26 novembro 2012

3. You Make Me Love You - Capítulo 28


Defina "diversão"...



Belieber's POV


 
    Afivelei o cinto de segurança com força.

     Como eu previra, Justin havia conseguido me alcançar e me impusera a sua vontade. Ele me dera apenas a opção de terminar o café da manhã e tomar banho, mas fora só isso. Durante o resto do tempo, eu passei por completa vigilância constante. Nem quando ele foi se arrumar, retirou os olhos de mim. Justin me trancou consigo no banheiro, enquanto se preparava para tomar banho. Admito que a visão do momento foi maravilhosa, mas ainda assim, não consegui controlar minha ansiedade.

     - Animada? – perguntou, quando já estávamos fora dos limites de sua propriedade.
     - Você pergunta tão seriamente que chego a acreditar que você se importa. – falei, cheia de sarcasmo.
     - (Seu Nome), você sabe que eu só fiz isso para o seu próprio bem.
     - Justin, nós estamos indo a um parque de diversão, não tomar vacina, ok? – assinalei, sem dar importância as suas palavras. – Para falar a verdade, tomar vacina seria bem mais divertido do que tudo isso...
     -Você fala isso porque ainda não chegamos lá. Espera só! Assim que nos aproximarmos de uma roda gigante, você vai se animar. Aliás, se prometer se comportar direitinho, eu até compro um doce para você...

     Bufei, sem vontade de ser recíproca com a brincadeira. Justin riu baixinho do meu comportamento. Talvez ele estivesse finalmente percebendo o meu extremo desagrado em estar indo de encontro à morte. Mas nem isso o fez parar ou dar meia volta. Pelo contrário, suas mãos se apertaram no volante do veículo, enquanto ele acelerava mais e mais.

     Permaneci calada durante o resto do percurso. Eu estava mal humorada demais para ficar sorrindo e fingindo que estava empolgada. Embora eu realmente quisesse que Justin ficasse feliz por sentir que estava fazendo algo legal por mim, eu não conseguia fingir. A cada centímetro que o veículo se movimentava, sentia vontade de abrir a porta e sair dali correndo – ou, no caso, me espatifando no asfalto.

    Ao olhar pela janela e avistar aquela explosão de cores, um arrepio correu por minha espinha, enquanto meu estômago começava a ficar oco. Para falar a verdade, o espaço era realmente lindo. Não era um parque temático e conhecido e, sim, apenas mais um desses que se encontram aos montes por aqui. Ainda assim, era diferente de qualquer coisa parecida na minha cidade natal. Por um segundo, me imaginei em uma cena de filme.

    Justin estava dirigindo lentamente até o local de estacionamento, enquanto eu ainda analisava o lugar. Dava para ver, ao longe, aquela roda gigante que parecia capaz de sair rolando pela cidade a qualquer momento, espalhando destruição por aí. Havia outros “brinquedos” mais assustadores, embora nenhum deles me assustasse mais do que aquele conjunto de metais formando uma trilha repleta de subidas e descidas desnecessárias. Evitara ao máximo pensar na denominação dada àquele monstro.

    Só percebi que meu namorado não estava mais ao meu lado, quando a porta se abriu, induzindo-me a sair do carro. Precisei da ajuda de Justin para conseguir me livrar do cinto de segurança, o que provou mais uma vez que eu não estava no meu estado normal. Assim, segui junto a ele, caminhando para onde ele quisesse me levar.

     - Aonde você quer ir primeiro? – perguntou, quando ultrapassávamos os limites do parque.

     Eu mal conseguia ouvi-lo, ocupada demais em analisar cada detalhe do local onde me encontrara. Havia uma música pop ecoando por todos os cantos em um volume baixo. Meia dúzia de crianças corria de um lado para o outro, porém grande parte do parque estava preenchida por casais ou grupos de adolescentes.

     - Eu não sei. – respondi, afinal. – Qualquer lugar.
     - Bom, como você ainda está tremendo de medo, que tal começarmos devagar? – ele parecia que estava falando mais consigo mesmo do que comigo. – Que tal irmos naquele pula-pula ali?

      Meu olhar correu até onde Justin apontara. Havia realmente um enorme pula-pula completamente colorido, como tudo ali. Crianças pulavam freneticamente, como se quisessem alcançar o céu, até que o supervisor alertou que o tempo acabara e, então as mães histéricas se apressaram para pegar seus respectivos filhos. Tirando isso, não havia fila nenhuma.

     - Sério? – perguntei, recusando-me a acreditar que ele realmente queria fazer aquilo. – Não é melhor comprar alguns tickets antes?
      - A gente vê isso depois...

