25 agosto 2013

4. You Make Me Love You - Capítulo 19



Imprevisto


Belieber’s POV

    Eu já não me recordava mais de como era a sensação de sentir o vento batendo em meu rosto, enquanto o carro acelerava na estrada. A música que tocava na rádio era bem calminha servindo como um ótimo modo de me deixar relaxada, tanto que eu sequer me perguntei para onde aquele garoto recém-conhecido estava me levando. De qualquer forma, se havia algo de que eu estava certa era que eu não queria estar em qualquer outro lugar, se não ali.
    – Quer que eu te leve para casa? – perguntou Cory, me pegando de surpresa.

    Meus olhos se esbugalharam de tamanha insatisfação com aquelas palavras, mas tentei – sem sucesso – esconder esse desespero repentino, que não passou tão rápido. Internamente, comecei a me perguntar o motivo para tudo aquilo, afinal, como ele já podia estar me chamando para ir embora, quando mal havíamos nos encontrado? Como ele já poderia estar cansado da minha presença, quando nem havíamos feito nada do que ele planejara? Ou será que os planos dele consistiam apenas nisso, em me levar para o meio do nada e me abandonar para morrer? Ou pior, será que eu sou tão obviamente chata?

    – Por que a pergunta? – disparei, insegura.
    – Eu não sei. Você parece um pouco distante, como se não estivesse muito feliz por estar aqui e, bom, eu não quero te obrigar a nada... Então, se você não estiver muito à vontade é só me avisar e eu te levo de volta para casa! – seu tom compreensivo somado a seu rosto amável fazia meu coração ficar suavemente descompassado.
    – Não! – miei, sem jeito – Eu estou amando estar aqui, mas eu não sei se realmente há algo a dizer. Além disso, se eu fosse falar sobre alguma coisa, seria sobre a minha curiosidade, ok? Afinal, você me buscou, dirigiu até aqui, mas me explicar onde estar indo, nada!
    – Deixa de ser impaciente, (Seu nome)! Você acaba me deixando nervoso...

    Ri, sem graça, voltando a fitar a janela do carro. Mesmo que a paisagem do lado de fora parecesse interessante, vez ou outra eu me pegava fitando Cory pelo canto do olho. Apesar de ele parecer igual à última vez que eu o vira, havia algo nele que soava diferente. Não diferente do que era antes, mas sim de todos os outros garotos simplesmente bonitos que perambulavam por aí. Mesmo com aquele jeans surrado, all star, camisa xadrez e toca, ele ainda aparentava ter vindo de uma família real – o que não o impedia de mostrar seu lado bobo da corte.
    – O que foi? – indagou, rindo e me fazendo notar, pela primeira vez, que eu estava encarando-o.
    – Hã... Nada! Eu só estou reparando... – suspirei, tentando não me sentir embaraçada – Você parece mais bonito hoje!
    – Bom, devo estar mesmo deslumbrante, porque você ficou tão maravilhada que não percebeu que já estacionamos!

    Desconfiada, olhei pela janela, devagar.

    – Nossa, Cory, que legal! Você me trouxe para um fim de mundo estranho e com iluminação falha! – apontei, irônica – O que é isso? Algum plano para me esquartejar em segredo?
    – (Seu nome), guarde suas ironias na bolsa novamente. Nós só estamos em um estacionamento de um shopping!
    – Um shopping? – provoquei, pouco disposta a ceder facilmente – O que aconteceu com Nárnia e todas as outras coisas?
   – Como você reclama, hein, menina? – chiou Cory, enquanto destravava o cinto de segurança – Para a sua informação, essa não era a minha primeira opção. Mas, eu repensei, lembrando-me que iria sair com uma garota acostumada com todo o tipo de frescura, então não tive uma ideia melhor. De qualquer forma, eu tenho quase certeza de que você nunca veio aqui. Nós estamos nos limites da cidade e... Não é o shopping para o qual madames se deslocariam apenas para comprar algumas dúzias de roupa.

    – Então, você quer dizer que é um shopping pequeno? – eu sabia que essa questão iria lhe parecer superficial, mas eu realmente precisava confirmar as minhas duvidas – Eu não costumo me dar muito bem com isso, mas nós já estamos aqui mesmo...
    – O que você quer dizer? – perguntou, pausadamente, parecendo inseguro.
    – Nada demais. Você vai ver...

    Ainda aparentando uma leve desconfiança, Cory deu de ombros, antes de sair do carro. Como o cavalheiro que era, contornou o veículo e abriu a porta para que eu pudesse sair também. Mesmo que, anteriormente, eu já fosse acostumada com pequenos gestos como esse, era diferente com Cory, porque dava para sentir leves rastros de timidez inesperada por trás de cada ação simplória. Aliás, eu poderia jurar que seu rosto ficou mais corado quando ele pegou minha mão, enquanto caminhávamos pelos corredores do shopping.

    Precisamos subir mais escadas rolantes do que eu julgara necessário, para chegarmos até o local planejado. Considerando que não era um shopping de tanto conhecimento, ele até que tinha uma extensão grande, o que não chegou a ajudar muito na minha paranoia momentânea. A cada passo que eu dava, conseguia perfeitamente sentir que uma grande parte dos presentes ali estava olhando para mim, tirando fotos ou falando sobre. Embora eu tentasse lembrar a mim mesma que eu poderia apenas estar imaginando ou, mesmo que não, eu já deveria estar acostumada com isso, ali, com Cory, eu me sentia tão... Comum, que soava estranho ter qualquer tipo de atenção.   

    – E então, (Seu nome), podemos entrar ou você prefere já desistir de tentar, enquanto ainda estamos aqui fora?

    Demorei um pouco a perceber que a provocação de Cory se devia ao fato de estarmos em frente ao boliche, que ocupava todo o último andar. O letreiro acima da porta era bastante bonito, detalhado com alguns pinos do jogo em questão, mas não era exageradamente chamativo. De qualquer modo, parecia um lugar bastante convidativo e eu me lembrava vagamente de ser realmente boa naquilo, mesmo sem entender como conseguira essa façanha.

    – Boliche? – falei, cheia de um certo orgulho de mim mesma – Você me trouxe para jogar boliche? Corajoso! Bom, eu espero que você goste de perder em público!
    – Isso é o que veremos.

    O balcão da recepção estava vazio, o que permitiu que reservássemos os sapatos específicos e uma pista, rapidamente. Ao nosso redor, enquanto caminhávamos até o lugar indicado, eu podia notar famílias se divertindo ao compartilharem seu conhecimento no jogo e alguns amigos que, embora estivessem gastando dinheiro ao ficarem ali, não estavam sequer se importando com essa pequena questão e, apenas, ficavam a zoar uns aos outros. Parecia um típico local de diversão de uma cidade qualquer.

