29 janeiro 2014

5. You Make Me Love You - Capítulo 10

Pegando pesado


Belieber's POV
    Eu ainda estava com os nervos à flor da pele quando abandonei o quarto com Manuela, já devidamente vestida. Como era de se esperar, ela percebeu que eu não esqueceria aquele episódio com tanta facilidade e, como uma forma de acalmar os ânimos por ali, se ofereceu para fazer o almoço. Sinceramente, hesitei diante dessa opção, já que Manu se dedicara somente à faculdade e ao teatro, nos últimos anos. Mas como era muito provável que eu colocasse vidro moído no prato do Justin caso tivesse contato com o mesmo, acabei cedendo às suas vontades.

    Por Deus, casamento deve mesmo ser algo estressante, porque eu nunca tivera tantos pensamentos assassinos quanto estava tendo nos últimos dias. Eu ia acabar parando em um psicólogo antes do final da semana.

     Então, você vai ficar bem mesmo por aqui?  indaguei novamente, completamente desconfiada, quando chegamos à cozinha.
     (Seu nome), é uma cozinha, não uma masmorra.  ela revirou os olhos, impaciente diante do meu receio  Eu vou acender o forno e não me incendiar...  
     Eu não tenho tanta certeza assim...  murmurei para mim mesma.
     O que foi que disse?  sua expressão confusa me indicou que ela realmente não entendera uma só palavra e eu segurei um suspiro de alívio.
     Nada de importante... Está tudo bem! A verdade é que eu estou ansiosa para voltar a ingerir as comidas deliciosas preparadas por suas mãos de artista.  era mentira  Bom, mas enquanto você está aí, se divertindo e brincando com ingredientes e temperos, eu vou procurar pelo Harry, ok?

    Manuela assentiu silenciosamente e já foi abrindo as gavetas, a geladeira e a despensa, tudo ao mesmo tempo, para pegar o que quer que fosse. Imediatamente senti um frio na espinha com medo do que o jeito histérico e explosivo de Manuela pudesse provocar na cozinha, até porque fazia bastante tempo desde que eu comera qualquer coisa feita por aquelas mãozinhas. Mas tentei relaxar, obrigando-me a sair dali e ir procurar por Harry, para tirar todo aquele ódio do meu coração.

    Eu precisei rodar a casa inteira, verificar todos os quartos 
 exceto aquele em que Justin estava, porque eu, com certeza, não ousaria entrar lá , os banheiros, as salas, o meu closet, a cozinha novamente, o cantinho completamente meu no terceiro andar, eu procurei até debaixo do tapete da sala e atrás das cortinas, de tão maluca que eu estava ficando.

    Já havia se passado uns vinte minutos desde que eu começara a procurar, até que decidi verificar fora de casa. Minha primeira sugestão foi procurar na piscina e depois na pequena biblioteca, mas foi quando já estava quase desistindo e aceitando que Harry havia sido sequestrado, que notei uma movimentação no pequeno prédio da academia  definitivamente era o último lugar em que eu pensaria em procurar.

     Oi...  cantarolei, empurrando a porta de vidro temperado devagar.

    Corri meus olhos pelos vários equipamentos dispostos pela sala e encontrei Harry, fingindo fazer um esforço absurdo, malhando os braços e o peitoral. Eu teria rido, mas era bonitinho vê-lo tentar ficar mais definido. Na minha cabeça egocentrista, ele estava fazendo isso para agradar a futura noiva dele que tinha mania de compará-lo a um grilo ou a um palmito. Ironicamente, eu gostava dele exatamente daquele jeito: nem tão forte, nem tão magrelo, mas capaz de me fazer suspirar.

     Oi!  ele me respondeu, relaxando seus músculos sobre o aparelho. 
     Então... Faz bastante tempo desde que você decide fingir que malha, sabia?  provoquei, sentando-me no chão, perto de onde ele se encontrava  Por que decidiu fazer isso logo agora, pouco antes da hora do almoço? Comer logo após sair de um treino pesado não é adequado...
      Em primeiro lugar, eu não estou fingindo que malho. Eu estou pegando no pesado, porque quero ficar cada vez mais sexy para você, então a senhorita deveria ficar muito agradecida por eu fazer isso.  ele me fuzilou com os olhos de uma forma bonitinha, como se fosse algo realmente possível  E, em segundo lugar, desculpe-me se eu não sou tão viciado em academia quanto você, senhorita “não saio daqui para nada”...
      Você é tão engraçado, Harry... Só que ao contrário.  bufei, insatisfeita por ele tirar de mim a chance de fazer graça.  Isso não é motivo para fazer gracinhas, ok? Já faz vários dias que eu não venho até esse lugar e, além disso, você sabe que eu só tenho isso daqui para fazer esteira e, também, usar um pouco o estúdio de dança no segundo andar.