     Justin me puxou, correndo. Eu desacreditei que ele fosse tentar realmente tentar enrolar o jovem monitor, mas isso implicava algo com o qual eu ainda não havia me acostumado. As coisas acontecem com mais facilidade quando seu nome está estampado na capa de alguma revista ou na boca das pessoas. Já haviam se passado dois anos e eu ainda não tinha certeza se um dia me conformaria com isso.

     As preocupações sumiram de repente, quando a única coisa que eu precisava me importar era em me divertir. Não cheguei a ter tempo. Em questões de segundos, Justin dera um pulo tão bruto, que a única coisa que consegui fazer foi cair sentada sobre o material inflável. Com esforço, tentei me levantar inúmeras vezes, sem sucesso. Meu namorado continuava pulando e dando cambalhotas no ar como uma criança.
        
     Quando finalmente consegui me firmar em pé, pronta para realmente começar a aproveitar a situação, uma voz externa ecoou em meus ouvidos. Com um pesar no coração, notei que uma nova fila começava a se formar e que nós não poderíamos ficar ali por mais muito tempo. Sem disposição para cair sentada mais uma vez, engatinhei devagar até sair, me deparando com um grupo de crianças de 10 a 12 anos de idade.

      Gritos ensurdecedores perfuraram meus tímpanos. A situação só piorou, quando Justin apareceu atrás de mim, despertando o lado mais histérico das meninas. Ajeitei o cabelo – que estava levemente destruído pela experiência anterior – e sorri da forma mais gentil e convidativa que pude, enquanto observava câmeras e blocos de anotações surgirem aos montes.

      Atendemos a todos, sem exceção. Aquilo foi a melhor coisa que poderia ter acontecido já que gastávamos parte do tempo fazendo coisas importantes ao invés de bater perna por aí. E, como se não bastasse eu estar aliviada, fui praticamente dopada por uma onda de meiguice, quando um garoto, que informou que se chamava Pedro, disse que se casaria comigo, um dia.

     - Não me faça esperar muito... – respondi, sorrindo.

     O pequeno garoto assentiu, antes de sorrir e seguir para se divertir, junto aos amigos, que fizeram o mesmo. Assim que ficamos sozinhos novamente, Justin me fitou pelo canto do olho, antes de perguntar:

     - O que ele tem que eu não tenho?
     - Não sei. Talvez maturidade... – provoquei, rindo.
     - Golpe baixo.
     - Não fique zangado! – miei, tranquilizando-o. – Eu te amo, príncipe, mas... O Pedro tem um charme especial.

     Justin riu, antes de contornar minha cintura, suavemente. Ficamos caminhando por entre os diversos métodos de tortura existentes ali, até chegarmos à barraquinha, onde vendia cartelas e cartelas de tickets para diferentes brinquedos e jogos do parque. Aparentemente, ali era o único metro quadrado seguro.
 
      - Aonde quer ir agora? – perguntou Justin, parando para se sentar no banco de praça, ao lado de um pipoqueiro.
     - Que tal para casa? – sugeri, animada.
     - Nada disso! Que tal a roda gigante?
     - Ah, não tem outra coisa melhor, não?
     - Deixa de ser boba, (Seu Nome). Não há nada mais romântico. Isso não torna tudo melhor?       
     - Não... – miei, fazendo um biquinho comovente.

     Aparentemente, Justin não se convenceu. Levantando-se rapidamente, ele me puxou pela mão, saindo correndo pelo parque inteiro e, consequentemente, me fazendo esbarrar em algumas pessoas no caminho. Felizmente – ou nem tanto – só havia dois outros casais esperando pacientemente até ter a oportunidade de sentar em uma daquelas cabines e ficar rodando no céu, como um pião.

     Como era usual, logo que demonstramos “nosso” interesse, outras dezenas de pessoas formaram uma fila bastante disforme. Mantive um sorriso no rosto, enquanto a garota atrás de nós – que aparentava ter uns 20 e poucos anos – puxou assunto, camuflando um nível maior de excitação. Eu estava até me divertindo, diante daquilo, quando notei Justin mudando o foco da situação.

      O jovem encarregado da segurança da roda gigante estava conversando com Justin e, assim, segundos depois, me vi sentada sobre o estofamento vermelho do banco duplo da cabine, enquanto o profissional afivelava todos os meios de segurança. Contrariando o objetivo dos mesmos, aquilo tudo só estava me deixando mais nervosa.

