, mais do que isso, estavam brilhando encantadoramente enquanto ele olhava para o meu rosto e isso me desestabilizou por completo. Eu sabia há muito tempo que adorava o olhar dele, mas não tinha notava até então que isso era tão intenso.

    E foi nesse exato segundo que eu percebi que não era puro acaso...

    Com um pouco de dificuldade, consegui desviar meus olhos dele e observei ao longe Liam beijando sua namorada Sophia em meio às ondas. Ele mantinha as mãos em sua nuca e ambos pareciam tão absortos naquele momento que os acontecimentos ao redor lhes eram alheios.

    Já Niall estava conversando com Emily. E eu que passara a duvidar de amores que aconteciam entre celebridades e pessoas teoricamente normais depois do que aconteceu entre Justin e eu – considerando o momento em que o conheci –, agora observava o namoro deles com um carinho absurdo. Eles haviam se conhecido depois que ela não conseguira um ingresso para um show deles. Ela estava chorando nos arredores do mesmo, junto a algumas amigas e, ao chegarem de carro atrasados para realizarem o show, os garotos ainda tiveram que parar para secar todas aquelas lágrimas. Todas as meninas acabaram assistindo ao show e a Emily, bom, brilhou aos olhos do doce Niall, com quem trocou telefone, e acabou ganhando um namorado.

    Assim, tudo parecia estar perfeitamente harmonioso ao nosso redor, mas Harry era o único sem ninguém. Pelo menos, era, até eu perceber tudo o que acontecia tão diante do meu nariz e me passara despercebido.

    Voltei meu olhar para Harry, que ainda me fitava, esperando uma resposta. Ele ainda não havia notado, mas eu sabia que nenhuma palavra sequer passaria pelos meus lábios, porque eu estava nervosa demais para falar qualquer coisa. Mesmo sabendo que não era certo me sentir assim e nem parecer tão idiota na frente dele, eu já estava naquele estúpido estado de não ter mais controle sobre o meu corpo. E eu tinha certeza que quando chegava nisso, não havia mais volta.

    De repente, uma onda atingiu minhas costas e eu, que já estava completamente desestabilizada, cambaleei. Eu teria provavelmente caído e passado por mais um momento vergonhoso, se os braços de Harry não tivessem sido rápidos o suficiente para me segurar pela cintura, de forma firme. Eu suspirei de alívio, mas não deveria.

    Quando notei que estava totalmente indefesa grudada ao seu corpo razoavelmente forte, minhas pernas tremeram. Minhas mãos estavam apoiadas em seu ombro, fazendo com que eu precisasse reunir todo o meu autocontrole para ter coragem de levantar o rosto e olhar em seus olhos novamente. Foi o suficiente para eu me perder de vez e também ter a certeza de que ele estava pensando exatamente o mesmo que eu.

    Então, ele sorriu timidamente e... Era uma vez todo o meu lado racional.

    Retirando uma das mãos da minha cintura, ele tirou uma mecha boba que estava caindo no rosto, colocando-a atrás da orelha, antes que começasse a se aproximar ainda mais. A sensação das nossas respirações se misturando, aos poucos, fez com que eu mordesse o lábio inferior de ansiedade e eu comecei a fechar os olhos devagar. Se tivessem me perguntado o que o toque dele provocava há uns cinco minutos atrás, eu provavelmente diria que era uma sensação boa, mas não sabia definir exatamente o que. Porém, naquele momento, o frio na barriga me pegou com tanta força que eu não tinha como não saber explicar.

    Assim que seus lábios encostaram-se aos meus, meu coração se acalmou devagar, como se tivesse recebido uma anestesia de carinho. O seu beijo era tão doce, tão calmo e macio que me fazia querer nunca mais me afastar daquele garoto. Eu sabia, pelas conversas que tínhamos, que Harry não era nem de longe santo, mas não era o que parecia enquanto sua língua se entrelaçava a minha. Mesmo que seu toque se apertasse em minha cintura, me puxando para ainda mais perto, dentro de mim crescia uma vontade de cuidar dele, de abraçá-lo e nunca mais soltar.

    Quando ele começou a se afastar de mim, fiquei com medo. Medo de abrir os olhos novamente e perceber que tinha sido só um sonho e que eu estava apenas sozinha de novo no meu quarto. Quero dizer... Não era como se eu tivesse algum problema em ficar sozinha, eu já havia superado as coisas ruins que me aconteceram, mas ter algo tão satisfatório e depois sentir que isso havia sido tirado de mim, quando eu já estava indo tão bem, não seria nada bom para mim. Eu precisava que aquilo fosse real. Eu precisava que Harry fosse real.

