31 março 2013

4. You Make Me Love You - Capítulo 7


Romances cinematográficos



Belieber's POV

  
Já passavam das 16 horas e eu estava completamente entediada. Simplesmente, não havia feito nada o dia inteiro, exceto ajudar Pattie na cozinha, junto a Manuela – o que me rendeu um pequeno corte no dedo –, e também brincar com as crianças. Enquanto isso, os garotos ficaram se distraindo com qualquer besteira masculina, já que Jeremy pretendia ir embora mais tarde.

   Mas eu já estava no conforto do meu quarto, enchendo algumas bexigas coloridas e tentando prestar atenção em um filme novo do gênero comédia romântica. Ironicamente, o filme falava sobre duas amigas que se desentendiam (ou seja, se estapeavam em várias cenas), porque uma roubara o namorado da outra. Mas continuava sendo um filme. Sabendo disso, era óbvio que o cara não seria certo para nenhuma das duas, ambas perceberiam isso, parariam de brigar pelo idiota, permaneceriam amigas e, no final, se casariam com dois homens ainda mais lindos e perfeitos que o canalha inicial e viveriam felizes para sempre.

   Infelizmente, eu não vivia em um filme, o que significava que não tinha tantas chances de conquistar um final clichê e feliz. Para falar a verdade, a maior diferença entre a minha vida e a das personagens é que eu – até alguns meses atrás – tinha total certeza de que Justin era o cara certo para mim. Não era uma ilusão de adolescente, era todo o meu coração me dizendo que eu tinha encontrado o homem da minha vida. Era inacreditável pensar que eu pudesse estar enganada durante todo esse tempo.

   A coisa mais fora do lugar em toda essa história era definitivamente Manuela. Embora Justin também tivesse metade da culpa, ele tinha a ótima desculpa do acidente, mas ela não partilhava da mesma situação. Dizer que minha antiga melhor amiga roubou meu namorado sem qualquer motivo aparente me fazia soar incrivelmente louca, mas era exatamente a verdade. Passaram-se anos sem que Manu ao menos demonstrasse qualquer interesse em Justin, além de admiração por seu trabalho. Como as coisas poderiam mudar assim de uma hora para outra? Como em um dia, ela estava rindo e agindo como amiga dos dois lados e, no outro, estava enfiando a língua na boca do garoto da minha vida, na sala de estar?

   Pensar nesse episódio me deixou ligeiramente nauseada. Parecia que todas as imagens horripilantes daquele dia haviam retornado às minhas lembranças como se tivesse acabado de acontecer – talvez, porque realmente acontecia o tempo inteiro. Mas, daquela vez, fora pior, porque fora a primeira – primeira de muitas. Eu ainda não tinha conhecimento se fora a primeira vez que acontecera ou a primeira que eu tinha conseguido presenciar. De uma maneira ou de outra, ainda parecia muito pior do que deveria ser...

   O filme de romance sem graça já havia começado há certo tempo e até o momento não chegara a nenhuma parte que conseguisse prender minha atenção. Na companhia apenas de Justin e Manuela, eu esperava impacientemente que Christian saísse do quarto e animasse um pouco as coisas, até porque Alfredo estava dormindo e Caitlin estava falando com Chaz, o que me fizera perder as esperanças de que ela voltaria à sala, antes de duas horas de papo ao celular.

   Assim, permaneci sozinha com Justin e Manuela, que estava entre nós dois e um pouco mais próximo do primeiro do que de mim. Se fosse um outro momento, eu não ficaria tão preocupada com esse detalhe supostamente banal. Porém, com as palavras daquela conversa, que ela tivera com o Ryan, ainda em minha cabeça era difícil não ficar tão paranoica quanto a essa proximidade desagradável.

   Fazia dois dias desde que Ryan havia voltado para sua casa e seus afazeres rotineiros, dando a Justin uma desculpa qualquer. A pior parte disso tudo era que ele amava tanto a Manu, que não se prestara a contar sobre seu relacionamento que havia terminado para seu amigo, que indiretamente era o motivador disso. Ryan amava tanto Manuela, que era capaz de fazer o que estivesse ao seu alcance para que ela ficasse feliz, mesmo que não fosse com ele. E a idiota nem sequer percebera ou ligara para isso.

   Infelizmente, eu não estava aguentando mais aquelas palavras em minha cabeça somadas à cena entre os dois ao meu lado. Embora, deixá-los sozinhos não fosse o meu desejo número um, vomitar na sala de estar não parecia muito educado. Mas se eu continuasse ali entre a parte melosa do filme romântico ou o momento amigável até demais entre a minha companhia, sem qualquer outra pessoa interessante para me distrair, eu, com certeza, iria acabar colocando meu lanche para fora.

   Me levantei do lugar em que estava sem chamar muita atenção, mesmo sabendo que provavelmente eu não faria isso nem se sambasse na sala, acompanhada de um carro alegórico. Devagar, subi pelas escadas, tentando ser o mais silenciosa possível, afinal já era noite e parte da casa dormia. Assim, pé ante pé, cheguei ao quarto em que Chris estava ficando, desde que chegara, e abri a porta do mesmo lentamente.

   Diferente do que eu esperava, Christian estava sentado na cama, mexendo em seu notebook, extremamente concentrado no que aparecia na tela. Felizmente, no instante em que coloquei o pé dentro do quarto, seus olhos encontraram os meus, que trazia claros sinais de censura. Meu olhar carregava todas as perguntas e acusações que o curto intervalo de tempo ainda não me permitira fazer. Ainda.

   “Christian, o que você ainda está fazendo aqui?”, soltei, controlando minha reprovação, já que ele não tinha muita relação com o real problema. “Pensei ter ouvido você dizer que estaria descendo para ver o filme conosco ‘daqui a alguns minutos’, lembra?”
   “Eu disse isso, não é?”, ele riu, ligeiramente sem graça. “Mas... Eu achei um novo site de videogames, que vende jogos terríveis de achar e por um preço infinitamente melhor do que em muitos outros. Então, eu decidi fazer algumas novas aquisições. O que você acha?”

   Minhas sobrancelhas se arquearam quase involuntariamente, diante da minha surpresa em relação à banalidade do que ele estava fazendo. Ao contrário de mim, Chris parecia completamente satisfeito com sua ação simplória. Isso só ficou ainda mais em evidência, quando ele voltou a ignorar minha presença e a dirigir sua atenção direta e unicamente às compras que fazia.

   “Então, você não vem mesmo?”
   “Você faz muita questão que eu assista?”, indagou ele, voltando a se virar para mim. “Porque... Bom, é um filme sem graça de amorzinho, onde tem a protagonista tapada que se apaixona pelo galã ,e direta ou indiretamente, paga pau para ele durante todas as duas horas intermináveis. Às vezes,é  o cara que fica todo bobo pela menina, mas o final é sempre o mesmo. Quero dizer... Isso não é o tipo de coisa que você preferiria ver com a Caitlin? Vocês veriam, se emocionariam com qualquer cena boba e fingiriam que não estão quase chorando. Não é assim que funciona?”

   Na vida de um homem, sempre há um momento em que ele fica prestes a ter seu rosto esfregado no chão por uma mulher e, bem, esse com certeza foi o momento de Chris. Era definitivamente uma calúnia dizer que eu chorava com qualquer filme ou cena estupidamente romântica. Em geral, eu não era tão sensível e derretida assim, então meus momentos de lágrimas se resumiam a filmes dramáticos ou mortes de personagens, de algum modo, apaixonantes.

   “Primeiro, não. Não é assim que funciona, ok, senhor sabe-tudo?”, resmunguei. “E, segundo, Caitlin está falando com Chaz ao telefone. Ou seja, isso significa que um meteoro poderia cair sobre a minha cabeça agora e ela nem se importaria...”
   “Isso é uma verdade incontestável!”, concordou Chris, com os olhos presos em qualquer palhaçada na tela do notebook, novamente.
   “Eu sei. E, bom, estando ela conversando com Chaz, eu pensei que você não fosse se importar, mas... Parece que você prefere ficar vendo esses joguinhos de crianças...”
   “Ei, eles não são joguinhos de criança, ok?”, interrompeu-me. “Vários adultos maduros e íntegros, como eu, utilizam de videogames para relaxar e se livrar de toda a tensão depois de um dia longo e duro de trabalho, sabia?”
   “Ah, sim. Acredito!”, ironizei. “Aliás, quem não respeitaria um homem maduro como você, matando alguns zumbis em uma tela, nas horas vagas?”

   Christian revirou os olhos para a minha ironia e recomeçou a digitar qualquer coisa no teclado, embora ainda estivesse atento à minha presença. Felizmente, enquanto isso, eu continuava pensando, em silêncio, em uma maneira de convencê-lo. Afinal, eu não podia deixar Justin e Manuela sozinhos – esse curto tempo que eu estava dando já parecia demais –, assim como também não podia prestar atenção naquele filmezinho idiota. Não havia outra opção, Chris tinha que vir comigo nem que eu precisasse amarrá-lo e tapar sua boca para ninguém ouvisse possíveis gritos.