    Tomei cuidado ao calçar os sapatos, sabendo que qualquer mínimo deslize já daria motivos para que Cory começasse a insinuar qualquer coisa sobre eu ser uma pessoa fresca. Para falar a verdade, eu nunca pensei que pudesse parecer assim para alguém, mas ele falava com tanta certeza que eu me sentia uma pseudo rainha da Inglaterra!

    – Acho que vou pegar algo para comermos... – avisei, me levantando.
    – Ah, droga! – Cory suspirou, imitando minha ação – Eu sou um idiota! É tão óbvio que eu deveria te levar para comer alguma coisa! Desculpa... Hã... O que você acha de irmos para algum restaurante e depois voltarmos aqui?
    – Não! – recusei, indignada com a proposta – Eu estou bem! Só preciso obter algo bastante gorduroso por aqui mesmo...
    – Se você prefere, tudo bem. Eu vou com você!

    Era bem mentira a história de que estava tudo bem, afinal, eu já conseguia sentir o meu estômago chorar de tanta fome, quando resolvi me manifestar. A minha mania idiota de pular refeições estavam começando a me atrapalhar e, consequentemente, as pessoas que estavam a minha volta. Cory definitivamente não precisava se sentir culpado, mas fazê-lo ouvir os sons agonizantes do meu corpo pedindo por comida não me parecia uma opção muito agradável também.

    Felizmente, a fila do setor de lanches estava surpreendentemente vazia, com apenas um garoto prestes a fazer seu pedido. Como se já não fosse sorte o bastante, ele ainda permitiu que passássemos à frente, fazendo um gesto cortês, enquanto me encarava fixamente. Mesmo achando um pouco exagerado e pedindo que ele permanecesse em seu lugar, a insistência contínua fez com que Cory cansasse de ficar ali e aceitasse a oferta, me puxando para tomar à dianteira.

    – (Seu nome), você tem que entender que quando se sai com pessoas bonitas como eu, você ganha certos benefícios, sabia? – sussurrou, enquanto caminhávamos até o balcão.
    – Como dizem, Cory, a vida é feita de ilusões... Desça da sua nuvem de sonhos e compre um espelho!
    – Para o seu bem-estar, vou fingir que nem ouvi isso! – retrucou, antes de fazer uma careta.
    – Então, o que vão querer? – perguntou o atendente, pacientemente.
    – Hã... – olhei a cartela de opções, rapidamente – Que tal uma porção de batatas fritas e um refrigerante?
    – Ok! – confirmou, registrando qualquer coisa no monitor a sua frente – E para o senhor, o que vai ser?
    – Ah, nada! – respondeu Cory, lendo atentamente tudo o que lhe era disponível – É só para ela. Em quanto fica?
    – Cory, você sabe que eu vou pagar por isso, não sabe? – indaguei, me intrometendo em seu cavalheirismo.
   – Claro... Em seus sonhos, garota! – como forma de me afrontar, Cory retirou a carteira do bolso, abrindo-a – Enquanto você estiver comigo, eu vou pagar por cada sorriso que você der!
    – Isso soa machista! – assinalei.
    – E isso soa tipicamente feminista, porque se por acaso eu me recusasse a pagar, você provavelmente me chamaria de grosseiro, diria que é falta de cavalheirismo ou qualquer coisa! – ele revirou os olhos, desaprovando esse comportamento – Mas, tudo bem, se você faz tanta questão, pode pagar, coisa chata!
    – Obrigada!

    Satisfeita com a minha parcial vitória, retirei meu dinheiro da bolsa e entreguei ao atendente, após este ter me dito o valor correto. No balcão ao lado, a bandeja de tamanho médio em que se encontrava meu pedido já estava a minha disposição, aguardando para ser devorada. Se meu estômago fosse uma pessoa, esse provavelmente seria um dos momentos mais felizes de sua vida.

    – Pode pegar para mim, por favor? – pedi, enquanto guardava e ajeitava as coisas na minha bolsa.
    – Eu até pegaria, mas acho que seria machismo, sabe? - seu sorrisinho irônico não me irritou tanto quanto ele gostaria.
    – Nossa – arquejei, me arrastando para pegar meu pedido –, a faculdade para idiotas que você fez era realmente boa!

    Com a bandeja em mãos, tomei à frente caminhando até a nossa pista. Foi nesse curto meio tempo que Cory contornou minha cintura com o braço, embora suas mãos não chegassem a tocar meu corpo. Eu não precisava ser muito inteligente para conseguir entender, rapidamente, o que aquele idiota estava fazendo, quando eu infelizmente não tinha como impedir.

    – Você acabou de colocar o dinheiro do lanche em minha bolsa, não foi?
    – Claro! – o fato de ele não ter tentado inventar uma desculpa qualquer acabou me deixando levemente frustrada.

    Assim, aceitando a sua atitude de apenas me fazer pensar que estava no comando, não fiz qualquer tipo de reclamação e me limitei a seguir, com ele ao meu lado. No caminho, não pude deixar de notar como o local parecia ligeiramente mais cheio do que eu vira ao chegarmos. Embora eu não quisesse ver isso como algo negativo, nada me fazia parar de pensar que havia um motivo para toda aquela movimentação incomum.

    Ao chegarmos, apoiei a bandeja na mesa à frente do nosso espaço e desabei no assento vermelho acolchoado, fitando a longa pista à nossa frente. Ao meu lado, Cory tomou posse da tela e começou a escolher nossas opções de jogo, enquanto eu mordiscava minhas batatas quentinhas. Me sentindo ligeiramente boba, eu esperava que Cory viesse falar comigo, roubando parte do que eu comprara ou fazendo graça, só para eu poder lhe dar uma patada decente a ponto de me fazer sentir vingada pelo seu convencimento. Mas não aconteceu.

    – Quer uma? – perguntei, decepcionada, quando me senti obrigada a me aproximar ainda mais.
    – Não, obrigado! – ele não chegou a olhar para mim ou para o que eu lhe oferecia, apenas parecia pensativo – Eu... Estou de dieta!
    – Dieta? Você? – suas palavras fizeram com que eu sentisse a necessidade de olhar para os cantos, buscando câmeras escondidas de programas de humor na televisão – Fala sério, Cory! Se você ficasse mais magro, deixaria de existir!
    – Seu senso de humor é que me faz ter vontade de deixar de existir! – respondeu, me fuzilando violentamente com os olhos – De qualquer forma, eu prefiro ser magro a ser uma baleia encalhada como você...
    – O quê?
    – Nada! Aliás, mudando de assunto, é a sua vez de jogar. Vai lá, bolotinha, vai!
    – Tudo bem... – concordei, me levantando bem devagar – Mas se eu fosse você, tomaria cuidado para que eu não erre os pinos e acerte a sua cabeça!
    – Hum, que menina má... Do jeito que eu gosto!

