E se eu não amar?
Belieber's POV
Sabe quando você, em seu doce e quase único momento de privacidade do dia denominado banho, se utiliza de todos os artifícios já inventados pela indústria dos cosméticos para gentilmente esfolar sua pele fora? Bom, bem-vindo ao meu mundo!
O sol já estava se pondo
enquanto eu me arrumava para sair com Harry. Fazia muito tempo que a gente não tinha
um momento sozinhos e, em partes, eu até que sentia falta de fazer os
programas, de ter as conversas, de dar as melhores risadas e curtir aquele
apego de casal que dá o gostinho de bolo de chocolate a uma relação a dois.
Porém, naquele dia em especial, eu parecia estar de dieta.
Estava com um humor de ficar em
casa enroladinha no cobertor comendo besteira a tarde toda (a dieta era
realmente metafórica), como se tivesse chovendo dentro de mim. Mas não estava.
Minha consciência se encontrava – quase – tranquila, porém sem qualquer
vestígio de paciência e animação para, sei lá, sair em público. Sair. Existir
como ser humano.
Só que não era a isso que se
resumia o meu banho esfoliante. Não, não era tão fácil assim; ele ia além. Ele
quebrava barreiras e eu, rebelde, parecia querer quebrar qualquer sinal de
queratina em minha pele.
Tudo bem, vamos só encarar a
realidade. Minha consciência parecia ter o peso de um elefante se equilibrando
em um fio de macarrão ainda cru. E o pior... O safado do macarrão não tinha a
audácia de se quebrar para fazer o elefante cair logo de uma vez.
Nossa, eu tenho a mentalidade
uma criança de sete anos, o que, pelo menos quer dizer que eu tenho alguma
mentalidade, porque ética eu devo ter deixado na barriga da minha mãe. Por isso
que nasci chorando.
Nietzsche, sábio como ele só,
falava sobre a morte da metafísica. Bem, eu falo da morte da minha integridade
e dignidade como ser humano. O funeral da pobre coitada acontecia naquele exato
momento, enquanto eu tomava banho e, depois, enquanto eu me vestia e até mesmo
ao descer as escadas para encontrar um Harry completamente arrumadinho e com um
lindo sorriso no rosto. Sim, eu tivera a cara de pau de conseguir ficar
pensando na noite passada com Justin durante todo esse tempo – e no resto do
dia também, é claro.
Por dentro, é claro, eu me
sentia uma traidora, mesmo que isso não fizesse qualquer sentido, porque a
traição física – aquela super valorizada –, eu já havia cometido há alguns dias
atrás, sendo totalmente coagida, mas não era só isso. Minha definição de traição
estava justamente no sentimento que florescia sempre que eu pensara em todo o
tempo que estivera com Justin, brincando e sendo uma boba.
Por fora, contudo, eu sabia que
estava aparentando uma incomum serenidade.
Vale a nota: não era serenidade,
era dormência emocional e física. Tecla SAP: estava praticamente dopada de uma
droga perigosíssima chamada “pensar demais”. Não recomendada em caso de você
querer ter uma vida saudável e feliz.
— E aí? — Harry encheu a sala
com o som da sua voz ao me ver descendo as escadas. — Tudo pronto para irmos?
— Hã... Claro! — Esbocei um
sorriso, enquanto chacoalhava a cabeça, tentando afastar as preocupações que já
deveriam ter me largado há um bom tempo. — Vou só pegar umas balinhas na
cozinha. Nós vamos no meu carro?
— Bom, a gente está na sua casa.
Você tem outro?
— Ok, pergunta idiota. — Harry
claramente não sabia, mas, quando você é noivo de alguém, a vida diz que você
não pode tratar as perguntas do seu companheiro como idiotas, mesmo que, sim,
elas sejam totalmente sem propósito. — Você viu a Manuela e o Justin? O que
eles estão fazendo o quê?
— Eu não sei bem — respondeu, me
seguindo até a cozinha. — Eles subiram há algum tempo e a Manuela estava
surtando por conta de algo que viu no celular. Deve ser o Ryan...