   “Eu sinto tanta falta da época em que você gostava mesmo de mim...”, dramatizei com um suspiro.
   “E lá vamos nós de novo!”, Chris colocou o notebook de lado, afundando a cabeça sobre o colchão. “Por que e como você sempre faz isso?”
   “Isso o quê?”, perguntei, começando a considerar a ideia de desistir e retornar ao meu quarto, pronta para dormir, sem me importar com o que pudesse acontecer entre os dois na sala de estar.
   “Esse negócio de convencer todo mundo com olhos suplicantes, um biquinho triste e uma voz melosa...”, informou, pausadamente. “Como você faz isso, hein?”
   “Na verdade, eu não sei, apenas acontece. E, na maioria das vezes, parece dar mais certo do que eu pensava precisar!”, admiti. “Então, funcionou, dessa vez?”
   “Pode ir na frente, que eu vou só confirmar mais essa compra e já desço para ver o filme com vocês, ok, chata?”, ele riu de uma forma fofa, que me fez ter certeza que minha pequena chantagem emocional estava perdoada.
   “Muito obrigada!”, respondi, radiante. “Eu fico muito feliz mesmo em ouvir isso! Vou ficar te devendo um favor, ok?”

   Beijei Christian na bochecha, suavemente, ainda sorrindo, antes de sair do quarto, pedindo que ele não demorasse. Eu tinha consciência de que com uma companhia que se lembrasse da minha presença, seria mais fácil manter a vigilância em Justin e Manuela um pouco mais discreta. Afinal, mesmo que eu estivesse me tornando uma perseguidora psicótica, não queria que ninguém desconfiasse disso...

   Estava descendo as escadas devagar, esperando que Chris me encontrasse logo no caminho, antes que eu precisasse realmente voltar até lá completamente sozinha, parecendo uma idiota. Porém, não precisei terminar meu caminho ou me manter na esperar. De repente, quando eu já chegara aos últimos degraus, com uma perfeita vista para a sala de estar, meu estômago embrulhou de uma tal forma, que a única coisa que eu pude fazer foi ficar imóvel, exatamente onde estava.

   Naquele momento, eu tive certeza de que estava diante da pior cena que eu já vira em toda a minha existência. Minha melhor amiga(?) estava simplesmente se agarrando no sofá com meu ex-namorado – eu ainda não o tinha definido assim, mas depois disso, parecia que era passado mesmo. Isso não era uma violação de alguma regra? Amiga e namorado da outra não soava... Ilegal? Algum tipo de crime federal, que fará com que policiais viessem até aqui se eu denunciá-los?

   Se não fosse, não teria problema. Porque eu ainda podia ligar para a polícia e denunciar um homicídio, já que no exato segundo eu sentia  toda a minha vida se esvaindo para fora do meu corpo.

   Fiquei mais alguns longos minutos encarando aquela cena incrivelmente dolorosa e humilhante, sem realmente acreditar que estava acontecendo bem ali, diante de mim. A minha ficha demorou a cair até que eu percebesse que não era um pesadelo ou ilusão. Estava acontecendo. Meus sentidos estavam parando de funcionar, enquanto eu assistia o romance idiota entre as pessoas que eu mais amava no mundo – e que, com certeza, não deveriam se amar.

   Eu nem tinha ideia de quanto tempo havia se passado desde que eu parara ali na escada, mas durante todo esse intervalo, os dois não se desgrudaram um só segundo. Pelo contrário, o beijo só parecia que ia ficando mais intenso e, talvez, apaixonado – mas eu esperava estar errada sobre essa parte –, como se eles estivessem reprimindo essa vontade há muito tempo. E, ironicamente, no meio disso tudo, a única que estava sentindo o ar faltar era eu.

   Suspirei, sem a menor vontade de ter um ataque de choro bem ali. Estava doendo? Muito. Eu estava decepcionada? Estava. Havia uma vagabunda, que eu chamava de amiga e sabia bem o que eu estava passando, enfiando a língua de cobra na boca do garoto que eu amava? Havia. Mas, alguma estúpida frase de autoajuda ficara martelando na minha cabeça que eu era superior a eles. Eu tinha certeza de que não era verdade, mas, ainda assim, a última coisa que eu queria era chamar a atenção alheia com um choro desesperado e fazer com que Justin se sentisse ainda mais desconfortável com a minha presença.

   Em silêncio, mas tropeçando nos próprios pés, eu retornei pelo mesmo caminho que havia vindo. Porém, ao chegar ao corredor, Christian já estava ali, pronto para descer até a sala de estar e ver filmes, como eu insistira tanto para que ele o fizesse. Felizmente, eu ainda havia conseguido me manter íntegra o suficiente para formular uma desculpa, no mínimo, convincente, que o impedisse de ver a minha derrota.

   “Ei, eu já estou indo!”, falou Chris, afinal. “Não precisava vir até aqui para ter certeza, ok? Eu disse que iria, não disse?”
   “Eu sei!”, ri, sem a menor vontade. “Mas eu não acho que deva. Quero dizer... Eu voltei para lá e, bom, estava em uma parte do filme tão melosa, que me deu vontade de vomitar. Na verdade, acho que ainda estou enjoada. Você tinha razão! Não era exatamente um bom filme. Com certeza, você ganhará muito mais indo terminar de comprar seus jogos na internet. Pode ir! Eu não me importo...”
   “Tem certeza?”, perguntou, parecendo ligeiramente desconfiado, o que me preocupou um pouco. Eu não precisava que ninguém me interrogasse por qualquer motivo. “Porque eu não me importo de assistir com você...”
   “Não. Eu estou falando sério...”, continuei com a minha mentira. “Na verdade, acho que passei tanto tempo tentando te convencer, que acabei ficando cansada. Eu estou morrendo de sono e o único lugar para onde irei, agora, é para a cama!”
   “Então... Eu acho melhor você ir dormir, porque há sempre um amanhã para nos deixar ainda mais cansados!”, acho que ele tentou ser engraçado, mas não deu muito certo. Não, para mim. “E eu irei voltar para a internet!”
   “Boas compras!”, sorri.
   “Boa noite!”

   Foi um alívio quando a conversa finalmente acabou e eu pude seguir, apressada e discretamente, para o meu quarto. Obviamente, eu me senti um pouco culpada por ter insistido tanto para Chris para de fazer o que lhe importava para ficar na sala comigo e depois voltar atrás nessa decisão, mas, apesar disso, eu também suspeitava de que não seria nada agradável para ele também ter que ficar ali, enquanto Justin engolia a Manuela. Ou, talvez, permanecer ali, enquanto eu iniciava minha carreira de assassina.

   Assim que a porta do quarto bateu, fechando-se, eu desabei. Sentada encolhida no chão, eu mordia o lábio o mais forte possível, tentando ainda permanecer forte, mas começando a sentir gotas deslizarem pelo meu rosto, contra a minha vontade. Eu definitivamente não estava a fim de chorar, não mais. As últimas semanas se resumiram a lagrimas – o que fez minha aparência ficar horrível –, como se eu fosse alguma espécie de colegial mimada. Mas não era como algo que eu pudesse controlar. Antigamente, havia coisas ruins, porém estas vinham devagar, uma de cada vez. Eu não entendo o porquê, mas o mundo resolveu desabar na minha cabeça todo de uma vez, como um grande apocalipse.

   Desisti.

   Deixei que todos os meus impulsos de choro se libertassem, enquanto eu continuava quietinha, no canto. Aparência e julgamentos não importavam. A única coisa que eu conseguia sentir e que parecia importante era o pedaço faltante do meu coração, que a cada mísero segundo parecia fazer ainda mais falta. Mas não deveria fazer diferença, afinal, parecia ser apenas uma daquelas partes que faz com que seja possível confiar nas pessoas. Meu sangue continua sendo bombeado para o resto do corpo, o que significava que o universo queria que eu continue vivendo essa realidade desprezível, com que tinha que lidar...


   A bexiga roxa estourou em meu rosto, antes que eu pudesse me afogar mais e mais em lembranças dolorosas e começar a chorar, “sem motivo”. De volta ao que acontecia ao meu redor – que não era muito melhor que o passado –, o filme já estava chegando ao clímax, quando as duas amigas planejavam uma maneira de se vingar do cafajeste por quem acharam estar apaixonada anteriormente.

   Era uma cena incrivelmente estúpida, simplesmente porque eu não era capaz de fazer isso. Eu era pamonha o suficiente para tentar aguentar todas as situações humilhantes até hoje, toda a repulsa inexplicável do Justin por mim, todo o lado vadia da Manuela, sem ao menos conseguir me entreter com uma vingança básica. Na verdade, esse tipo de atitude é um pouco característico de novela demais, mas na televisão, a sensação de estar vingada parece terrivelmente satisfatória.

