30 outubro 2013

4. You Make Me Love You - Capítulo 26

 Contando os minutos...


 Belieber’s POV
    O maravilhoso cheiro de bolo de chocolate parece a fórmula perfeita para ser acordada quando não é bem exatamente isso que se quer fazer. E foi o que aconteceu àquela manhã. Estava quentinho, meu nariz conseguia definir isso e era detalhista demais para ser apenas sonho. Meus olhos se abriram instantaneamente.

    A imagem de Chaz sentado na beira da cama, folheando um livro, enquanto segurava um prato com bolo de chocolate, não era bem o que eu esperava, mas era uma boa primeira visão pela manhã, então não me incomodei em fazer perguntas desnecessárias. Apenas me ajeitei na cama, sentando e virando-me para ele, já prevendo alguma piadinha bem sem graça que ele faria em relação ao meu cabelo ou a alguma olheira desnecessária que havia aparecido no meio da noite.

    – Olá, Bela Adormecida! – foi a única coisa que ele disse, enquanto abaixava o livro.
    –  Olá, Príncipe Encantado que devo presumir que entrou pela janela durante a noite... – sorri, puxando meu cobertor um pouco mais para cima do corpo.
    – Dormiu bem?
    – Como um anjo deitado sobre a Lua...
    – Ótimo! Então eu já posso estragar tudo indo direto ao ponto... – a expressão de Chaz ficou um pouco mais séria do que eu estava acostumada, mas tentei não ficar tensa por isso – Será que você tem alguma coisa para me contar?
    – Eu não sei bem. – admiti – Do que você está falando especificamente?
    – Por que não me contou que você vai voltar para o Brasil? – Chaz disparou as palavras depressa, fazendo com que eu demorasse um pouco para associar seus significados.

    Como ele sabia disso?

    Comecei a me perguntar todas as coisas que haviam acontecido durante a noite e não havia nada que eu pudesse me recordar além de sonhos. O medo se arrastou até minha pessoa quando pensei na ideia de ter soltado essa informação enquanto dormia. Definitivamente não havia nada mais humilhante do que falar, sussurrar, cantar ou fazer tudo junto durante o sono. E eu fazia isso... Às vezes.

    Mesmo assim, ainda não conseguia enxergar o grande problema que estaria por trás da minha partida. Afinal, era uma coisa boa, pelo menos para mim. Internamente desejei que ele só estivesse ofendido por ainda não ter ouvido de mim, porque eu não sabia se iria aguentar alguém me pedindo para ficar – principalmente se esse alguém fosse ele.

    – Como você sabe disso? – indaguei, por fim.
    – Bom, eu vim aqui no quarto para me certificar de que você não havia morrido enquanto dormia e após alguns longos minutos te observando, pensando se deveria ou não te acordar, o seu celular começou a tocar como louco. Eu não iria atender, mas pareceu meio urgente quando a ligação se repetiu pela terceira vez, então... Eu o peguei. Foi estranho porque a pessoa do outro lado da linha me informou que eles haviam agendado o avião particular que você solicitou. Obviamente, eu achei esquisito, já que você mencionou algo sobre isso, mas disse que você não estava disponível no momento e que confirmaria tudo mais tarde.
    – Eles ligaram? – surtei, nervosa.

    Aliás, como essa empresa idiota poderia ter me ligado três vezes tão cedo?

    – Eu não mentiria sobre isso e nem teria como saber de algo se não tivessem ligado... – argumentou Chaz – E o irônico é que eu pensava que deveria saber antes de desconhecidos. Por que você não me contou? Achou que eu não ia gostar? É isso?
    – Não, Chaz, não é nada disso! Eu apenas não tive tempo para fazer isso. – expliquei – Eu liguei para saber do avião ontem mesmo, porque foi quando me decidi. Mas eu achei mais prudente falar com a minha família, primeiro. Isso não significa que eu iria te surpreender não estando aqui daqui a uns dias. Eu iria falar com você hoje mesmo, assim como falaria com a Pattie também.
    – Jura?
    – É claro que sim! Eu não teria motivos para ir embora sem falar com você antes... Seria estupidez!
    – Concordo com você! – ele riu, parecendo mais leve – Mas eu pensei que não tinha falado nada por medo de eu não gostar da ideia.
    – Eu nunca faria isso... – suspirei – Mas, já que tocou nesse ponto, o que você acha, hein? Sobre eu ir embora... Está tudo bem para você?
    – Depende. Será que a senhorita poderia me contar o motivo dessa decisão? Você está indo por pura e espontânea vontade ou está só fugindo do que você tem aqui?

    Eu sabia a resposta que teria dito se Chaz me fizesse essa mesma pergunta há alguns poucos dias atrás: a mais deprimente possível. Porém, ali, sentada na minha cama naquele momento, eu mal podia esperar para estar em casa novamente, pelo simples motivo de que eu precisava me renovar e eu não conseguiria fazer isso se ficasse para sempre em um mesmo local. Além disso, meu país estava me puxando de volta para casa.

    – Às vezes eu nem acredito que estou dizendo isso, mas eu realmente quero ir para casa. – sorri – Há tantas coisas que eu estive perdendo apenas por ficar presa aqui por tanto tempo. Tanta coisa que eu poderia estar fazendo e não estou. Eu não quero mais perder meu tempo com uma depressão que nem me pertence.
    – (Seu nome), se você soubesse o quanto eu estava com saudade desse brilho lindo dos seus olhos, nunca mais deixaria que ele se apagasse! – Chaz parecia orgulhoso ao dizer isso e eu me senti incitada a ficar orgulhosa de mim mesma também – Fica tão bonita assim que quase não dá para notar essa cara toda amassada e o cabelo desgrenhado, sabia?
    – Estava demorando para você começar com as suas graças, não é? – resmunguei, escondendo o rosto entre o travesseiro.
    – Sabe como é? Eu não posso ser negligente com o meu trabalho! – ele riu, antes de dar mais uma garfada em seu bolo delicioso.
    – Sinceramente, Chaz, eu até me preocuparia com as suas provocações idiotas, mas eu realmente estou precisando desse bolo que está em suas mãos como café da manhã, ok? Então fique aí com suas piadinhas, enquanto eu vou até a cozinha.
    – Hã? Café da manhã? Você não acha que está um pouco atrasadinha, não? Já são quatro horas da tarde, (Seu nome)!

    Quatro horas da tarde? Eu hibernei, por acaso?

    De repente as coisas começaram a fazer sentindo para mim novamente. O livro que estava, minutos atrás, nas mãos de Chaz era o mesmo que eu ficara lendo a noite inteira até amanhecer, enquanto devorava um pote de sorvete – que eu notei estar em cima da mesa de cabeceira, praticamente vazio – sozinha. A companhia aérea não havia me ligado cedo demais, mas sim no horário que eu recomendara, às duas horas. E eu não atendera, porque estava ocupada demais suprindo as horas que eu passei acordada de madrugada.

    – Ah, não! – gemi – Me diga que você está mentindo, pelo amor de Deus.   
    – Me desculpa, mas não estou, não. Eu não te chamei de Bela Adormecida à toa.
    – Eu não acredito nisso!

    E eu que tinha prometido para o meu pai que iria dormir cedo...