    "Por que nós demoramos tanto, hein?", sua voz agradável soou perto de mim.

    Um sorriso enorme se abriu em meu rosto, antes que eu conseguisse voltar a olhar para ele. Mas assim que o fiz, meu corpo estremeceu, simplesmente por ainda estar com ele, por ter aquele lindo par de olhos me encarando.

     "Por que você não me falou nada?", perguntei, sem graça.
     "Porque eu achei que precisasse ir com calma, oras.", ele falou como se fosse muito óbvio. "Eu não queria que você achasse que eu me aproximei de você só por interesse, porque não foi. Na verdade, embora você seja linda, conhecer você melhor foi o que fez eu me interessar realmente..."
     "Bom, você deu sorte...", suspirei. "Afinal, você tem umas tatuagens estranhas, veste umas roupas um pouco suspeitas às vezes e vive agarrado com os seus amigos, então imagina o que teria acontecido se eu tivesse achado que você é gay?"
     "E você já não acha, (Seu nome)?"
     "Acho mesmo..."
     "Bom...", ele riu por já esperar aquela resposta de mim. "Talvez eu deva me esforçar mais para acabar com as suas dúvidas!"

     Assim, Harry acariciou meu rosto devagar, antes de voltar a me beijar. E eu fiquei sem saber se nós havíamos ficado daquela maneira durante muito tempo ou se a tarde que passara rápido demais, porque quando os meninos começaram a nos chamar para ir embora, o sol já estava começando a dizer adeus. Mas diferente do astro rei, eu não queria me despedir daquele dia. E muito menos daquele garoto.

    Minha mão estava sobre seu peito e eu conseguia sentir seu coração batendo compassadamente, enquanto concluía mentalmente que aquele tinha sido o melhor adeus que eu nunca dera. Olhando para aquela figura de anjo na minha frente, eu sabia que não tê-lo deixado ir embora durante todo esse tempo era a coisa da qual eu mais me orgulhava, simplesmente porque eu não conseguia imaginar os meus últimos anos sem ele.

    – Harry... – chamei, baixinho, esperando que ele já não tivesse caído no sono de novo.

    Imediatamente, ele voltou a olhar para mim e a abrir aquele sorriso que já fazia um tempo que eu chamava de meu. Sua expressão dava atender que ele já estava especulando o que eu tinha a dizer.

    – Fala! – pediu, passando a mão pelo meu cabelo.
    – Eu te amo...
    – Você é minha, (Seu nome)! – Harry sussurrou bem perto do meu ouvindo, fazendo com que eu me arrepiasse.

    "Você é minha". Estupidamente, eu era. E isso não era definido pela data em que ele me pedira em casamento ou mesmo em namoro, mas, sim, pelo momento em que ele passou a ser um dos principais causadores do meu sorriso. Então, sim, eu era dele e eu amava isso. 

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Então, amores da minha vida, capítulo 2 aí para explicar toda essa confusão. Eu particularmente achei muito bonitinho esse primeiro beijo dos dois. Tudo bem que vocês podem ficar sofrendo aí e tudo, mas não há motivo, porque o Harry coisa fofa está ali para vocês. Então, shiu!
Anyway, por hoje, é só, minhas gatas!
Eu espero que vocês tenham gostado desse capítulo e sejam pacientes, porque eu avisei que a quinta temporada seria só amorzinho e o que parece o fim para vocês (dramáticas) nem sempre é tão ruim assim. Então, aceitem, se cuidem, fiquem bem e tenham um ÓTIMO Natal (e assistam ao "Expresso Polar", porque esse filme é vida!), minhas lindas! O próximo capítulo vem só dia 26, ok?
Eu amo vocês, gatinhas! Tenham uma boa noite!

17 dezembro 2013

5. You Make Me Love You - Capítulo 1

De volta ao amor
Música do capítulo: Two is better than one - Boys like girls (feat. Taylor)             

(5 anos depois...)