   Ainda assim, tentar revidar de uma maneira pior não adiantaria para mim, não me daria o que eu realmente desejava. Eu queria respostas para todas as questões em minha cabeça. Queria a minha rotina de shows e autógrafos, com a consciência de que eu tinha um Justin que me amava do outro lado do oceano. Queria sentir que a vida poderia fazer outra coisa, além de esfregar todos os seus sonhos e ilusões no chão. E, acima dessas coisas, queria minha melhor amiga e meu namorado de volta, exatamente como eu me lembrava, antes desse acidente bagunçar minha realidade.

   Aliás, a Manuela era definitivamente o maior ponto de interrogação nessa história toda. Eu poderia pensar por horas, mas não chegaria a uma conclusão plausível que justificasse todas as suas atitudes, desde que ela chegara aqui para ficar com Justin. Por mais que eu refletisse sobre diversos motivos que ela teria para agir de maneira estranha, a única coisa que eu conseguia obter eram mais perguntas.

   E, talvez, já esteja na hora de me preocupar em responder alguma delas... 
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Capítulo 7, minhas lindas!

  Então, primeiro de tudo, eu sei que teve uma leitora maravilhosa daqui que me pediu para divulgar o blog dela há um tempinho atrás e eu esqueci. Eu vou procurar pelos comentários e divulgo no próximo capítulo, ok, linda? :)
   E, segundo, eu prometi dedicar esse capítulo para a minha sister linda (Rafaela), porém é Páscoa. E eu não gosto de dedicar capítulos para uma pessoa só em datas especiais. Então, eu vou deixar para próximo, porque o capítulo de hoje é dedicado para todas as minhas leitoras lindas e maravilhosas, que eu amo demais, demais, demais!

   Enfim, por hoje, é só! Eu espero que tenham gostado do capítulo e...

Feliz Páscoa!
  Hahaha, não comam muito chocolate, porque engorda e dá espinhas... Ou, faça como eu: coma muito chocolate e compre um bom creme contra oleosidade para o rosto! kopsakosapspaksaksk Mentira, gente. Comam chocolate, porque é muito bom e, na medida certa, faz bem (é verdade!), mas não exagerem, porque eu quero todas vocês super saudáveis e felizes hahahaha Se cuidem! Eu amo vocês!

27 março 2013

4. You Make Me Love You - Capítulo 6



Decisões ao vento


Belieber's POV

  
Corri para o meu quarto no exato momento em que chegamos em casa. Felizmente, Jeremy assegurou que eu não precisava me incomodar, que ele levaria Jazmyn e Jaxon – já adormecidos há muito tempo – para a cama, sem problemas. Eu teria insistido mais um pouco, mas já estava completamente cansada, morrendo de vontade de cair na minha cama e permanecer lá por muito tempo. Além disso, eu estava começando a ter a impressão de que Jeremy achava que queríamos tirar seus filhos dele, devido ao enorme tempo em que passamos sozinhos com aqueles dois amorzinhos.

   Não precisei passar pela cozinha, pois o lanche que fizéramos no caminho de casa ainda parecia me encher por completo. Aliás, eu precisava urgentemente parar com essa falta de cuidado. Alimentação ruim e falta de exercícios não parecia uma combinação muito boa para fazer. Porém, a julgar por minha situação atual, eu ando fugindo do que parece certo.
 
    Fechei a porta do quarto suavemente, sem a menor vontade de chamar qualquer tipo de atenção. O único mimo que eu precisava no momento era a minha cama cheia de almofadas e lençóis confortáveis. Mas até o meu quarto parecia querer me negar isso, já que ele fazia o favor de permanecer desarrumado como eu o deixara. A questão é: por que ainda não inventaram um quarto com objetos e móveis que se arrumem e voltem para o seus lugares sozinhos?

   Não precisei me esforçar para ignorar a bagunça, embora não fosse agradável. Ligada no modo automático, passei pela falta de organização como se fosse algo usual, peguei um pijama qualquer no armário, segui para o banheiro para tomar meu banho e me arrumei para dormir, feliz da vida por já poder afinal descansar.

   Obviamente, todo esse processo não aconteceu tão rápido quanto eu gostaria, até porque eu fiquei enrolando para sair da frente do espelho na hora de me vestir. Por motivos de anormalidade profunda, eu aparentemente adorava ficar analisando meu reflexo, apenas para achar defeitos em mim mesma, como se a minha vida já não estivesse um lixo o suficiente. Eu realmente preciso marcar uma consulta em um psicólogo, porque devo sofrer de algum grave distúrbio bizarro...

   Suspirei ao sentar na cama, me acomodando suavemente e jogando os lençóis por cima do meu corpo quase congelado. Infelizmente, por mais que eu me revirasse e me encolhesse sobre o colchão, era impossível achar uma posição confortável ou mesmo fugir do frio cortante, embora o aquecedor estivesse ligado. Onde eu aperto para me teletransportar para o verão quente do Brasil, hein?

   Foi só após longos minutos me revirando freneticamente que notei que o frio era o menor dos meus problemas. Não era culpa da temperatura ou do colchão perfeitamente novo. O culpado era meu próprio cérebro, que estava deixando meus pensamentos se embaralharem como um carretel de linha. Realmente, era só o que me faltava: estar cansada, mas ter uma crise idiota de insônia por culpa do Justin...

   Levantei do meu canto, completamente impaciente. Resmungando para mim mesma, calcei minhas pantufas, pronta para sair daquele cômodo que deveria servir para me fazer adormecer. Antes – é claro – fiz uma parada para remexer na última gaveta da minha penteadeira, onde peguei um dos milhares de cremes que ali ficavam.

   Enquanto me arrastava pelo corredor, senti uma leve insatisfação comigo mesma por estar fazendo isso mais uma vez. Mas eu sabia que era melhor do que ficar chata e resmungona sozinha. Além disso, eu precisava falar e ele parecia ser a única pessoa disposta a ouvir. E mesmo que não fosse, eu o obrigaria a isso, afinal era algo que ele me devia. Para ser mais especifica, ele me devia uns duzentos dólares de conversa e compreensão.

   Abri a porta do quarto de Chaz sem cuidado nenhum, com a intenção de assustá-lo. Mas não deu tão certo assim, já que o lugar estava completamente vazio. A julgar pelo barulho contínuo de pingos caindo que ecoava além da porta do banheiro, ele estava tomando banho. Embora eu não estivesse com muita paciência, não havia muitas opções além de esperar.

   Durante longos e incontáveis minutos que passei aguardando, sentada sozinha na cama,  examinei o quarto em que estava. Era como qualquer um dos cômodos idênticos, a não ser pelo detalhe mais fofo que eu já vira pela casa inteira. Em cima de uma das mesas de cabeceira, havia um perto retrato eletrônico, onde passava uma apresentação de slides de fotos do Chaz e Caitlin juntos. Eles pareciam o casal mais perfeito do mundo em todas...

   Não eram poucas as vezes em que eu sentia falta da pequena fada que era Caitlin, principalmente porque, depois daquelas férias, eu nunca passei tanto tempo com ela. Mas ainda assim ela soava como tão especial para mim que era impossível não imaginar como seria bom se ela estivesse aqui. Afinal, Cait sempre procurava me apoiar de alguma forma, assim como fizera no começo da minha carreira ao se esforçar para estar presente nos primeiros shows da minha primeira – e até agora única – turnê. Definitivamente, Caitlin Beadles era uma princesa!       
   – O que você está fazendo aqui? – a voz de Chaz ecoou em algum canto do quarto, tirando-me de meus pensamentos.
   – Vim procurar você, afinal eu nem tive tempo de te perturbar hoje, já que você se esforçou para fazer isso comigo o dia todo... – expliquei.
   – Bom, da próxima vez, pense em me esperar lá na sala e me mandar uma mensagem avisando, porque não é sempre que eu saio do banheiro vestido! – avisou, sério.
   – Ai, meu Deus! – arfei – Bom, eu vou me lembrar disso da próxima vez e também seria bom se você fechasse a porta nessas situações...
   – É o meu quarto, ou seja, meu reino. Aqui, eu sou o rei e você, uma mera súdita. Eu não preciso te obedecer!

   Chaz se dirigiu até mim, sentando-se ao meu lado. Sua rapidez ao me dar atenção, fez com que eu desistisse de acabar com sua ilusão sobre ser rei e todo o falatório idiota, que lhe dava um pouquinho de razão no momento. Calado, ele me fitava, esperando que eu começasse a falar sobre o motivo de tê-lo procurando e foi exatamente o que eu fiz, balançando o potinho de creme para pés que eu segurava. Bom, não era bem verdade que eu tinha ido ali só para isso, mas parecia convincente...