    – Pelo visto, o sonho com algum astro de cinema estava muito bom mesmo, para você acordar assim, tão desorientada. – Chaz falou, mantendo seu estúpido sorriso de provocação no rosto.
    – Quisera eu estar sonhando com isso... – sorri, inspirada – Mas, na verdade, se eu me lembro bem, estava sonhando com a Selena.
    – Selena? – seus olhos se arregalaram – Você estava sonhando com a Selena e não acordou gritando? Acho que devo te dar os parabéns!
    – Deixa de ser bobo, Chaz. Não foi tão ruim assim... – assim que as palavras saíram da minha boca, senti vontade de vomitar por perceber que eu estava meio que defendendo a Selena. – E eu nem sei se foi um sonho mesmo, acho que eu estava apenas lembrando, sei lá.
    – Tudo bem, agora você está me assustando. – sua expressão se fechou em um bico de reprovação – A minha adorada (Seu nome) falando da Selena como se as duas se dessem bem. Ai, meu Deus, nunca pensei que viveria o bastante para sofrer tal decepção...
    – Menos, Chaz. Esqueça essa bobeira e me conte o que eu perdi enquanto hibernava sem que ninguém se pusesse a me acordar!
    – Não sabia que a donzela tinha escravos para acordá-la na hora que bem entendesse... – provocou Chaz no melhor do seu tom apelativo.

    Mostrei a língua para ele, fixando-me em todo o meu comportamento infantil, antes de finalmente tomar vergonha na cara. Enquanto Chaz me observava – com uma sobrancelhazinha de curiosidade em evidência – me levantei da cama e comecei a arrumar tudo a minha volta, a começar pelos lençóis completamente embolados. Embora eu não estivesse empolgada, os motivos que me levaram a isso foram bastante fortes, afinal, a última coisa que eu queria era ir embora deixando como recordação a minha bagunça.

    – Na verdade – ele retomou a fala, incapaz de permanecer em silêncio –, não aconteceu muito coisa enquanto você estava apagada. Justin ficou com Manuela, como é de costume. Pattie recebeu um telefonema e ficou cheio de segredinhos, os quais eu estou me perguntando sobre até agora e... O melhor de tudo, bolo!
    – Gordo! – evidenciei, rindo.
    – Eu me aceito como sou, (Seu nome)! Não preciso dos seus julgamentos. – Chaz não pareceu dar muita importância ao que eu falava. – Você é quem deveria parar de se preocupar com os olhos e procurar uma academia, porque não é por nada, não, mas... Acho que estou vendo uma celulite por aí!
    – Meu lindo, a única coisa que você está vendo aqui é a sua inveja exalando pelos seus poros... – ironizei, enquanto guardava as tranqueiras que eu havia deixado jogadas – Admita, você queria muito ter o meu corpo!
    – Tudo bem, (Seu nome)... Você me pegou dessa vez, porque realmente a maior frustração da minha vida é não ter seios.
    – Chaz, você é tão bobo, às vezes...

    Com o típico olhar de satisfação que costumava lançar para mim – como uma possível forma de dizer que já havia cumprido seu papel de me perturbar –, Chaz também se levantou da cama e recolheu seu prato de bolo já quase vazio consigo. Ele não disse qualquer palavra de despedida, mas ainda assim se dirigiu vagarosamente até a porta, enquanto continuava a fitar todos os cantos do quarto. Eu já estava esperando que ele saísse, quando o moreno virou-se para mim, pouco antes de tocar a maçaneta.

    – Ei, tem mais uma coisa... – sussurrou, fitando o chão – Não fique chateada, mas Jeremy foi embora essa manhã, junto com as crianças. Eles vieram aqui se despedir, mas você não parecia em condições nem de reconhecer alguém!
    – Ah, não... – miei, decepcionada – Não acredito.
    – Eu sinto muito! – Chaz suspirou, embora mantivesse um sorriso despretensioso no rosto – Mas, se isso ajudar, eles deixaram um presentinho para você...

    Apontando para uma das mesas de cabeceira, onde estava o meu pote de sorvete, ele deixou que eu mesma fosse ver o que seria e, então, saiu do quarto, piscando para mim antes de fazê-lo.

    Só esperava que isso não fosse mais uma de suas brincadeiras bobas, porque a ideia de ver as criaturinhas mais lindas do mundo no meu quarto, tentando me dar “tchau” enquanto a burra aqui estava em coma já havia acabado com o meu emocional o suficiente, pelo menos por aquele dia.

    Mas felizmente não era brincadeira.

    Ali, bem em cima de alguma das minhas canetas sempre espalhadas estavam dois pedaços de papel bastante coloridos. Em um deles, que eu pude facilmente reconhecer como sendo de Jaxon, havia um desenho de um dragão vermelho, em que o lápis de cor chegava a sair do contorno. Em cima do monstrinho, estava desenhado um menino que eu poderia jurar representar o próprio Jaxon na sua máxima de corajoso cavaleiro.

    O segundo desenho, logo abaixo desse, era o de Jazmyn. Neste, sobre a folha de papel, havia a imagem de duas meninas de mãos dadas, sendo uma mais alta do que a outra. A de maior tamanho estava com roupas roxas e tinha uma setinha logo em cima dela com o meu apelido escrito, enquanto a do lado trajava roupas rosa e estava indicada como sendo “Jazzy”. Era tão encantadoramente fofo que eu não conseguia deixar de sorrir olhando aquilo.

    Diante daquela simplicidade cativante, fui levada novamente a pensar nas lembranças que rondaram minha cabeça durante a noite – que na verdade fora um dia – passada. Embora eu não soubesse exatamente o porquê do sonho, ele servira para me lembrar de um dia que eu sempre procurava ocultar dentro da minha cabeça, mas o que não significava que não tivesse sido bom. Apenas surpreendente. Simplório. Quase tocante. Quase...

    Eu estava na cozinha, lavando o vigésimo prato pela vigésima vez. Era o penúltimo que restara e talvez não fosse o vigésimo, mas eu preferia que fosse. Afinal, a louça era a única desculpa que eu tinha para continuar isolada naquele cômodo que estava repleto de eu mesma. Não era uma companhia tão boa, mas era melhor do que ser a (Seu nome) melancólica perto de muita gente. Desse jeito, ao menos, eu incomodava apenas a mim mesma.

    Eu já estava pensando no que teria que fazer para continuar ali por mais algum tempo quando ouvi a porta da cozinha ser brutalmente aberta e, então, o som de passos delicados. Não precisei me virar muito para perceber Selena bem ao meu lado. Junto com a visão do seu sorriso insuportavelmente solidário, veio também a vontade de me socar até todos os meus músculos faciais pedirem socorro. Por que essa garota tinha que ser assim?

    Meus pensamentos estavam focados no quanto Selena Gomez poderia ser inconscientemente insuportável, quando a mesma se apossou do último prato sobre a pia e pegou a bucha, passando-a na louça e sujando suas mãos delicadas com aquela espuma. Ela provavelmente estava pensando que me ajudava – já que eu estava naquela tarefa há mais de uma hora – mas na verdade só estava fazendo com que eu ficasse nauseada com esse nível enjoativo de gentileza.