— Provável. — Suspirei,
ignorando a leve mordida da curiosidade.
Após pegar minhas pastilhas de
açúcar e felicidade, me pus em direção a saída do cômodo, sabendo que Harry
estaria bem atrás de mim, seguindo o caminho até a garagem da casa. Mas, para
variar, deixar meu inconsequente noivo longe da minha visão não era uma ideia
muito boa.
De súbito, Harry me agarrou por
trás, quando eu já estava atravessando a porta que dava novamente para a sala.
Sem qualquer coordenação, cambaleei sobre o meu próprio peso, sendo firmada
pelos mesmos braços que provocaram tal reação. Uma risada quentinha tilintou
nos meus ouvidos e não pude evitar que meu coração, ingênuo como ele só,
pulasse sutilmente como resposta.
Suavemente, Harry me fez
rodopiar como um passo de dança e me segurou ainda mais forte e ainda mais
perto. Seu rosto estava pálido, mas continuava sendo quase mortífero de tão
agradável e, com aquele sorriso, se tornava também reconfortante. Eu estava començando a
ficar tonta e isso não tinha nada a ver com o fato de ter girado muito
depressa.
Minha cabeça estivera tão
pilhada com pessoas alheias ao meu convívio mais próximo – leia-se: Justin –,
que eu quase conseguira me esquecer do quanto eu gostava de estar perto de
Harry. E eu gostava mesmo, bastante.
“Mas isso tudo não vai rudemente
de encontro ao seu pensamento da noite anterior, de não se fechar no que já
conhecia, no buraco do confortável, bonita?”, o meu lado que nunca conseguia
simplesmente ficar de boa pareceu berrar na minha cabeça, justo quando eu
começara a sorrir.
— Eu já estava com saudade de
ficar só com você... — Ele sussurrou, bem perto do meu rosto, me fazendo,
surpreendentemente àquela altura do campeonato, ficar tão corada quanto
possível.
— Eu também — respondi, por
reflexo, já sentindo a neura que eu mesma me impusera.
Seguindo o contexto do nosso
raro momento a sós, Harry apertou suas mãos em mim e colou seus lábios nos
meus, repetidas vezes, me fazendo rir, antes de finalmente me beijar com
vontade. Por um segundo, desejei ter ficado apenas nos selinhos inocentes. Eram
bons, sutis e não tinham o efeito de me fazer sentir como se tivesse passando
por uma morte cerebral, como aquele beijo, naquele momento, fazia.
A noite passada retornara a cair
sobre a minha cabeça, agora com o peso de uma enorme bigorna.
Na verdade, a pior parte dela –
antes da conversa franca, antes de nos divertirmos tranquilamente. Aquele
contato físico me estapeava profundamente a cada segundo e, mais do que isso, o
desejo que senti naquela hora parecia um martírio. Que sensação horrível essa!
Ao se afastar de mim, Harry
tinha seus olhos de uma doçura infinita brilhando sobre os meus. Chorei em
silêncio, ao conseguir me enquadrar no rótulo de pessoa mais sem coração que já
passara na Terra dentro de seus históricos bilhões de anos — e, de uma forma conjunta, a pessoa mais
dramática também. Eu devia ser atriz ao invés de cantora.
Mas naquele caso era diferente.
Simplesmente não dava para explicar o poder opressor de quando meu adorável
noivo abria o maior dos sorrisos ao me olhar. Nossa Senhora da falta de
vergonha na cara, por que justo eu?
— (Seu nome) — ele pareceu meio
desesperado ao falar, o que me assustou bastante. — Vamos logo embora antes que
a gente acabe ficando em casa...
Ri, incentivada por seu jeito
que parecia nunca mudar e me levava de volta à posição de me sentir
reconfortada. Além disso, era aquela forma de se portar que ainda me deixava atada a seus dedos,
mesmo naquela situação constrangedora em que eu quase respondi para que, por
favor (mas, por favor mesmo!), pudéssemos ficar em casa. Acho que nada no mundo
me faria mais feliz.