   – Você não pode estar falando sério, não é? – lamentou Chaz, após ler o rótulo do produto.
   – Estou. – afirmei – E nem venha tentar fugir da sua obrigação, porque eu te avisei quando ainda estávamos jogando aquele treco idiota. Aliás, eu te impedi de perder muito dinheiro, então você me deve um favor... Pode começar!
   – Você vai jogar essa aposta na minha cara para o resto da vida, não vai? Já posso até imaginar... – ele pigarreou, rapidamente, mudando o tom de voz – “Ei, Chaz, é o seguinte... Preciso de alguém para cuidar dos meus netos hoje e como você está me devendo ainda por aquele dinheiro que eu te impedi de perder... Bom, você vai ficar com eles, ok?”.
   – Provavelmente, vai ser bem assim mesmo! – concordei – Porém, isso é no futuro. Por agora, eu quero só que você massageie meus pés. Vai demorar muito?
   – Bom, pode descer do trono, princesinha, porque eu não farei isso! Eu tenho cara de pedicure, por acaso?
   – Chaz, sabe quantas pessoas morreriam para poder tocar nos meus pés? E eu estou te dando essa oportunidade! Além disso, eu estou usando pantufas fofas... – insisti – Aliás, é o mínimo que você pode fazer, depois de me ter feito jogar aquela coisa idiota e ficar sozinha com o Justin...
   – Primeiro, a culpa foi da Manuela. – ele começou com desculpas quaisquer novamente – E, segundo, eu pensei que fosse isso que você queria não?
   – Massagem. Por favor... – miei, fazendo a cara mais fofa e meiga possível.
   – Eu odeio quando você faz isso!

   A expressão de Chaz se fechou, enquanto ele tirava as minhas pantufas e abria o pequeno pote. Senti uma vontade de rir na cara dele, dizendo que ninguém poderia resistir ao meu “por favor”, mas achei que seria maldade demais. Então, permaneci quietinha, enquanto ele começava a massagear meus pés com cuidado, utilizando o creme que eu trouxera – e que eu não imaginava que fosse tão gelado.

   – Então, vai mesmo esperar eu perguntar? – falou, de repente.
   – O quê? – me fingi de desentendida, sem muito sucesso.
   – O que aconteceu depois que vocês ficaram sozinhos lá? – perguntou, parecendo contrariado por ter que fazê-lo – Você e o Justin se agarraram, transaram e agora você vai engravidar e esfregar seu filho na cara da sua amiga? Ou... Nada?
   – Na verdade, foi mais nada, mesmo. – suspirei, ignorando a anormalidade alheia – E, só para deixar claro, não sei que amiga é essa de quem você está falando, porque eu não conheço nenhuma amiga que se aproveita da desgraça da outra...
   – Você fala de uma maneira tão convincente que quase dá para acreditar que você não enxergar a Manuela como sua amiga, ainda.
   – Ah, sim, e é por isso que eu sinto vontade de esfregar a cara dela no asfalto, não é?
   – Mas não faz isso, por quê? – falou, incentivando-me indiretamente.
   – Porque, além de não querer ir presa, ela... Foi minha amiga. – admiti, afinal – Tudo bem. Pode falar agora, eu sou patética, não é?
   – Na verdade, é sim. – suas sobrancelhas se arquearam sugestivamente.

   Dei de ombros, já sabendo da verdade. Eu era uma trouxa por ainda ter esperanças cegas de que Justin se lembraria de mim em um piscar de olhos e daria um adeus bem maligno à Manuela. Porém, ela se arrependeria profundamente de tudo e, então, eu lhe daria uma segunda chance, chamando-a para morar em uma casa perto da nossa e convidando-a para o nosso casamento perfeito. E, claro, nós todos viveríamos em um livro idiota, possivelmente chamado “Justin e a memória desaparecida”.

   – Mas... Não é sobre isso que estamos falando. – Chaz recuperou minha atenção a tempo de eu começar a discutir comigo mesma – Aconteceu alguma coisa ou foi mais tempo desperdiçado?
   – Mais tempo desperdiçado! – afirmei, sem vontade de sustentar minha dignidade – Em ordem cronológica, eu ganhei e ele me acusou de trapacear, mas depois retirou o que disse. Então, eu soltei uma pequena indireta acidentalmente, só que, como era de se esperar, ele não entendeu. Mas, quando estávamos indo nos encontrar com você, eu resolvi, sei lá, esfregar meu orgulho no chão e... Ele nem olhou para mim, para que eu pudesse fazê-lo, então desisti! E, eu estou pensando em fazer isso em um sentido maior...
   – Você quer dizer...?
   – Ir para casa? – arrisquei, um tanto envergonhada da minha atitude.

   Houve um silêncio breve, onde eu refletia sobre minhas palavras. Enquanto isso, Chaz parou de fazer a massagem – para qual eu já não estava mais ligando tanto – e se acomodou, deitando-se na cama. Seus olhos fixos em mim só me faziam ter mais vergonha do que eu havia falado, mas era uma forte possibilidade. Afinal, por quanto tempo mais eu ficaria ali, levando tapas e mais tapas da vida? Eu não sou tão masoquista assim!

   – Você sabe que se você dissesse isso há alguns dias atrás, eu provavelmente diria para não fazer isso, não é? – recomeçou ele – Mas, eu acho que agora a situação é um pouco diferente. Além disso, daqui a uma semana eu vou embora e, bem, eu não acho que...
   – Eu sei. – interrompi – Eu também não acho que aguentaria sem você. Quero dizer... Ficar aqui, sozinha, tendo que aguentar o romance do Justin e da Manuela não é para mim!
   – Bom, não era exatamente isso que eu ia dizer, mas acho que serve também. Por falar em ir embora, você não acha que ela terá que voltar para casa algum dia? Ela deve ter família no Brasil, não?
   – Tem, mas sinceramente acho que os pais delas ficaram idiotas depois de tanto tempo... – resmunguei, completamente mal humorada com esse fato – A verdade é que principalmente depois da formatura, a Manu deve estar se achando independente, mas ao mesmo tempo acho que ela nem sabe exatamente o que está fazendo. Eu nem sei se ela pensa em voltar para casa. E eu queria muito poder conversar com ela sobre várias coisas, mas não é mais tão simples quanto antes!
   – Isso chateia você, não é? – suspirou, parecendo chateado com essa besteira.
     Na verdade, sim! – admiti, sem receio de deixar meus pensamentos rolarem – Obviamente, há momento que eu fico com raiva de toda essa situação, mas quando eu estou sozinha e posso pensar com clareza... Bom, é só decepcionante! Me faz pensar que todas as minhas escolhas me trouxeram até aqui. Em outras palavras, é como se eu tivesse feito todas as escolhas erradas...

    As verdades pularam da minha boca, enquanto eu pensava sobre as mesmas. Era melancólico refletir sobre isso tudo, mas me deprimir mesmo que por alguns segundos com esses pensamentos desagradáveis, fazia com que eu me decidisse sobre determinado assunto. Mesmo que eu ainda me sentisse entre a razão e a emoção, tomar uma decisão ainda parecia infinitamente melhor do que permanecer com dúvidas.

   – Quer saber? – recomecei, rapidamente – Se esse lance entre o Justin e a Manuela tivesse acontecido em outra situação. Quero dizer, se ele se lembrasse de mim, mas preferisse ficar com ela e eu pudesse sua amiga, pelo menos... Bom, não seria a coisa mais maravilhosa do mundo, mas ainda assim seria melhor, porque eu não precisaria perder ninguém, como está acontecendo agora!
   – Eu consigo entender, mas não acreditar... – arquejou Chaz, interrompendo minha linha de raciocínio.
   – Não importa, porque não faz diferença mesmo! – continuei – Eu posso jogar trinta moedas em um poço dos desejos, mas não iria adiantar. Você sabe que eu não gosto de deixar para lá, mas eu também não estou com muita vontade de insistir em algo que eu sei que não vai me levar a lugar nenhum. Eu provavelmente irei esperar mais alguns dias, mas estou ansiosa para ir embora, Lucas!
   – Lucas? –  a expressão de Chaz se fechou, fazendo-o parecer um pouco confuso.
   – O quê?
   – Você... Me chamou de “Lucas”... – insistiu ele, parecendo certo do que dizia.

   Chaz me fitou por um longo minuto, fingindo estar ofendido ou confuso, talvez. Eu não estava entendendo muito bem essa crise de loucura dele, mas achei melhor não discordar, porque loucos serão loucos, independente do que se faça. Assim, continuei sustentando o olhar dele, tentando raciocinar de acordo com o que ele havia dito, que muito provavelmente não condizia com a realidade.