    Entendendo que eu não poderia simplesmente virar e falar para ela que seu lado prestativo estava destruindo todo o meu plano de camuflagem e se a mesma não se retirasse depressa e parasse de respirar o mesmo ar que eu seria provável que no dia seguinte encontrassem seu corpo jogado no chão, com marcas de facas; me aquietei, tentando ficar sozinha pelo menos em minha mente, com meus pensamentos de tortura. Mas não tive esse espaço.

    "Está tudo bem?", sua voz doce saiu como um sussurro, perfurando meus ouvidos que se opunham a ouvi-la.
    "Claro!"

    Uma palavra. Uma palavra foi tudo que me limitei a dizer, na intenção de que esta não pudesse denunciar minha mentira de alguma forma, mas não me sai tão bem assim. Meu tom pareceu saiu falho e trêmulo por entre meus lábios e eu temi que Selena entendesse todo esse receio na fala pelo motivo que ele realmente representava.

    De fato, Selena  havia chegado ao Canadá há pouquíssimos dias, com o único intuito de saber como estava  Justin e também para ficar um pouco perto dele durante esse tempo difícil. Ele havia saído do hospital igualmente há pouco tempo e eu ainda não estava conseguindo lidar com isso. Aliás, ficar vendo ele e a ex-namorada – que eram amigos, mas isso não importa, na verdade – rindo juntos e fazendo parecer que nada mudara para os dois deixava meu estômago embrulhado.

    Por que, afinal, eu tinha que simplesmente ser a pessoa mais azarada e imemoriável do mundo? Por que justo eu?

    "Você quer ajuda?", Selena indagou novamente, enquanto começava a enxaguar o prato em sua mão.

    O seu modo de falar me fez ficar na dúvida se ela estava se referindo aquela simples louça sobre a pia, que já nem existia mais, ou se estava se sentindo confortável o bastante para se intrometer na minha vida de um jeito profundo. Eu não estava, com certeza.

     "Não precisa...", sussurrei, receosa. "Está tudo bem!"

    Eu não achei que Selena fosse voltar a se dirigir a mim depois disso, aliás, cheguei a pensar que aquele seria o ponto final da nossa pseudoconversa. Ela provavelmente entenderia que eu não estava a fim de ficar jogando mentiras gentis ao vento e simplesmente abandonaria a cozinha, deixando-me sozinha para procurar mais louças para lavar. Eu começaria a escovar o teto se fosse preciso para conseguir ficar sem companhia por mais tempo...

    Mas isso não foi necessário, porque não fiquei sozinha.

    Selena rapidamente pegou o prato que estava em minhas mãos, sem a maior cerimônia, e o pousou na pia mais uma vez, antes de se virar para mim. Talvez ela esperasse que eu dirigisse meu olhar para ela também, mas eu não estava com a mínima vontade de fazer contato visual com outro pessoal. Em vez disso, permaneci olhando para o prato que fora retirado de mim, enquanto a morena voltava a falar do meu lado:

     "Eu entendo que você não queira conversar sobre o que está acontecendo, mas o que acha de pensar nisso?"
     "Selena, por que nós estamos conversando afinal?", soltei, frustrada por aquela tentativa patética de comunicação.
     "Porque eu estou preocupada, tudo bem?", ela soou sincera, mas eu não tinha tanta tendência a acreditar mais. "Você está passando por toda essa situação e, às vezes, parece que você finge que não liga. Você não deveria fazer isso..."
     "E o que isso tem a ver com você? Eu não sei se você já percebeu, mas nós somos pessoas diferentes e passamos por momentos diferentes", eu estava com raiva, muito raiva, mas não era exatamente essa sensação que estava deixando meus olhos marejados. "Você não tem ideia do que eu estou sentindo, então apenas pare de fingir que sabe o que é, ok?"

    Era oficial. Ela tinha que sair dali depois disso ou então eu cravaria minhas unhas em seus olhos, porque a última coisa que eu queria era que Selena me visse chorando, o que eu estava prestes a fazer. Obviamente isso era culpa dela também que tinha o poder sobrenatural de me deixar mais para baixo possível. Selena Gomez era o meu carma.

    E como todo o resto das coisas ruins que ocorreram ultimamente, ela me abraçou.

    Literalmente.

    De repente, os braços de Selena estava ao meu redor, enquanto meu rosto afundava em seu ombro e as lágrimas iam descendo freneticamente pelos meus olhos que ardiam. Eu não sabia como tinha chegado a isso, mas a morena estava acariciando meu cabelo suavemente, sem se importar com o fato de eu estar chorando em seu ombro – nem eu mesma conseguia acreditar nisso –, como se esse não fosse um comportamento estranho.

    "Eu não estou te julgando e peço desculpas se foi isso que deu a entender...", ela sussurrava tão baixo que fazia parecer que suas palavras eram apenas ilusão da minha cabeça. "Eu só estou dizendo, (Seu nome), que fingir que não existe não vai fazer o problema ir embora. Você tem que se permitir pensar nisso e chorar de vez em quando, como agora, para conseguir superar isso ou, independente do que aconteça, essa mágoa nunca irá embora... E não queremos isso, não é? Tudo vai ficar bem, mas somente se você enfrentar isso alguma hora!"

    Selena não sabia sobre o que eu tinha ouvido do psicólogo do hospital e tudo o que aquilo significava para mim. A única coisa que era de seu conhecimento era que eu estava sofrendo pelo estado complicado do meu namorado, mas ainda assim suas palavras não deixaram de fazer sentido e ao mesmo tempo de fazer com que eu sentisse fraca por tudo isso, por não ser capaz de confrontar Justin e contar sobre a enorme parede que aquele acidente estabelecera sobre nós.

    Esses pensamentos só serviram para permitir que eu chorasse ainda mais e, de uma forma estranha, em meio a toda confusão que a mesma tinha me imposto, eu notei que somente Selena estava ali comigo. Embora eu estivesse gostando de ter alguém para abraçar, não conseguia acreditar que eu estava chorando na frente daquela que eu repudiara e... Pior que isso, ela era o meu único ponto de apoio, no momento.


    Até hoje eu não conseguia acreditar nisso. Na verdade, eu não conseguia sequer entender o que tudo aquilo significou. Provavelmente, se eu encontrasse a Selena na rua algum dia, não saberia o que fazer. Abraçar, dizer um oi simpático ao longe, fingir que nem vi ou passar reto com o olhar mais falso de superioridade possível?

    De qualquer forma, aquelas lembranças me faziam entender que eu só realmente senti que estava enfrentando toda aquela situação ao finalmente decidir ir para casa. Era irônico eu concordar com o ponto de vista da Selena e ao mesmo tempo sentir que só estava lidando com aquilo ao virar as costas para Justin, mas era exatamente assim que eu me sentia. Talvez, ir embora era o jeito que eu tinha de dar uma nova chance para mim mesma e isso era superar, afinal.
    Lembrando dos meus afazeres, abandonei os desenhos das crianças sobre a mesa de cabeceira, apenas para me certificar de poder vê-los novamente ao retornar ao quarto e – claro! – de levá-los comigo quando fosse viajar.