...
Tudo bem, é mentira. Havia muita
coisa que me faria mais feliz, sim, como, por exemplo, conseguir fingir que
nada com Justin havia acontecido. Ou melhor, se realmente nada tivesse
acontecido. Ok, (Seu nome), não sejamos extremistas. Para ser sincera, acho que
eu não estaria tão feliz assim se aquilo não tivesse ocorrido.
E lá vou eu me afundando de novo
no poço da vergonha — ou da falta dela.
Mãe, por favor, me perdoa, eu sei que você não me criou para isso, mas essa coisa de viver é muito mais difícil do que eu pensei.
Enquanto tinha uma breve
discussão imaginária com a minha saudosa mãe, eu e Harry fomos até a garagem e
deixamos a casa, em uma velocidade alta demais para que eu tivesse coragem de
conferir. Por um minuto, no entanto, desejei estarmos rápidos o suficiente para deixar todo o meu lado insano em alguma esquina qualquer.
— Então — em um impulso, decidi,
por mim mesma, que iria só tentar ficar tranquila, sem pensar demais, sem
repressão imaginária na minha cabeça —, animado para o jogo? Faz tempo que a
gente não faz isso, não é mesmo?
— Isso o quê? Sairmos juntos e
sozinhos para um programa realmente empolgante como todos os casais costumam
fazer? Realmente faz muito tempo que não fazemos isso — seu tom sarcástico dava
o ar da brincadeira ao mesmo tempo em que fazia com que minha cara fosse no
chão, tamanho constrangimento.
— Não, idiota! — Respondi,
mostrando-lhe a língua. — Você sabe que eu estou falando dos jogos da
liga, não banque o palhaço. Você magoa meu pobre coração, sabia? Você devia
lembrar que é...
— Complicado, eu sei, amor da
minha vida. Eu só estou brincando. — Seu sorriso calmo suavizou os ânimos da
conversação e ele me lançou um olhar de canto. — Só seria muito bom mesmo que
você prometesse, se puder, que apesar do quão louca possa ser nossas vidas
daqui para frente, não vamos nunca nos fixar no comodismo do casamento... Pode
prometer isso?
Respirei fundo, tropeçando no
erro mais cedo do que pensava. Lá estava eu refletindo sobre algo que deveria
ser óbvio.
Na verdade, por toda a minha vida, esse foi um medo bastante real. Relacionamentos e, ainda mais quando eles tomavam uma proporção de compromisso tão grande como o casamento, de uma forma ou outra, estavam fadados — pelo menos na minha cabeça — ao comodismo, à mesmice, que era uma coisa que, por mais segura que fosse, eu me recusava a enfrentar.
É sério que as pessoas acham que
é normal você encontrar o suposto amor da sua vida e aceitar que, dali em
diante, o propósito da sua existência é ser um banana que faz o mesmo sempre?
Pessimista, eu sei. Mas eu me
acostumei a pensar assim durante muito tempo, sem que ninguém fosse capaz
de me provar que as coisas não iam sempre por esse lado.
Essa era só mais uma das
milhares de coisas que Harry e eu concordávamos sobre. Ele era agitado, quase
hiperativo e eu, inconstante, quase uma conta de celular no final do mês.
Surpreendentemente, a gente se dava bem assim e até nos encaixávamos nas nossas
pequenas loucuras do dia-a-dia. Eu sabia que, com ele ao meu lado, não corria o
risco de ficar entediada, pelo menos não em
um limite imaginável de dez anos.
Só que não era esse o problema.
Só que não era esse o problema.
Falar do casamento em si estava
me deixando apreensiva. Há algumas semanas atrás parecia tudo tão certo e,
agora, era só um castelo de areia esperando uma onda bem forte vir derrubar.
Mas Harry não tinha como imaginar isso. Pelo menos, era o que eu, afundada na
minha própria ingenuidade, achava.
— Prometo — sorri, meio sem
jeito.