    Respirei lentamente, tentando profundamente me controlar e, com as duas mãos, peguei a bola de boliche, sentindo a sensação de peso que eu já esquecera. Enquanto me preparava para fazer minha primeira jogada, pedi mentalmente para que eu também não tivesse me esquecido de como jogar. Afinal, a última coisa que eu queria era dar o gostinho da vitória ao lado metido de Cory.

    A bola já rolava rapidamente pela estreita pista encerada, quando, por fim, me recordei que não havia modo de eu errar aquela jogada, assim como nenhuma outra. Simplesmente porque eu tinha aprendido sobre isso com o melhor...

    “Lucas, eu não vou a esse aniversário idiota!”, resmunguei, quando ele me passou aquele pedaço de concreto em forma de bola. “Você sabe que a Isabela só me convidou para poder me humilhar publicamente na frente da paixão da vida dela!”
    “Quem não sabe?”, falou o loiro, enquanto apontava para que eu preparasse minha jogada. “E, por falar nisso, esse garoto tem me irritado bastante! Todo momento que eu o vejo, o Igor está sendo, digamos, gentil demais com você!”
    “Eu sei, está começando a me irritar também! E, como se não bastasse, agora, essa idiota quer me destruir por causa desse garoto insuportável. Ótimo!”
    “É exatamente por isso que você vai à festa, acabar com essa garota oferecida...”, Lucas sorriu, insinuando os milhares de foras que já havia dado nela. “E você ainda tem uma vantagem, afinal... Aqui estamos. No território inimigo.”

    Nós estávamos no boliche mais caro da cidade, que ficava em uma localidade não muito boa, a bons quilômetros do colégio – de onde havíamos vindo. O local era muito mais espaçoso e com equipamentos e comodidades mais requintados. Era o tipo perfeito de lugar que a senhorita esnobe gostaria de usar para esfregar seu suposto poder na cara de todos. Eu, realmente, não queria ter que ir a um tipo de evento como esse, mas se eu não fosse, teria que aguentar a chatice de Lucas para o resto da vida.

    “Ai, ai, Lucas... Por onde começamos?”
    “Olha, (Seu nome), o grande segredo desse jogo é a confiança. Pode parecer bobo e insignificante falando assim, mas não é. Afinal, como você pode querer que a bola siga seu caminho sempre no centro da pista, se você não confiar nisso e colocar a si mesma no centro de tudo?”, o modo como as palavras saíam de sua boca fazia eu não ter outra opção, além de acreditar nele. “Você não tem que achar que vai acertar a jogada, mas, sim, saber que vai!”

    Todos os pinos caíram!

    – Há! – berrei, virando-me na direção de Cory, novamente – Ei, eu escutei alguém dizer que poderia me derrotar hoje... Bem, eu quero ver o senhor fazer melhor do que isso. Ah, espera! É impossível!
    – Ai, ai, (Seu nome)... Eu até me levantaria e me disporia a ir até aí, fazer alguma coisa, mas a visão que eu tenho daqui, de trás, é muito melhor! – ele sorriu de forma sedutora, me deixando confusa.
    – Do que você está falando? – o receio inundou a minha voz, sem permissão.
    – Bem, digamos que... É preciso ser corajosa para usar uma saia desse tamanho para jogar boliche! Mas, continue, vai lá! Pegue outra bola!

    Minha mentezinha ligeiramente devagar demorou um pouco para entender do que ele estava falando e, só um minuto depois, percebi que preferia não ter entendido algo assim. Uma leve faísca de fúria, junto com um mar de constrangimento, tomou conta de mim e com alegre satisfação, eu pude visualizar minhas violentas mãos em volta daquele lindo pescoço claro. Hora de colocar em prática!
    – Cory, eu vou te matar! – gritei, já a seu lado, pronta para o primeiro golpe.
    – Ei, calma, calma! – ele riu, visivelmente descrente do meu poder – Eu não sou esse tipo de cara, ok? Eu tenho uma irmã e aprendi muita coisa com isso. Mas, de qualquer forma, você deveria tomar mais cuidado!
    – Eu agradeço pela sua preocupação! – sorri, afrouxando os ataques de ferro, embora minhas suspeitas não tivessem acabado ainda – E, falando sobre isso, como está a sua irmã, hein? Ainda me odiando por aquele episódio constrangedor?  
    – Só um pouquinho, talvez... Ela gosta de você! – Cory ajeitou-se no banco, pegando uma batata frita da bandeja e levando até a minha boca – E, mesmo que não gostasse, teria que deixar passar, porque a Vanessa age da mesma maneira quando vê os garotos da One Direction em revistas. Revistas! Além disso, até mesmo ela tem que reconhecer que você é linda...
    – Sim, se ela fosse cega, o que não é o caso, ainda bem! – corrigi – Mas, eu não sabia que ela era directioner...
    – Direclouca!
    – Isso é bom... Você, por acaso, acha que ela esqueceria isso de vez se eu levasse vocês a um show da One Direction? – perguntei, com um suspiro – Eu prometo conseguir uma ótima localização!
    – Espera! Você pode fazer isso? – os olhos de Cory pareceram brilhar mais do que o normal.
   – Hum, o que temos aqui? Não vai me dizer que você é directioner também...
   – Claro que não! – ele falou com certa repugnância – Mas, eu... Aguentaria até isso por ela, porque é isso que os irmãos fazem!
    – Isso é fofo! Talvez, nós possamos conversar sobre a possibilidade dela conhecer os meninos após o show. O que você acha?
    – Ah, fala sério! Você não pode fazer isso.
    – Cory, qual é o meu nome? – murmurei, ofendida por ele duvidar de mim.
    – Eu não me lembro exatamente, mas tem algo a ver com famosinha metida, mimada e chata?
    – Você vai querer ou não? – bufei, impaciente.
    – Depende. – ele me fitou por um longo minuto – Você vai estar lá?
    – Bem, eu pensei que uma famosinha metida, mimada e chata iria atrapalhar a sua diversão! – ironizei.
    – Não conte para ninguém, mas... Talvez, só talvez, eu goste disso!

    Cory envolvia uma parte do meu cardigan com os dedos, enquanto me fitava fixamente. Eu tentei não fazer o mesmo, mas a verdade era que eu era fraca demais para resistir a um pouco de contato visual. Estranhamente, foi naquele momento que, pela primeira vez, eu percebi nele um suspiro pesado, quase como se estivesse se sentido culpado ou fadado a alguma coisa. Meu coração por completo implorou para que eu perguntasse se havia algum real motivo para aquela sensação, mas não tive a oportunidade e, se tivesse, não sei se teria coragem.

    – Com licença – uma voz arfante ecoou perto de nós –, eu não quero parecer indelicado, mas acho que seria mais prudente que eu pedisse que vocês se retirassem...
 