   – Chamei? – indaguei, começando a me deixar levar pela dúvida.
   – Eu não acredito que você fez isso! – dissimulou Chaz, forçando um semblante de ofendido – Me chamar pelo nome de outro enquanto estamos conversando. Você está me traindo, (Seu Nome)? É isso? Pode falar! Eu aguento a verdade...
   – Eu fiz isso? – ri, sem graça – Bom, acho que sim, então... Me desculpe! Não foi de propósito, mas acho que é o costume. Eu não sei se você sabe, mas em geral eu não me abro assim com mais ninguém, além desse meu amigo. E estou fazendo isso com você agora...
   – E esse seu amigo sabe o que está acontecendo? – perguntou, atento – Sobre toda essa história com a Manuela?
   – Não. Ele sabe sobre as minhas dificuldades com o Justin, mas sobre esse namoro recente deles, não. Eu não quis falar nada, porque embora eu o conheça há mais tempo, ele também é amigo da Manu e... Eu não queria colocá-lo em uma situação chata! Acho que esse problema já está grande demais para ainda ter mais gente envolvida.

   Um silêncio reinou por um longo minuto, me fazendo começar a pensar que a conversa havia morrido por completo. Chaz se aproximou de mim devagar e começou a mexer no meu cabelo suavemente, enquanto me fitava de uma forma engraçada, como se estivesse pensando em algo que nem se passara pela minha cabeça ainda (o que era o mesmo que me chamar de lerda, indiretamente).

   – Se você está me contando algo que ainda não contou para esse seu amigo que, aparentemente, sabe de tudo... Isso me faz especial? – perguntou ele, com um sorriso enorme, que demonstrava o quanto estava convencido disso.
   – Óbvio que não! Eu nunca ouvi você dizer coisa tão absurda... Isso é ridículo! – discordei – Você é especial por muito outros motivos!
   – Admito, isso foi tão fofo que eu vou me permitir agir como um gay com você, por alguns minutos!
   – Apenas agir? – ri – Jura, Chaz?
   – Não me faça desistir, (Seu nome)! – resmungou, fazendo uma careta.
   – Tudo bem. Desculpe-me! Pode continuar...

   Após minha permissão, Chaz apenas avançou em minha direção, sentando-se em minha pessoa e me abraçando da forma mais apertada possível. Eu teria mandando ele não me matar, mas é bastante difícil falar quando não se consegue ao menos respirar. Felizmente, antes que eu pudesse ser completamente asfixiada, Chaz afrouxou um pouco abraço e começou a beijar e morder meu rosto. O suposto aviso dele não adiantou muito, porque a última coisa que eu esperava era ser tratada como um ursinho de pelúcia. Eu tenho que parar de ser fofa com as pessoas!

   – Você é muito linda, sua chatinha! – falou, sem me soltar – Eu nunca vou abandonar você, nem se me pagarem um milhão de dólares, até porque sua conta bancária é muito maior que isso e um dia você irá morrer e terá que deixar herança para alguém. Mas, ainda assim, eu te amo, sua insuportável!
   – Eu também te amo, seu idiota! – respondi, ainda me sentindo meio sufocada.

   Quando eu finalmente já estava pensando que iria ser liberada da possível tortura que Chaz estava fazendo comigo, o idiota endoidou de vez. Em um minuto, eu estava sentadinha no meu canto e, no outro, Chaz estava rolando comigo pela cama de um lado para o outro. Eu não sabia o que esse garoto entendia por “mimar alguém”, mas ser estuprada por um urso de cinco toneladas não se encaixava na minha definição de ser amada.
                    
   Entre risos e gritos, eu pedia que ele me soltasse, mas já estava desconfiando de que o momento de amor já havia terminado e a hora de me perturbar acabara de começar. Foi quando, de repente, o barulho da maçaneta chegou aos meus ouvidos. A porta do quarto se abriu rapidamente. No mesmo instante, Chaz parou de brincar para checar quem era e eu fiz o mesmo por impulso.

   – Chaz, você... – Justin se interrompeu ao olhar fixamente para nós dois – Hã... Estou incomodando?
   – Não! – respondeu Chaz, deslocando seu peso de cima de mim – Pode falar! O que aconteceu?
   – Você esqueceu seu celular na sala e, bom, a Caitlin está te ligando... – informou, balançando o celular de um lado para o outro.
   – O quê?

   Chaz não esperou por uma confirmação, apenas pulou da cama e saiu correndo para arrancar o seu celular da mão de Justin e, então, desapareceu pelo corredor. Aparentemente, o nome Caitlin fazia meu amigo esquecer completamente o papo sobre não me abandonar. Porém, depois de ter que me aguentar falando sobre minhas decepções amorosas patéticas, era mais do que normal que ele buscasse seu relacionamento satisfatório. E as fotos deles continuavam passando na apresentação de slides ao lado da cama.

   Antes que eu pudesse recuperar meu fôlego depois de tantas risadas, notei que Justin permanecera na porta e seus olhos estavam ainda sobre mim. Mordi o lábio inferior, buscando coragem para encará-lo, mas como era de se esperar, assim que o fiz, ele recuou discretamente. Duas pequenas rejeições indiretas em um mesmo dia... Será que estamos evoluindo?

   – Hã... Boa noite! – falou, por fim.
   – Boa noite! – suspirei.
   Então, ele se foi, me deixando sozinha novamente, ainda sem saber se deveria me contentar com o fato de ele estar sendo educado comigo, mas isso não era relevante depois de toda a minha conversa com Chaz. Eu estava disposta a esperar mais alguns dias, só para não me sentir tão fraca quando eu achava. Porém, ao mesmo tempo em que eu queria esperar, também não via a hora de ir para casa. E acabar de uma vez por todas com essa confusão chamada Justin Drew Bieber.   
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 Capítulo 6, finalmente, postado. (Depois de muita enrolação, né? Eu realmente nã sei lidar com prazos.)
   Enfim, o capítulo de hoje vai ser dedicado para a Juliana (linda que comentou no post passado) e para a minha amiga Marina S., porque as duas fizeram aniversário recentemente, então... Eu espero que vocês duas tenham gostado do capítulo e também da nova idade de vocês hahaha Aproveitem muito, minhas lindas, porque no próximo ano vocês ficarão ainda mais velhas ksapkkaos Brincadeira.


   Por hoje, é isso! Espero que todas vocês tenham curtido o capítulo e esquecid a minha demora :c
   Boa noite! Amo vocês!

22 março 2013

4. You make me love you - Capítulo 5



Jogos perigosos


Justin's POV
  
O jogo fora melhor do que eu esperava. Acabei marcando dois gols, Chaz, um e Bryan, outro. Apesar de ser ótimo estar novamente praticando algum esporte depois de tanto tempo em repouso, me senti aliviado quando a partida acabou. Eu não estava tão cansado a ponto de ter que parar, mas era bom saber que o jogo finalmente terminara, junto com as esperanças do outro time de sair como vencedor.

   Rivalidades à parte, estávamos marcando um jogo de basquete futuramente. O fato do outro time concordar tão rapidamente só deixou claro o quanto eles gostavam de perder. Bom, na verdade, eu não tinha muita certeza se era bom nesse determinado esporte, porém uma sensação muito boa tomou conta de mim, após esse assunto começar, o que eu esperava que significasse algo bom.
   Felizmente, ao voltar para a arquibancada, onde estava o resto do meu pessoal, minha mãe já estava com duas garrafas de água e me entregou uma. Virei-a praticamente toda na boca, tentando repor todos os litros de líquido que eu perdera suando. Eu estava me sentindo como se tivesse acabado de percorrer uma maratona... No deserto.

   Me sentei ao lado de Manuela, transferindo Jaxon para o meu outro lado. Minha namorada entrelaçou os dedos nos meus, sem chegar a olhar para mim, mas totalmente consciente da minha presença ali. Manu parecia tão profundamente pensativa, que resolvi dar-lhe um tempo, antes de perturbá-la de verdade.

   Enquanto esperava, observei as coisas acontecerem ao meu redor. Meu pai ainda estava conversando com Theo, o goleiro do time adversário. Já minha mãe, continuava falando com uma senhora que eu tinha certeza de que conhecera há pouco. E, por fim, Chaz estava ali do lado, na companhia de (Seu nome). Ambos pareciam bastante animados, rindo de algo que eu poderia facilmente apostar não ser tão engraçado assim...
     
   – Então, gostaram do jogo? – indaguei, voltando-me para as pessoas próximas a mim.
   – Você foi ótimo. Eu amei! – respondeu Manu, deitando a cabeça em meu ombro devagar.
   – Por que eu não pude jogar? – resmungou Jaxon.
   – Ora, Jaxon, porque se você estivesse jogando não iria ter graça. Imagina... Só você faria gol e o outro time iria ficar em desvantagem por não ter um jogador tão bom! – expliquei, tentando animá-lo – Mas, na próxima vez, jogaremos eu e você. Se você prometer não acabar comigo, claro.
   – Prometo!
   – Ótimo! – sorri, bagunçando seu cabelo – Agora, eu vou tomar um banho e colocar uma roupa menos suada. Será que você pode cuidar da Manu para mim, Jaxon? Não a deixe fugir!
   – Vou ficar de olho! – Jaxon fitou-a com uma expressão séria.

