Declive
Música do capítulo: Treacherous - Taylor Swift (Vocês também podem preferir ouvir com a música "California King Bed" da Ryhanna, em todo caso.)
Belieber's POV
Já estava anoitecendo, quando Harry se
dispôs a ir até a locadora pegar uns filmes para ficarmos vendo até tarde da
noite, depois de termos passado um dia inteiro juntos, fazendo absolutamente
nada – e inconscientemente fazendo com que minha parte mais ativa se remoesse
de culpa por estar me tornando sedentária. Porém, o fato de eu ter ficado
tão na dele me impedira de tentar ir falar com a Manuela, o que, de certa
forma, fora bom, porque eu não iria mesmo esfregar meu orgulho no chão dessa
forma, ainda mais quando a culpada da discussão fora ela.
Eu
estava na cozinha, lutando contra o meu humor impaciente para fazer o
brigadeiro que Harry me pedira. Era uma troca justa. Ele pegava os meus filmes
preferidos e eu preparava todas as porcarias para que nele tivesse o bastante
para comer, enquanto eu alagava o quarto, vendo minha comédia romântica favorita e completamente ultrapassada de tão antiga.
Eu já estava cansada de
ficar mexendo o conteúdo daquela panela e, mesmo sabendo que eu estava só
fazendo minha parte, foi um enorme alívio quando notei que já estava pronto.
Acabei por ficar na dúvida se deveria enrolá-los e passar no granulado ou se deveria
deixar para comermos de colher, mas eu ainda tinha bastante tempo, o que
significava que talvez a primeira opção fosse melhor. Assim, esperei até que o brigadeiro
esfriasse, enquanto preparava as coisas e pegava uma tigela de morangos na
geladeira para ir comendo e gradativamente permitindo que meu corpo se sentisse
ilusoriamente saudável.
Eu já
estava quase acabando com todos os morangos e passando o sexto brigadeiro no
granulado, quando minha solidão na cozinha acabou. Enquanto eu me perguntava
mentalmente o que tinha feito para merecer aquilo, Justin entrou no cômodo, com
a visível intenção de ser sorrateiro, mas sem tanto sucesso assim. Devagar,
respirei fundo, antes de pedir em silêncio para que ele estivesse ali somente
para pegar algo, porque eu não estava nem um pouco a fim de escutar aquela
conversa barata de novo.
– Oi. – soltou, frustrando todas as minhas expectativas, enquanto caminhava até a
geladeira.
– Oi! – falei, contra minha vontade.
– O que está fazendo? – Justin
insistiu em prolongar aquilo com perguntas mais do que desnecessárias.
– Brigadeiro.
– Sério? Eu adoro isso! – ele pareceu
empolgado, aproveitando-se para espiar minhas ações, o que me incomodou um
pouco – Manuela costumava fazer algumas vezes. Ela sempre ia me visitar levando
os ingredientes certos. É por isso que eu engordei um pouco e tive que me
exercitar bem mais do que o que era costume.
– É o que acontece quando se come
coisas gostosas demais... – suspirei, sem ânimo – Eu até te ofereceria esses
daqui, mas digamos que já estão reservados, sabe? E, para tê-los você teria que praticamente me matar...
– É, eu sei o quanto você gosta de
chocolate!
Eu
teria corrigido sua teoria, alegando que aqueles não eram para mim, mas me
distraí ao notar que mais uma vez ele estava tentando esfregar conhecimentos
sobre mim na minha cara e isso me frustrava. Soava como se ele
estivesse tentando provar que se lembrava de mim quando na verdade a tonta da
Manuela havia lhe contado cada palavra, assim como admitira pateticamente na
noite passada. Harry estava certo, afinal, os dois tinham muito em comum.
– Por
que você faz questão de saber essas coisas, hein? – indaguei, impaciente.
– Você não gosta que eu saiba coisas
sobre você? – prosseguiu, tentando reverter o jogo.
– Para ser sincera, não... – admiti,
percebendo que havia perdido por completo a atenção no que estava fazendo – Eu
não gosto que você saiba coisas sobre mim, porque você não tem interesse
sincero e isso é óbvio. A única coisa que eu não entendo é porque você insiste
em tentar me provar alguma coisa para depois vir com o seu papo furado,
tentando fazer com que eu repense uma decisão que já está totalmente tomada!
– (Seu nome), eu só tive aquela
conversa com você, porque eu me preocupei em relação a isso, ok? – respondeu,
firme, enquanto pegava uma jarra de suco da geladeira – E eu só procurei saber
coisas sobre você, porque por um momento eu te dei razão. Sim, eu achei injusto
eu chegar aqui e julgar a sua vida, quando eu sequer sabia o que deveria saber
e é por isso que, sim, eu tentei me informar sobre você da melhor forma
possível...
– Claro, para depois tentar mudar
minha cabeça novamente! – interrompi.
– Não – ele negou com firmeza –, eu
só queria me aproximar de você.