    O senhor à nossa frente não aparentava ser nem um pouco grosseiro, como fizera parecer. Trajando uma camisa de botão azul, uma calça preta e sapatos sociais, ele tinha um crachá em volta do pescoço que indicava que era o gerente do local. Apesar dessa informação consideravelmente importante, eu não tinha ideia do motivo para tal pedido, já que eu e Cory não estávamos sequer usando a nossa pista, mesmo que já tivéssemos pagado por isso. Então, eu não julgava ter algum problema.

    Até agora.

    – Mas, por que...

    Antes que Cory pudesse terminar sua indagação, notei que não se tratava apenas de um mal entendido, mas sim de um imprevisto considerável. Conversando e me distraindo com Cory, eu não fora capaz de perceber o que acontecia à nossa volta, mas o local estava barulhento demais e não era à toa. Isolando a nossa pista de uma multidão estranha, havia dois seguranças, funcionário do boliche. Como se eu já não tivesse causado confusão suficiente, pude ver, ao me ajeitar no banco, a porta do local fechada e uma pequena – grande – aglomeração do lado de fora também.

    – Cory... – o interrompi, levemente receosa – Lembra que eu disse que não gostava tanto assim de shoppings pequenos? Então... Tinha um motivo!

    Revirando os olhos, Cory guardou suas gracinhas para si mesmo e fez o que parecia mais adequado: virou-se discretamente para a direção em que eu olhava e... Sua reação não foi tão encorajadora.  Embora eu não esperasse que ele entendesse perfeitamente, sua expressão assustada me desestabilizou um pouco. Mas eu sabia que se não desse conta daquilo, acabaria deixando tudo ir pelo ralo, definitivamente.

    – Hum... O senhor pode nos ajudar a sair daqui, sem machucar ninguém? – pedi, educadamente.
    – Claro, senhorita! – ele sorriu, me fazendo pensar que via algum tipo de diversão no meu sofrimento – Luke e Logan irão acompanhar vocês...
   – Obrigada!

    Em menos de dois segundos, retirei os sapatos do jogo, calçando os meus novamente. Em seguida, apressei-me para chegar até os dois armários – também conhecidos como seguranças – que aguardavam por nós, puxando Cory comigo. Houve um alarde quando eu me aproximei da multidão. Mãos se esticaram em minha direção e eu hesitei antes de tocá-las. Eu sempre sabia o que queria e o que devia fazer nessas situações, mas com Cory ali, eu me sentia mais limitada. Ele era meu amigo há pouco tempo, assim, não tinha como saber com lidar com esses momentos.

   Gritos, conversas altas, risos histéricos, flashes em meu rosto, pedaços de guardanapo esticados em minha direção, um puxão de cabelo que eu tive que relevar por não ser de propósito. A qualquer passo que eu dava, deixava um sorriso, uma fotografia que eu provavelmente saíra horrível, uma assinatura qualquer e – no último caso – meu DNA. Era uma boa coisa. Um pouco claustrofóbica, mas mesmo assim alguns pares de olhos brilhantes faziam meus sentidos saírem dos eixos.

    Depois de um árduo percurso, chegamos a um elevador, no final do boliche – uma saída nem sempre tão utilizada. Como eu pedi, um dos seguranças ficou na porta do mesmo, impedindo que, em um surto de histeria, alguém se machucasse. Enquanto isso, o outro nos acompanhou até o nosso destino final, descendo conosco até o estacionamento. O silêncio ali fazia com que eu me sentisse como um fardo. Cory continuou a apertar a minha mão.

   Ao chegarmos ao andar correto do estacionamento, me surpreendi com o raro vazio presente naquele espaço. Eu sempre saia dessas situações achando que nunca mais iria ver tanto espaço desocupado novamente. Soava dramático, mas em meio a tantas pessoas juntas, meu pensamento realmente fazia sentido.

    Saindo do elevador, agradeci ao gentil segurança que nos acompanhara e dei-lhe uma gorjeta, que eu considerava até pouco se comparado ao seu trabalho. Em seguida, enquanto ele nos observava seguir até o carro, apressei o passo, apenas para trazer novamente alguma sensação de naturalidade e normalidade a Cory e, assim, consequentemente voltarmos a conversar.

    – Você acreditaria se eu dissesse que isso não acontece sempre? – perguntei, encabulada, enquanto afivelávamos os cintos de segurança.
    – (Seu nome), eu achei que fosse morrer! – falou Cory, com um tom parcialmente descrente.
    – Ah, não é para tanto... – miei, tentando convencê-lo – Essa multidão foi até pequena se comparada a outras pela qual eu tive que passar, ok? Sem drama, garoto!
    – Drama? Eu ainda estou com medo de alguma maluca aparecer por aqui, pular em cima do meu carro, quebrar o vidro ou qualquer coisa parecida...
    – Isso não vai acontecer! – suspirei – Os vidros do carro são sombreados. Não dá para saber que eu estou aqui.
   
    Cory me olhou, incrédulo, procurando qualquer vestígio de brincadeira em meus olhos, mas de fato, não havia. Vencido pela verdade, ele virou-se novamente para frente, tacando as mãos sobre o volante e respirando fundo. Eu ainda não havia parado para pensar, mas talvez Cory não estivesse pronto para lidar com isso e nem comigo. Era uma coisa que eu não poderia cobrar dele.

    – Você realmente gosta disso? – perguntou, calmamente, voltando a se virar para mim – Todas essas coisas loucas e multidões... Eu quero dizer, como isso aconteceu? Como esse mundo de gente descobriu onde você estava? Magia? Bruxaria?
    – Cory, a todo lugar que eu vou, sempre tem uma câmera atrás de mim. Seja de um fã, de um paparazzi, de qualquer um. Eu nunca vou me livrar disso e nem sei se quero... – era uma mentira, eu tinha certeza que aquilo era apenas consequência de algo que eu realmente gostava, então me livrar disso não era uma opção – Mas, sinceramente, eu não acho que você deva recuar tanto diante disso, afinal, se esse mundo fosse um pouquinho mais justo, seria você a ser perseguido por fãs e admiradores...
    – O que você que dizer?
    –Você é um estudante de medicina. Você escolheu salvar vidas. Tem noção de que isso é mais do que eu farei em toda a minha vida? Eu admiro você!
    – Salvar vidas... – Cory deu de ombros, mostrando não dar muita importância para o que eu acabara de dizer.
    – Então... – eu não queria insistir naquilo, mas não tinha muitas ideias para mudar de assunto – O fato de eu ter essa vida meio louca muda alguma coisa para você?
    – Claro que sim! – sua expressão ficou tensa por um momento e, depois, voltou a relaxar – Na próxima vez que sairmos, você usará uma máscara!
    – Idiota... – com uma careta, tentei disfarçar a minha felicidade em ter conhecimento de que ele planejava sair comigo outras vezes, apesar de tudo – O senhor deveria saber que isso foi culpa sua! Se você tivesse me levado a Nárnia, nada disso teria acontecido!
    – Pois fique você sabendo, senhorita, que se você não fosse uma famosinha cheia de frescuras, eu teria te levado a um lugar muito mais legal e, com certeza, sem ninguém te reconhecer!
    – Se eu não fosse famosa, ninguém iria me reconhecer mesmo! – reafirmei o óbvio que ele já dissera, sem perceber.
    – Não importa! – suspirou, revirando os olhos – Vou te levar para casa!
    – Hum... Por que você não me leva a esse lugar super misterioso e único, hein? Prove que você está certo, moço! – pedi.
   – (Seu nome), não é o tipo de lugar para você...
    – Tente! – desafiei – Eu posso te surpreender!