    Era verdade. Eu só tinha aquela “coisa” dentro da minha propriedade, porque certo personal trainer idiota me recomendara. Segundo as palavras chatas dele, não era bom para o meu corpo ficar durante um longo período no ócio, depois da maratona que era dar conta de tantos shows e da correria da turnê, afinal, não era só porque eu estava de férias de tudo  incluindo ele , que eu tinha que relaxar por completo. Ou seja, em outras palavras, ele me chamara de gorda e sedentária de uma só vez, mas eu era obrigada a engolir tudo aquilo sem pestanejar, porque, supostamente falando, eu me importava com a minha saúde e também com a minha imagem.

    Porém, como eu dissera, mesmo com tudo aquilo, eu quase nunca usava aquele monte de tranqueiras. Elas ficavam todas lá, enferrujando, enquanto eu mentia para mim mesma, alegando que era muito legal usar uma esteira no nível máximo de esforço que eu poderia exigir de mim mesma. Vez ou outra, eu acabava mesmo preocupada demais com o meu condicionamento físico, mas, sinceramente, a única coisa que realmente me agradava era ter uma sala enorme somente para dança, que ficava no segundo andar.

     Uh, nós vamos mesmo falar da sala sagrada da (Seu nome)? Vamos falar da sala que tem a chave guardada por outras sete chaves?  seus olhos se esbugalharam e ele fez uma expressão de completo maníaco  Eu pensava que era um desses locais que você não pode nem mencionar o nome...
     O que deu em você hoje, hein? Aspirou gás do riso, palhaço?  fiz um biquinho de desaprovação  Você sabe bem que aquela sala não é nada tão secreta assim. Eu não tenho nenhum problema com ela.
     Não? Bom, se não é nada demais, por que você não me diz onde está a chave, hein?
     A chave está...  pensei por um minuto, buscando alguma resposta boa o suficiente para sambar naquela carinha de anjo dele  Dentro do meu sutiã.
     Ok, agora eu quero entrar nessa sala mais do que nunca! Vem cá!

    Rapidamente, Harry levantou-se daquele aparelho ridículo e pulou em cima de mim, fazendo com que eu acabasse me deitando no chão por completo. Sem conseguir me conter, comecei a rir e me debater, histérica, enquanto aquele maluco simplesmente me agarrava, me fazia cócegas e investia na tentativa de me matar. Mas, aquilo não passou de alguns poucos segundos, já que no momento em que teve a oportunidade, Harry começou a enfiar a mão por dentro da minha blusa, buscando a safadeza que ele já achara um motivo para fazer.

     Harry, para com isso agora! Chega!  ri, segurando sua mão, deixando claro que iríamos parar por ali  Para de ser bobo, ok? Você só precisa saber que eu só não deixo a sala devidamente aberta, porque se qualquer um me visse ensaiando as minhas coreografias, eu teria que ser presa por matar um indivíduo. E, independente disso, você sabe que eu não iria guardar algo assim no meu sutiã, até porque iria me machucar.
     Ou talvez pelo motivo real... Ou seja, não cabe mais nenhuma palha no seu sutiã. É isso que dar usar um número menor do que o adequado para o seu corpo para fazer os peitos quase saltarem de dentro dele...
     Eu não faço isso!  neguei, cheia de ultraje em minha voz.
     Eu sei  ele respirou fundo, fazendo uma careta de desapontamento , mas deveria. Ir diminuindo o número cada vez mais e mais, até parar de usar de vez. Você sabe... É uma peça tão desnecessária, só serve para me dar mais trabalho!
     Você é tão bobo!  eu lhe dei um selinho rápido para tentar acalmar um pouco aquela criança safada  Mas, por falar nisso, eu tenho algo importante para te contar. Adivinha só o que eu estava fazendo antes de vir aqui te procurar?
     Eu não sei!  se havia algo que eu adorava em Harry era seus olhinhos de interesse quando eu incitava sua curiosidade  O quê?
     Eu mostrei para a Manu a lingerie que eu vou usar no dia do nosso casamento e... Ela adorou, sabia? Eu tinha certeza de que tinha feito a escolha certa!
     E você está me contando isso, porque espera que eu fique muito animado com esse fato, não é?  qualquer vestígio de interesse que ainda pudesse existir se dissipou por completo.
     Bem, sim.  admiti, meio frustrada pela sua falta de animação, considerando que qualquer detalhe em relação ao meu casamento já me deixava estupidamente feliz  Por que não ficaria?
     Deixe-me pensar... Ah, já sei! É porque você só se mostrou de roupas íntimas para a sua amiga e, não, para mim. Não me parece uma grande coisa.  Harry bufou, parecendo meio chateado demais por conta disso  Além disso, e aquela sua história da roupa do casamento ser quase como um milagre, que não pode ser vestido, exceto no grande dia?

