27 fevereiro 2014

5. You Make Me Love You - Capítulo 18

Declive

Música do capítulo: Treacherous - Taylor Swift (Vocês também podem preferir ouvir com a música "California King Bed" da Ryhanna, em todo caso.) 


Belieber's POV
    Já estava anoitecendo, quando Harry se dispôs a ir até a locadora pegar uns filmes para ficarmos vendo até tarde da noite, depois de termos passado um dia inteiro juntos, fazendo absolutamente nada  e inconscientemente fazendo com que minha parte mais ativa se remoesse de culpa por estar me tornando sedentária. Porém, o fato de eu ter ficado tão na dele me impedira de tentar ir falar com a Manuela, o que, de certa forma, fora bom, porque eu não iria mesmo esfregar meu orgulho no chão dessa forma, ainda mais quando a culpada da discussão fora ela.

    Eu estava na cozinha, lutando contra o meu humor impaciente para fazer o brigadeiro que Harry me pedira. Era uma troca justa. Ele pegava os meus filmes preferidos e eu preparava todas as porcarias para que nele tivesse o bastante para comer, enquanto eu alagava o quarto, vendo minha comédia romântica favorita e completamente ultrapassada de tão antiga.

    Eu já estava cansada de ficar mexendo o conteúdo daquela panela e, mesmo sabendo que eu estava só fazendo minha parte, foi um enorme alívio quando notei que já estava pronto.

    Acabei por ficar na dúvida se deveria enrolá-los e passar no granulado ou se deveria deixar para comermos de colher, mas eu ainda tinha bastante tempo, o que significava que talvez a primeira opção fosse melhor. Assim, esperei até que o brigadeiro esfriasse, enquanto preparava as coisas e pegava uma tigela de morangos na geladeira para ir comendo e gradativamente permitindo que meu corpo se sentisse ilusoriamente saudável.

    Eu já estava quase acabando com todos os morangos e passando o sexto brigadeiro no granulado, quando minha solidão na cozinha acabou. Enquanto eu me perguntava mentalmente o que tinha feito para merecer aquilo, Justin entrou no cômodo, com a visível intenção de ser sorrateiro, mas sem tanto sucesso assim. Devagar, respirei fundo, antes de pedir em silêncio para que ele estivesse ali somente para pegar algo, porque eu não estava nem um pouco a fim de escutar aquela conversa barata de novo.

     Oi.  soltou, frustrando todas as minhas expectativas, enquanto caminhava até a geladeira.
     Oi!  falei, contra minha vontade.
     O que está fazendo?  Justin insistiu em prolongar aquilo com perguntas mais do que desnecessárias.
     Brigadeiro.
     Sério? Eu adoro isso!  ele pareceu empolgado, aproveitando-se para espiar minhas ações, o que me incomodou um pouco  Manuela costumava fazer algumas vezes. Ela sempre ia me visitar levando os ingredientes certos. É por isso que eu engordei um pouco e tive que me exercitar bem mais do que o que era costume.
     É o que acontece quando se come coisas gostosas demais...  suspirei, sem ânimo  Eu até te ofereceria esses daqui, mas digamos que já estão reservados, sabe? E, para tê-los você teria que praticamente me matar...
     É, eu sei o quanto você gosta de chocolate!

    Eu teria corrigido sua teoria, alegando que aqueles não eram para mim, mas me distraí ao notar que mais uma vez ele estava tentando esfregar conhecimentos sobre mim na minha cara e isso me frustrava. Soava como se ele estivesse tentando provar que se lembrava de mim quando na verdade a tonta da Manuela havia lhe contado cada palavra, assim como admitira pateticamente na noite passada. Harry estava certo, afinal, os dois tinham muito em comum.

     Por que você faz questão de saber essas coisas, hein?  indaguei, impaciente.
     Você não gosta que eu saiba coisas sobre você?  prosseguiu, tentando reverter o jogo.
     Para ser sincera, não...  admiti, percebendo que havia perdido por completo a atenção no que estava fazendo  Eu não gosto que você saiba coisas sobre mim, porque você não tem interesse sincero e isso é óbvio. A única coisa que eu não entendo é porque você insiste em tentar me provar alguma coisa para depois vir com o seu papo furado, tentando fazer com que eu repense uma decisão que já está totalmente tomada!
     (Seu nome), eu só tive aquela conversa com você, porque eu me preocupei em relação a isso, ok?  respondeu, firme, enquanto pegava uma jarra de suco da geladeira  E eu só procurei saber coisas sobre você, porque por um momento eu te dei razão. Sim, eu achei injusto eu chegar aqui e julgar a sua vida, quando eu sequer sabia o que deveria saber e é por isso que, sim, eu tentei me informar sobre você da melhor forma possível...
     Claro, para depois tentar mudar minha cabeça novamente!  interrompi.
     Não  ele negou com firmeza , eu só queria me aproximar de você.

    Senti-me um pouco idiota após ter minhas certezas destruídas apenas com meia dúzia de palavras, mas aquilo não me atingiu com a intensidade que deveria, porque eu não confiava nele com tanta entrega quanto fazia antes. Então, sim, talvez ele pudesse ter tirado as palavras da minha boca após dizer aquilo, mas não foi bem assim que eu me senti. Na realidade, eu não cheguei nem a acreditar, porque havia mais ali e, mesmo que ele não percebesse, Justin Drew Bieber não podia  e aparentemente não conseguia  se aproximar de mim. Eu já tinha aceitado isso, por que todo mundo não podia simplesmente acreditar também?