     Ouvi os ferros soarem agonizantes, enquanto nos locomovíamos um pouco. A roda girava pausadamente, enquanto o garoto que trajava uniformes do parque ajudava outras pessoas a se acomodarem. Em poucos minutos, já estávamos parados no ponto mais alto possível e a suposta diversão nem havia começado ainda. Eu não sabia exatamente quantos lugares ainda restavam disponíveis, mas rezei para que fossem preenchidos logo. Quanto mais rápido o sofrimento começasse, mais rápido acabaria.

      - Não olhe para baixo! – alertou Justin, quando ameacei fazê-lo.
      - O que foi agora? O parque está desmoronando abaixo de nós? – perguntei, irônica.
      - Não diga que não avisei...

      Suspirei, incapaz de desobedecê-lo. Fechei os olhos calmamente, relaxando, enquanto recostava a cabeça em seu ombro. Parecia que as coisas estavam finalmente mais tranquilas, mas era só aparência mesmo. O vento tocou meu rosto com a suavidade e eu voltei a abrir os olhos para apreciar o azul intenso diante de mim. Má deia.

       Involuntariamente, olhei para o vazio abaixo. Eu estava presa àquele suposto brinquedo ordinário, com altas chances de se desintegrar. Eu havia ouvido a estrutura ranger, quando nos movemos por um pouco tempo. Como alguém poderia me garantir que tudo ficaria bem e nenhum parafuso essencial se despregaria e em questão de segundos, o parque todo estaria em chamas, como num filme da série “Premonição”?

      O ultimo lugar fora preenchido e a roda começou a girar em velocidade constante. Eu já podia sentir uma leve vertigem misturando-se com o meu pânico. Agarrei Justin o mais forte que consegui e enfiei o rosto em sua camisa, na esperança de enganar a mim mesma, mentindo que eu não correra nenhum risco de vida.

     Ele riu, perto de mim. Por um segundo inteiro, cogitei a ideia de arrancá-lo dali e empurrá-lo para o vazio para ele finalmente entender a minha agonia. Porém, para fazer isso, eu teria que soltar o seu braço primeiro e parecia impossível. Meus músculos tinha feito o favor de congelarem envolvidos no corpo de meu namorado. Eu não desgrudaria dele, nem se quisesse e... Nem queria mesmo.

      Senti a respiração de Justin bater lentamente em meu rosto e por um segundo achei que pudesse relaxar, mas não consegui. Meu lábio começou a doer inexplicavelmente e, só então, notei que os estava mordendo com a maior força que podia. Meus dentes quase fazendo os lábios sangrarem.

      Tentei afastar a sensação de vazio no estômago, me concentrando em qualquer outra coisa, mas parecia impossível. Ao meu redor, só conseguia ouvir gritos e risadas incontroláveis. Aparentemente, eu era a única por ali que estava realmente sofrendo com tudo aquilo. A confusão ao meu redor só me deixou com um pouco mais de dor de cabeça.

      E, de repente, quando eu já estava prestes a enlouquecer, o movimento constante parou. Na realidade, eu ainda não tinha total certeza, já que me mantivera com os olhos bem fechados, sem a mínima coragem de abrir. Porém ainda havia a possibilidade de que eu conseguira me distrair e que minha mente estava me levando para um lugar mais seguro do que o que eu realmente estava.

       - Já acabou, princesa! – Justin pareceu sorrir, quase me confortando.
      
       Hesitei, antes de abrir os olhos, novamente. Com alivio, percebi que havíamos realmente parado. Tentei ignorar o fato de que estávamos a distantes metros do chão e fiquei repetindo mentalmente para mim mesma que finalmente havia acabado. E eu conseguira sobreviver.

      - Pensei que ficaríamos aqui para sempre... – sussurrei baixinho. Minha voz havia sido completamente sugada pelo desespero.
      - Deixa de ser dramática, vai...

      Dei de ombros para a afirmação do Justin, incapaz de continuar a falar. Parecia que todo o meu tremor anterior havia se concentrado na minha garganta. Assim, com calma, afrouxei lentamente meus braços dos de meu namorado, tentando não prejudicar sua circulação, embora muito provavelmente eu não fosse capaz de tanto.

     Demorou uma eternidade até que eu pudesse, afinal, encostar os pés no chão novamente. E, meu Deus, que sensação maravilhosa!

      - Então, preparada para ir a algum outro lugar muito melhor? – perguntou Justin, animado.
      - Que tal comer alguma coisa? – sugeri, cortando sua animação sem dó. – Aliás, se eu conseguir andar até algum lugar, porque minhas pernas ainda não pararam de tremer...
      - Quer que eu te carregue?
      - Não, não, não! – respondi de imediato. – Fique longe de mim, porque hoje você só me meteu em roubadas.
  