Segurei o suspiro que surgiu
logo em seguida, tentando não deixar o clima pesar demais. Eu não queria que o
nosso passeio se estragasse com problemas que, por mais que me perseguissem, eu
abominava. Eu tinha saído de casa, afinal, para não pensar, para entender o que
estava sendo esfregado na minha cara o tempo todo: as coisas com Harry eram
muito mais simples e aconteciam quase como se fosse uma brincadeira do acaso.
Talvez, eu devesse me convencer de que a vida é exatamente sobre isso.
Não era necessário complicar
tudo sempre com milhares de neuras que poderiam esperar até amanhã — e
usualmente elas podiam mesmo. Mas não as de Harry. Pelo menos, não naquele
momento.
E lá estava eu, melhor amiga da
culpa novamente.
— (Seu nome) — Harry, retomando a
palavra, suavizou o tom de voz como costumava fazer quando ficara triste —, eu
estou te sentindo meio avoada ultimamente, sabia? Especialmente quando eu falo
sobre o nosso casamento...
— Impressão sua — novamente, a
resposta foi um reflexo.
— Está acontecendo alguma coisa?
— Evitei olhar para ele e sua possível expressão de cachorrinho abandonado
enquanto suas palavras se externavam. — Você não quer mais casar comigo?
Meu coração apertou quando eu
entendi, de fato, o que ele tinha perguntado e, consequentemente, ao que eu
estava submetendo aquele homem que sempre fora tão doce quanto possível comigo.
Eu havia passado os últimos
quatro anos com Harry e tinham sido quatro anos muito satisfatórios, com
notoriamente muito mais momentos bons do que ruins. Subitamente, então, ali
acelerando naquele carro, ele estava descrente de algo que eu deixava claro
ansiar por tanto, tanto tempo. Eu que havia feito uma turnê mundial inteira
sentindo a mão nua e desprotegida sem o anel que costumava completá-la,
agora esfregava a tortura da incerteza na face que eu sempre enchera de beijos.
Algo realmente não estava certo.
Definitivamente não tinha nada a ver com Harry e, naquele momento, meu desejo
mais profundo foi ser madura o suficiente para livrá-lo daquela confusão
generalizada que eu estava causando em mim e ao meu redor...
Mas eu amava o Harry.
...
Mas eu também tinha medo de não
amar. E se eu não amasse? Eu sabia não amar o Harry?
— Harry, por que você está
dizendo uma coisa dessas? — Miei, melancólica.
— Eu não sei! — Respondeu, com
os olhos tristes grudados no asfalto. — Talvez, você...
— Não! Não tem “talvez”! — Meu
tom de voz se elevou quando eu comecei a negar aquilo até para mim mesma. —
Harry, nunca teve um talvez e não vai ser agora que vai passar a ter. É sério
que você conseguiu esquecer tudo o que a gente já passou e todos os milhares de
planos que já estão feitos, os quais, eu não sei quanto a você, mas eu não
quero abrir mão?
Eu estava me sentindo psicótica
por dentro, como se fosse começar a chorar como uma criança mimada a qualquer momento.
Parte de mim queria abrir a porta do carro e sair correndo para me livrar da
minha própria pessoa; outra queria gritar, bater no Harry por ser tão idiota e
havia ainda a que queria bater em mim mesma por ser tão... Ok, eu não sei se
existe uma palavra no mundo capaz de descrever os cataclismos nos quais eu sempre
me colocava. Talvez seja algo patológico mesmo. Que saudades de fazer terapia!
— Olha, me desculpa, tá bom? —
Precisei respirar bem fundo, antes de pontuar em me desculpar. — Eu sei que eu devo
estar dando um nó na sua cabeça nesses últimos dias, mas, se você quer saber,
eu também estou dando um nó na minha também. Organizar um casamento e ser
cordial com as pessoas não é nada fácil, mas...
— Mas eu te conheci assim, não
foi? — Quando Harry me interrompeu, me deixando um pouco frustrada, sua
expressão já havia mudado consideravelmente e um sorriso se desenhava em seu
rosto. — E eu tenho quase certeza que foram os consecutivos nós que você deu na
minha cabeça que fizeram com que eu me apaixonasse por você... Até porque acho
que ninguém em sã consciência se apaixonaria, né, (Seu nome)?