Belieber's POV
    Saí correndo pelo aeroporto, completamente apressada e desesperada para chegar ao meu transporte. Felizmente estar voltando para os Estados Unidos – lugar da minha feliz segunda casa – reduzia as chances de ter qualquer tumulto durante a minha chegada, o que permitia que eu me apressasse e me descabelasse para conseguir chegar até onde queria. Surpreendentemente, assim que cheguei ao lado de fora, me deparei com uma limusine do outro lado da rua e outro carro logo atrás, onde Steven, nosso motorista, indicava para colocarem as minhas malas.

    Mandar uma limusine me buscar no aeroporto... Isso era tão típico dele!

     Boa noite, senhorita!  Steven me cumprimentou, beijando as costas das minhas mãos quando me aproximei.  Está deslumbrante como sempre, hein?

    Steven era um amor e sempre fazia questão de me elogiar a cada vez que nos reencontrávamos. Porém, daquela vez, eu tinha que esperar que ele estivesse sendo sincero, afinal, eu tinha gastado um certo tempo me produzindo no avião ao invés de dormir como gostaria. Assim, eu realmente esperava que aquele vestido preto, somado com o salto, o cabelo e a maquiagem, estivesse  como dito  deslumbrante!

    Como era comum, Steven abriu a porta traseira da limusine para que eu entrasse e, após fazê-lo, tive que ficar esperando um pouco até que ele acabasse de supervisionar as minhas malas e dar o endereço para onde o motorista do outro carro deveria levar tudo. Eu nem poderia imaginar o quão chato era esperar dentro de um veículo enorme com música ambiente, champagne e morangos e uvas cobertos com chocolate. Ah, que sacrifício eu teria que fazer...

    Logo Steven estava de volta e eu mal podia esperar para que ele acelerasse pelo asfalto, mas isso não aconteceu. Como nós estávamos dentro de uma limusine, e não em um filme de corrida, a velocidade em que nos locomovíamos me fazia pensar seriamente que se eu estivesse a pé já estaria chegando lá. O único problema era que, até o momento, eu não sabia bem onde esse “lá” ficava.

     E, então, Steven... O que você me diz?  indaguei, cheia de outras reais intenções.  Para onde está me levando, hein?
     Ah, não, (Seu nome)!  ele riu, me lançando um olhar divertido pelo retrovisor  Você não vai me fazer falar nada. Eu fiz uma promessa de silêncio e, dessa minha boca, você não ouvirá nada...

    Steven era um homem novo, com um cabelo absurdamente preto, olhos que poderiam cegar qualquer um de tão azul e um sorriso digno de um comercial de pasta de dente. Ele era tão bonito e jovial que ninguém diria que já era pai de três filhos, pelo menos, não à primeira vista. Mas, mesmo assim, toda essa sua juventude extrema ia pelo ralo quando ele se apegava à sua forma mais teimosa, que o deixava parecendo um velho ranzinza. Eu odiava do fundo do coração qualquer tipo de inflexibilidade.

    – Ah, qual é? Me diz, por favor!  miei, tentando a minha melhor habilidade de persuasão  Afinal, eu nem sei se estou vestida adequadamente para o lugar que estamos indo... Você não vai querer estragar tudo, não é?
     Não quero mesmo e é exatamente por isso que eu não vou falar nem uma palavra sequer. Eu não quero estragar a sua surpresa. Você sabe como ele esperou para que a sua turnê finalmente acabasse...  Steven falou de forma tão compreensiva que fez com que eu me sentisse culpada por ter perguntado  Acredite, ele deve estar tão ansioso quanto você, (Seu nome)!
     Tudo bem, eu já entendi! Vou ficar quietinha e tentar ser um pouquinho mais paciente.  suspirei, sem graça  Mas você bem que podia conversar comigo para que eu não comece a arrancar os cabelos de tanta ansiedade... Então, como estão seus filhos?

    Enquanto Steven tagarelava apenas para me entreter como eu pedira, eu não conseguia parar de pensar no que ele havia dito. Afinal, era tão bom pensar que havia alguém – além da minha mãe – ansioso para o fim da minha turnê e o nosso reencontro. Era como se saber daquilo fizesse valer à pena o esforço que eu fizera para me arrumar para sair ao invés de simplesmente seguir para a minha casa, após chegar do meu último show, na América do Sul.