   Manuela riu para mim, abraçando meu irmãozinho de lado, no exato momento em que me levantei. Beijei a testa da minha pequena, antes de afinal pegar minha mochila perto dela. Eu já estava me preparando para ir ao vestiário, quando notei estar desacompanhado. Meu pai possivelmente já deveria estar trocando de roupa e meu melhor amigo estava perdido em algum lugar qualquer.

   Chaz ainda estava com (Seu nome), brincando com Jazzy como se ela fosse irmã deles e não minha. Obviamente, nenhum dos dois parecia ligar para o que acontecia ao redor da cena em particular. Sinceramente, não era uma das coisas mais agradáveis de ver do mundo. Aliás, esse meu amigo deveria lembrar que tem uma namorada em outro país, até porque essa amizade com essa garota não estava parecendo em nada inocente.

   – Ei, hora de parar de incomodar a Jazzy! – alertei, rindo apenas para disfarçar – Para o chuveiro, Somers!
   – Sim, treinador! – brincou Chaz, colocando-se de pé.
   – Justin... – chamou Jazmyn – Onde você está indo?
   – Eu vou tomar um banho para ficar bem cheiroso para você, minha princesa!
  
   Mandei um beijo de longe para Jazmyn, que sorriu para mim em resposta. Eu teria voltado para brincar só um pouquinho com ela, porém Chaz já havia me alcançado e eu estava ansioso para me livrar do suor grudento, que parecia estar em cada canto do meu cansado corpo. Assim, decidi deixar a brincadeira para mais tarde.

   – Justin... – outra voz feminina conhecida me chamou, dessa vez, mais perto.
   – Mãe? – cedi-lhe minha atenção, me aproximando.
   – Está tudo bem? – perguntou, preocupada – Você sabe que eu não gostei nada, nada dessa história do senhor se esforçando, correndo para lá e para cá, não é?
   – Eu estou ótimo. Não precisa se preocupar! – assegurei – Eu estou ótimo agora, do mesmo jeito que estava nas trinta vezes que você me perguntou a mesma coisa no carro...
   – Já entendi! Estou sendo paranoica! – suspirou ela, parecendo envergonhada.
   – Está tudo bem...
   – Então, o que você acha de nos encontramos no restaurante daqui a pouco?
   – Ótimo! – assenti, me afastando novamente.   
  
   Voltei a seguir meu caminho, junto a Chaz, ainda mais ansioso ao sentir a fome começar a aparecer, afinal. Chegar ao vestiário foi uma alegria, que só aumentou ao notar que este começava a ficar vazio. Era um alívio saber que eu não iria precisar aguentar piadas e conversas idiotas e nem que ser obrigado a ver marmanjo com um intelecto baixo desfilando pelos corredores, nus. Seria mais agradável devorar meu próprio corpo do que ter que passar por tal situação.  
   
   Coloquei minha toalha na porta de um dos boxes e larguei minha mochila sobre uma parte da bancada. Eu já estava me preparando para entrar no banho – tirando as chuteiras, meias e a blusa – quando notei meu pai vindo em minha direção, aparentemente bem mais decente e arrumado do que há alguns minutos atrás.

   – Ei, bom jogo hoje, hein? – falou, com um leve ar de orgulho.
   – Para mim, sim. Porém, com você, o caso é outro! – ri, curtindo a minha própria piada – Aliás, pareceu que você estava tendo problemas com o goleiro do time adversário, hein? Ele te deu trabalho, foi?
   – Ok, pode parar por aí! – me repreendeu – Porque, caso você não saiba, quando eu tinha a sua idade, fazia dois gols apenas nos quinze primeiros minutos do primeiro tempo...
   – Acredito. Porém eu sofri um acidente há alguns meses, o que faz de mim, uma grande revelação por ser o cara que levou nosso time à vitória!
   – Sem mais argumentos... – concluiu – E, então, quer que eu te espere?
   – Não, tudo bem! Chaz está comigo... – expliquei – Pode ir. Aliás, as meninas combinaram de ir ao restaurante do clube para almoçar...
   – Ótimo! Então, eu vou me encontrar com elas para esperarmos os dois lerdos!
   – Os dois lerdos que foram ágeis o bastante para marcarem gols incríveis no jogo, você quer dizer, não? – provoquei.
   – Quero ver se o senhor vai ficar se vangloriando, na próxima vez, quando jogaremos basquete... – me desafiou.
   – Pode esperar para ser passado para trás novamente.
   – Duvido!

   E então ele se dirigiu à saída, ainda rindo.

   Sozinho novamente, tirei o short e me dirigi ao meu boxe, onde só então me livrei da última peça de roupa. A minha ansiedade para me sentir limpo de novo sumiu no exato instante em que a primeira gota de água encostou em meu corpo, mais gelada do que eu poderia imaginar. Como todas aquelas pessoas puderam ficar em contato com uma temperatura tão baixa como essa sem congelar?

   Terminei o banho o mais rápido possível, com pressa para vestir logo umas roupas quentes. Assim, sequei meu corpo e amarrei a toalha na cintura, antes de sair do boxe. Passei pelo espelho enorme no centro do vestiário, próximo às pias e parei diante dele, por um longo minuto.

   Respirei fundo, analisando a minha imagem refletida ali. Sentia um leve desconforto no lado esquerdo do meu tronco. Não era uma dor insuportável, mas mesmo assim não era agradável, embora eu tenha preferido guardar isso só para mim. Eu não via motivos para preocupar Pattie com algo que obviamente não era digno de tanta atenção. Era só mais uma sensação desconfortável que se tornara até simples em comparação a todos os dias infinitos naquele hospital.

   Era depressivo pensar que mesmo após tanto tempo esse estúpido acidente ainda conseguia me abalar de alguma forma. Mesmo após o médico ter dito algo sobre as sequelas de tudo isso, eu não esperava que se prolongasse por tanto tempo. Mas, muitas vezes – como agora –, a área do meu tronco próximo à costela fraturada doía levemente e eu ainda sentia como se houvesse um enorme branco em minha cabeça, como se eu estivesse deixando algo muito importante escapar...

   – Saia da frente desse espelho, Bieber! – orientou Chaz, ao sair de um dos boxes e caminhar até sua mochila – Isso é narcisismo!
   – Não sou narcisista! – resmunguei, fazendo o que me fora pedido – Porém, eu sei admirar o que é belo, ok? Aliás, você já viu um homem mais gostoso do que eu?
   – Não. De toda a fila quilométrica de homens que eu admiro todos os dias, você é o mais gostoso de todos. – ironizou – Admito, Justin, você é tão sexy que se eu não tivesse namorada, te arrastava para um desses boxes e te pegava de jeito...
   – Controle-se, Chaz!
  
   Terminamos de nos vestir em silêncio, durante o resto do tempo. O único barulho naquele lugar era o de algumas conversas baixas das últimas pessoas que restaram ali. À medida que eu ia me distraindo e terminando de me arrumar ao pentear o cabelo, a dor em meu corpo ia cedendo lentamente.

   Quando, afinal, saímos do vestiário, o clima externo parecia ter ficado ainda mais frio. Eu considerava isso uma boa coisa, como se a temperatura baixa fosse facilmente reconhecida como algo muito presente em meu passado. Porém, ainda assim, poderia ser melhor caso estivesse nevando.

   Todos estavam nos esperando na porta do restaurante. E, felizmente, devido ao baixo movimento do dia, fomos atendidos mais rápido do que de costume, ao entrarmos. Eu não sabia o porquê, mas ainda não havia me reacostumado com todos os privilégios que a fama me trazia, mesmo que eu me lembrasse perfeitamente do comportamento alheio em relação a mim. Mas, embora eu já estivesse começando a sentir a falta de privacidade como algo contínuo, eu gostava.

   A melhor coisa em todo o meu trabalho público ainda continuava sendo as minhas fãs. Eu não havia encontrado muitas por aí após o acidente, mas as poucas pareciam suficientemente maravilhosas. Além disso, havia ainda a manifestação delas pela internet em tags, vídeos, mensagens preocupadas nas minhas páginas virtuais – todas onde eu tivera que mudar as senhas por demorar a recordar as antigas.
    
   Eu estava ansioso para voltar a trabalhar o mais rápido possível, mas Scooter me aconselhara a esperar mais um pouco. Ele dizia que eu não tinha que me preocupar, pois minhas fãs esperariam o tempo necessário até que eu estivesse completamente recuperado e que só assim para eu conseguir acompanhar a maratona de shows, depois de um lançamento de um novo álbum. Eu sempre discordava por pura teimosia e ansiedade, mas ainda assim eu sabia que não aguentaria com esses desconfortos periódicos.

   Perdido em pensamentos, eu não cheguei a acompanhar o assunto da conversa do almoço, mas tentei me concentrar no que falavam durante a sobremesa, embora o sundae de baunilha e caramelo retivesse minha atenção mais do que o necessário. Apesar disso, felizmente, peguei o momento certo da conversa, quando minha mãe se dirigiu diretamente a mim, pela possível primeira vez.