    Um pequeno meio sorriso se abriu no canto de sua boca, como se Cory já estivesse esperando por essa oportunidade há muito tempo. Ajeitando-se no banco e olhando para trás, atenciosamente, ele se preparava para nos tirar dali, parecendo realmente satisfeito com isso. Quase pensei em desistir ao notar o modo como ele parecia entusiasmado, mas dar a ele mais um motivo para me achar que tinha razão não parecia muito legal. De qualquer modo, eu não tinha nada a perder mesmo, então... Por que não?

    – Antes de sairmos daqui – começou Cory, ligeiramente misterioso –, eu só queria lembrar que... Foi você quem pediu por isso! 
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Capítulo 19 postado, bbys! (:
Eu já nem deveria estar aqui a esse horário, então tudo rapidinho agora:
1)Eu não tenho previsão de quando postarei o próximo capítulo, mas se a curiosidade apertar, me mandem uma pergunta por DM (no @fallingfordrew) relacionada ao próximo capítulo que eu responderei o que vocês estiverem a fim de saber. Uma pergunta por leitora, só! (:
2) Eu NÃO vou desativar o blog. As demoras para postar são por falta de tempo, muitos compromissos e tudo, mas eu não desativaria do nada. SE isso acontecer, eu farei pelo menos um post dando tchau e explicando o porquê. Então, sem conclusões precipitadas, ok? Ok!
3) Explico tudo detalhadamente no próximo post (:

Boa noite!
 Amo vocês!

09 agosto 2013

4. You Make Me Love You - Capítulo 18



                                    Compromisso de última hora



Belieber's POV

   No meu possível décimo terceiro sonho da noite, um ruído incrivelmente chato para o momento começou a invadir minha mente, fazendo com que as imagens agradáveis, junto a Lucas, que passavam pela minha cabeça, começassem a ficar ligeiramente embaralhadas. Minha primeira reação foi pegar o travesseiro e abafar o som em minha mente, mas não consegui fazê-lo.

   Permaneci deitada, antes de finalmente perceber o motivo pelo qual eu não conseguia me mexer. Havia patas de elefantes em cima de mim. Tudo bem, talvez comparar Chaz com elefantes seja um pouco ofensivo, porque... Qualquer elefante fica parecendo uma manequim de desfile de moda perto das toneladas abusivas do Somers. De qualquer maneira, eu deveria era agradecer muito por não ter sido esmagada durante o sono.

   Com toda a força em meu corpo, empurrei aquele peso absurdo de cima de mim e Chaz gemeu baixinho, se ajeitando melhor sobre o travesseiro abaixo da sua cabeça. Olhando-o se mover na cama, eu me perguntava o motivo para eu estar ali, na mesma cama que ele. Isso definitivamente quebrava alguma regra e com certeza faria com que certa cobra da casa  começasse a arranjar motivos para comentar sobre coisas que não eram e nunca seriam verdades.

    Por cima do barulho de meus pensamentos, eu ainda conseguia ouvir o ruído próximo demais de mim. Felizmente, este ia se clareando, parecendo resultar em uma melodia mais suave que, comigo acordada, ficava mais fácil de ser reconhecida. Era isso que deveria acontecer, mas não foi bem assim, já que eu mal conseguia lembrar meu nome, quanto mais o nome de uma música qualquer. O único lado bom disso é que o som doce tornaria mais provável que eu acabasse caindo em um sono profundo novamente.

    – (Seu nome), atende logo essa porcaria de celular, antes que o faça começar a vibrar em um lugar não tão agradável... – resmungou Chaz, enfiando a cara no travesseiro, bastante mal humorado.

    Sem a menor vontade, tateei o colchão ao meu redor, buscando aquele celular idiota e me odiando profundamente por tê-lo comprado algum dia. Quando o achei, forcei os meus olhos a se abrirem para ver do que se tratava e desejei que eu tivesse apenas jogado o aparelho pela janela. Diferente do que eu esperava, não era um simples alarme que eu colocara e esquecera, não era um defeito bizarro ou qualquer outra coisa justificável. Simplesmente havia um desconhecido tão desalmado a ponto de me ligar àquela hora da manhã.

    Com o celular em mãos, consciente de que aquela não era a primeira ligação feita, me sentei na cama, desistindo do meu maravilhoso sono anterior. Me limitei a me certificar das horas e acabei me assustando ao notar que o relógio na parede à frente indicava que já havia passado do meio-dia. Imediatamente, senti uma onda de desconforto, provocado pela consciência de que eu já havia perdido metade do dia apenas dormindo.

    O celular parou de tocar e, menos de um minuto depois, outra chamada se iniciou. A julgar pela insistência do estranho número deveria ser algo importante. Então, como eu já não tinha mais desculpas e começara a ficar confortada por ter sido acordada assim e, consequentemente, impedida de perder ainda mais horas sonhando, atendi a ligação, aproximando o celular do ouvido, em seguida.

    – Alô? – murmurei, tentando disfarçar minha voz falha.
    – Hã... Com quem eu estou falando?
    – Cory? – me surpreendi.

    A voz dele ecoando novamente no meu ouvido me assustou, justamente por ainda ser tão cedo. Não no sentido de hora do dia, mas em relação ao momento em que eu lhe cedera afinal o número do meu celular. Mesmo que eu esperasse mais que tudo que ele ligasse, não imaginava que seria tão de imediato assim. Definitivamente, estava provado que Cory conseguia cobrir todas as minhas expectativas e ainda parecer surpreendente. O que mais eu poderia querer?

    – (Seu nome), é você mesma? – ele parecia tão surpreso quanto eu.
    – Claro, quem mais seria? – ri, recuperando um pouco do bom humor.
    – Eu sei lá! – ele riu também, suavizando a conversa – Eu ainda tinha suspeitas de que você me passara um número desconhecido para que eu ligasse e depois você pudesse rir da vergonha que eu iria passar.
    – Ei, eu nunca faria isso... – respondi, com um leve tom de ultraje – Mentira, eu faria sim. Na verdade, estou me odiando no momento, por não ter pensado nisso antes!
    – Além disso, sua voz está um pouco diferente. Você está gripada? – perguntou, inocentemente – Ou... Ah, não! Não me diga que eu te acordei, por favor!
    – Claro que não.
    – Sério?
    – Não. – admiti – Mas não se preocupe. Você apenas funcionou como o meu despertador fofo. Eu ainda nem acredito que dormir até tão tarde...
    – Hum... A noite ontem foi boa, não é? – falou, usando um notável tom de provocação.
    – Cala a boca, bobo!