    Eu precisei me esforçar para não engasgar quando ele mencionou que só Manuela havia me visto daquela forma, porque era apenas meio verdade. Mas eu não tinha culpa do idiota do Justin ter entrado no meu quarto bem naquela hora. Eu não conseguia nem imaginar por que causa, motivo, razão ou circunstância ele havia feito aquela idiotice. O que tinha acontecido? O acidente fez com que ele se esquecesse também das boas maneiras, como bater na porta antes de entrar?

    Sério, é como se aquele ser do além estivesse se esforçando cada vez mais para que o sentimento negativo que ele me causava apenas crescesse dentro de mim, até que meu corpo todo explodisse de tamanha frustração. Eu realmente não conseguia acreditar que aquele momento constrangedor tinha de fato acontecido há poucos minutos, mas também não conseguia esquecer a cena de ele querendo me ajudar a levantar, como se eu não estivesse seminua na sua frente.

    E o pior de tudo fora Manuela tentando me tranquilizar, dizendo que não importava, porque eu já havia até dormido e feito sabe-se o que com ele. Talvez fosse verdade, mas não me soava assim, não quando eu estava com Harry pelo menos. Afinal, eu ia me casar com aquele homem, não era como se eu gostasse de ficar revivendo meu passado sexual com qualquer outro – com certeza, eu não queria. Em relação àquele assunto, eu também queria sofrer de amnésia, assim como o Justin.

     Eu sei, eu ainda penso da mesma forma e, é por isso que o que eu mostrei à Manu foi uma réplica exatamente igual nos detalhes, mas com uma cor diferente da original. É linda!  suspirei, afastando aquelas verdades da minha mente  De qualquer forma, você não poderia nem sonhar em ver essas peças incrivelmente sexys, porque eu quero que seja uma surpresa. Você vai amar...
     Assim espero, porque toda essa espera e expectativa em relação a tudo estão me desestabilizando um pouco.  ele respirou fundo, encostando sua testa à minha  Aliás, essa sua proximidade com a Manuela e o fato de você ficar desfilando de lingerie na frente dela não ajuda muito!
     Hum, o que foi, bebê?  ri, passando os dedos por seus lábios, provocando-o  Está com ciúmes da minha melhor amiga, é?
     Eu não sei, provavelmente não, mas quando você começar a dormir com ela ao invés de comigo, bem... Nesse momento, eu vou ficar com ciúmes. Muito ciúme!
     Ah, Harry, não acredito que você descobriu tudo!  forcei a expressão de decepção, buscando toda a minha experiência não muito vasta de atriz  A verdade é que a Manuela é tão sexy e, perto dela, eu não consigo me controlar com tanta facilidade. Aliás, a única razão para eu ter aceitado casar com você é que, bom, com esse seu cabelo engraçado, eu achei que você fosse uma garota.
     Que engraçadinha é a minha noiva, hein?  Harry me deu a língua, antes de deixar uma pequena risada escapar  Vai rindo, vai rindo bastante, mas quando a Manuela te roubar de vez de mim, aí eu vou querer ver...
     Harry, você é tão idiota, às vezes! Mas, falando sério agora... É uma pena que você não esteja realmente com ciúmes, porque caso estivesse, eu diria que teria que fazer muita coisa para poder compensar tudo isso, mas... Você mesmo disse que não é bem por aí, então não vou forçar nada.
     O quê? Como assim eu não estou com ciúmes? (Seu nome), eu estou morrendo de ciúmes. Eu mal me aguento de tanto ciúmes. Eu sou possessivamente ciumento!
     Você não presta, Harry...