   – Então, depois do almoço, você já vai querer ir embora, Justin?
   – Hã... Na verdade, eu ia levar a Jazzy e o Jaxon para brincar um pouco no salão de jogos, mas se vocês quiserem, nós já podemos ir! – respondi, pouco animado com a segunda hipótese.
   – Tudo bem! – ela sorriu, discordando do que eu dissera – Eu estava mesmo querendo pesquisar uma coisa, então eu vou estar na biblioteca daqui, ok?
 
   Assenti, enquanto terminávamos de comer, praticamente em silêncio.

   Ao final da refeição, depois de acertamos a conta, acabamos nos separando mais uma vez. Meu pai – após se certificar que poderíamos dar conta de seus filhos – seguiu para a lanchonete do clube para ficar conversando e provocando os amigos dele do outro time. Minha mãe fez o que havia dito e seguiu para a biblioteca, junto com a moça com que estivera conversando no ginásio. E eu, Manuela, Chaz e (Seu nome) seguimos para a sala de jogos com os meus irmãos hiperativos.

   O lugar estava bem mais vazio do que eu imaginara. No primeiro andar, praticamente, havia só as funcionárias do próprio clube supervisionando e dois adolescentes disputando um jogo de corrida. Porém, ainda dava para escutar uma leve movimentação que provavelmente vinha do andar de cima, onde ficava os brinquedos mais infantis, que era exatamente para onde nos iríamos – uma piscina de bolinhas poderia facilmente satisfazer Jaxon.

   – A gente poderia aproveitar que aqui está vazio e namorar um pouquinho, hein? – sussurrei, contornando a cintura de Manuela devagar.
   – Justin... – suspirou Manu, com um leve ar de reprovação diante da minha ideia.
   – Ah, não use esse tom comigo, garota! – a repreendi discretamente, rindo – Eu nem lembro qual foi a última vez que eu te beijei. Essa história de ter um relacionamento secreto é muito, muito chata!
   – Pode até ser, mas isso tudo é culpa sua. Ou você acha que eu ficaria bem em saber que a qualquer momento uma belieber pode tentar me mat... – ela se interrompeu de repente, desviando-se do caminho – Ei!

   Não sei qual o meu problema, mas aparentemente eu devo beijar muito mal para a minha namorada recusar uma ótima proposta e, pior, sair andando igual uma louca na direção oposta às escadas em que estávamos indo. É claro que o problema dessa situação pode estar em mim ou na cabeça dela e, sinceramente, prefiro acreditar na segunda opção, que deixa o meu ego um pouquinho melhor.

   – Ei, olhem esse jogo! – falou maravilhada – Eu amo isso!

   Obviamente, nos desviamos do nosso caminho, quando Manuela começou a ter um leve ataque de histeria ao ver um desses jogos de dança, completamente livre – como a maioria dos jogos eletrônicos ali. Eu achava que isso estava ficando ligeiramente ultrapassado, mas aparentemente os fabricantes, não, já que novas versões eram lançadas frequentemente, apenas se adequando aos videogames e aparelhos eletrônicos novos.

   – Sério isso, Manuela? – arfou Chaz, colocando Jazmyn, que estava em seu colo, no chão – Esse treco é tão velho e tão menininha...
   – Bom, Chaz, caso você não tenha percebido... Eu sou uma menina! – resmungou Manu, ligeiramente insatisfeita com as palavras do meu amigo.
   – Não ligue, pequena! – ri – Eu acho que alguém por aqui só está frustrado, porque não sabe dançar, então nunca poderá jogar algo assim...
   – Você está me desafiando, Bieber? – a expressão dele mudou rapidamente para uma nem tão amistosa.
   – Entenda como quiser...
   – Então, o que você acha de uma aposta? – desafiou – Aposto cem pratas que eu ganho fácil de você nesse joguinho idiota!
  
   Ele não precisou falar duas vezes. Antes que qualquer um pudesse impedir ou antes mesmo que eu me lembrasse de que tinha que levar duas pessoinhas para a piscina de bolinhas, eu e Chaz já tínhamos começado o desafio. A música escolhida fora uma do Flo Rida e a coreografia mostrada na enorme tela daquela área parecia muito mais simples do que eu pensava. Não seria tão difícil assim ganhar essa!

   Eu sabia que era bom dançarino, então em algum momento dos meus passos sincronizados me sentia mal por ter entrado nessa. Mas o mal estar passou assim que lembrei que se eu sabia disso, Chaz tinha que saber também, ou seja, a culpa do resultado final seria completa responsabilidade dele. Com a minha concentração focada completamente em reproduzir os passos mostrados, chegamos ao final sem mais complicações. Pelo menos, para mim.

   – Parece que alguém me deve uma grana, não? – provoquei, respirando fundo e começando a sentir os efeitos daquela rodada.
   – Isso não é justo! – resmungou – Você só pode ter trapaceado. Pode falar, Justin... O que você fez?
   – Por favor, Somers... Não é minha culpa se eu danço bem e você parece ter dois pés esquerdos!
   – Dois pés esquerdos? Ah, eu vou fazer você engolir esses pés... – continuou, nem um pouco feliz – Vamos mais uma vez. Quero revanche!
   – Revanche, nada! – se intrometeu Manu, discordando antes que eu pudesse fazê-lo – Você teve a sua chance, Chaz, e a desperdiçou. E, se bem me lembro, fui eu quem viu o jogo primeiro, então, abra espaço, porque a bailarina aqui vai te ensinar uma coisa...

   Manuela tomou o lugar de Chaz rapidamente, expulsando suas expectativas ilusórias de me vencer em outra rodada. Porém, ela também não parecia muito inofensiva em relação a esse jogo tão simplório. Manu me fitava com um leve ar de desafio, como se ganhar aquilo fosse algo tão fácil, que eu não seria problema para ela. Na verdade, poderia até ser, já que a maior parte do público desse tipo de jogo é mesmo feminina...

   – Pronta para perder, gatinha? – provoquei.
   – Perder? É o que veremos... – respondeu, confiante. – A aposta ainda está valendo?
   – Se estiver com vontade de perder dinheiro, claro que sim!

   Começamos a jogar novamente. Dessa vez, devido à minha desafiante, era um estilo musical mais feminino. Eu gostava daquela música da Katy Perry e, além disso, me lembrava remotamente da vez em que ele me ligara, após o acidente, como sempre com aquele jeito dela de conseguir deixar qualquer um mais animado.

   Embora os passos agora fossem bem diferentes do estilo anterior, eu ainda estava me dando bem. Por um minuto, considerei a ideia de escorregar na coreografia e deixar com que minha pequena ganhasse, mas desisti rapidamente. Primeiro, porque não parecia justo. E, segundo, porque eu não conseguia ser discreto o bastante, o que significava que ela entenderia facilmente o que eu quisera fazer e isso me renderia um desentendimento profundo, já que embora não demonstrasse, Manu – como toda mulher – era bastante orgulhosa. Assim, sem intervenções, o resultado não foi menos do que esperado...

   – Eu avisei... – sussurrei baixinho.
   – Cala a boca! – rosnou ela, nem um pouco contente.
   – Então, agora que eu já ganhei de todos os metidos a dançarinos, nós podemos continuar a nossa jornada ou vocês não se cansaram de perder? – continuei, ignorando a insatisfação da minha namorada.
   – Quase todos... – Chaz se manifestou novamente – Eu aposto o dobro do que apostei antes que a (Seu nome) te ganha, de olhos fechados... Bom, não literalmente, mas você entendeu!
  
   Acho que eu não era o único que não esperava por esse desafio, já que (Seu nome) – que estava brincando despreocupadamente com meus irmãos, fazendo caretas e cócegas neles, completamente inconsciente da nossa disputa – fuzilou Chaz com os olhos, como se ele tivesse acabado de dizer um enorme absurdo. Não fiquei muito à vontade com essa ideia, mas pior ainda seria dar para trás agora que eu estava me saindo perfeitamente naquele joguinho idiota.

   – Bom, se eu fosse você não estaria tão confiante, afinal, parece que o senhor não está tendo muita sorte com apostas hoje, Somers! – tentei fazer parecer que essa proposta não era nem um pouco desconfortável.
   – Na verdade, eu não acho que seja uma boa ideia... – discordou (Seu nome), muito sábia ao dizer tal coisa.
   – Por quê? – perguntou Manu – Está com medo?

   Houve um longo minuto de silêncio, que foi preenchido apenas pelos olhares trocados por (Seu nome) e Manuela. As duas se encaravam com uma expressão firme que eu poderia jurar ser um misto de desprezo com outro sentimento igualmente negativo. Era estranho visualizar esse nível de tensão, já que a considerar pelo que me fora contado, elas eram grandes amigas. Mas eu não podia ter certeza disso...

   – Ok, então! – falou (Seu nome) por fim, enquanto um leve sorriso malicioso se desenhava em seu rosto – Vamos jogar?
 