Senti-me
um pouco idiota após ter minhas certezas destruídas apenas com meia dúzia de
palavras, mas aquilo não me atingiu com a intensidade que deveria, porque eu
não confiava nele com tanta entrega quanto fazia antes. Então, sim, talvez ele
pudesse ter tirado as palavras da minha boca após dizer aquilo, mas não foi bem
assim que eu me senti. Na realidade, eu não cheguei nem a acreditar, porque
havia mais ali e, mesmo que ele não percebesse, Justin Drew Bieber não podia – e aparentemente não conseguia – se aproximar de mim. Eu já tinha aceitado isso,
por que todo mundo não podia simplesmente acreditar também?
– Então, é uma pena! – murmurei, voltando meus olhos para o doce a minha frente – É uma pena, porque você nunca vai se aproximar de mim. Se sentir perto de uma
pessoa, a qual você está sob o mesmo teto, às vezes vai além de conversas... E
olhe para você! Você não consegue nem olhar para mim, não consegue nem encostar
em mim.
– Isso não é verdade! – negação, o
primeiro vestígio do problema.
– Ah, não? – desafiei.
Eu
sabia que era idiotice da minha parte insistir, mas o próprio Justin havia me
tentado a isso, então não havia mais nada que eu pudesse fazer. Assim, fingi
estar pensativa, fitando meus afazeres e sorrateira e repentinamente aproximei
minha mão da dele, que estava largada despretensiosamente sobre a bancada.
Exatamente como eu previra, ele a retirara de lá em um piscar de olho, em uma
reação rápida e irracional diante da minha aproximação. Suspirei.
Embora Justin ainda
parecesse constrangido pela sua ação, eu já havia me acostumado com isso.
– Viu? – falei, conservando meu sorriso vitorioso para mim mesma.
Após
confirmar minhas teorias, Justin se calou por completo e, assim, o silêncio
retornou a cozinha e eu me vi calma o bastante para voltar minha atenção ao que
realmente interessava e terminar minha sobremesa, mas não consegui colocar tudo
em prática como queria. Afinal, apesar de já estar conformada com aquele comportamento
de Justin, ser ignorada e tão rudemente repelida por alguém feria gravemente
meu ego, fazia com que eu me sentisse mal. Saber disso me
deixava ainda frustrada.
Eu
estava tão concentrada em tentar recuperar o nível mínimo de bom-senso que
estranhei quando as costas da minha mão entraram em contato com algo
agradavelmente quente. Se eu pudesse agir de acordo com os impulsos do meu
corpo, eu teria retirado-a rapidamente, mas não consegui. Não consegui, porque
no segundo que meus olhos focalizaram o que estava aquecendo a minha pele e eu
vi aquela mão sobre a minha, todo meu corpo estremeceu.
Justin
estava tocando a minha mão. Justin Drew Bieber estava tocando a minha mão. E
por algum motivo completamente estranho e bizarro, minha mente estava
semelhante à de uma fã maluca de treze anos de idade, o que por si só já era um
erro. Eu não deveria me dar ao luxo de ficar sequer surpresa em relação a isso.
Respirei fundo, tentando me manter aparentemente indiferente, mas, enquanto o fazia, seus dedos, que acariciavam suavemente minha
mão, foram subindo calmos e aveludados pelo meu braço, fazendo com que cada
centímetro do meu corpo se arrepiasse de uma forma constrangedoramente indiscreta.
Embora fosse muito provável que ele não estivesse notando o mesmo que eu, não
deixei de me sentir embaraçada, de querer fugir dali, sabendo ao mesmo tempo que não o faria.
Eu
estava gostando daquilo mais do que deveria.
– Justin, eu...
Eu sou
uma tonta!
Eu já
estava ficando parcialmente acostumada com a presença do Justin naquela casa,
mas, naquele momento, quando eu pronunciei seu nome, soltando um suspiro
involuntário, meus lábios fraquejaram e, tremendo de insegurança, eu me calei.
Fiquei completamente muda, quando na verdade a vontade que eu tinha era de
gritar a plenos pulmões e pedir que ele não voltasse mais àquela casa.
Mas eu não
faria isso. Em primeiro lugar, porque eu queria saber até onde Justin poderia
se forçar a ter algum tipo de contato físico comigo, depois de tanto tempo
evitando a minha pessoa. E, depois, porque eu queria provar para mim mesma que
aquilo não seria algum tipo de teste à minha fidelidade, que continuaria sendo
um episódio insignificante como todos aqueles que Justin protagonizara desde
que chegara ali. O momento estranho ao qual eu estava me submetendo não
passaria de um tremendo nada.
– Shh! – pediu ele, mais perto do que já estivera em anos – Eu ainda quero tentar uma
coisa...
Não me
opus, esperando sua próxima atitude, o que foi um tremendo erro. Diferente do
que eu esperava, Justin levou seu toque macio e quente até o meu rosto,
deslizando seus dedos devagar sobre a lateral do mesmo. Ele segurou meu queixo
com firmeza e, quando eu já estava começando a sentir minha pele arder diante
daquele contato, ele me surpreendeu novamente e seus olhos encontraram os meus.
Naquele
momento, meu mundo caiu.