     Então, é uma pena!  murmurei, voltando meus olhos para o doce a minha frente  É uma pena, porque você nunca vai se aproximar de mim. Se sentir perto de uma pessoa, a qual você está sob o mesmo teto, às vezes vai além de conversas... E olhe para você! Você não consegue nem olhar para mim, não consegue nem encostar em mim.
     Isso não é verdade!  negação, o primeiro vestígio do problema.
     Ah, não?  desafiei.

    Eu sabia que era idiotice da minha parte insistir, mas o próprio Justin havia me tentado a isso, então não havia mais nada que eu pudesse fazer. Assim, fingi estar pensativa, fitando meus afazeres e sorrateira e repentinamente aproximei minha mão da dele, que estava largada despretensiosamente sobre a bancada. Exatamente como eu previra, ele a retirara de lá em um piscar de olho, em uma reação rápida e irracional diante da minha aproximação. Suspirei. 

    Embora Justin ainda parecesse constrangido pela sua ação, eu já havia me acostumado com isso.

     Viu?  falei, conservando meu sorriso vitorioso para mim mesma.

   Após confirmar minhas teorias, Justin se calou por completo e, assim, o silêncio retornou a cozinha e eu me vi calma o bastante para voltar minha atenção ao que realmente interessava e terminar minha sobremesa, mas não consegui colocar tudo em prática como queria. Afinal, apesar de já estar conformada com aquele comportamento de Justin, ser ignorada e tão rudemente repelida por alguém feria gravemente meu ego, fazia com que eu me sentisse mal. Saber disso me deixava ainda frustrada.

    Eu estava tão concentrada em tentar recuperar o nível mínimo de bom-senso que estranhei quando as costas da minha mão entraram em contato com algo agradavelmente quente. Se eu pudesse agir de acordo com os impulsos do meu corpo, eu teria retirado-a rapidamente, mas não consegui. Não consegui, porque no segundo que meus olhos focalizaram o que estava aquecendo a minha pele e eu vi aquela mão sobre a minha, todo meu corpo estremeceu.

    Justin estava tocando a minha mão. Justin Drew Bieber estava tocando a minha mão. E por algum motivo completamente estranho e bizarro, minha mente estava semelhante à de uma fã maluca de treze anos de idade, o que por si só já era um erro. Eu não deveria me dar ao luxo de ficar sequer surpresa em relação a isso.

    Respirei fundo, tentando me manter aparentemente indiferente, mas, enquanto o fazia, seus dedos, que acariciavam suavemente minha mão, foram subindo calmos e aveludados pelo meu braço, fazendo com que cada centímetro do meu corpo se arrepiasse de uma forma constrangedoramente indiscreta. Embora fosse muito provável que ele não estivesse notando o mesmo que eu, não deixei de me sentir embaraçada, de querer fugir dali, sabendo ao mesmo tempo que não o faria.

    Eu estava gostando daquilo mais do que deveria.

     Justin, eu...

    Eu sou uma tonta!

    Eu já estava ficando parcialmente acostumada com a presença do Justin naquela casa, mas, naquele momento, quando eu pronunciei seu nome, soltando um suspiro involuntário, meus lábios fraquejaram e, tremendo de insegurança, eu me calei. Fiquei completamente muda, quando na verdade a vontade que eu tinha era de gritar a plenos pulmões e pedir que ele não voltasse mais àquela casa.

    Mas eu não faria isso. Em primeiro lugar, porque eu queria saber até onde Justin poderia se forçar a ter algum tipo de contato físico comigo, depois de tanto tempo evitando a minha pessoa. E, depois, porque eu queria provar para mim mesma que aquilo não seria algum tipo de teste à minha fidelidade, que continuaria sendo um episódio insignificante como todos aqueles que Justin protagonizara desde que chegara ali. O momento estranho ao qual eu estava me submetendo não passaria de um tremendo nada.

     Shh!  pediu ele, mais perto do que já estivera em anos  Eu ainda quero tentar uma coisa...

    Não me opus, esperando sua próxima atitude, o que foi um tremendo erro. Diferente do que eu esperava, Justin levou seu toque macio e quente até o meu rosto, deslizando seus dedos devagar sobre a lateral do mesmo. Ele segurou meu queixo com firmeza e, quando eu já estava começando a sentir minha pele arder diante daquele contato, ele me surpreendeu novamente e seus olhos encontraram os meus.

    Naquele momento, meu mundo caiu.

    Meus joelhos fraquejaram, minha garganta ficou seca e involuntariamente eu sorri. Eu até tentei, mas foi difícil me segurar, depois de poder lembrar tão de perto que os olhos de Justin eram perfeitamente hipnotizantes, exatamente como minha memória havia guardado por tanto tempo. Mas se havia algo que minhas lembranças não foram capazes de reter por muito tempo fora a sensação que aquele par de olhos cor de mel me causava. Eu estava vulnerável, totalmente submetida a qualquer que fossem suas vontades.

    Mas, como era de se esperar, não durou muito tempo.

    Justin abaixou o olhar rapidamente, como eu já deveria esperar. Suspirei, tentando esconder a frustração, enquanto ele fitava o chão insistentemente, voltando a evitar algum contato visual comigo. Embora, para ele, aquilo pudesse significar algum tipo de vitória mesmo que parcial, para mim, era regredir em todo o progresso que eu tinha conseguido naqueles últimos anos, porque eu estava voltando a me sentir repulsiva de um jeito que só ele conseguia provocar.