   Não respondi, apenas deixei que ela assumisse seu lugar, após deixar meus irmãos na companhia de Chaz. Iniciamos outra rodada o mais rápido possível, já que eu estava com uma pressa absurda para que acabasse logo. Não que eu estivesse com medo de perder. Pelo contrário, essa garota me provocava uma insegurança que ia muito além de um jogo bobo de dança.

   Eu nem conseguia prestar atenção direito na música que estávamos dançando, enquanto me esforçava para manter o foco apenas na tela e, assim, não fazer qualquer tipo de contato visual com a minha concorrente. Embora eu tentasse permanecer relaxado, quando se tratava dessa garota, eu simplesmente não conseguia. Era quase como se tivesse uma força maior vinda do universo que me alertava para não me aproximar dela.

   Estava dançando tão automaticamente que me surpreendi, quando a música chegou ao fim, junto com a coreografia. Não tinha nem ideia se havia ido bem dessa vez, mas a julgar pelas anteriores, havia grandes chances de eu ter ganhado novamente. Porém, para a minha surpresa, o empate esmagou todas as minhas expectativas. Pelo menos, esse momento estranho já tinha acabado, não importando quem venceu ou não.

   – Bom, acho que é isso! – suspirou (Seu nome) – Agora que terminamos, você está feliz, Chaz?
   – Nem um pouco... – ele nos surpreendeu com sua loucura iminente – Eu não estou apostando o meu suado dinheiro para vocês terminarem nesse empate. Podem ir se preparando para jogarem outra vez!
   – Você está brincando, não é? – arrisquei, esperançoso.
   – Na verdade, eu concordo com o Chaz, dessa vez! – falou Manu, com um sorriso daqueles que não dá para dizer não.
   – Sendo assim, vamos de novo... – respirei fundo – Tudo bem para você, (Seu nome)?
   – Por mim, tudo bem! – ela deu de ombros casualmente – Afinal, vai ser o Chaz que vai fazer a massagem nos meus pés à noite...

   Ouvi Chaz reclamar qualquer coisa atrás de nós e, então, recomeçamos a jogar. Eu já estava até ficando um pouco cansado, afinal, já era a minha quarta vez naquele joguinho animado demais, após uma longa partida de futebol. Assim, eu realmente queria que tudo isso acabasse logo, mas junto a isso, eu também não tinha certeza se queria ganhar dessa garota em especial.

    – Acho melhor a gente levar a Jazzy e o Jaxon para brincar, enquanto eles terminam, hein, Chaz? – a voz de Manu soou baixa atrás do meu foco na tela.
    – Ah, daqui a pouco... – respondeu Chaz – Eu quero ver quem vai ganhar. O meu dinheiro está em jogo!
    – Chaz...
    – Ok. – suspirou, descontente – Vamos!
    – Vocês ouviram? – ela agora se dirigia a mim e a (Seu nome) – Quando vocês acabarem, nós estaremos no segundo andar, ok? Não demorem, por favor!

   Se eu não estivesse quase sem fôlego, teria pedido para que esperassem. Porém, antes que eu pudesse manifestar minha insatisfação, eles já estavam seguindo para longe dali e consequentemente me deixando completamente sozinho com a (Seu nome). Por um motivo desconhecido, isso não soava como a melhor coisa do mundo para mim. Ao invés disso, senti vontade de fingir que torci o pé, só para poder sair dali.

   Justin, o que é isso? É só uma garota, não um monstro. Aliás, você é um homem maduro e deve se comportar como tal, o que significa nada de acidentes falsos ou teatros ridículos para fugir da situação...

   Embora eu estivesse mantendo o controle por fora, não era tão fácil fazer isso internamente. Eu ainda não me sentia completamente confortável estando na companhia de uma garota que me parecia uma total estranha. Pior do que isso era saber que todo mundo tinha a total certeza de que eu a conhecia, porém eu ser o único que não me lembrava disso. Além disso, se eu realmente a conhecesse, ela seria o tipo de pessoa com que eu tinha ou não um bom relacionamento?

   Bom, a julgar pelo que eu percebi em seguida, posso afirmar que a nossa relação com certeza não era das melhores...

   A música parou, de repente, me pegando de surpresa. Porém, a pior parte veio depois, quando aquele jogo estupidamente idiota e possivelmente manipulado informava que eu havia perdido naquela vez. E perdido para a última pessoa na face da Terra que eu esperava um resultado parecido. Talvez eu devesse ter considerado essa possibilidade, já que a rotina dela devesse parecer com a minha normalmente, mas ainda assim parecia horrível ter sido vencido tão facilmente.

   – Você trapaceou? – as palavras pularam da minha boca, antes que eu pudesse ao menos tentar impedir.
 
   (Seu nome) virou se para mim, ligeiramente surpresa. Imediatamente, foquei minha atenção no chão, por pura vergonha de ter dito aquilo em voz alta ou talvez automaticamente, como eu sempre fazia. Eu tinha uma leve suspeita de que ela tinha olhos bonitos, mas nem isso me deixava curioso o suficiente para deixar que o nosso contato visual ultrapassasse uns dois segundos.

   – Você falou comigo? – ela suspirou devagar, me fazendo ter certeza de que ainda olhava insistentemente para mim.
   – Não... – respondi depressa. – Bom, sim, mas não era importante... Esquece!
   – Fazer isso parece mais fácil para você... – seu tom de voz foi baixo o suficiente para que eu tivesse certeza de que ela não esperava que eu ouvisse.
   – O que você quer dizer?
   – Hã... Nada! – arfou – É melhor nós irmos encontrar seus irmãozinhos, não? Aliás, temos que dizer a Chaz que o dinheiro dele está a salvo.
  
   Assenti, sem me convencer por sua troca repentina de assunto, mas ao mesmo tempo com a consciência de que não poderia pressioná-la sobre o significado de suas palavras. Eu não tinha como exigir nada de uma garota que eu sequer falava direito. Embora o que ela dissera – ou o que eu ouvira, talvez – não fosse uma das coisas mais gentis do mundo, não fugia dos direitos dela de dizer o que quisesse.

   Mesmo que eu estivesse mantendo um passo constantemente normal, (Seu nome) ainda conseguiu ficar logo atrás de mim. Tentei desacelerar um pouco, mas eu tinha certeza de que ela pararia de andar se eu o fizesse. Assim, me sentindo um covarde por meu comportamento sem fundamentos, apenas continuei caminhando no silêncio absoluto, que só era interrompido pela animação do andar superior.

   – Justin... – a voz feminina atrás de mim fez meu corpo gelar por um segundo inteiro.
   – O quê? – perguntei, sem coragem de me virar para encará-la.

   Houve uma pausa breve, em que eu permaneci sem resposta alguma. Durante esse tempo – suficiente para que chegássemos ao segundo andar –, cheguei a imaginar que a tudo não passara de uma ilusão minha e que (Seu nome) nem sequer havia chamado o meu nome. Mas eu estava errado.                
    
   – Deixa! – respondeu, por fim – Não era nada...

   Pelo jeito como ela falara, eu tive a certeza de que era sim alguma coisa. Mas, embora o meu conhecimento sobre mulheres fosse o bastante, eu não insisti no assunto. Talvez pelo fato de já estarmos chegando até onde havíamos combinado ou por puro receio de ouvir qualquer outra coisa que pudesse ser importante de alguma forma.

   Sinceramente, muitas vezes, eu me sentia mal por agir com tanta frieza com a (Seu nome), mas logo em seguida vinha a impressão de que era melhor assim, o que me fazia ignorar esse sentimento. Era como se minhas atitudes impulsivas fossem uma simples proteção para os meus próprios problemas futuros, como se meu subconsciente soubesse que ela não era o tipo de pessoa com quem eu deveria me envolver. Ou seja, se eu forçasse a gentileza talvez o resultado pudesse ser ainda pior.

    A verdade é que a minha vida parecia perfeitamente satisfatória do jeito que estava, então, eu não precisaria de mais alguém que pudesse bagunçar os meus conceitos. Em outras palavras, independente das circunstâncias, eu parecia melhor sem ela... 

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Awn, capítulo 5 super atrasado, porém postado! Perdoem-me!
   Eu sei que eu estou demorando bem mais que o usual para postar, mas esses dias tem sido corrido para mim. Março é um mês tão superlotado, porque parece que todos que eu conheço fazem aniversário, além de ter preparação para feriados e para o começo das aulas. Então, parece que tudo ultimamente tem tomado meu tempo. Me desculpem mesmo!
   Então, para todas as leitoraz confusas e perdidas na história, eu postei uma explicação sobre tudo o que está acontecendo, lá na page do blog no facebook. Para ler, clique aqui.

   O capítulo de hoje vai ser dedicado para a minha leitora empolgada, a @takeyoujust3n. Espero que a demora tenha valido a pena, bebê! :) Obrigada pela animação, minha linda!
  
   Por hoje, é só! E eu espero que tenham gostado do capítulo!