Reconheça!
— Ei! — Que ultraje!
Harry riu da minha reação, me
lançando aquele olhar confuso que poderia tanto significar “eu estou brincando
com você” quanto “quero transar”. Mas acho que, no final, todos os olhares de
Harry poderiam realmente se confundir com o do sexo mesmo.
— Me desculpa, eu estou sendo um
bobo, não é? — Ele voltou a se concentrar em nosso percurso. — Acho que você
não é a única aqui começando a ficar um pouco tenso com essa história de
casamento. Mas, para a sorte da sua mente curiosa, o que você me falou agora me
fez pensar em algumas coisas e devo dizer que... Eu tenho duas notícias, uma
boa e uma ruim. Qual você quer primeiro?
Notícia ruim. Era só o que me
faltava, o mundo me dar uma rasteira e Harry Styles decidir me dar um pé na
bunda a exatos três dias do nosso casamento. Deve ser a hora realmente de eu
pagar pelos meus pecados.
— A ruim. — Respondi, já
ensaiando o discurso de “você não pode fazer isso comigo” na minha cabeça.
— Bom, a ruim é que... A gente já
está chegando no estádio, logo não vai dar para pararmos o carro em qualquer
cantinho mais escondido e termos o famoso sexo reconciliador depois de uma
conversa estúpida...
Viu?
Era o olhar “quero transar”
mesmo.
Sigo sendo trouxa na vida. Mas
sou uma trouxa ainda noiva.
— E a boa, palhaço? — Perguntei,
dando-lhe a língua.
— A boa é que você é muito boa
dando nó, sabia? Eu sigo sendo cega e estupidamente apaixonado por você...
Como ele poderia querer que eu
não me derretesse ao ouvir isso?
Não ousei fazer nada além de
deslizar os dedos suavemente pelo cabelo dele, observando aquele branquelo sem
graça que vinha colorindo meu coração dia após dia. Naquele momento, me desliguei
completamente dos problemas externos e tentei visualizar nós dois no dia do
casamento. Dentro da minha cabeça sonhadora, felizmente, parecia não haver
problema, parecia não haver impasse.
Então, por que nesse
supervalorizado “mundo real”, parecia que havia?
Harry me trazia uma paz de
espírito tão única, que me fazia pensar que todos os acontecimentos anteriores
haviam sido devaneios da minha cabeça, me dando a vontade de grudar nele e
não soltar nunca mais. Ou melhor... Me dava vontade realmente de aceitar a tal
proposta de encostarmos em qualquer canto mais escondido e rolar o famoso sexo
pós “eu sou cega e estupidamente apaixonado por você”. Aquele rapazinho sagaz
era muito bom com as palavras mesmo!
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Amores da minha vida, capítulo 30 com muito amor do fundo do meu coração para vocês!
Espero que vocês gostem e, por favorrr, me desculpem a demore, mas olha... Essa famigerada vida está muito abusada e complicada. Vamos mandar ela maneirar um pouco!
O capítulo 31 já tá todo montadinho... Na minha cabeça. Hahahaha
Vamos torcer para que logo, logo, ele possa estar montadinho aqui no blog também.
Um beijo e eu amo(!) vocês!
***
Eu definitivamente tinha me
esquecido de como era fazer programas em que Harry e eu não pudéssemos ficar
nos beijando na maior parte do tempo e isso fez uma falta maior do que eu
pensara.
Deixando todas as minhas neuras
guardadas e abandonadas em um cantinho qualquer do meu cérebro, a única coisa
que ficara martelando na minha cabeça, durante todo o tempo que estivéramos
fora de casa, era o que ele havia dito para mim, minutos antes de chegarmos ao
estádio.
Em outras palavras, sim, nós bem
que podíamos parar em um cantinho qualquer e curtir um pouco da sensação
ilusória de privacidade para nos concentrarmos em outras coisas. Coisas bem
proveitosas, diga-se de passagem.