     Porém eu estava errada mais uma vez, porque subitamente ele voltou todo o poder daqueles olhos estupidamente lindos para mim. Assim, enquanto eu estava permitindo a mim mesma me perder naquela imensidão sem volta, Justin voltou a usar da influência do seu toque sobre mim e seus dedos deslizaram por meus lábios, sujando-os de chocolate. Ele havia pegado um pouco de brigadeiro sem que eu sequer me desse conta.

    Sinceramente eu odiei aquilo. Odiei não ter controle sobre as reações do meu corpo. Odiei me sentir vulnerável. Odiei mentir para mim mesma, dizendo que eu só estava satisfeita com aquele momento por causa do brigadeiro. Mas, acima de tudo isso, odiei me sentir insegura e em dúvida em relação ao que eu estava sentindo no momento.

     Seus olhos...  ele murmurou, ainda próximo demais  Seus olhos, eles me queimam por dentro!
     Eu sei...  respondi, indo contra todos os meus conceitos do que era certo ou errado  É exatamente o que eu sinto quando você me toca.

    Não, não. O que raios eu estou fazendo?

    E é por isso que está na hora de parar.  interrompi, me afastando bruscamente  Chega de recreio, hora de voltar para nossas obrigações.
    – É, você tem razão...
     Eu sei, afinal, eu ainda tenho que terminar com toda essa tigela de brigadeiros!
     Não é sobre isso que eu estou falando.  corrigiu ele, com um tom mais conformado  Eu estou falando sobre você ter dito que a aproximação não tem a ver somente com conversas e é preciso, sim, contato físico. 
     Pois é, quem diria?  suspirei, revirando os olhos e voltando a me concentrar nos meus pobres doces  Mas, apesar disso, eu espero que você saiba, Justin, que isso não significa nada. Eu fico muito feliz que seu comportamento por aqui mude, mas é só essa mudança que vai acontecer. Sobre aquilo que você veio falar comigo algumas noites atrás, não tem conversa!

    Continuar inflexível em relação a tudo o que ele dizia era o que me mantinha nos eixos, que fazia com que eu não fraquejasse tão facilmente de uma forma tão ampla. Afinal, nada do que ele fizesse por mais impressionante que fosse iria me fazer voltar atrás nas minhas decisões e nos meus sentimentos de verdade  aqueles que só Harry me provocava quando eu estava perfeitamente lúcida e não sendo hipnotizada por um farsante qualquer metido a homem.

     Então, boa noite...  murmurou ele, devolvendo a jarra de suco à geladeira e saindo da cozinha, levando um copo consigo.

    Eu não estava com muita certeza se ele tinha, de fato, levado numa boa as minhas palavras, mas sinceramente, não me interessava. Até porque não seria aquele apelo por contato físico que me levaria a pensar diferente do que nos últimos anos. Justin estava sendo infantil e desesperado demais para provocar uma coisa que ele nem sabia o propósito. Eu só podia ter pena do que quer que fosse que ele estivesse tramando, porque seria um desperdício de tempo. 

    Minhas decisões não estavam à venda!


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    Capítulo 18, anjinhos da juju!
     Eu quero agradecer a todas vocês, que se deram ao trabalho de ler o meu desabafo no post anterior e, também, se importavam com ele e com o que estava sentindo em relação a isso, tudo o que vocês fizeram foi muito importante. Obrigada!
     E, em consideração a isso, o capítulo de hoje será dedicado às duas Juliana? Bom, eu não sei ao certo, mas uma Juliana e uma 'Juh'. Então, minhas lindas, muito obrigada pelo comentário, pela atenção e por ainda se envolverem com o blog. A opinião de vocês sempre vai ter o mundo de importância para mim. É isso! Amo vocês, bbys!
     Por hoje, ficamos por aqui, hahahaha, tenham todos uma boa noite!

24 fevereiro 2014

5. You Make Me Love You - Capítulo 17

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Belieber's POV
    Eu não tivera uma boa noite de sono e isso não fora provocado pelo filme de terror, como eu esperava quando ainda estava na sala do cinema. Antes fosse. Eu seria a pessoa mais feliz do mundo se, por acaso, minha mente tivesse sido preenchida por imagens terríveis de fantasmas, psicopatas, bonecos assassinos e o que de mais assustador que eu mesma pudesse projetar. Mas não, seria muito fácil se fosse assim.

    A única coisa capaz de me deixar tão inquieta foram as preocupações que caíram no meu colo antes de dormir, que tiveram a ousadia de dominar meus sonhos por completo. Enquanto eu tentava mergulhar em um sono claro e tranquilo, minha mente era bombardeada por imagens do Rodrigo  que deveria estar afundando em seu jeito delinquente atualmente  e do próprio Justin idiota.

    Eram duas histórias com finais ridiculamente trágicos, histórias que já deveriam ter sido esquecidas, mas, com a praga rogada pela Manuela, voltaram a me assombrar.

    Felizmente a manhã veio e, entre os momentos de lembranças desesperadoras, uma voz de veludo grossa chegou até meus ouvidos, permitindo que por um minuto as imagens desagradáveis se afastassem. Assim, as memórias foram sumindo de forma gradativa até que não existissem mais e, então, percebi a claridade que invadia minhas pálpebras. Abri os olhos para aquela manhã calorosa e logo tudo ficou bem melhor.

    Ao meu lado, Harry segurava uma bandeja cheia de frutas, doces e pães do meu tipo preferido. Ele me olhava da forma mais amável possível e sorria esperançoso que eu gostasse da sua pequena surpresa, como se tivesse como não gostar. Aquele homem esforçava-se para ser cada dia mais perfeito para mim, assim como fizera na noite passada, quando ficara brincando com meu cabelo e beijando meu rosto até que eu conseguisse esquecer a dor e os problemas e cair no sono.