    Em seguida, liguei para a companhia com a qual agendei o voo apenas para certificar que tudo estava bem, enquanto ajeitava o cabelo e lavava o rosto destruído após um dia de sono profundo. Eu não via necessidade de trocar de roupa apenas para descer e comer alguma coisa, então não o fiz, reduzindo o tempo que eu teria gasto para apenas cinco minutos. Cinco minutos foram necessários para que eu confirmasse meu voo para o dia seguinte, bem cedo.

    Abandonei o meu quarto, fechando a porta e descendo as escadas com uma alegria quase infantil para relatar a minha notícia a Pattie. Embora eu soubesse que estava muito em cima da hora para eu soltar essa bomba em seu colo, eu tinha esperanças de que ela ficasse feliz por mim, porque a opinião dela contava como poucas.

    Encontrei Pattie na cozinha, olhando alguma coisa em um mínimo calendário de parede. No mesmo ambiente, estava um maravilhoso bolo de chocolate com alguns pedaços já cortados e uma estonteante calda escura que fazia minha baba pingar basicamente. Precisei ser forte para me focar no que eu realmente viera fazer, mas ainda assim acabei pegando um pedaço antes de qualquer coisa.

    – Oi, Pattie! – cumprimentei, com o meu pedaço já seguro em um prato só meu.
    – Oi, querida! – um sorriso se abriu em seu rosto ao ouvir minha voz e eu percebi que ela não tinha notado minha presença antes – Eu pensei que você não iria acordar hoje, sabia? Mas... Está tudo bem?
    – Melhor do que bem, Pattie! – deixei minha felicidade exalar, enquanto enfiava um pedaço de bolo na boca.
    – Eu imagino! – rebateu – Afinal, alguém por aqui está prestes a voltar para a casa, rever a família. Estranho seria se você não estivesse feliz. Mas... É tão bom te ver com esse sorriso, sabia?

    Mesmo com todo o seu jeito doce, acabei quase me engasgando com o que mastigara ao ouvir suas palavras. Como todo mundo estava sabendo que eu ia voltar para casa, se há tão pouco nem mesmo eu sabia? Era alguma bruxaria ou mandinga? Eu sou realmente tão previsível a ponto das pessoas não precisarem saber nada pela minha boca e apenas ler a minha expressão?

    – Como você sabe? – meus olhos se arregalaram.
    – Sua mãe me ligou hoje mais cedo, aliás, ela perguntou sobre você, mas não achamos necessário te acordar para qualquer coisa. Enfim, ela me contou que vocês conversaram ontem e você disse que estava com vontade de ir para casa. Eu achei ótimo, embora você vá fazer falta por aqui. – Pattie contou os detalhes com a mesma animação com que eu os ouvi – Mas a sua mãe está tão feliz com tudo isso que eu não consigo ficar menos que isso também. Afinal, eu sei como é complicado ter um filho tão longe sempre...
    – Eu sei... – concordei, após mastigar mais um pedaço e rapidamente pousar o prato na bancada – Na verdade, eu só tenho a te agradecer, sabia? Por todo esse tempo, você tem sido como uma segunda mãe para mim. Sempre com esse olhar carinhoso, me aconselhando sobre tudo e eu nem sei se um dia poderei retribuir isso, mas eu queria que soubesse que eu aprecio muito tudo o que você já fez!
    – (Seu nome), você sabe que não precisa me agradecer, não é? Tudo o que eu fiz foi porque eu gosto muito de você. Desde o primeiro momento em que nos encontramos naquele restaurante, eu soube que você era uma boa garota e a única que você tem feito durante todos esses anos é comprovar isso...
    – Ouvindo isso, eu percebo que amanhã é mais cedo do que eu gostaria. Não faça com que eu me arrependa de ter marcado essa viagem! 
    – Ah, mas você já vai amanhã? – ela apareceu surpresa – Não vai dar tempo nem de fazer uma festinha de despedida ou alguma coisa?
    – Acho que não. Eu não quero chamar muita atenção como se fosse uma grande coisa, sabe? Afinal, eu estou sempre viajando, posso voltar a hora que quiser. Então eu devo ir amanhã muito cedo, mas isso não significa que seja definitivo. Eu volto logo!
    – Bem, aonde quer que esteja, só continue sorrindo, ok? Você não sabe como esse sorriso lhe cai bem, mesmo depois de tanto tempo sem ele...
    – Ah, minha baixinha, o quanto eu amo você, hein?

    Não esperei nem mais um minuto para abraçar Pattie da forma mais apertada que eu conseguia, afinal, eu não tinha certeza se teria essa mesma oportunidade mais uma vez durante um longo tempo. Além disso, um abraço era pouco para suprir todas as coisas maravilhosas que ela já havia feito por mim, porque aguentar a minha presença por tanto tempo e ainda conseguir ser meiga comigo era uma tarefa que poucos conseguiam concluir. Mas ela havia feito aquilo. Com muito sucesso, devo acrescentar.

    – Eu também te amo, minha linda! – falou, retribuindo o meu abraço.

    Quando nos afastamos novamente, notei seus olhos sorrindo para mim e quase tive vontade de tirar uma foto daquele olhar maravilhoso. Na verdade, quase tive vontade de pegar Pattie e colocá-la furtivamente na minha mala. Ela era baixinha, não pesava tanto, daria perfeitamente e ninguém iria perceber. Se eu tivesse que responder qualquer questão sobre o conteúdo da minha mala, diria que era uma boneca e não estaria mentindo, de fato.

    – Bem, acho que eu tenho que arrumar as minhas malas... – falei, realmente considerando a ideia que me passara pela cabeça.
    – Se precisar de ajuda, não só para isso, mas qualquer coisa mesmo aqui ou a vários quilômetros de distância, você sabe que é só me chamar e eu ficarei feliz em ajudar... – respondeu, prestativa como sempre.
    – Obrigada, Pattie, muito obrigada!

    Deixei escapar um último sorriso escapar enquanto me dirigiria para a porta da cozinha, com o meu olhar sempre preso a morena que ficara atrás de mim. Talvez tenha sido essa distração que provocou o enorme susto que tomei ao ver aquela que estava bem a minha frente...

    Assim que cheguei à porta entreaberta do cômodo, dei de cara com Manuela e meu coração parou de bater por um minuto, dentro do peito. Pela primeira vez em muito tempo, minha reação não fora causada pela repulsa que ela me passava, mas sim pela surpresa. Eu estava muito perplexa de encontrá-la com uma expressão tão inocente no rosto. E então, me surpreendendo ainda mais, as palavras saíram de sua boca em um tom que eu poderia jurar que nunca mais ouviria vindo dela:

    – Será que podemos conversar?

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Oi, oi, gatas! (:
O capítulo 26 está aí e eu espero que vocês gostem. Na verdade, ele era para ser postado mais cedo, enquanto eu estava no colégio, mas minhas amigas gatas ficaram me atrapalhando no laboratório de informática e... Isso explica o post anterior, rs. (: Caso vocês a odeiem, o twitter delas: @marinabsalles e @1997rafaela. Se eu fosse vocês, iria lá demonstrar ódio por essas idiotas, rs. (:
  Enfim, agora, por um milagre, um amigo da minha tia veio na minha casinha, ajeitou meu computador e eu acho que meu velhinho vai aguentar mais um pouquinho, o que significa ib hoje e sexta, rs (:
  Espero que gostem do capítulo, nenéns! (:

27 outubro 2013

4. You Make Me Love You - Capítulo 25



Espalhando o boato



 Belieber's POV
    Já estava começando a anoitecer quando finalmente larguei meu estúpido diário e outras notações que haviam gastado parte do meu tempo, trocando-os pelo meu celular. Os números para os quais eu pretendia ligar já estavam salvos na discagem rápida, o que me poupou o uso de alguns cliques desnecessários. Eu só esperava que me atendessem tão rapidamente quanto eu havia efetuado a ligação.