    Na verdade, a noite fora boa mesmo, mas não do jeito que ele estava pensando e nem do jeito que eu preferiria.  Eu estava começando a ficar frustrada com essa situação, porque, embora eu nunca tivesse a necessidade absurda de ficar próxima fisicamente de alguém, eu sou um ser humano. E correspondendo a todas as características deste, eu também tinha uma parcela de safadeza a ser preenchida. Onde estava Lucas Barros, quando necessário?

    – Bom, se não foi tão boa assim, talvez nós possamos consertar isso! – eu já estava começando a entender onde aquilo iria chegar – Eu estava pensando, o que você acha de nós dois...
    – Nos encontrarmos de novo? – completei.
    – Bom, já que você sugere... – riu, fazendo-se de desentendido – Quando você estará disponível, hein, senhorita?
    – Eu não sei. O que você acha de hoje?

    Todas as mulheres do mundo que possuem o mínimo de bom senso seguem a regra clara de nunca parecer disponível demais para qualquer um. Aparentemente, eu não via o real sentido disso tudo, porque quando eu queria muito uma coisa, a expressão “se fazer de difícil” parecia não ter qualquer significado em minha cabeça. E eu julgava isso bem melhor do que ficar fazendo doce como muitas por aí carentes de atenção.

    – Eu acho ótimo! – pelo seu tom de voz imaginei que o mesmo estava sorrindo – Era a minha sugestão inicial, mas eu não tinha certeza se a miss fama estaria livre de compromissos hoje, se é que você me entende...
    – É, eu também considerei essa hipótese de um futuro médico estar ocupado demais com qualquer assunto acadêmico, mas diferente do senhor, eu tenho coragem o suficiente para arriscar, ok?!
    – Tudo bem, dona da coragem. – ironizou – Pode, por favor, me dizer onde eu devo te pegar ou eu vou ter que adivinhar isso também?
    – Onde você deve me pegar? Você quer dizer... Meu endereço?
    – Não, (Seu nome)! Quero saber sobre a trilha até Nárnia... Você sabe onde fica?
    – Querido, não brinque com isso, porque se você pudesse me levar até Nárnia, eu teria que me casar com você! – esclareci a maior verdade da minha vida – Mas, como você ainda não pode, anote aí...

    Cedi o endereço de onde eu estava sem sequer me propor a pensar um pouquinho antes. Eu já estava simplesmente cansada da minha paranoia, cansada do “tenho que pensar” e cansada de ser sempre racional, quando eu não precisava disso. Além disso, eu confiei durante anos em uma garota que traiu a mim assim que teve a chance, então por que não confiar que um gato simpático não iria me sequestrar?

    – Então... – falou, novamente – Estarei aí em duas horas. Tudo bem para você?
    – Ótimo!
    – A propósito, lembre-se de ficar linda, porque eu não posso estragar a minha reputação saindo com uma garota menos que perfeita... – brincou, deixando um pequeno riso escapar ao final.
    – Cory, você deveria era ficar feliz por estar saindo com uma garota, pela primeira vez na sua vida... – provoquei.
    – Cala a boca, (Seu nome)!
    – Vem calar, pegador...
    – Diga isso quando estivermis perto um do outro e você vai ver o que irá acontecer, garota! – ameaçou com um tom mais sedutor que o normal.
    – Falando nisso –falei, ignorando sem querer sua provocação –, aonde você pretende me levar, hein, Cory?
    – Eu já tenho uma ideia, mas é uma surpresa! – cantarolou.
    – Mas... Como eu vou saber o que devo vestir, hein, inteligência pura?
    – Deixa de ser fresca! – me repreendeu calmamente – Veste qualquer coisa, eu não estou te chamando para ser minha acompanhante em alguma premiação. Pode pegar a primeira roupa que achar no armário ou... Sei lá, pode vir até sem roupa, se quiser, porque já me poupa desse trabalho!
    – Idiota!
    – Então, te vejo daqui a algumas horas?
    – Claro! – respondi, voltando a ficar mais animada do que deveria – Um beijo e não se atrase!

    Bastou uma risada, um beijo retribuído e, por fim, encerramos a ligação. Assim que abandonei meu celular em cima da cama novamente, minha ficha caiu. Eu tinha acabado de marcar um encontro com alguém. Não era alguém que eu achasse ter algum interesse além de amizade, mas analisando a situação de um ponto de vista crítico, eu iria sair com alguém que me permitia esquecer tudo o que passara ao meu redor, todos os problemas que eu achava ter e todos os sentimentos que não fossem, no mínimo, felizes.

    Como se não fosse o suficiente, não era um compromisso para o qual eu tivesse que obrigatoriamente parecer a deusa do Olimpo, porque Cory não era superficial. Eu só tinha que estar com ele, não importando como. Esse foi mais um motivo que me levou a fazer o que eu fiz...

    – Chaz, levante agora! Eu preciso da sua ajuda! – berrei, desesperada, me levantando da cama – Eu preciso ficar indescritivelmente maravilhosa em míseras duas horas...
    – Não dá para nascer de novo em um tempo tão curto, (Seu nome)! – gritou de volta, a voz abafada por sua boca estar sobre o travesseiro ainda.

    Seu comportamento imaturo exigia de mim medidas drásticas. Assim, arranquei o cobertor de seu corpo, fazendo o se remexer na cama, berrando alguns milhares de palavrões diferentes. Sem me comover com sua situação, peguei um travesseiro e comecei a lhe bater, utilizando este. Eu sabia dos riscos que eu corria ao fazer aquilo, mas eu realmente estava necessitada de uma opinião importante, ou seja, eu não me importava de ser morta no dia seguinte, se pelo menos pudesse ir me encontrar com Cory, estando minimamente decente.

    – (Seu nome), vai se fud... – berrou, insuportavelmente irritado.
    – Chaz – interrompi, antes que sua grosseria se concretizasse, segurando seu rosto em minhas mãos e me aproximando dele –, eu sei que você deve estar me odiando, mas eu preciso da sua ajuda. Pode parecer fútil, mas eu não saio com ninguém faz muito, muito tempo e, se você fizer isso por mim, eu te dou dinheiro suficiente para contratar trinta strippers!
    – Está tentando me subornar?
    – Está dando certo? – sorri, esperançosa.
    – Isso vai te custar muito mais caro que você pensa. Tanto que eu vou levar um tempo para pensar em algo realmente bom para você fazer por mim... – explicou, com um sutil sorriso malvado.
    – Isso parece perigoso...  Mas, se é isso que basta para você me ajudar, eu assino até um contrato afirmando que vendi minha alma para você! 
    – É bom você saber que eu irei cobrar por isso, mas vamos lá! O que você precisa?
    – Eu quero que você observe eu me trocar cinquenta vezes e então me ajude a decidir o que vestir. Eu preciso desesperadamente de uma opinião masculina...
    – (Seu nome) – sua voz se arrastou demonstrando toda a sua impaciência –, desde quando você se tornou tão fresca, hein? Eu perdi alguma coisa?
    – Desde que eu me esqueci de como é ter uma vida social. Eu não sei mais como é sair com uma pessoa e só ter um pouco de diversão, eu não sei como é não ficar paranoica o tempo todo, tomando conta do que eu digo e do modo como me movo, quando estou perto de um alguém que não quer estar perto de mim. Foi a partir disso que eu passei a ser fresca...