    Em um segundo, Styles tocou meus lábios com os deles, levando suas mãos até os meus cabelos firmemente. Assim, já completamente absorta no momento, entrelacei minhas pernas ao redor da sua cintura, pressionando seu corpo ainda mais com o meu. Era uma cena consideravelmente cômica se levasse em conta o fato de que eu realmente não estava pensando em qualquer tipo de safadeza quando entrara ali, mas estar na presença de Harry não ajudava muito a manter o bom senso.

    Enquanto o nosso beijo ia ficando mais intenso e mais cálido, meus suspiros mentais ficavam guardados para mim mesma. Eu ainda não sabia como ele fazia isso  talvez aquele seu sorriso safado entre o beijo ajudasse um pouco , mas Harry era capaz de levar todos os sentimentos negativos para longe de mim. A essa altura do nosso momento, o que Justin viu ou deixou de ver no meu quarto nem me interessava mais, eu só queria mais e mais dele. Acho que aquela foi a primeira vez que eu peguei no pesado de verdade naquela academia...

     (Seu nome)!  um grito estridente soou em meus ouvidos interrompendo qualquer vestígio de perversão que pudesse estar poluindo minha mente.

    Lentamente, Harry se afastou de mim, sem me dar um último selinho ou uma pequena mordida que me incitava a querer mais. A única coisa que ele fez foi me olhar devidamente frustrado com uma das sobrancelhas arqueadas e uma expressão de total dúvida. Ele sabia que eu conhecia muito bem aquele som e aquela voz, mas provavelmente ainda não acreditava que aquilo estava acontecendo, de fato. Para ser sincera, nem eu acreditava muito bem.

    
 Não é o que eu estou pensando, é?  ele miou com os olhinhos levemente desesperados e incrédulos.
     Hã... Talvez!
     Por que ela veio atrás de você? Por que você não avisou que, sei lá, ia para o Alasca e não pretendia voltar por hoje?  soava absurdo, mas Harry não parecia estar em seu estado normal.
     Na verdade, eu não acho que ela está atrás de mim.  admiti, meio constrangida na verdade  A Manu deve estar tendo alguns problemas na cozinha...
     O quê? Ela não pode estar dentro de casa. Como ela poderia gritar assim tão...
     Eu também não sei!  o interrompi, levantando-me devagar e empurrando seu corpo suavemente para longe do meu.  Mas eu acho melhor eu ir de uma vez, porque se ela realmente está pedindo ajuda é porque precisa. E, bem, eu acho que não confio muito na Manuela na cozinha...
     Espera! Ela está fazendo o almoço?  ele pareceu preocupado depois da minha pergunta  Eu achei que você tinha me dito que a sua amiga não tem tanto sucesso assim quando o assunto é cozinhar ou algo do tipo.
     Eu não disse isso...  disfarcei, tentando não rir  Eu falei que não me lembrava como era o desenvolvimento dela nesse quesito, mas comentei que quando ela se distraia por qualquer coisa, a comida sofria um pouco.
     Isso não me soa muito animador!
     Bom, não é, mas pode piorar se eu não for ajudá-la...  murmurei, auxiliando-o a se levantar também e forçando-me a agir da forma mais doce que me parecia possível  Vem, vamos lá! Eu vou ajudá-la a terminar o almoço e, enquanto isso, você vai tomar um banho longo, ficar bem cheiroso para a sua princesa aqui e talvez nós possamos compensar esse momento mais tarde...
     Tem certeza? Por que Manuela pode acabar te roubando mais tarde também...

    Eu ri, sem graça pela brincadeira dele, antes de selar nossos lábios por alguns poucos segundos e passar a mão pelo seu cabelo suavemente, tentando fazer com que ele esquecesse toda aquela conversa boba sobre ciúmes. Assim, lembrando-me de que ainda tinha uma refeição para salvar, puxei-o pela mão até a porta e continuei caminhando pelo jardim ao seu lado até que superássemos toda a distância até a casa.