    Destoando das minhas expectativas, precisei esperar que o telefone tocasse pelo menos umas cinco vezes, antes de parecer obter alguma atenção. Tudo isso depois de eu escutar milhares de vezes um discurso de como eu deveria ligar com mais frequência para casa, não me esquecer de onde eu vim e lembrar que eu não estou sozinha no mundo.

    Sim, família, essas palavras concordam perfeitamente com a espera que vocês sempre me proporcionam!

    – Alô? – a voz feminina soou um pouco distraída do outro lado da linha.
    – Mãe?
    – (Seu nome)? – prendi sua atenção muito rapidamente – Ah, como você está, hein? Desculpe-me pelo jeito como atendi, eu não sabia que era você... Mas, como as coisas estão? Aconteceu alguma coisa, filha?

    O interrogatório de minha doce mãe era tão comum que não cheguei a me assustar com sua rapidez ao despejar as palavras no telefone. Eu provavelmente iria chegar aos cinquenta anos ainda tendo que explicar cada passo meu para aquela mulher maluquinha.

    – Eu estou ótima, mãe. E não sei do que você está falando, porque simplesmente não aconteceu nada... – esclareci – Na verdade, está tudo até mais calmo do que antes!
    – Sério? Bem, deve estar tudo calmo mesmo, inclusive sua vontade de se atualizar virtualmente. – embora eu não quisesse parecer crítica, aparentemente ela estava me repreendendo – Posso saber por que a senhorita não atualiza o seu site há mais de dois dias?
    – Mãe... – suspirei – Você tem urgentemente de parar com essa sua mania de brincar de stalker. Eu sou sua filha, não uma completa estranha. Você pode me ligar à hora que quiser, privilégio esse que poucos têm, sabia?
    – Sabia, tanto que nem eu mesmo tenho. – ela iria começar a se queixar – Porque, vamos admitir, (Seu nome), ligar para você é o mesmo que falar com as paredes da casa. Eu ligo em um dia e você me retorna no outro milênio, se lamentando que não tem tempo, que está tudo muito corrido, que estava ocupada demais conversando com um bando de desconhecidos ao invés de falar com a mulher que te colocou no mundo...

    Definitivamente a minha tendência para o drama não era algo tão sem fundamento. Aliás, ser dramática deve ser um traço bem forte que se herda dos pais, porque eu estava para conhecer uma pessoa tão exagerada e teatral quanto a minha mãe. Ela conseguia fazer um segundo dilúvio em uma tampinha de refrigerante.

    – Mãe, para com isso! Porque, em primeiro lugar, eu não demoro tanto tempo assim para retornar as suas ligações. Não um milênio, pelo menos. Talvez uma década, mas um milênio, não... – ri, levando na brincadeira todas as suas típicas lamentações – Em segundo lugar, eu tenho uma notícia para te dar que aposto que não está em nenhum site, nenhuma rede social, nada. Pode procurar, se quiser...
    – O quê? Do que você está falando, hein, (Seu nome)?
    – Mãe, eu estou voltando para casa! – disparei, com um sorriso de orelha a orelha que ela infelizmente não podia ver.

    Houve um silêncio do outro da linha e eu estranhei. Eu já estava começando a achar que minha notícia tinha assustado por demais a minha mãe e ela estava lá no Brasil, tendo um ataque do coração. Porém, antes que eu pudesse chamá-la mais uma vez buscando respostas, ouvi uma respiração ao fundo, indicando que alguém ainda estava ali. Sem a confirmação de alguma morte, eu só poderia deduzir que estava por vir outro surto de drama.

    – Mãe, você me ouviu? – perguntei, impaciente.
    – Sim, claro. Quero dizer... Acho que sim, pelo menos. – ela parecia levemente confusa – Você falou o que eu acho que eu ouvi ou eu estou sonhando? Você está mesmo voltando para casa?
    – Eu não sei bem com o que você sonha, mas sim eu disse que estou voltando para casa...
    – Ah, meu Deus, isso não pode ser sério! E onde você está agora? Prestes a pegar o avião? – ela começou a surtar mais uma vez – Você quer que a gente te espere no aeroporto? Eu não preparei nada ainda, mas posso ajeitar tudo em alguns minutos e ir para lá...

    Completamente louca.

    – Mãe, mãe, menos, por favor! Eu ainda não estou no aeroporto e nem é tão urgente assim. Provavelmente eu estarei embarcando daqui há uns dois, três dias, não sei bem, mas... Pelo amor de Deus, não exagere, ok? Nada de sair gritando aos quatro ventos, fazer tumulto em trinta aeroportos diferentes. Eu só quero chegar e ir para casa, que é onde você estará me esperando. – pedi, sem graça – Não quero que se torne uma grande coisa, mas sim que seja como se eu estivesse voltando para casa depois de um dia no colégio, pode ser?
    – Ah, claro, (Seu nome), porque eu te matriculei em um colégio que você vai e volta só anos depois. Adoro isso! – ironizou, me fazendo perguntar onde ela tinha aprendido essas coisas – De qualquer forma, tudo bem. O que eu posso fazer, além de permitir que você destrua toda a minha empolgação?
    – Ah, eu não fiz isso de propósito. Mas se estou falando isso é porque penso em você. Olha só, se você fizer um alarde sobre a minha viagem, todo o mundo vai saber onde eu estou e eu terei que dar mais atenção ao resto das pessoas do que a você. Eu aposto que não é isso que a senhora quer, não é?
    – Não mesmo. – bufou, frustrada com essa ideia.
    – Está vendo? Então, nada de empolgação demais... – repeti, pedindo internamente que ela mentalizasse esses termos – Bom, acho que é melhor eu desligar agora, porque eu ainda tenho que ligar para o Lucas e contar a novidade para ele também. Você manda um beijo para o papai?
    – Lucas? Ah, você vai desligar a ligação para ir falar com o Lucas? – havia certo ultraje no tom de sua voz – Maravilhoso! Aposto que é isso que você deve fazer todos os dias. Afinal, por que ligar para a sua mãe amorosa e dedicada, quando você pode ligar para um rapaz jovem e despreocupado? Tudo bem, eu entendo. Vai lá...
    – Mãe, você está fazendo algum curso novo de teatro, sem eu saber? – indaguei, mais séria do que gostaria – Pode parar com isso, porque você sabe que eu te amo mais do que qualquer um, mas... É que já vai ficar tarde e eu não quero ter que ligar outro dia, porque eu estarei tentando resolver todos os detalhes para a viagem, por enquanto...
    – Tudo bem, então.  Mas se eu fosse você, não desligaria tão rápido, porque o seu amigo está bem aqui. – cantarolou, surpreendendo-me – Aliás, foi esse o motivo pelo qual eu não atendi ao telefone tão depressa... Porque tenho que ficar monitorando e não deixar que o seu pai acabe matando esse garoto. Eu não quero que minha casa seja cenário de um homicídio!
    – Ah, não! – gemi, baixinho – O que esse garoto está fazendo agora, hein?
    – Ele chegou há alguns minutos atrás, com aquele sorriso angelical dele, dizendo que veio nos visitar, mas agora mesmo está levando seu pai a loucura. Você sabe como Lucas é... Ele é um doce, mas parece que nunca vai crescer. Ele notou que seu pai fica... Tenso, quando se fala de você e algum tipo de relacionamento, então eles estão juntos e Lucas fica perguntando o que ele acharia se vocês namorassem, fica dizendo que você é linda e tudo mais o que vier a cabeça para irritar seu pai. – ela riu e eu fiz o mesmo sem conseguir me conter – Mas é muito bobo, porque todas as pessoas do mundo sabem que você está com o Justin...