    Embora eu soubesse que era chato para ele me dar espaço durante essa semana, Harry conseguia lidar bem com o meu momento mais insuportável. Esse fato me consolava um pouco, porque eu levara meses e meses fazendo uma tabelinha para saber por alto quando esse período feminino desnecessário chegaria e, então, poder marcar a data do nosso casamento sem mais problemas. Afinal, a última coisa que eu queria era estar sangrando e mal-humorada na minha lua de mel.

     Bom dia!  cumprimentou, finalmente.
     Bom dia, amor da minha vida!  respondi, com o maior sorriso que meu rosto permitia, tendendo para o meu lado mais caloroso.
     Está se sentindo melhor?  Harry colocou a bandeja sobre meu colo, assim que eu me ajeitei na cama.
      Com você aqui, muito melhor, ainda mais com todas essas coisas maravilhosas que você trouxe.  afirmei, pegando o copo de suco  Mas nem se anime, porque não nós vamos transar, coisa linda!
      Não me faça tirar essas delícias de perto de você!

    Ri, protegendo a minha comida. Enquanto era observada, dei um gole no suco de laranja e estudei as minhas opções, acabando por me decidir por um estonteantemente maravilhoso pão doce de maçã. Aquilo era quase uma espécie de droga para mim e, apesar da minha boa educação mandar que eu oferecesse a Harry um pedaço, meu estômago era relutante demais para aceitar dividir meu pequeno pedaço de céu. Para disfarçar meu egoísmo, peguei uma boa garfada de um cupcake e levei até sua boca.

    Eu estava maravilhada com aquele sabor inteiramente meu  era quase como andar sobre nuvens brancas e doces  e, por um minuto inteiro, eu me esqueci de todos os meus problemas que Manuela havia feito questão de esfregar discretamente em minha cara. Mas, então, eu percebi que estava esquecendo e me lembrei de tudo de novo e voltei a me corroer de raiva  internamente, claro.

     Então, qual o plano de ação para hoje?  perguntou Harry, após acabar de mastigar e se preparando para pegar mais um pedaço.
     Eu não sei. – suspirei, dando de ombros  Nós podemos ficar em casa, conversar, ver uns filmes, comer porcaria e terminar a noite malhando um pouco, porque exercício físico a aliviar o estresse e a dor. Além disso, eu não quero e nem posso estar gorda no dia do nosso casamento. O vestido já está pronto, lembra?
     Na verdade, não lembro, não, afinal, eu ainda não o vi...  comentou, fazendo uma careta de insatisfação.  Aliás, tirando o convite, eu ainda não vi nada desse casamento, não é? Estou começando a achar que você está armando um casamento secreto com algum modelo exótico e apenas me enrolando.
     Não seja bobo, ok?  ri, revirando os olhos  É uma tradição. O noivo simplesmente não pode ver o vestido da noiva antes do casamento. Você realmente quer quebrar uma tradição e se arriscar a ter uma vida triste e miserável ao meu lado?
     (Seu nome), uma vida ao seu lado nunca seria menos do que perfeita.  falou, beijando suavemente a minha testa  Mas, por falar nisso, e você e Manuela, hein? Já marcaram um dia para fazer a última prova do vestido?

    Engoli em seco, assustada por perceber que eu tinha ficado um tanto quanto relapsa aos compromissos finais do meu casamento desde que Manuela chegara naquela casa  trazendo aquele empecilho consigo. Com tanta besteira na cabeça, eu não tive tempo para me dedicar ao que eu realmente importava para mim. E, como Harry bem fizera questão de dizer, eu ainda tinha uma última prova de vestido para realizar e era naquilo em que eu deveria focar, apesar de tudo.

    Se bem que com a pequena discussão  se é que se pode chamar aquilo de discussão  que eu tivera com a minha melhor amiga, eu estava sem uma opinião feminina para dar o veredito final. Isso dificultava um pouco minha situação como boa noiva indecisa que eu era.

     Na verdade, não.  admiti, sem graça, engolindo a minha culpa e guardando-a com cuidado  Pelo menos, ainda não. Eu e a Manuela tivemos um pequeno desentendimento e essas responsabilidades acabaram ficando um pouco ofuscadas, mas eu vou dar um jeito de resolver isso o mais rápido possível.
     O que aconteceu?  suas sobrancelhas se uniram em confusão.
     Nada demais...  disfarcei, sem coragem de contar a verdade em detalhes.
     (Seu nome), por favor  ele insistiu , você é talvez a noiva mais animada da face da Terra. Qualquer ácaro que esteja sobre o tapete vermelho da igreja já te anima... Você não vai vir com esse discurso barato e com esse biquinho bobo, fingindo que não há nenhum motivo realmente sério para algo ofuscar algum detalhe do nosso dia!
     Bem, pode ser um pouco mimado da minha parte, mas ela disse muitas coisas que eu não gostei ontem e deu no que deu...  respirei fundo, tentando manter a paciência ao me lembrar  Aliás, o senhor também fez o mesmo, não é, Harry?
     O quê?  ele pareceu tão surpreso e inocente que me deu vontade de rir  O que foi que eu fiz dessa vez?
     Que história foi aquela de ficar perguntando há quanto tempo as pessoas estão ou não solteiras, investigando a vida alheia, hein?
     Ah, sobre isso...  seu tom de voz afinou um tom, enquanto ele desviava o olhar indiscretamente  Bom, nós temos sempre que estudar o inimigo, não é verdade?