Meus
joelhos fraquejaram, minha garganta ficou seca e involuntariamente eu sorri. Eu
até tentei, mas foi difícil me segurar, depois de poder lembrar tão de perto
que os olhos de Justin eram perfeitamente hipnotizantes, exatamente como minha
memória havia guardado por tanto tempo. Mas se havia algo que minhas lembranças
não foram capazes de reter por muito tempo fora a sensação que aquele par de
olhos cor de mel me causava. Eu estava vulnerável, totalmente submetida a qualquer
que fossem suas vontades.
Mas,
como era de se esperar, não durou muito tempo.
Justin
abaixou o olhar rapidamente, como eu já deveria esperar. Suspirei, tentando
esconder a frustração, enquanto ele fitava o chão insistentemente, voltando a evitar
algum contato visual comigo. Embora, para ele, aquilo pudesse significar algum
tipo de vitória mesmo que parcial, para mim, era regredir em todo o progresso
que eu tinha conseguido naqueles últimos anos, porque eu estava voltando a me
sentir repulsiva de um jeito que só ele conseguia provocar.
Porém
eu estava errada mais uma vez, porque subitamente ele voltou todo o poder
daqueles olhos estupidamente lindos para mim. Assim, enquanto eu estava
permitindo a mim mesma me perder naquela imensidão sem volta, Justin voltou a
usar da influência do seu toque sobre mim e seus dedos deslizaram por meus
lábios, sujando-os de chocolate. Ele havia pegado um pouco de brigadeiro sem
que eu sequer me desse conta.
Sinceramente eu odiei aquilo. Odiei não ter controle sobre as reações do
meu corpo. Odiei me sentir vulnerável. Odiei mentir para mim mesma, dizendo que
eu só estava satisfeita com aquele momento por causa do brigadeiro. Mas, acima
de tudo isso, odiei me sentir insegura e em dúvida em relação ao que eu estava
sentindo no momento.
– Seus
olhos... – ele murmurou, ainda próximo demais – Seus olhos, eles me queimam por
dentro!
– Eu sei... – respondi, indo contra
todos os meus conceitos do que era certo ou errado – É exatamente o que eu
sinto quando você me toca.
Não,
não. O que raios eu estou fazendo?
– E é
por isso que está na hora de parar. – interrompi, me afastando bruscamente – Chega de recreio, hora de voltar para nossas obrigações.
– É, você tem razão...
– Eu sei, afinal, eu ainda tenho que
terminar com toda essa tigela de brigadeiros!
– Não é sobre isso que eu estou
falando. – corrigiu ele, com um tom mais conformado – Eu estou falando sobre
você ter dito que a aproximação não tem a ver somente com conversas e é
preciso, sim, contato físico.
– Pois é, quem diria? – suspirei,
revirando os olhos e voltando a me concentrar nos meus pobres doces – Mas,
apesar disso, eu espero que você saiba, Justin, que isso não significa nada. Eu
fico muito feliz que seu comportamento por aqui mude, mas é só essa mudança que
vai acontecer. Sobre aquilo que você veio falar comigo algumas noites atrás,
não tem conversa!
Continuar inflexível em relação a tudo o que ele dizia era o que me
mantinha nos eixos, que fazia com que eu não fraquejasse tão facilmente de uma
forma tão ampla. Afinal, nada do que ele fizesse por mais impressionante que
fosse iria me fazer voltar atrás nas minhas decisões e nos meus sentimentos de
verdade – aqueles que só Harry me provocava quando eu estava perfeitamente
lúcida e não sendo hipnotizada por um farsante qualquer metido a homem.
– Então, boa noite... – murmurou ele, devolvendo a jarra de suco à geladeira e
saindo da cozinha, levando um copo consigo.
Eu não
estava com muita certeza se ele tinha, de fato, levado numa boa as minhas
palavras, mas sinceramente, não me interessava. Até porque não seria aquele
apelo por contato físico que me levaria a pensar diferente do que nos últimos
anos. Justin estava sendo infantil e desesperado demais para provocar uma coisa
que ele nem sabia o propósito. Eu só podia ter pena do que quer que fosse que
ele estivesse tramando, porque seria um desperdício de tempo.
Minhas decisões
não estavam à venda!
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Capítulo 18, anjinhos da juju!
Eu quero agradecer a todas vocês, que se deram ao trabalho de ler o meu desabafo no post anterior e, também, se importavam com ele e com o que estava sentindo em relação a isso, tudo o que vocês fizeram foi muito importante. Obrigada!
Eu quero agradecer a todas vocês, que se deram ao trabalho de ler o meu desabafo no post anterior e, também, se importavam com ele e com o que estava sentindo em relação a isso, tudo o que vocês fizeram foi muito importante. Obrigada!
E, em consideração a isso, o capítulo de hoje será dedicado às duas Juliana? Bom, eu não sei ao certo, mas uma Juliana e uma 'Juh'. Então, minhas lindas, muito obrigada pelo comentário, pela atenção e por ainda se envolverem com o blog. A opinião de vocês sempre vai ter o mundo de importância para mim. É isso! Amo vocês, bbys!
Por hoje, ficamos por aqui, hahahaha, tenham todos uma boa noite!