    Estava tudo indo bem demais para terminar da mesma forma.
 
     Era tão comum eu e Justin sermos sempre associados um ao outro que eu não deveria sequer me importar, mas continuar escondendo a verdade da minha família parecia um pouco difícil demais, principalmente no momento. Apesar disso, eu também não me sentia confortável o suficiente para contar toda a saga dos últimos meses através de uma ligação que deveria trazer uma boa notícia. Definitivamente não era apropriado falar sobre aquilo, ainda mais quando eu já tinha guardado tudo por um longo tempo. Eu realmente podia esperar um pouco mais.

    – Mãe, nós precisamos conversar sobre algumas coisas... – suspirei – Mas, depois!
    – Ah, nada disso, senhorita! – ela chiou com tanta veemência que eu me senti até culpada – Você não vai falar as coisas pela metade, não comigo. Diga-me o que está acontecendo...
    – Não é nada demais, pessoa desconfiada. Eu tenho algumas coisas para te contar, mas nada que não possa esperar até eu voltar. Na verdade, eu até prefiro esperar... – afirmei, tentando passar o máximo de estabilidade possível – Agora, você poderia passar o telefone para o Lucas, por favor. Eu já estou morrendo de sono e estou só querendo falar com vocês, para poder ir dormir tranquila!
    – E eu tenho escolha se não dizer que está tudo bem e me despedir? Eu só quero que você se cuide direitinho e não demore a pegar esse avião...
    – Eu não vou demorar, prometo. Eu te amo!
 
     Minha mãe não se deu ao trabalho de responder com palavras, mas o tilintar do seu sorriso no telefone foi o suficiente para eu perceber que ela me entendia. Eu sabia que não havia nada que eu pudesse dizer a minha mãe, que seria interpretado de outra forma se não aquela em que eu estava pensando. Sabia que apesar de todo o seu drama e exagero, ela sentia que nem por um segundo eu a deixava de lado em minha vida e isso era importante, porque nem sempre eu estava certa de estar deixando tudo claro o suficiente. Mas ela era ainda a mesma e continuava a entender.

    No meu ouvido, só vinham ruídos, enquanto o telefone era repassado à outra pessoa, que deveria estar em outro cômodo da casa. Durante esse pouco tempo, houve um barulho um pouco mais forte que eu poderia jurar ser de algo sendo atirado e rezei para estar errada. Lucas podia ser bem inconveniente quando desejava e eu esperava que meu pai conseguisse lidar com ele... Algum dia.

    – Fala, gatinha! – sua voz agradavelmente grossa ecoou em meus ouvidos e eu quase amoleci por dentro.
    – Lucas, você está perto do meu pai, não está? – indaguei, tentando parecer o mais irritada possível, o que não significava muito.
    – Aham! – ele riu de um jeito tão espontâneo, que eu precisei suspirar, antes de voltar a ouvi-lo, em um sussurro mínimo – É tão engraçado. Acho que ele vai ter um ataque em breve, sabia?
    – Lucas, para com isso! Ele é meu pai e eu não gosto da ideia de você o estar torturando... – ralhei, levemente – Aliás, o que foi esse barulho, hein? Ele tacou alguma coisa em você? Porque se sim, bem feito!
    – Não foi nada disso, bobona! Eu só acabei deixando algumas coisas caírem aqui, mas nada se quebrou e eu devolvi tudo ao seu lugar... – houve uma pausa rápida – Espera um pouco!

    Sua voz se calou no telefone por um longo tempo, o que me fez pensar realmente que ele ainda não havia acabado de brincar com a paciência do meu pobre pai. Na verdade, se fosse só isso, eu até relevaria, mas me deixar falando com o senhor vento enquanto ele se divertia parecia um pouco cruel.

    – Pronto! – Lucas berrou tão alto que eu pude jurar ter escutado sem a ajuda de um celular – Eu fui procurar outro canto da casa para conversamos melhor, porque, acredite, tentar falar com você enquanto o seu pai me olha como se estivesse monitorando as minhas palavras não é muito legal. Ele me admira tanto que não consegue se conter, coitado!
    – Tudo bem, Lucas, eu já entendi. Agora, por favor, foque a sua atenção em mim, porque eu não quero chegar aí e já ter que te agredir por ser tão idiota. Você realmente está se superando ultimamente, sabia?
    – Ah, me dê um desconto, afinal, dá muito trabal... Espera! O que você disse?

    Eu havia feito de propósito, apenas para experimentar sua reação, sabendo que eu teria total atenção ao fazer parecer que eu soltara a verdade por acidente. Felizmente Lucas cobriu todas as minhas expectativas com sua alegre incredibilidade e, sem me aguentar, precisei rir de mim mesma, deixando-o no vácuo por alguns poucos segundos, antes de reestabelecer um pouco de seriedade.

    – Isso mesmo que você ouviu! – confirmei, animada – Quando eu chegar aí pensarei seriamente em te afogar em uma piscina qualquer e depois dizer que foi um acidente. Nada demais...
    – Você está voltando para o Brasil? Sério? Finalmente se lembrou de que há um país ao qual você pertence? Ou... Tudo isso é motivado pela falta absurda que você sente de ter uma pessoa tão maravilhosa como eu em sua vida? – embora ele estivesse se fazendo de difícil, eu tinha a total certeza de que havia um sorriso enorme estampado em seu rosto e eu desejei por um longo momento vê-lo.
    – Menos, Lucas, bem menos! – falei, escondendo meu sorriso também – Você deveria ficar feliz por eu me lembrar de você uma vez ou outra.
    – (Seu nome), ninguém acredita nisso, ok? Mas tudo bem. Apenas me diga onde você está. – continuou, empolgado – Na verdade, considerando que você está usando o celular, devo supor que já está saindo do aeroporto ou... Está apenas me iludindo como todas as outras vezes que você ficou de me ver?
    – Ah, não começa, vai... – miei, sem graça – Você sabe que eu não estou no Brasil ainda. Mas eu vou viajar muito breve, eu juro. Não precisa ficar se lamentando de saudades, ok? Eu vou chegar logo!
    – Hum, sei. Sempre a mesma história...
    – Não seja um garoto tão mau ou eu adio minha viagem ainda mais. Eu preciso de amor e não sermões, tudo bem? – sim, eu estava apelando para o drama que eu havia criticado tanto, porque eu estava carente, como sempre.
    – Que garota fofa, hein? Talvez eu tenha que te abraçar muito forte quando você chegar e nunca mais soltar. Afinal, sequestro não é uma coisa tão ruim assim, não é?
    – Depende. Se o sequestrador foi Lucas Barros, acho que eu posso lidar com isso! – suspirei, completamente abobada.
    – Ah, como eu queria que seu pai tivesse escutado isso... – murmurou, rindo.
    – Para com isso! Aliás, já que você tocou no assunto, poderia passar o telefone ao meu pai? – pedi – Eu preciso falar com ele também!
    – Ah, não!