   Meu noivo tem táticas de guerra melhores do que eu, que conheço o inimigo há bem mais tempo. Ai, que vergonha que eu sou para o meu país. Eu deveria ser deportada, deveria ser privada do direito de ser mulher por não saber direito como usar esse treco maluco de "intuição feminina". Eu devo ser alguma espécie nova de minhoca com seios para ser tão burra assim.

    Não, minhocas seriam mais astutas!

     Inimigo, Harry?  disfarcei, zombando da sua forma de pensar  E desde quando aquele cara é algum inimigo para você? Ele não poderia nunca ameaçar você, porque, como eu já disse milhares de vezes, eu te amo. Dá para entender ou está difícil?
     Está difícil.  respondeu de imediato  Dá para dizer de novo?
     Harry  miei, antes de tomar outro gole de suco, tentando recuperar o fôlego para entrar naquele assunto , olha, eu e Justin tivemos um bom relacionamento, isso é verdade, mas... É só isso. Tivemos... No tempo passado e no modo verbal "não vai acontecer de novo". Tudo bem para você?
     Pode falar um pouco mais?

    Poderia?

     Bom, a verdade é que nós dois sempre tivemos um relacionamento agradável, apesar do altos e baixos. Nós vivíamos discutindo, mas gostávamos de fazer por sermos ambos de teimoso. Só que isso nunca atrapalhou!  decidi pular essa parte para me sentir mais segura  Era uma coisa boa, mesmo não sendo tão estável e, então, veio o acidente.
     Eu me lembro disso. Foi terrível!
     Pois é...  concordei rapidamente, apressada para chegar logo ao fim  Obviamente eu não seria do tipo estúpida que o abandonaria logo nesse momento, mas as coisas se tornaram um pouco complicadas a partir de então. Como você e todo o resto do mundo já sabem, essa situação toda deixou algumas sequelas nele e suas lembranças se transformaram em nada, o que provocou um certo atrito entre nós...
     Então, está me dizendo que foi ele quem terminou com você?  perguntou Harry, visivelmente desconfortável com essa hipótese.

    Hipótese essa que eu nem sabia se era verdade. Afinal, era ele quem tinha terminado?

    Aquela era uma pergunta deveras complicada, considerando as circunstâncias em que tudo havia acontecido. Aliás, de uma forma bem critica, Justin não tinha terminado comigo, de fato. Ele não se dera a esse trabalho, quando se entregou de bandeja para a minha melhor amiga. Mas eu não sabia dizer se eu tinha feito aquilo, afinal, se eu tivesse realmente opção, não teria rompido nosso relacionamento daquela forma, pelo menos não naquela época.

   Eu não tinha como saber responder àquilo, porque nós não tínhamos terminado, de verdade. Nós apenas deixamos de existir, juntos.

     Não, eu não disse isso.  emendei depressa, tentando não permitir que aquilo ficasse constrangedor demais  A verdade é que podemos dizer que a iniciativa partiu de mim. Nós não estávamos nos entendendo mais. Eu estava diferente. Ele estava diferente. Simplesmente parou de dar certo!
     Interessante...  ele não pareceu tão satisfeito assim.
     Espero que você esteja se sentindo mais seguro depois de ouvir essa história, porque a única coisa que eu estou sentindo é dor de cabeça por ter que ficar dando voltas nesse passado sem graça!  bufei, antes de voltar a morder meu lanche e conseguir recompor meu bom humor  Mas, em troca de eu ter te contado isso, quero algo de você...
     Diga-me o que deseja, senhorita!  falou sem sequer pensar.
     Promete que não vai deixar o mesmo acontecer conosco?
     Jamais.  assegurou, deslizando as mãos suavemente por uma mecha do meu cabelo  Nós já fizemos com que déssemos certo uma vez e eu não estou disposto a abrir mão de você. Eu te amo!
     Eu sei, Harry. E eu definitivamente acho que eu também amo... Esse pão doce!  quebrei o clima romântico, segurando o riso.
     Mas que garota mais boba essa minha noiva!  ele fez uma careta e pegou parte da cauda do bolo para sujar o meu nariz.  Deveria largar a carreira de cantora e virar palhaça, sabia?
    - Eu sei disso e sei também que, se o senhor não terminar esse bolo logo, ele será a próxima vítima da minha gordice!
    – Mantenha distância.

     Eu sorri. E ele sorriu, em seguida. Parecia funcionar muito bem.

     Meu sorriso acabou se alastrando um pouco mais em meus lábios e, se eu não estivesse tão satisfeita, provavelmente sentiria câimbra no rosto. Discretamente, fitei-o acabando de comer aquele pequeno doce e suspirei, completamente boba diante do que eu tinha bem ao meu lado. Boba por ter aquele garoto maravilhoso e ainda sentir meu estômago embrulhar apenas de pensar na época mais tola da minha vida. Deveria ser considerado um crime!

    Era estranho, para mim, pensar que aquilo de alguma forma ainda mexia comigo, porque ia contra tudo o que eu acreditava ser. Fazia com que eu me sentisse fraca, vulnerável, como se eu não fosse competente o bastante para esquecer tudo e fingir que nada acontecera. Aliás, considerando que muita coisa acontecera, era difícil fechar os olhos  e o coração  para tudo aquilo, porque eu não era de pedra, mas era um esforço o que eu vinha fazendo e o que iria continuar a fazer, não importava a que custo.

    E, assim como eu dissera a Harry, eu estava conjugando aqueles maus momentos no tempo passado e no modo verbal "eu desprezo Justin Bieber".