    Sinceramente, eu sabia que o ciúme de Harry pela Manuela era mais falso do que minha vontade de fazer qualquer coisa além de ficar deitada, naquele dia. Mas fingia, para mim mesma, que ele realmente ficava carente por demais com tudo aquilo e, com essa desculpa ridícula, eu aproveitava para usar melhor o meu tempo com ele. E era bom assim, mantinha minha cabeça longe de possíveis estresses, que vinham acontecendo com muita frequência naquela semana e era por causa dele que eu ainda não havia matado ninguém, felizmente. Harry Styles era melhor que terapia. 


----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Awn, capítulo 10, amores da minha vida! (:
   Eu espero que vocês estejam curtindo o climinha da fic, porque sim. Então, o capítulo de hoje eu vou dedicar para uma coisinha linda que veio hoje (dia 14/01, porque esse post é um post programado) me falar umas fofuras no twitter, a @crazybi3ber, sigam-na, porque ela é um amorzinho!
    Enfim, por hoje, é só! O próximo capítulo estará aqui no blog sábado (dia do aniversário do Harry, uhuuu! Hahahaha). Beijos, boa noite, amores meus!

25 janeiro 2014

5. You Make Me Love You - Capítulo 9

Incidente

Justin's POV
    A manhã surgiu com um brilho incrivelmente bonito naquele dia e isso serviu como um incentivo extra para que eu cumprisse as sugestões de Manuela e fizesse a minha estadia ali valer a pena. Mas, apesar de toda essa convicção, eu ainda não me sentia completamente integrado naquele ambiente, pelo menos por enquanto. Poderia ser só a sensação de ter acabado de chegar, porém eu não tinha essa certeza e queria muito que isso se dissipasse depressa.

    O quarto em que eu estava, assim como os outros quartos genéricos da casa, era muito bem decorado. As paredes eram de um tom de branco impecável e o carpete era de um agradável de azul. Os móveis eram todos do mesmo tipo forte e bonito de madeira e a pequena sacada me passava uma sensação de conforto e comodidade. Estava tudo em sua perfeita ordem, principalmente agora que minhas roupas já estavam devidamente arrumadas no guarda-roupa e em algumas gavetas.

    Com calma, me levantei da cama, arrumando-a rapidamente, antes de seguir até o armário, procurando uma roupa que eu pudesse usar. Separei uma blusa azul claro e uma bermuda branca com alguns detalhes quaisquer. Eu não ligava muito para deixar as minhas peças harmoniosas dentro de casa, mas eu não estava bem em minha residência – coisa que aquelas paredes faziam questão de lembrar a cada segundo –, então achei melhor me vestir de forma mais adequada.

    Em seguida, me dirigi ao banheiro e me apressei para tirar as roupas e entrar no boxe, me entregando a um banho gelado, que afastava um pouco aquela atmosfera quente demais nos últimos dias. Enquanto permitia que a água percorresse meu corpo, infiltrando-se agradavelmente pelo meu cabelo, deixei que pensamentos aleatórios de supostas conversas enchessem minha cabeça. Aliás, que momento melhor para ensaiar algo do que debaixo do chuveiro?

    Comecei o meu diálogo imaginário com a (Seu nome) com um “oi, tudo bem? Como você tem passado?”, mas me pareceu repugnantemente falso e forçado. Eu nem sabia se eu tinha um real interesse em saber como ela tinha passado, talvez até quisesse saber o que acontecia, mas não como. Assim, segui para a segunda hipótese em que eu começava indo direto ao ponto com um “com licença, mas você é burra ou o quê? Será que você não sabe que está prestes a estragar toda a sua vida?”, mas isso pareceu tão rude que eu
fiquei até com vergonha de considerar algo assim em primeiro lugar.

    A quem eu estava querendo enganar ali? Aquela conversa madura que eu deveria ter com aquela garota acabaria, sem dúvidas, no ridículo e a culpa seria totalmente minha, por nem saber direito como tinha chegado ali. Como eu deixo esse tipo de coisa acontecer comigo?