    Aquela turnê fora uma das experiências mais satisfatórias da minha vida, mesmo tendo que passar por aquela saudade chata que sempre apertava o meu peito. Felizmente eu estava conseguindo me sair melhor do que eu pensava em relação a controlar a carência e a solidão que eu sentia algumas vezes, quando estava na estrada. Talvez pelo fato de eu estar me tornando mais madura e consequentemente mais confortável com essa responsabilidade de trabalhar para um público bem maior do que eu podia quantificar, ou talvez pelo simples fato de estar feliz por ter alguém domando minhas emoções e anseios, mas fazer aquilo estava me deixando mais feliz do que em qualquer outro momento da minha vida.

    Além disso, havia mais uma coisa para encher a minha cabeça. Ou meu coração, para falar a verdade. Eu estava me sentindo meio idiota por simplesmente sorrir para borboletas ou para o ar que batia em meu rosto, mas é o que acontece quando você está com a pessoa que consegue te restaurar por completo. Eu senti tanta falta dele por tanto tempo e, agora, ele voltava a ser meu. O tempo é meio engraçado, às vezes...

     Mas e quanto a você, hein, (Seu nome)?  ele indagou, recuperando novamente minha atenção  Ainda está muito ansiosa ou conseguiu se acalmar? Você geralmente se distraia quando eu falava sobre as travessuras do Nicholas...
     Bom, você sabe que eu amo ouvir essas histórias, porque eu sei o quanto ele te deixa louco, mas... Eu ainda sinto como se eu tivesse treze anos e tudo ainda precisasse ser tão urgente. É constrangedor, mas eu estou com tanta saudade!  sorri, me sentindo meio boba.
     Tudo bem, porque você não precisa mais admitir nada. Apenas mais um segundo...  a voz dele foi diminuindo o tom aos poucos  E chegamos!
     Ah, meu Deus! O que eu faço, hein? Aliás, como nós chegamos tão rápido?  atropelei as palavras, sentindo a adrenalina correr pelas minhas veias  Ah, que droga! Eu estou falando como se eu estivesse prestes a dar o meu primeiro beijo. O que tem de errado comigo hoje, hein?

    Steven riu, revirando os olhos para mim, antes de sair do carro e contorná-lo. Em apenas um minuto, a porta traseira da limusine havia sido aberta ao meu lado e ele me estendia a mão para me ajudar a sair. Toda a minha pele estava queimando de nervoso, mas eu não tinha outras opções além de abandonar e foi o que eu fiz, me deparando com um local tão agradável que chegou a fazer meus olhos brilharem.

    Nós estávamos simplesmente na entrada de um dos meus restaurantes preferidos, mas não era só por isso que um sorriso se abrira no meu rosto. Havia algo de diferente, algo que, mesmo eu já tendo estado ali várias vezes antes, eu não estava conseguindo identificar. Poderia ser simplesmente as luzes fracas, o segurança na porta ao invés de um recepcionista ou somente a minha ansiedade que ainda não tinha conseguido ser reduzida nem por um segundo.

     Espero que a senhorita tenha uma ótima noite!  falou Steven, sempre educado.
     Então somos dois...  ri.

    Com um aceno sem graça, me distanciei do veículo, caminhando devagar até a porta de entrada, onde o homem de terno esperava somente para abrir a mesma. Porém, antes de entrar, precisei respirar fundo, obrigar minhas pernas a pararem de tremer de nervoso e ainda virei-me uma última vez para a rua apenas para ver aquele enorme carro que me trouxera e também para buscar um pouquinho de apoio para continuar.

     Steven...  chamei, quando ele já estava prestes a entrar no carro, readmitindo seu lugar nas poltronas dianteiras.

    O moreno virou-se rapidamente e levantou uma sobrancelha suspeita.

     Eu... Estou bonita?  indaguei, só por realmente não saber o que falar.
     Você...  ele riu por um minuto  Você está linda!
     Obrigada!  sussurrei, sem graça  Então, acho que te vejo no final da noite...
     Não exatamente!  Steven falou como se soubesse de algo que meu raciocínio lento não tivesse concluído ainda.  Bem, pelo que eu sei, ele veio até aqui de carro, então eu não acho que serei eu a te levar para casa, essa noite...
     Ah, meu Deus! Isso não vai terminar bem...  suspirei  De qualquer forma, obrigada! E, boa noite, Steven!

    Ele acenou brevemente e entrou no carro, enquanto eu fiz o mesmo, entrando no restaurante, com a respiração um pouco falha.