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Capítulo 17, babys (:
   Enfim, esse capítulo deveria ter sido postado sábado, mas eu tenho um motivo ótimo pelo qual isso não aconteceu: Falta de ânimo. Bom, eu sei que esse tipo de blábláblá é muito chato, mas eu preciso ter essa conversa com vocês, antes que eu acabe fazendo besteira.
    O número de acessos do blog caiu, mas, mais que isso, os comentários SUMIRAM. Eu tive, nos três últimos capítulos, apenas dois comentários. E, não, não foi "dois em cada", foi dois no geral. Eu sei que é muito chato ficar apelando, lamentando, sei que vocês tem outras responsabilidades, porque o ano letivo já começou, mas é que é realmente muito desanimador entrar no blog e ver o gráfico de visualizações DECADENTE, ou pior, ver que não tem NENHUM comentário novo. Sério, eu não me importo tanto com "acessos" e tal, até porque nunca tive um número excepcional, mas... Os comentários são muito importantes para mim, porque são através deles que eu sei que vocês estão gostando, que eu me animo a continuar. Não ter quase nada, me faz pensar que estou escrevendo para o vento, perdendo meu tempo e é a última coisa que eu posso fazer agora.
     Eu entendo que vocês tem suas atividades e eu também tenho. Hoje, por exemplo, eu sai de casa 6h e só cheguei novamente ao meu doce lar às 19h (não, não tô brincando!). Daí, tomei banho, comi, fiz os deveres de Biologia e Geografia (Uhuuul, tomei vergonha na cara. Parcialmente, porque protelei o de Literatura hohoho), agora, estou postando no blog e, provavelmente, quando essa postagem for ao ar, estarei já no meu notebook, escrevendo capítulos para deixar programados... Bom, escrever no blog para mim NUNCA foi um fardo, nunca, mas em meio a trilhares de obrigações, a todos os problemas que logo no começo do ano já apareceram, sendo que eu sou uma pessoa muito estressada, arranjar tempo para me dedicar a isso aqui é surreal. Mas eu o faço, porque não quero deixar vocês na mão... Só que eu também não sou de ferro, gente, eu estou em um ano muito complicado e não quero sentir como se estivesse fazendo tudo isso aqui para nada. Eu não peço muito, não quero gente puxando meu saco, textos enormes, eu só quero opiniões sinceras, saber o que vocês acharam de tal capítulo. 
    Pode parecer nada, anjos, mas é de uma importância crucial para mim :c
    Enfim...
 
    Vamos falar do que importa, o capítulo de hoje é totalmente dedicado a minha churros, que está fazendo aniversário. Então, um hiper parabéns para você, Livian, que tudo de maravilhoso preencha sua vida e que nada nunca tire esse seu sorriso que me dá vontade de morder suas bochechas skaopskapkspoks (: Eu te amo, minha coisa linda!
     Então, por hoje, é só. Boa noite (:

19 fevereiro 2014

5. You Make Me Love You - Capítulo 16

Joguinhos

Belieber's POV
    Cheguei em casa completamente acabada, mas com uma nova calça jeans e um scarpin com um salto incrível que Manuela me convencera a comprar. Além disso, eu tinha comido tanta porcaria em um dia só que já conseguia imaginar todas as minhas roupas começando a ficar apertadas em mim. Era superficial da minha parte, mas eu estava prestes a casar e, se por algum motivo, aquele vestido resolvesse não caber em mim no grande dia, bem, eu me suicidaria ali mesmo.

    Larguei as bolsas da loja no sofá e resisti a vontade de desabar por ali também. Assim, após dar um pequeno selinho em Harry, me pus a subir as escadas até o meu quarto, com o mínimo de ânimo possível. Aliás, toda a minha animação deveria ter ido parar nos meus pés, que estavam ambos pesados e fazendo com que cada degrau fosse uma tortura. A ideia de colocar um elevador naquela casa se tornava cada vez mais uma futura realidade.

    Assim que cheguei ao meu quarto, abri a porta, quase a escancarando e retirei os sapatos ainda de pé  aqueles tênis eram absurdamente lindos, mas não era um achado no quesito conforto. Em seguida, me arrastei até o banheiro, ansiosa para tirar de mim todo aquele cansaço, dor e sabe-se lá mais o que meu corpo jovem estaria predisposto a sentir. A única coisa que eu queria naquele momento era tomar um banho bem quente e cair na cama.

    Encostei a porta, despreocupada com invasões, e arranquei a jaqueta do corpo, antes de me sentar na beirada da banheira e, devagar, ir deslizando até estar deitada dentro da mesma. Eu estava parecendo uma bêbada desorientada deitada ali, com minha peça de roupa preta em cima do rosto, bloqueando a luz que queimava os meus olhos e me torturava ainda mais, quando eu já não estava em um estado muito bom da minha vida. Todo o meu interior parecia estar explodindo.

     (Seu nome)...  uma voz ecoou por ali, me dando a certeza de que alguém acabara de entrar ali.
     Deus?  murmurei, sem me mover um milímetro sequer  É você? Eu estou pronta para ir...
     (Seu nome)? Cadê você?  eu poderia jurar que conhecia aquela voz, mas eu estava delirando de sofrimento  Por acaso, você está bêbada? Achei que já tivesse parado de tentar beber.

    Ignorei aquela provocação, vinda de uma voz feminina e, no momento, enjoada demais para ser Deus, e apenas levantei o braço direito, indicando onde eu poderia ser achada. Eu não estava em condições de fazer mais do que isso e, com certeza, levantar não era uma opção. A verdade era que havia uma enorme possibilidade de eu acabar dormindo ali mesmo, sem me importar com a frieza do material do qual era feito aquela "cama improvisada".