    Frustrado, desliguei o chuveiro, logo após retirar todo o sabonete do corpo e, rapidamente, peguei uma toalha que estava pendurada no gancho próximo ao boxe. Eu sabia que deveria ter usado uma das minhas, mas, com toda aquela bagunça que se estabelecera em minha cabeça, eu acabei esquecendo algo tão banal como isso. Mas não era como se fosse algum problema. Aquele era um quarto para hóspedes e, até onde eu sabia, era isso que eu era. Infelizmente.

    Rapidamente, vesti minhas roupas e ajeitei o cabelo, deixando-o molhado, mas nostalgicamente com um topete engraçado. Em seguida, abandonei o local, retornando ao meu quarto e ajeitando tudo mais o que poderia estar fora do lugar, como, por exemplo, minhas roupas que realmente deveriam estar na mala, como antes. Tudo bem, eu deveria parar com essa viadagem, eu não vou a lugar nenhum.

    Ainda criticando a mim mesmo, sai do quarto, analisando o corredor vazio por alguns segundos, antes de descer as escadas, resistindo ao impulso da curiosidade que me mandava subir e verificar o que poderia haver no terceiro andar. Provavelmente eu estava só adiando o momento, porque cedo ou tarde eu iria lá em cima ver o que poderia ocupar mais espaço naquela casa. Estava só esperando me sentir um pouco mais íntimo do lugar.

    Ao chegar à sala de estar, apenas Harry permanecia sentado no sofá, passando os canais da televisão repetidas vezes, enquanto não parecia sequer prestar muito atenção em qualquer coisa que estivesse sendo reproduzida diante da tela. Até que ele pareceu se cansar por fim e se limitou a ficar ligando e desligando o aparelho várias vezes seguidas.

     Hã... Bom dia!  cumprimentei, meio sem graça, sabendo que já se passava das dez horas.
     Ei, bom dia!  ele não chegou a virar para mim, apenas respondeu, ainda encarando a televisão.  Você, por acaso, sabe de algum programa que passe a essa hora e não seja uma porcaria total? 
      Não exatamente...  respondi, com a mesma falta de ânimo, sem me mover um passo  Provavelmente tudo o que prestava na televisão entrou em greve há um bom certo.
      Talvez...  ele não pareceu muito satisfeito com a minha resposta desinteressada, mas não me importei.  Ah, a (Seu nome) pediu que eu te avisasse que qualquer coisa que você queira tem na cozinha e que você pode pegar a geladeira toda se quiser. Em outras palavras, fique à vontade!
      Obrigado.  respondi, levemente desconfortável  Hã... Bem, vocês sempre acordam cedo por aqui? Porque, se sim, eu posso me acostumar com isso. Não é um problema. Eu não quero me tornar um fardo para vocês. Aliás, eu estou muito grato por vocês terem me cedido um quarto nessa casa, quando nunca seria obrigação de vocês fazer algo assim!
      Está tudo bem, cara!  ele finalmente me deu algum tipo de atenção  Nós não acordamos cedo sempre, mas quando a (Seu nome) acorda, ela simplesmente resolve me acordar também, porque, segundo ela mesma, não é bom perder grande parte do dia dormindo. É engraçado, porque isso não se aplica a ela quando a mesma decide ficar na cama até às duas da tarde. Mas... Fazer o quê? Você se acostuma.

    Ri, sem humor, concordando com o que ele falara. Porém, eu não achava aquela conversa toda algo muito relevante. Não havia um motivo muito sólido, mas àquela hora da manhã eu não sentia muita vontade de ficar de papo com qualquer um, ainda mais quando eu não tinha qualquer tipo de intimidade com a pessoa. Assim, acabei me apressando para seguir sua orientação e me isolar na cozinha, enquanto me empanturrava de alguma coisa.

    A pior parte de saber que ficaria naquela casa por muito tempo era ter consciência de estar sob a residência de Harry Styles, que não era meu amigo muito próximo e que eu estava prestes a atacar pelas costas. Bem, eu não estava traindo ninguém, pelo menos não explicitamente, mas, ainda assim, não era certo eu chegar para a noiva dele, alegando que eles não podiam se casar, justamente por parecer tão errado. E, em meio a esses dois equívocos do destino, surgia mais um. Afinal, eu não conseguia pensar em nada mais inapropriado do que a (Seu nome) passando a noite com Harry...