    Ao colocar o primeiro pé no estabelecimento, eu notei que realmente havia algo diferente por ali e não era só por fora. Todo o ambiente estava apagado, embora ainda desse para distinguir as mesas com lindos arranjos de flores em cima, o que não era tão comum. Mas não era esse pequeno detalhe que prenderia minha atenção, nem as paredes pintadas de uma forma adorável ou mesmo uma das minhas músicas favoritas tocando ao fundo. A única coisa da qual eu não conseguia retirar meus olhos era de um sorriso lindo que me esperava no final do local, no único ponto iluminado ali.

    Ele estava tão bonito quanto eu me lembrava. O cabelo estava meio bagunçado, de uma forma despretensiosa, como era costume. E as roupas, por sua vez, pareciam bem mais pensadas e jeitosas do que ele costumava vestir casualmente. De fato, ele estava com um blazer preto maravilhoso que rapidamente fez com que eu agradecesse internamente por estar usando um vestido cheio de frescuras.  

    Apertei o passo, mais do que achava ser possível, para cobrir aquela pouca distância, mas quando já estava me aproximando, ansiosa para sentir um dos abraços que mais me fizera falta nos últimos tempos, ele fez um sinal para que eu parasse. Imediatamente estranhei aquilo, afinal, eu supunha que estava tudo maravilhoso entre nós e, a julgar pelo convite que ele havia me feito de estar ali essa noite, não havia motivos para eu imaginar que tivera feito algo errado ultimamente.

     Ei, tenha calma, senhorita. Nós vamos ter muito tempo essa noite.  sussurrou, caminhando para cobrir a pouca distância entre nós  E, agora, é a minha vez de conduzir você. Vem comigo!

    Devagar e silenciosamente, fui levada até as escadas do restaurante, tendo uma mão quente sobre a minha. Mas, diferente do que eu poderia esperar, nós não paramos no segundo andar  o qual eu julgava ser o último  e, sim, seguimos para um pequeno cubículo que eu não conhecia. E, embora isso tenha me levado a pensar que meu namorado iria me encurralar ali mesmo para começarmos um sexo selvagem, nós apenas continuamos a subir por uma outra escada que eu nem imaginava existir.

    Eu já estava meio frustrada de estar usando salto alto, quando nós finalmente paramos de andar e, então, eu me deparei com um lugar que poderia ter sido ignorado por mim durante toda vida mas ainda assim parecia melhor do que eu jamais sonhava. Tudo por causa dele!

    Nós estávamos no terraço do restaurante, um lugar que eu nunca pensaria em visitar e também nunca pensaria que estaria daquele jeito. Aquele enorme metro quadrado havia sido todo coberto com pétalas da minha flor preferida e, bem no meio de tudo isso, estava uma toalha de piquenique cheia das mais deliciosas besteiras – eu consegui identificar os pães de mel ao longe. Era público que eu adorava refeições ao ar livre, mas aquilo ainda era melhor do que eu podia querer. Ele estava juntando os meus doces preferidos com um céu estrelado que se estendia bem acima de nós.

    Eu definitivamente senti saudades de casa!

     Isso tudo é perfeito, sabia?  eu não era capaz de parar de sorrir, mais uma vez.
     Eu achei que você merecia um pouco disso!  seus olhos faiscaram satisfeitos para mim  Vem!

    Eu ainda estava um pouco anestesiada de emoção, por isso fui pega de surpresa quando ele me puxou, correndo comigo entre as flores, antes de finalmente nos sentarmos para comer. Eu estava amando tudo aquilo  afinal, comida sempre foi o meu forte , mas eu ainda estava um pouco ansiosa para pularmos logo aquela etapa e irmos para um momento de contato físico. Não era como se o jeito tarado dele tivesse passado para mim, mas os últimos meses foram longos sem isso.

     Isso são cupcakes?  surtei com água na boca, esquecendo qualquer pensamento interior quando notei um prato de porcelana repleto deles.
     Sim, são.  sua risada encheu meus ouvidos, mas não foi suficiente para que eu desistisse de pegar um pequeno bolo decorado  Eu sei o quanto você os ama, mas eu não achei que fosse querer me trocar por um. Você deveria casar com um cupcake!
     Você é o meu cupcake!  falei, antes de sujar sua boca com o chantilly colorido.

    Eu sabia exatamente o que viria depois: um sorriso e, então, os lábios dele estariam nos meus. Eu gostava muito dessa sequência e mais ainda da sensação. Mais do que isso, quando suas mãos chegaram suavemente à minha nuca, eu sabia que não estava respondendo mais pelos meus atos, então aquele simples beijo que só deveria ser no mínimo doce, ficou bem mais urgente e ardente do que eu esperava. Sinceramente eu gostava bem mais desse jeito.