     (Seu nome), o que você está fazendo?

    Fazendo um esforço maior do que o necessário, retirei um pouco da jaqueta do rosto e espiei por um olho só, para me certificar de que eu não estava ficando louca. Felizmente não estava. Manuela estava sentada na beira da banheira, olhando-me com um ar meio incrédulo e divertido como se eu, de fato, estivesse fazendo algo muito surpreendente. Eu poderia ter ignorado ou mesmo mandado que ela fosse me procurar no fim do mundo, mas eu ficaria com peso na consciência futuramente.

     No momento, sofrendo.  respondi, de má vontade.
     Cólica?  insistiu ela, com uma precisão que chegou a me assustar.
     Como você sabe? 
     Primeiro, porque eu te conheço e, segundo, porque você está com a mesma expressão corporal de drama que você sempre fica quando está nesses dias. Aliás, estica esse corpo e tira essa jaqueta da cara!  ordenou, nadando em ilusões ao achar que eu daria atenção a suas palavras.  Enfim, você quer que eu pegue um remédio ou algo do tipo?
     Não, eu vou deixar para tomar alguma coisa antes de dormir...  miei, procurando outra posição em que a dor amenizasse um pouco.
     Se você prefere assim...  ela fez uma pausa e, segundos depois, conteve uma pequena risada  Falando sobre isso, lembra quando nós éramos mais novas e tão grudadas que o nosso ciclo era até parecido?
     Claro que eu lembro, ficávamos de TPM quase ao mesmo tempo e fazíamos o Lucas querer morrer.  ri diante daquelas lembranças cômicas  Isso não acontece mais, não é? Ou estou enganada? Você também...
     Não. Na verdade, eu...  ela parou de falar por um segundo e eu pude jurar que a morena havia se distraído com qualquer coisa como sempre fazia  Na verdade, ainda faltam alguns dias para mim.
     Sorte a sua...  suspirei, antes de colocar a cabeça para funcionar só um pouquinho e entender que aquele papo estava furado demais  Mas... Você não veio aqui só para conversar sobre esses problemas femininos, veio? O que está acontecendo, hein, Manuela?

    Houve um silêncio longo demais e eu soube, no exato segundo, que eu tinha feito a pergunta correta. Manuela era rainha em chegar de mansinho, antes de jogar a bomba no seu colo e, qualquer que fosse o assunto que ela estava protelando, eu sabia que não ia gostar tanto assim. Dessa forma, aguardei o suspense involuntário dela para preparar a mim mesma para o que estava por vir.

     Me diz você, (Seu nome)!

    Tudo bem, por essa eu não esperava.

    Imediatamente retirei a jaqueta de cima do rosto e fitei Manuela por um instante, buscando em seu olhar alguma pista para o que ela queria dizer, mas eu não consegui arregalar os olhos o bastante para descobrir o que se passava naquela mente. A frustração apenas me deu vontade de bater com a cara dela nos azulejos do meu banheiro por ter a coragem de revirar um jogo de forma tão injusta quando eu nem sabia que estava jogando.

     Do que você está falando, hein?  indaguei, franzindo o cenho, completamente confusa.
     (Seu nome), quando eu cheguei aqui, nós tivemos aquela pequena discussão, mas quando eu perguntei se queria que eu inventasse uma desculpa e fizesse o Justin ir embora, você negou e disse que seria rude e tentaria lidar com isso, mas não é isso que eu estou vendo ultimamente.  explicou, com um tom de superioridade que fazia parecer que ela estava completamente certa em suas palavras  Sim, era rude da sua parte praticamente expulsar o menino da sua casa e fico feliz que você não o tenha feito, mas tratá-lo como um traste também não é uma atitude muito notável.
     Eu não tenho ideia do que você está falando, Manuela...  disfarcei, revirando os olhos.
     Ah, não? Não mesmo?  ela ergueu uma sobrancelha, surpresa pelo fato de eu ter tamanha cara de pau para dissimular algo tão óbvio  E quanto ao que você fez com ele hoje no cinema? (Seu nome), você quase arrancou a cabeça do Justin só porque ele falou que você prefere chocolate a pipoca, o que é uma verdade incontestável.
     E o que você esperava que eu fizesse, Magalhães? Desse parabéns? Eu não gosto de gente que se intromete no que não é chamado, coisa que ele vem fazendo com muita frequência desde que chegou nessa casa.  explodi, desconcertada por aquela afronta  E, outra, como ele pode saber dessas coisas em primeiro lugar, hein?
     Eu...  Manuela pigarreou antes de continuar  Eu não tenho ideia!

    Eu não tinha certeza desde quando Manuela havia ficado tão clara quanto eu, mas aquilo era uma forma muito indiscreta de esfregar a verdade na minha cara e fazer com que eu me sentisse a pessoa mais burra do universo. Ao mesmo tempo em que uma ira ardente ia crescendo dentro de mim, eu me perguntava como eu não havia pensando naquela possibilidade antes. Era a mais óbvia, a mais aceitável, a mais traidora, porém, acima de tudo, era a única do mundo que fazia sentido. Seria bobo da minha parte pensar diferente.

   Foi desse jeito meio despropositado que Manuela assumiu todas as minhas suspeitas anteriores. Aquela morena traidora tinha acabado de despejar a verdade, que estava, sim, tramando com o inimigo, que estava ajudando um moleque inconsequente ao invés de auxiliar sua melhor amiga quando a mesma se aproximava do dia mais importante de toda a sua existência. Essa atitude era tão mesquinha e idiota.