    Será que ele sabia que ela era só uma garotinha?

    Esse tipo de pensamento me assustava, não somente por ter aquela consistência, mas também simplesmente por pensar daquela forma de alguém que eu deveria ser próximo. Mas não era. Harry e eu éramos apenas colegas, pelo que eu me lembrava. Após o meu acidente – eu odiava ter que dividir minha vida assim, mas realmente muita coisa havia mudado –, eu só me relacionara com os garotos da One Direction poucas vezes, ou seja, minhas lembranças pareciam superficiais e eu não mantinha uma relação forte com nenhum deles, exceto por Niall, que me parecia mais divertido.

    Instintivamente, abri a geladeira, buscando algo para ocupar minha boca, mas acabei caindo na minha própria armadilha e notei aquele ambiente bem iluminado e gelado só me fazia ter mais ideias absurdas. Por pura frustração, fechei-a com força, logo após pegar uma jarra de suco e alguns frios. Eu ainda nem sabia o que iria comer, mas também não estava a fim de perder mais tempo com cara de idiota.

    Acabei por fazer um sanduíche e o comi acompanhado do suco, enquanto analisava o cômodo em que eu me encontrava. A cozinha da casa da (Seu nome) era incrivelmente iluminada pelo sol, que entrava pelas janelas e refletia nos móveis de cor clara. Por um minuto, desejei que minha casa fosse exatamente assim, mas provavelmente nunca seria, porque me importar com a decoração não era algo que eu fazia com frequência. Aliás, minha própria residência deveria estar às moscas...

    Ao finalmente acabar de comer, joguei os restos no lixo, lavei a pouca louça que sujara e guardei o que mais tirara do lugar de origem, aproveitando para remexer em algumas gavetas e armários, apenas para aprender onde se encontrava cada coisa ali. Eu não queria ter que ficar perguntando onde poderia achar um garfo a cada vez que precisasse de um.

    Quando afinal acabei o que tinha para fazer por ali, retornei à sala de estar. Eu não estava com muita vontade de ficar na companhia desconfortável da Harry, embora permanecer comigo mesmo não me parecesse algo tão feliz como eu pensava. Porém, assim que dei meu primeiro passo na sala, avançando até o sofá e as poltronas, notei que esta também estava completamente vazia. Era quase como se Harry não estivesse lá há alguns minutos.

    Sozinho mais uma vez, notei que realmente não havia mais como protelar a minha maior vontade e, se havia um melhor momento para falar com a (Seu nome), era aquele. Embora eu ainda não tivesse certeza sobre qual das minhas hipóteses ridículas se encaixavam melhor, eu também não me importava. Eu iria simplesmente chegar nela e falar tudo o mais que passasse pela minha cabeça. Eu iria só falar com uma garota, não era necessário ensaios ou falas decoradas.

    Assim, ainda com certo receio, me pus a subir as escadas até chegar ao corredor, onde ficava o quarto da (Seu nome). Eu sabia que Harry havia me dito qual era no dia anterior, mas me senti perdido ao ver aquela infinidade de portas que se estendiam. Contudo, só tinha um único cômodo ali em que um pequeno quadro branco estava preso à porta, com a letra de uma música antiga do Coldplay  Viva La Vida  escrito nele. Coincidentemente, também era o único cômodo de onde se ouvia algumas risadas femininas.

    Devagar, bati à porta, esperando ser atendido com uma estranheza inicial que eu teria que dobrar, mas não chegou a acontecer. Eu tentei bater por uma segunda vez e ainda permaneci sem uma resposta. Assim, esperando não ser muito rude da minha parte, toquei a maçaneta e, com suavidade, girei-a, empurrando a porta com lentidão para que minha entrada não assustasse ninguém.

     
 (Seu no...

    Não tive tempo nem de terminar de dizer o nome dela, pois assim que coloquei meu corpo parcialmente para dento do cômodo, a cena que meus olhos captaram me pareceu um pouco inadequada. Manuela estava sentada na cama, ainda rindo e folheando uma revista qualquer, enquanto conversava com (Seu nome), que estava bem... Bom, ela estava inconsequentemente... Bonita, digamos assim.