Mas Harry parecera entrar mesmo
no clima de torcida e tomou todo o caminho de volta para casa, incluindo a
pausa que fizemos para jantar, discutindo comigo sobre o jogo. Eu, obviamente,
não escutava uma palavra sequer do que ele dizia, somente acompanhava o
movimento de seus lábios se abrindo e se encostando novamente a cada nova
articulação que ele fazia.
É claro que eu adorava esportes,
adorava beber cada mísera frase do meu adorável noivo, mas eu estava bastante
dispersa aquela noite. Isso desde que saímos de casa, eu preciso admitir.
Porém, se ele havia me dado algo melhor para focar meus pensamentos, eu
realmente não tinha propriedades para ir contra isso.
Quando Harry, enfim, estacionou
o carro na garagem da nossa casa, desligando o motor, um letreiro enorme piscou
dentro da minha cabeça, gritando que a espera havia acabado e aquela era a hora
perfeita.
Rapidamente, antes que ele
ousasse fazer qualquer menção em abrir a porta ao seu lado, joguei meu corpo
sobre o dele, segurando firmemente sua nuca e roubando-lhe o beijo mais
agressivo e desesperado que ousara perpassar pela nossa vidinha de noivos nos
últimos dias, com visita em casa.
Obviamente, eu estava louca. Mas
eu estivera louca desde o começo daquele dia tortuoso. Agora, pelo menos, eu
era uma louca que estava aproveitando um pouco dos pequenos prazeres da vida.
E, quanto à promessa que havia
feito a mim mesma, sobre a suposta greve de pegação e até mesmo sexo
propriamente dito, bom, eu estava, realmente, pensando quanto a isso. Eu já
havia feito tanta coisa errada ultimamente, que ceder àquilo
não podia fazer mal. O meu orgulho iria ter que lidar com essa.
Assim que afastei
milimetricamente minha boca da de Harry apenas para poder morder – nem um
pouco suavemente – seu lábio inferior, ele soltou uma risadinha quase inaudível
e firmou as mãos na minha cintura, transpondo todo o meu peso que ainda estava
no banco do carona para cima de si. Eu não poderia me aproveitar melhor aquela
situação, era como “fazer coisa errada no colegial” de novo.
Desci meus lábios até seu
pescoço, me embriagando com aquele perfume maravilhoso. Eu estava tão fora de
mim que lhe dei o prazer de me ouvir gemer sutilmente sem razão aparente. Mas,
enquanto eu infiltrava minhas mãos pela sua camisa, sentindo o tato da sua pele
quente, eu tinha certeza de saber exatamente o motivo pelo qual eu já estava
quase começando a pegar fogo.
Mas...
— (Seu nome) — miou ele,
respirando de forma profunda.
— O quê? — Me afastei
milimetricamente, sem retirar minhas mãos do lugar onde elas estavam.
— A gente tem que ir lá para
dentro...
Harry não parecia nem um pouco
seguro no que dizia querer e, para falar a verdade, o fato de estar olhando insistentemente
para os meus peitos, enquanto o fazia, não lhe dava muito mais credibilidade.
Eu até poderia ser boa e dar o desconto de fingir que não percebia sua
vulnerabilidade naquele momento, mas meu corpo falava por mim mais rápido do que
eu mesma poderia e, aproveitando-me da situação — admito —, comecei a mover
devagar o meu quadril sobre o seu colo.
— É? Tem certeza? — Mudei drasticamente o tom de voz para incrementar o meu ataque final. — Por quê?
— Eu não sei... — Ele murmurou,
choramingando, de forma tão inaudível que, por um segundo, eu mesma achei que
tivesse inventando aquilo para inflar o meu ego. Depois, contudo, seu tom também se alterou. — Bem, porque todo mundo já sabe que a gente chegou e ia ficar meio
desagradável essa situação, né?
— Harry, como eles sabem que a
gente chegou, se a gente tá aqui, em um espaço completamente isolado do resto
da casa?