   Eu não pretendia dar qualquer fora em alguém, mas desabafei e foi bom, como se o meu nervosismo esquecesse por minutos seu principal foco e passasse para algo mais voltado para as preocupações de garotas da minha faixa etária. Chaz percebeu isso, mas não fez questão de ressaltar nada ou de entrar em um papo desnecessário. Assim, jogando-se novamente sobre o colchão, ele apenas me olhou de uma forma diferente e sorriu, discreto. Esperava que isso representasse um pouco de satisfação.

    – Vá se vestir, garota...
    – Obrigada! – suspirei.

    Rapidamente, antes que ele mudasse de ideia, sai porta a fora, quase correndo até o meu quarto. Felizmente, não encontrei ninguém que pudesse me atrasar, no corredor. E, assim, logo que cheguei ao meu cômodo, vasculhei todas as minhas peças de roupas e também sapatos, indo do mais casual ao mais formal. Depois de longos minutos, montando combinações diferentes, separei quatro que pareciam mais prováveis da escolha de Chaz.

    Levando aquelas mudas de roupa pelo corredor, eu quase não consegui abrir a porta do quarto do garoto insuportável que esperava por mim. Mas, como eu já deveria saber, ele não parecia tão ansioso para acabar logo com isso, já que se distraia mexendo no meu celular, que em um lapso, eu esquecera em sua cama. Chaz mal pareceu se importar quando eu despejei tudo perto dele e peguei apenas o primeiro modelo, me dirigindo até o banheiro do quarto.

    A minha primeira escolha havia sido um vestido de uma tonalidade clara de rosa de comprimento decente, nem muito justo, mas também não tão largo, que eu usaria com uma meia calça e sapatilha, devido ao frio ameno – e com “ameno”, eu queria dizer que eu poderia congelar, mas iria congelar levemente fofa. Como grande parte dos meus vestidos, este também era tomara que caia e, sinceramente, eu não tinha certeza se iria corresponder ao lugar inesperado em que iríamos. Mas era o Cory e eu tinha uma ligeira impressão de que ele tinha uma imagem de mim como uma garota meiga. Com certeza, eu não queria que isso se perdesse.

   Com certo receio, abandonei o banheiro, caminhando devagar até a frente do meu júri. Este não precisou de muita coisa para me deixar ciente de sua opinião. Logo que seus olhos pairaram sobre mim, Chaz franziu o cenho, parecendo pouco satisfeito com o que vira. Precisei checar discretamente a roupa para me certificar de que não havia nenhuma parte rasgada ou que eu não havia vestido ao contrário.

    – Deixe me adivinhar... Você virou freira? – começou, agressivo – Se fosse para sair comigo e você usasse essa coisinha comportadinha, rosinha e menininha demais acho que eu te dispensava na hora!
    – Tudo bem, já entendi que você não gostou, coisa chata! – miei, escolhendo outro tipo de roupa.
   
    Minha segunda escolha era a mais incomum, que eu só pegara por vontade de passar por todos os estilos possíveis até me decidir. Composto por um top cropped, um short minúsculo de cintura alta e uma bota, que eu nunca usara na vida, que se estendia um pouco além do joelho. Aquilo parecia bastante diferente, não só ao meu ponto de vista, já que Chaz também pareceu se assustar, quando me viu daquele jeito...

    – Tudo bem. Agora está parecendo que você está saindo a trabalho. – suas sobrancelhas de arquearam – Devo perguntar quanto custa o programa ou você faz de graça para amigos e conhecidos?
    – Chaz – tentei ser paciente, embora não fosse tão fácil –, você poderia apenas dizer que não gostou, sabia?
    – Eu sei, mas eu já estou te fazendo um favor... Acho que mereço me divertir um pouquinho também, considerando que você não estipulou nenhuma restrição para isso!
    – Se eu não estivesse realmente precisando, já teria te deixado de lado há muito tempo...

    Chaz riu, satisfeito por estar conseguindo adiantar um dos objetivos da sua vida, que era, sem dúvidas, me irritar até que eu morresse, sem conseguir suportar tamanha implicância. Mas, como dizem, todo auxílio é bem vindo e devemos ser gentis para retribuir isso. Eu só não pensava que era tão difícil assim.

    Sem outra escolha, parti para colocar a terceira tentativa. Esse modelo de vestuário era o mais simples de todos, definitivamente. Consistia apenas em uma calça jeans, um casaco simples roxo e um par de tênis quaisquer. Embora eu precisasse admitir que era o mais confortável de todos, havia uma boa chance de Cory ficar traumatizado com a minha falta de interesse em assuntos relacionamentos a beleza. Aliás, foi uma hipótese confirmada, após notar que nem o Chaz – repito, o Chaz! – aprovou esse...

    – (Seu nome)... Você está vestida quase igual a mim e, acredite, isso definitivamente não é uma coisa boa para você! – ele suspirou, dando-me a primeira resposta não exageradamente irônica do dia.
    – Ah, droga! – resmunguei, sentindo um belo inicio de frustração – Olha, esse é último modelo que eu separei. Se não ficar bom dessa vez, eu ligo para o Cory e digo que, sei lá, estou passando mal!
    – Hum, bom saber...

    Apesar do pessimismo de Chaz, eu sabia que o quarto e último modelo era definitivamente o meu favorito, embora eu ainda tivesse dúvidas se deveria ou não usar algo inteiramente eu. Mas vesti cada peça com viva felicidade, sentindo um frio contínuo na barriga, lembrando-me do programa inusitado que caiu sobre o meu colo. Uma blusa branca levinha, um cardigan preto aberto, uma saia de um tom bastante claro de rosa e uma bota sem salto apreciam perfeitas, mesmo que a última fizesse eu me sentir uma Taylor Swift da vida!

    Ainda assim, me senti meio intimidada ao retornar ao quarto e encontrar Chaz, agora sentado, ocupando-se a dobrar as peças de roupa que eu deixara jogadas. Porém, logo que dei meus primeiros passos em sua direção, notei ter sua total atenção. Mais do que isso, sua expressão não se fechou ou parecer conter qualquer tipo de desagrado. Havia chances de eu estar errada, mas isso significava algo possivelmente agradável, principalmente se comparado às reações anteriores.