    Enquanto eu sentia a maravilhosa sensação de ter a sua língua na minha, meu coração parecia tão eufórico que cheguei a ter vergonha disso ser perceptível. Era como se cada pequena célula do meu corpo soubesse que ele era o certo para mim, como se eu não precisasse ter mais qualquer dúvida, simplesmente por ele estar ali. Essa proximidade era tudo para mim.

    Então, ele se afastou de mim aos pouquinhos, mordendo meu lábio inferior ao fazê-lo. Eu já ia agarrá-lo pela blusa, fazendo-o voltar imediatamente, quando o mesmo deslizou os dedos pelo meu rosto, mantendo um sorriso tão lindo que deixei que ele apreciasse a mim mesma, satisfeita por parecer que ele gostava do que estava vendo. Internamente, eu me perguntava se meus olhos brilhavam tão intensos e bonitos como os dele, quando eu via minha melhor escolha até então, na minha frente.

     Sabia que falando dessa forma você me faz lembrar o motivo pelo qual te trouxe aqui?  perguntou, sem tirar os olhos de mim.
     Sério? Tem um motivo, além de apenas nos reencontrarmos? Porque, pelo que eu sei, não é aniversário de nenhuma data importante...  falei, franzindo o cenho involuntariamente  Anda, me conta!
     (Seu nome)...  sua voz se tornou mais doce e misteriosa, antes que ele retirasse uma pequena caixa aveludada do bolso do casaco  Você quer casar comigo?
     Ah, meu Deus! Você é tão bobo...  ri, pegando o objeto de suas mãos e abrindo-o  Me dá o meu anel aqui!

    Com um suspiro, voltei a colocar aquele lindo anel de diamante em meu dedo e me senti completa novamente. Desde o meu aniversário do ano passado, quando ele havia me pedido em casamento exatamente a meia-noite, aquele lindo anel de noivado tinha passado a fazer parte de mim – uma parte que eu amava muito simplesmente por me trazer boas lembranças , mas eu tivera que deixá-lo um pouco de lado enquanto terminava a turnê.

    Eu odiava ter que fazer isso, mas felizmente eu era compreendida. Não era como se eu não quisesse que o mundo soubesse que eu me casaria em breve  afinal, eu estava tão feliz e meus fãs tinham o direito de saber disso , mas eu não queria nenhum tipo de foco dos repórteres nesse evento em questão. A última coisa que eu desejava era pessoas fazendo especulações, pesquisas sobre quanto valia aquela jóia e tudo mais. Simplesmente porque nada no mundo poderia valer o que o meu namorado, ou eu deveria dizer noivo, valia para mim!

    – Isso foi muito doce...  sorri, admirando a jóia no lugar onde ela parecia mais bonita  Eu nem sei como eu sobrevivi sem ele e sem você durante esses últimos meses!
     Você não precisa mais se preocupar com isso...  ele sorriu também, sussurrando  Em algumas semanas, nós teremos a eternidade! Eu te amo!

    E, então, ele beijou devagar o meu pescoço e me abraçou tão apertado que senti meu corpo todo arrepiar. Naquele momento, mais do que em qualquer outro, eu senti que ele estava completamente certo!


    – Eu te amo também, Harry! 

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

E assim começa mais uma temporada de "Julianna Castro, destruidora de lares!", rs.

ksaopksopaksasaopsaksaosk Então, minhas lindas, eu não tenho muito a dizer. Acho que tudo o que eu poderia falar, foi dito nesse capítulo aí! Eu sei que vocês vão me cobrar explicações e tudo mais, mas relaxem! Não vou deixar vocês com pontos de interrogação. Só respirem fundo, bbys!
Eu espero que vocês tenham gostado do capítulo, desse novo design no blog (Novamente, obrigada, Sabrina! Você foi como um anjo para mim!) e de tudo novo! Eu só queria dizer que essa temporada é muito importante para mim, porque é a última e eu sinto como se hoje, eu começasse a caminhar para um final de um período muito bom que nós construímos juntas, então... 
Obrigada!
Eu amo vocês, até a próxima!

PS: O próximo capítulo só será postado depois de sexta-feira, por motivos de: Sou má. Uma boa noite, anjos!