Houve um minuto de silêncio,
enquanto Harry desviava os olhos para longe parecendo completamente alheio a
nossa conversa. Rapidamente, porém, ele voltou a si.
— Porque... — Um suspiro
preencheu sua fala. — Bem, porque, dá para ouvir o som do carro na garagem!
— E daí? Desde quando isso é
problema? — Eu ri, ainda sem conseguir me desligar das minhas vontades. — Todo mundo sabe que a gente vai casar daqui a pouco e, até onde
eu mesma sei, acho que não tem nada mais normal para um casal do que isso...
— (Seu nome)! — Era uma
repreensão.
Não precisou de muito para que
eu ficasse indescritivelmente frustrada.
Tentei não fazer uma cara feia
enquanto saia lentamente de cima dele, retornando ao meu lado. Importante
pontuar como falhei miseravelmente e, em pouco mais de meio minuto, eu já
estava praticamente de braços cruzados e uma expressão muito eloquente no rosto.
Havia uma época da minha vida na que eu conseguia ser mil vezes mais sutil do que
o presente momento. Claramente tudo isso ficou para trás...
Quase ignorando a existência de
Harry ao meu lado — involuntariamente, eu juro —, ajeitei minha roupa que se amarrotara
no corpo e retirei o cinto. Eu conseguia aceitar, bem no fundo da minha mente,
que havia um rapaz de aparência bonita me fitando, possivelmente chateado. Mas
o meu orgulho havia sido rudemente dilacerado, junto com minhas necessidades
físicas.
Ele merecia essa!
— (Seu nome)... — Murmurou, pronto
para contornar a situação. — Não fica assim, vai. Por favor.
— Eu estou normal — ok, até eu
mesma fiquei com vontade de rir depois dessa. Eu estava descaradamente agindo
como criança, mas era muito mais forte do que eu.
— Até parece. E esse bico todo é
o quê, posso saber? — Ele imitou minha expressão de forma muito pouco realista. — Você deveria parar de ser boba e
saber que nada no mundo me deixaria mais satisfeito do que isso que você
pareceu propor.
— Satisfeito? — Minha
sobrancelha se arqueou, diante daquele termo bem bosta. — Só isso?
— É forma de falar. Para de
fingir que não me conhece, por favor. Agora, vamos logo lá para cima, antes que
eu mude de ideia. — Ele pareceu pensativo por um momento. — De qualquer forma,
se você ainda estiver no clima mais tarde...
Respirei fundo, soltando o ar de
forma pesada só para trazer certo drama à situação. Na verdade, a frustração e
a birra já haviam passado, agora era só teatro mesmo, mas eu estava disposta a
deixar isso para lá de qualquer forma. Recompondo-me, abri a porta ao meu lado
e sai do carro, esperando Harry do lado de fora.
Sim, eu realmente iria deixar a
sua sugestão sem o meu sonoro “não”.
— Vem cá... — sua voz ecoou pelo
ambiente quando ele se pôs para fora do veículo também.
Harry contornou meu carro,
correndo até mim. Segurei o sorriso ao ver seus passos rápidos, tentando não
perder minha pose, apesar de achar quase tudo o que ele fazia bem adorável. Eu
precisava manter minha integridade firme e forte como parte de mim.
Pena que eu estava simplesmente
pouco me importando com tudo isso...
Assim que ele ficou mais
próximo, abri meus braços, pronta para receber o mais apertado dos abraços e
foi exatamente assim que ele o fez. Pressionando seus músculos de encontro ao
meu tronco frágil, Harry me tirou do chão, fazendo-me rodopiar no ar, enquanto
eu ria próximo ao seu ouvido. Mais uma vez, estava eu cedendo aos seus encantos
enquanto ele me beijava o rosto várias vezes, fazendo com que cada parte da
minha pele, tocada por seus lábios, formigasse um pouco.
— Ah, menina, se você soubesse
os sacrifícios que eu faço para te ver feliz — falou, fazendo com que eu
encostasse os pés novamente no chão.