    – Isso parece definitivamente bom! – ele sorriu, enquanto olhava carinhosamente para mim – Olhando para você desse jeito, eu sinto como se tivesse entrado em uma máquina do tempo e estivesse de frente para aquela garota insatisfeita que entrou nessa casa anos atrás e, intrometida como só ela, bagunçou para melhor a minha vida...

    Aquele era, sem dúvidas, um dos melhores elogios que eu já ouvira na vida!

    – Então, acho que devo ir com esse, não é? – indaguei, embora não restassem mais perguntas.
    – Se você não for com esse, não precisa nem ir! – repreendeu-me, gentilmente.
    – Acho que é melhor eu começar a me arrumar... – suspirei, enquanto retornava ao banheiro – E, Chaz... Obrigada! Não só por ter sido paciente e um bom juiz, mas, principalmente, por você ser você.
    – Eu estou aqui para isso, senhorita! – retrucou, utilizando um tom raramente doce – Mas, aparentemente, meus serviços já não são mais necessários. Então, se não há nada mais a fazer, vou me retirar para tomar café. Você vem comigo?
    – Na verdade, não. – recusei, apesar de sentir o estômago roncar baixinho – Vou começar a me arrumar, antes que eu acabe atrasada. Eu como algo quando sair. Aliás, aproveitando que eu estou por aqui, posso me vestir no seu quarto?
    – Fique à vontade – orientou –, porque eu não vou voltar tão cedo. Tenho um encontro marcado com a geladeira, mas, por favor, não conte à Caitlin!

    Ri de sua bobeira espontânea, enquanto Chaz deixava o quarto, fechando a porta com força violenta. Sinceramente, eu já começara a notar que conviver com esse garoto estava me deixando ainda mais boba. Na companhia dele, eu me tornava uma pessoa de riso fácil e, mesmo que eu não imaginasse se isso era bom ou ruim, não era algo que eu queria definir.

    Me lembrando do horário que tinha para cumprir, peguei uma toalha no armário e retornei ao banheiro, onde me despi novamente. Perdendo alguns longos minutos para ajeitar a temperatura perfeita da água, eu notava que não era tão boa em cronometrar o tempo. Assim, me desliguei, deixando que os pingos quentes deslizassem pelo meu rosto e me deixassem imaginando o que iria acontecer a partir do momento que eu deixaria aquela casa. Eu estava me sentindo como uma pré-adolescente prestes a dar o seu primeiro beijo. Tudo bem, essa foi a pior analogia que eu já fiz na vida....

    Depois de um banho suficientemente longo, desliguei o chuveiro e fiquei observando enquanto as pequenas gotas de água escorriam pelos vidros do limite do boxe. Durante o tempo em que percorri a toalha pelo meu corpo, secando-o, tentei acalmar a mim mesma e reforçar a ideia de que aquele era mais um evento comum do cotidiano. Concluída essa etapa, vesti novamente as peças de roupa escolhidas e deixei o banheiro, partindo para o quarto, onde calcei as botas, por fim.

    Devidamente vestida, deixei o cômodo, levando comigo apenas meu celular e as roupas que eu largara por lá. Ainda assim, foram os primeiro itens que abandonei, após chegar ao meu quarto. No momento, a única coisa que me importava era dar um jeito no meu rosto e no meu cabelo, que pareciam ter entrado em um briga com a minha paciência. Apesar de eu já ter me acostumado com esse tipo de dilema, me desesperei a começar a secar e pentear meu cabelo, esperando que por milagre eu tivesse a mesma habilidade que os profissionais que sempre cuidavam das minhas madeixas.

    Eu já havia conseguido ajeitar meus fios e já estava no meio de uma maquiagem simples, quando meu celular começou a vibrar em cima da estante. Sem a mínima vontade de interromper minha concentração e com medo do que poderia ser, terminei de passar o rímel rapidamente e, então, peguei o celular em mãos, cedendo à minha curiosidade. Era uma mensagem de Cory...

    “Hey, eu já estou quase chegando! Você está pronta?”

    Eu nem sequer pensei em responder, sentindo-me mais perdida do que geralmente era. Assim, apenas terminei de passar um batom, peguei uma pequena bolsa – que caia bem com o resto do que eu usava –, onde coloquei algumas notas, meu celular e ainda alguns outros pertences que julguei necessários, em determinadas situações. Feito isso, não havia mais tempo a perder, eu estava definitivamente pronta. Finalmente!

    Apressada, sai pela porta do quarto, descendo as escadas rapidamente. No primeiro andar, Pattie e Chaz conversavam, enquanto o último comia um pacote de biscoitos doces entre as palavras. Não pude deixar de perceber casualmente que a morena estava com roupas um pouco mais arrumadas e aparentava um leve cansaço. Era irônico pensar que ela já havia saído e feito milhares de coisas, enquanto eu apenas dormira, aproveitando do tempo vazio que eu tinha.

    – Amores da minha vida – suspirei, passando por eles rapidamente –, eu estou saindo! Eu ficarei bem, mas não esperem por mim...
    – Eu deveria perguntar onde a senhorita está indo – começou Pattie, utilizando um tom mais sério do que o natural, embora seus olhos estivessem amenos –, mas confio em você! Divirta-se!  
    – Tome cuidado, hein, (Seu nome)?! – aconselhou Chaz, me olhando de cima a baixo.

    Logo, com um riso e um beijo mandado ao longe, eu me despedi, deixando a casa, afinal. Quando eu já estava no meio do jardim, caminhando devagar e sentindo o vento gélido ao redor do meu corpo, notei ao longe um carro vermelho e bonito estacionando na rua à frente. Em um jato de animação, apressei o passo o máximo possível, quase correndo, como uma criança indo até uma loja de doces. A diferença era que Cory era milhares de vezes melhor do que um pote de balas!

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Capítulo 18, baby! (:
   Eu sei que esse capítulo está bem simplório é tudo mais, mas por enquanto é só. ACHO, na minha percepção, que o capítulo irá compensar esse (até, porque ele é mais grandinho, embora não esteja pronto), mas, infelizmente, ele só deve ser postado final de semana que vem. Eu sei, eu sei que vai demorar bastante, mas, meninas, é muita coisa para eu dar conta. Eu estou em semana de provas/testes/trabalhos; tenho que escrever capítulos (coisa que eu faço entre aulas, rs); trabalhar naquele pequeno "projeto" que eu contei a vocês e tentar - sem sucesso - ter alguma vida social... Daí complica!
    De qualquer forma, durante a semana, vocês podem ir dando uma olhada na fic das leitoras daqui e a de hoje é da Maria Graziela: (lembrem-se de ler, comentar e seguir, porque não tira pedaço e faz muito bem ao coraçãozinho carente de um autor).

  Então, é isso! Vejo vocês em 1 semana (:
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