    Eu estava com fumaça saindo dos ouvidos e prestes a começar a cuspir fogo na cara daquela boba sem graça, quando me levantei bem devagar da minha confortável posição na banheira e aproximei o meu rosto do dela, quase encostando nossos narizes. Eu queria queimá-la com o meu olhar, mas me limitei a apenas fuzilá-la em minha mente, enquanto sussurrava a ameaça mais amistosa que eu poderia pensar, porém no tom mais ameaçador que eu conseguia.

     Manuela Magalhães de Oliveira, se você acha que vai me fazer de boba, está muito, muito enganada. Eu abriria meu olho se fosse você!

    Respirei fundo, antes de lhe dar as costas e sai definitivamente da minha cama de brincadeira, pegando minha jaqueta em seguida. Ignorando por completo Manuela, retirei a blusa e pendurei minhas peças no gancho, ficando apenas de short e sutiã, antes de começar a pentear o cabelo, enquanto me admirava no espelho. Minha cara estava amarrada, mas internamente eu estava satisfeita por ainda não ter começado a tacar as coisas por aí, a dramatizar e destruir metade do meu próprio cômodo, embora eu fosse capaz de fazê-lo.

     Achei que você estava com cólica demais para sequer se mover...  comentou ela, perdendo a noção do perigo.
     A raiva faz a dor passar.  rosnei, entre os dentes.
     (Seu nome), dá para parar com isso?  insistiu, levantando-se e caminhando até mim  Eu achei que você já tivesse passado da idade de perder tempo com joguinhos.
     Engraçado, porque eu pensei o mesmo de você!  provoquei.
     Eu estou falando sério! Eu não sei qual é o seu problema. Quando você me falou que deixaria tudo como estava, que iria até convidar o Justin para o seu casamento, eu achei que você estava levantando bandeira branca. Achei que você estava disposta a tentar ser ao menos amigável com ele. Por que essa agressividade agora?  o modo como ela me questionava estava começando a me tirar do sério, porque, de alguma forma, eu sempre tinha que estar errada na história  (Seu nome), nós duas sabemos que Justin é um doce. Ele é gentil, cavalheiro, uma ótima pessoa com um coração maravilhoso. Por que isso, então?
     Porque é você quem está dizendo isso, não eu.  afirmei  Não ouse colocar palavras na minha boca, ok?

    Ela estava começando a perder as estribeiras comigo, mas eu não me importava, porque estava cansada de ser repreendida. Embora eu não fosse mimada e soubesse reconhecer meus erros, aquela situação não era algo a ser debatida, afinal, não havia uma lei no mundo que dissesse que eu precisava ser mais do que só educada com um garoto que fora como uma pedra na minha vida. E, se eu não estava sequer utilizando da educação com ele, era porque Justin nunca me dava brecha para isso, sempre metendo aquele narizinho branquelo onde não era chamado, sempre forçando sua intromissão em minha vida, quando o cadeado dos portões para a mesma já estava fechado há muito, muito tempo.

     Ótimo, (Seu nome). Você quer continuar com isso? Tudo bem, nós vamos fazer do seu jeito, então.  Manuela explodiu de raiva, por fim, enquanto se afastava de mim e seguia em direção à porta  Mas, se eu fosse você, tomaria um pouco mais de cuidado, porque você pode até não se lembrar, mas eu me recordo perfeitamente. Nós duas sabemos onde esse joguinho de caras feias e hostilidade termina...
     Eu não sei do que você está falando.
     Não sabe?  ela fez uma expressão de incredulidade, já prestes a atravessar a porta  Isso é o que veremos...

    E, então, ela saiu, afinal, me deixando sozinha, mas não completamente. Como se não bastasse vir me estressar, Manuela ainda tinha feito o enorme favor de encher minha cabeça com besteiras, como se eu já não tivesse milhares de outras coisas com o que me preocupar, problemas demais para lidar. Aliás, um desses problemas envolvia um dicionário, que eu teria que dar para Manu o mais urgente possível para que ela se lembrasse do significado da palavra "amiga".

    Eu aposto que não teria nada parecido com "indivíduo disposto a te enlouquecer e trair sua confiança por não ser capaz de esquecer um passado que deveria ser enterrado a sete palmos" na descrição.

    Tentei retornar às minhas atividades comuns antes de dormir, mas não foi tão fácil depois daquela conversa. Eu tomei banho, hidratei a pele, me vesti, ajeitei o banheiro, dei uma geral no quarto e fui me deitar ainda com as palavras dela  que mais pareciam uma ameaça do destino  ecoando em minha cabeça. Se minha situação já estava ruim tendo que lidar com aquela cólica que corroía meu corpo todo de uma forma terrível, tudo só havia piorado, porque tentar dormir com cólica e dor de cabeça não é a coisa mais fácil do mundo.

    Obrigada, Manuela!


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Capítulo 16, gurias. :)
    Então, esse é o capítulo de hoje e esse vai ficar sem ser dedicado para ninguém, por motivos de: São 23h07 e eu andei muito, muito hoje (fui caçar meu material e tudo. Gente, hoje é terça-feira. Semana que vem, dia 10/02 começam minhas aulas. Vocês conseguem ouvir meu choro? Na verdade, provavelmente não, porque quando vocês lerem isso já vou estar na segunda, acho, semana de aula e espero já estar conformada, enfim...). Resumindo, eu estou morrendo de cansaço, mas passando os capítulos rapidinhos para o blog.
    Por hoje, é só. Até sábado!
    Amo vocês :)