— Do que você está falando? –
Minha expressão se transformou em um enorme ponto de interrogação.
Harry não me respondeu. Ao invés
disso, segurou minha mão e seguiu caminhando até a entrada da casa, tendo-me
bem atrás de si e ignorando o desespero que sua frase mal colocada havia me
causado.
Era oficial, eu estava em estado
de alerta. Das duas, uma. Ou ele estava se sacrificando absurdos, inclusive a
sua própria felicidade, para me deixar satisfeita — o que só podia significar
que não, ele não queria se casar comigo, é claro. Ou ele estava aprontando
alguma coisa pelas minhas costas.
Talvez fosse otimismo e até
presunção da minha parte, mas alguma coisa me dizia (na verdade, alguma coisa me estapeava o rosto) que a segunda opção parecia fazer muito mais sentido.
Não sei se era devido ao longo tempo de convivência, mas Harry sempre ficava
imerso em um clima muito característico de cada situação. Dava para decifrá-lo
muito facilmente só de observar sua forma de se portar ao longo do dia. E
aquele não era uma exceção.
Pelo menos, era o que eu achava.
Meu conhecimento ao meu noivo estava sendo posto à prova.
Ainda assim, ignorei essa
questão logo que cheguei à sala de estar da minha queridíssima casa e avistei-o.
Lá estava a coisa mais linda que eu já vira na vida. Em um segundo, eu senti
tudo aquilo de novo: o calor, seu toque macio, a capacidade de me roubar só
para si em questão de segundos. Eu posso jurar que meu coração batia mil vezes
mais forte ao ver aquele sofá, depois de ter ficado tanto tempo fora. Ele era a
personificação do conforto que eu merecia.
Mas Harry fora mais rápido do
que eu.
— (Seu nome), você pode pôr a
chave do carro de volta na cozinha? — Pediu, ao passar por mim.
Justin — que também estava na
sala, mas fora rudemente ignorado devido à presença de um móvel tão belo e
confortável como o meu sofá — olhou para a situação com certo ar de riso. Meu
lado agressivo deu sinais de quem iria aflorar, mas me contive rápida e
sutilmente.
— Não. — Falei como se fosse
totalmente óbvio, porque, de fato, era. — Larga isso em qualquer lugar, depois
a gente guarda.
— (Seu nome), deixa de ser
preguiçosa! — Sim, ele estava me repreendendo pela segunda vez em menos de meia
hora. Não era o meu dia de sorte. — Da última vez que você veio com esse papo
de “deixa em qualquer lugar”, você perdeu a chave do seu carro para nunca mais
achar. Vai lá, por favor...
Dentro de mim, mil grunhidos
diferentes vieram à tona. Eu me sentia uma leoa que acabara de ser provocada
por um reles humano. Aquilo não ia ficar assim mesmo. Ou talvez ficasse. Eu era
uma leoa muito cansada para fazer outra coisa que não fosse me dirigir o mais
rápido possível para a cozinha, largar a chave no lugar dela e correr de volta
para a sala, onde eu poderia, enfim, relaxar.
Mas o plano não saiu bem como eu esperava.
Assim que pus meus pés na
cozinha, fui tomada por um choque que há muito tempo eu não sentia. Parecia que
meus olhos estavam completamente insanos e inventando uma realidade paralela
para acabar comigo. Eu não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo e, se estivesse, eu já conseguia sentir o meu emocional ficando ainda mais frágil do que se encontrara ultimamente.
Quis gritar, mas não havia
palavrão no mundo que pudesse expressar o que eu estava sentindo.
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Amores da minha vida, capítulo 30 com muito amor do fundo do meu coração para vocês!
Espero que vocês gostem e, por favorrr, me desculpem a demore, mas olha... Essa famigerada vida está muito abusada e complicada. Vamos mandar ela maneirar um pouco!
O capítulo 31 já tá todo montadinho... Na minha cabeça. Hahahaha
Vamos torcer para que logo, logo, ele possa estar montadinho aqui no blog também.
Um beijo e eu amo(!) vocês!
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