    O modo como seu “não” foi cantarolado em tom de lamento fez meu coração murchar de ansiedade. Eu precisava tão desesperadamente do Lucas, que era gratificante saber que ele se sentia da minha maneira. Embora o loiro sempre fizesse questão de deixar claro a minha importância em sua vida, eu era uma pessoa desconfiada e carente demais para acreditar nisso o tempo todo.

    Apesar disso, ele era meu. Só meu.

    – Lucas, não seja malvado comigo! – sussurrei, me sentindo maligna por estar me aproximando do tchau – Você sabe que eu amo falar com você, mas eu preciso conversar com o meu pai e não posso me demorar muito. Essas ligações custam caro...
    – Eu não acredito que eu ouvi isso! A conta da bancária da pessoa cresce absurdamente todo dia, mas o espírito da menina com cinquenta centavos na carteira ainda permanece vivo como antes!
    – Você é muito chato, sabia?
    – Não sou, mas isso me surpreende... – havia um tom de seriedade em sua voz – Você tem uma enorme quantia que eu nem sei se consigo pronunciar o número, mas mesmo assim usa essa desculpa ridícula para não falar com o seu melhor amigo. Que mundo maravilhoso esse que estamos vivenciando!
    – Não é isso, bobo! Até porque, em primeiro lugar, eu com certeza não tenho tanto dinheiro quanto você faz parecer e, em segundo lugar, mesmo que eu tivesse, não gostaria que você me levasse à falência...
    – Não quer ir à falência? Bom, especialistas afirmam que o melhor método para se evitar isso é... Tirar a bunda da cama e ir trabalhar!
    – Ah, é assim? – arfei, indignada – Tudo bem, talvez eu faça isso. Vou agora mesmo cancelar a minha viagem e agendar uma nova turnê mundial. O que você acha?
    – Ei, ei, espera! Não faça isso!

    Ri, me sentindo no controle do pobre Lucas, situação que acontecia muito raramente. O loiro sempre conseguia dar a volta a qualquer momento e fazer com que todos se sentissem como um cordeirinho assustado e dependente da sua magnitude. Mas, como em grande parte das características da sua vida, eu era a exceção, então me usar em uma possível chantagem parecia funcionar muito bem para tê-lo em minhas mãos.

    – Eu não farei... Se você fizer o favor de passar o telefone para o meu pai e parar de insinuar que eu sou mão fechada, ok? – pedi, retornando ao meu tom doce.
    – Tudo bem, chata. Tudo bem! Mas posso te fazer uma pergunta antes?
    – Diga!
    
Você ainda se lembra do quanto eu te amo? – sua voz parece bem mais calma, contida e ainda mais bonita quando ele pronunciou essas palavras.

    Acredite, eu me apoiei no seu possível amor por mim durante muito, muito tempo.

    – Eu não sei bem! – respondi – Mas, todos os dias, eu me lembro de que amo você infinitamente...
    – Te vejo logo, minha!

    Não precisei responder, até porque aquele “minha”, do qual eu sentia tanta saudade, tinha sido o suficiente para arrancar todas as palavras da minha boca. Assim, forçar uma despedida melhor do que aquilo seria uma completa perda de tempo, uma falta de tato com a sua gentileza.

    A ligação ficou silenciosa durante algum tempo e eu imagine que finalmente Lucas estava retornando ao cômodo que se encontrava anteriormente junto com meu querido pai, com quem eu esperava falar dentro de alguns segundos. Minhas suspeitas se confirmaram quando eu ouvi, um pouco ao longe, mas com um forte tom de provocação e sarcasmo, a voz de Lucas ecoar perto do meu pai:

    – Aqui, sogrinho! É a (Seu nome)...

    Sogrinho? Esse garoto estava realmente disposto a fazer o meu pai subir pelas paredes.

    Percebi que a paciência de meu pai estava nos últimos segundos, quando um suspiro pesado soou em meus ouvidos sem que ele tivesse a intenção. Não era minha obrigação, mas ainda assim tentei compensar o jeito insuportável de Lucas Barros, sendo o mais amável possível, porque eu sabia que dessa forma ele esqueceria rapidamente os minutos de tortura que meu melhor amigo o fizera passar.

    – Pai! – falei, reunindo toda a minha animação – Que saudade!
    – Oi, filha! – sua voz parecia cansada, cansada de tanta perturbação pela qual ele passara nos últimos minutos – Tudo bem com você?
    – Pai, me desculpe o Lucas! Às vezes, ele é tão bobão... – expliquei, sendo delicada demais com o “às vezes” – Mas, só para você ter certeza, nós não temos nada juntos, ok? Nem nunca tivemos...

    E por falta de oportunidade não foi.

    – Eu sei. Quero dizer, acho que sei... Sei lá! – ele parecia mais confuso do que eu sempre fora – Esse garoto me enlouquece. Ele é tão inconveniente!
    – É, pai, mas isso passa depois que você o conhece melhor. Ele é um doce!
    – Eu estou duvidando um pouco, afinal, acho que o conheço há uns... Dez anos. Ou mais! – uma respiração profunda tomou meus ouvidos – Ai, meu Deus, acho que estou ficando velho...
    – Claro que não! Isso é besteira sua, pai! De qualquer forma, eu não te liguei para falarmos sobre o Lucas, ok? – me preparei para dar a notícia, tentando retirar o enorme sorriso em meu rosto – Lembra que eu falei, há alguns dias atrás, que tinha uma surpresa para você? Então, eu vou voltar para casa...
    – Sério? Você quer dizer... Para sempre?
    – Não, pai! – miei, sem jeito.

    Embora não fosse sua intenção, eu me senti levemente intimidada pela minha própria realidade. Afinal, me deixava triste saber que a nossa distância o machucava tanto e eu não podia fazer nada para aplacar isso. Na verdade, para mim, já era um pouco surpreendente saber que a minha ausência fazia mal a alguém – mesmo que esse alguém fosse da minha família – porque eu sempre acreditei ser o contrário.