    De frente para um espelho de corpo todo, ao lado de um guarda-roupa, ela admirava a sua própria imagem pouco coberta. (Seu nome) estava trajando apenas lingerie e um corpete que realçava ao longe sua silhueta esbelta, enquanto se equilibrava singelamente em um sapato de salto alto e fino. Talvez  muito pouco provável , eu teria ficado bem com essa visão, mas aquela cinta liga em sua coxa, destacando a sensualidade de suas pernas, me fazia ter pensamentos impróprios.

     Justin, o que você está...  a voz espantada de Manuela pareceu um suspiro, enquanto um berro de surpresa enchia meus ouvidos.

    A surpresa de (Seu nome) não ficou só no grito e, instintivamente, ela recuou diante da minha presença. Já estava ruim o bastante, mas ficou ainda pior por conta da enorme caixa de presente bem atrás dela, na qual a mesma tropeçou e acabou por cair sentada no chão. Aquela seria uma cena trágica, se sentada bem ali, vulnerável, ela não ficasse parecendo mais uma modelo posando para a futura capa da Playboy.

    Involuntariamente, corri até ela, me aproximando para poder ampará-la e limpar a imagem de idiota que eu passara, por ter, sem querer, provocado aquela situação embaraçosa.

     Ei, deixe-me ajudar você...  suspirei, estendendo minha mão para que (Seu nome) usasse-a como apoio. Eu não me sentiria confortável em estabelecer algum contato com ela, mas aquela cena já estava ruim o bastante.
     Não!  seu tom de voz saiu hostil, enquanto ela me olhava de forma ultrajada, como se só o fato de eu estar apenas respirando em seu cômodo já fosse desagradável o bastante  Saia daqui!
     Hã... Tudo bem! Eu só... Me desculpa, eu...
     Agora!

    Sua aspereza poderia ter me chateado, mas eu não estava em posição de poder fazer isso. Embora eu não tivesse como imaginar a cena que acontecia lá dentro, fora inadequado da minha parte forçar a minha entrada em um local que remetia à privacidade. Assim, me sentindo um tanto quanto constrangido, acatei suas ordens e abandonei o quarto rapidamente, esperando apenas que ela estivesse levado o meu pedido de desculpas em consideração.

    Após encostar a porta do quarto com a mesma leveza com que a abri, permaneci encostado à mesma, tentando tirar um pouco do peso da culpa de cima de mim, enquanto lia as palavras do quadro branco "shattered windows and the sound of drums, people couldn't believe that I'd become". Aquele definitivamente não tinha sido o jeito que eu imaginei começar com a (Seu nome).
 

   
 O que foi isso?  a voz irritada dela ricocheteou em meus ouvidos mais uma vez, atravessando a porta de madeira.
     (Seu nome), relaxa...  Manuela falou em um tom mais baixo e eu precisei me esforçar para ouvir  Eu tenho certeza que ele não fez por mal. Olha, eu sabia que Justin estava querendo falar com você, mas ele apenas escolheu um mau momento. Como ele poderia saber?
     Eu não ligo, Manuela. Tudo o que eu sei é que esse homem acaba de perder um ponto dentro dessa casa.  (Seu nome) parecia firme, enquanto falava  E eu não vou mais tolerar comportamentos semelhantes a esse...

     Depois dessas palavras, desisti por completo, me dirigindo até o quarto onde eu estava ficando e, pensando o quanto eu teria que me policiar para não cair mais em constrangimentos como aquele. Junto com essa boa intenção, minha mente também estava dopada de arrependimento, afinal, eu havia julgado Harry muito mal. Depois de tê-la visto naquele estado, bem, eu mesmo já não tinha mais certeza se (Seu nome) ainda era mesmo uma garotinha...



----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tuts, tuts, Justin já chegou na ousadia e alegria, porque essa é a vida!
   Espero que vocês estejam gostando meus amores e que tudo esteja dentro do que o coraçãozinho de vocês deseja. Enfim, até quarta feira que vem. Respirem fundo, acalmem o coração, porque ainda tem um mar de coisas para rolar nessa ib zoada aí. Então, comentem, compartilhem, mostrem para as amigas, me amem, me odeiem, me sigam no twitter! Hahahah, mentira. Ou não. Vocês podem seguir se quiserem (QUEIRAM!).
   Só isso, amores meus, tenham uma boa noite!