    – Eu ainda tenho que trabalhar, pai. Não é como se eu pudesse simplesmente jogar tudo para o alto e voltar para a minha vida antiga... – expliquei.
    – Não sei por que não... – contrariou, me fazendo imaginá-lo com um bico de insatisfação – Até porque eu e sua mãe sempre demos conta de lhe dar tudo o que você precisava, ou seja, se você ainda continua trabalhando como uma doida varrida é porque quer!
    – Isso é claro! Eu quero muito mesmo, eu adoro fazer isso e eu sei que você sabe disso. – abafei um riso, antes de mudar de assunto – Mas vamos deixar isso para lá, afinal, não é sobre isso que estamos falando e sim sobre eu voltar para casa. Embora você não fique tão satisfeito porque vai ter que me dar tchau mais uma vez, eu prometo passar um bom tempo com vocês, ok?
    – Acho bom mesmo, porque seria horrível se eu tivesse que te prender aqui dentro de casa...
    – Horrível e ilegal! – acrescentei.
    – Também. Mas ilegal mesmo será se houver alguma aglomeração aqui em frente à minha casa, quando você chegar. – resmungou, como um velhinho frustrado – Você sabe, eu tento entender isso, mas quando a minha filha decide dar atenção a estranhos do que ao próprio pai, se torna um pouco incômodo.
    – Meus fãs não são inconvenientes. São doces e amáveis, como unicórnios! – sorri, com a total certeza de que ele também pensava assim, apenas estava tomado de ciúmes – Além disso, não haveria uma aglomeração em frente a nossa casa, se vocês não fizessem questão de espalhar aos quatro cantos do mundo que eu estou finalmente em casa e toda a mesma história de sempre...
    – Ah, sim, até porque ninguém sabe onde você mora... Ou morava, não sei!
    – Não é minha culpa se eles são muito competentes em descobrir cada detalhe da minha vida... – argumentei – Além disso, formando ou não uma multidão aí fora, eu ainda vou saber ceder parte da minha atenção aos meus pais, porque eles são muito importantes para mim, sabia?
    – Isso significa que eu preciso começar a pesquisar o telefone de pizzarias e fast-foods dos arredores? – meu pai suspirou, como se já esperasse por isso.
    – Bom, você me pouparia muito trabalho se fizesse isso... Aliás, nesse caso, busque também por fornecedores de água, porque podemos precisar de algumas garrafas. Hidratação é importante sempre!
    – Apenas isso?
    – Claro. – assenti – Você sabe... O burburinho da minha chegada ao país não vai durar muito tempo e logo eles irão se dissipar para suas próprias atividades e esquecer que eu existo ou se lembrar de coisas mais importantes!
   – Ah, claro. E eu sou o Papai Noel! – falou, com leves traços de ironia – De verdade, eu não sei o que te faz pensar assim, mas não vou te contrariar dessa vez. Qualquer coisa, a gente resolve depois...
    – Pai, não é muito diferente de antes... – rebati, serena – Pelo menos, não aí. Você sabe que as mesmas pessoas que me veem indo para a padaria antes, me veem atravessando a rua agora e não é diferente para elas. A exceção acontece apenas porque algumas pessoas de outras regiões que não me conheciam pensam que sou algo de muito extraordinário e também porque sempre há pessoas de outros estados passando pela nossa cidade. Mas, fora isso, a única diferença é que aquelas pessoas esnobes daí não me veem mais como se eu fosse completamente invisível no mundo superficial delas. Porque, talvez, a mídia me faça parecer superficial também.
    – Ei, você incrível, ok? E não deve se lamentar por muitas pessoas começarem a perceber isso em você! – suas palavras saíram em um tom tão protetor, que eu me acalmei – Agora, você só tem que perceber isso também. Eu já percebi, aliás, há muito tempo, desde o dia que você nasceu, para ser mais exato. O engraçado é que isso não me faz ter muito mais atenção quando você vem para cá, mas o que eu posso fazer, além de permitir que as pessoas te admirem também? Eu supero...

    Definitivamente eu vivia uma relação de amor e ódio com essa mania boba do meu pai de sempre me colocar em um pedestal e me fazer perceber que não importa quanto tempo se passasse, eu sempre seria a princesinha dele. Eu sabia que era incrivelmente espontâneo e sincero, me fazendo sentir extremamente especial. Mas ainda assim, me incomodava pensar que eu nunca conseguiria retribuir tudo isso da maneira que ele realmente merecia, porque eu nunca seria tão amável.

    – Por acaso, eu já disse que te amo? – sussurrei.
    – Acho que sim... – respondeu, parecendo um pouco receoso – Afinal, isso e o seu sorriso, para mim, parecem a mesma coisa, então sim!
    – Quer saber? Você deveria se envergonhar, e muito, por fazer todas as outras pessoas do mundo sentirem inveja por não terem um pai tão maravilhoso quanto você. – acrescentei, rindo. – Você deveria parar para pensar nisso e eu... Bem, eu deveria estar dormindo para falar a verdade.
    – Deixei-me adivinhar... Isso significa que você tem que desligar.
    – Aham! – concordei, cheia de culpa – Eu realmente queria ficar para conversar mais, mas já está tarde e eu tenho que acordar cedo amanhã se quiser resolver todos esses detalhes ridículos que envolvem uma viagem. Além disso, eu ainda tenho que conversar com a Pattie para avisá-la...
    – Tudo bem, então. Eu espero mesmo que você esteja indo dormir e não aprontar por aí, porque se for a segunda opção, você sabe que eu ficarei sabendo logo... – alertou, como se eu ainda fosse uma adolescente em fuga que faria tudo para uma festa com os amigos – Tenha uma boa noite!
    – Durma bem...
    – Te amo, princesinha!
    – Tchau, pai! – miei, antes de desligar.

 
    Um telefonema. Era necessário apenas isso para que eu me sentisse novamente em minha casa – e, com isso, eu quero dizer o lugar onde eu nasci e, não, a mansão enorme que eu comprara nos Estados Unidos – e voltasse a ser tomada por toda uma energia que só o Brasil conseguia me dar. Isso explicara o motivo pelo qual eu sempre ficava meio para baixo após desligar. Era como se eu estivesse feito duas viagens em poucos minutos e eu nunca conseguia decidir se gostara ou não de voltar para onde estava.

   De qualquer modo, no Canadá, eu continuava no meu quarto, na escuridão que só era cortada pela iluminação baixa de um abajur. O único ruído ali era o som da minha barriga roncando, que continuaria comigo durante um longo tempo, já que eu me recusara a levantar e descer escadas até a cozinha. Minha fome não era nada tão urgente assim, não que pudesse sobrepor minha preguiça, pelo menos.

    Ao invés disso, preferi traçar o meu plano de ação para o dia seguinte. Eu sabia que falar com Pattie e Chaz seria fácil, porque ambos apoiariam minhas decisões, sabendo enxergar o que era melhor para mim. Mas ainda não tinha decidido se deveria ou não informar isso ao Justin, afinal, eu não tinha sequer certeza se ele ligaria e, além disso, ainda tinha a Manuela. Ah, Manuela...

    Desde que eu chegara do meu encontro com Cory, transbordando de felicidade, eu não havia pensado em Manuela nem por um segundo, talvez. Mas tomando consciência de que ela ainda permanecia sob o mesmo teto que eu, não tinha outra opção se não considerá-la parte do meu plano de ação do dia seguinte. Só que era difícil, porque passando por tudo o que acontecera nos últimos meses, eu consegui chegar a um ponto em que tudo sumira após um evento feliz, mas ela não. Ela permanecia ali como uma estaca cravada em meu coração. Uma estaca que eu não conseguia remover e nem mesmo sabia se queria, porque ela doía. E doía muito.

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Capítulo 25, nenéns! (:
Eu espero que gostem e tenham um bom resto(?) de final de semana... (Desculpem a falta de mimimi, mas eu tô morrendo de sono. Fui!)
Amo vocês!