    Ele não pareceu dar o mínimo crédito as minhas palavras e continuou caminhando, consequentemente, me arrastando pela enorme extensão do parque, até chegarmos a uma das diversas barraquinhas de doces e salgados. Assim, nós pedimos qualquer coisa para beber e optamos por um cachorro quente.
        
    Felizmente, a metade do resto do passeio foi tranquila, ao menos para mim. Nós dois ficamos jogando aqueles jogos de prêmio e depois da décima quinta tentativa, Justin conseguiu um enorme urso de pelúcia para mim. Fiquei feliz por no mínimo cinco minutos, até ele usar o presente como uma forma de suborno para tentar me fazer entrar em uns três brinquedos com a palavra “morte” envolvida. O resultado não fora muito positivo.

     Aproveitei o maravilhoso tempo extra de qual dispunha sozinha para tirar fotos de coisas aleatórias, enquanto meu namorado se matava sozinho em algum lugar muito acima de mim, que estava completamente segura presa ao solo.       

      Já estava anoitecendo, quando Justin pareceu finalmente se aquietar. Assim, pude concluir que, apesar de muito pânico em certas horas, o dia fora agradável. Já estava quase me sentindo confiante o suficiente para pedir para voltar para casa, quando uma bomba foi despejada no meu colo.

      - Ei, faltou a montanha russa! – o rosto de Justin se iluminou, rapidamente.
     
      Surtei. Da forma mais rápida que consegui, dei um soco na cara de Justin, deixando-o caído no chão e saí correndo pelo parque, gritando. Eu podia claramente ver as pessoas me olhando como se eu fosse algum tipo de aberração ou como se estivesse pegando fogo. Sem me importar, sai dos limites do parque e me taquei no primeiro arbusto que vi. Tudo isso, mentalmente, claro!

       - Sério? – perguntei, tentando me focar no que acontecia diante de mim. – Tem certeza que já não está cansado?
       - Cansado? Claro que não! – respondeu, contrário ao que eu esperava. – É a parte mais divertida do parque. Nós não podemos ir embora sem dar uma passada rápida...

     Precisei resistir à vontade de dizer um “não”. Justin me olhava como uma pequena criança inocente diante do seu primeiro presente de Natal. De certa forma, dava para perceber que isso era exatamente o que estava acontecendo. Eu não estava diante de Justin Bieber, o “astro pop que trabalha dia e noite”, mas, sim, diante do meu namorado, a minha criança que é maior de idade. Me derreti por dentro.

     Em poucos minutos, nós estávamos na fila da montanha russa, que parecia mais assustadora ainda de perto. Ao meu lado, um jovem extremamente impaciente batia o pé no chão, com o maior sorriso do mundo no rosto, enquanto a fila andava devagar e as pessoas a nossa frente iam se acomodando nos vagões.

     Quando chegou a nossa vez e o monitor nos olhou sugestivamente para que nos dirigíssemos ao lugar vago seguinte, entrei em um pânico interno. As coisas não melhoraram, quando o enorme urso de pelúcia que eu apertava firmemente foi retirado de minhas mãos e substituído por uma pequena identificação para que eu pudesse pegar o objeto, ao final do percurso.

     - Não é demais? – Justin quase quicava no assento, enquanto duas garotas tentavam com dificuldade afivelar tudo o que me transmitia uma segurança claustrofóbica.  
     - É... – miei, lutando contra a secura na garganta.

     Gemi baixinho, quando uma voz ecoou pelas caixas de som e, de repente, o carrinho começou a se locomover em um ritmo devagar, enquanto continuávamos em linha reta. Bastaram apenas alguns segundos até que nos aproximássemos da primeira subida, que fez meu coração bater em um ritmo acelerado. Fechei os punhos com força, tentando me manter firme. Ou pelo menos, aparentar.

     A primeira descida foi traumática. O vento batia rápido contra o meu rosto, enquanto o decorado carrinho em que eu me encontrava parecia estar caindo para o além. Uma vibração contínua se deu em minha garganta, fazendo minhas cordas vocais doerem. Eu estava gritando. Descontrolada e fervorosamente, mas gritando.
   
     O percurso começou a ficar mais assustador. Nós passamos por diversas curvas, descidas e chegamos a ficar de cabeça para baixo em algum momento. Durante todo esse angustiante tempo, permaneci gritando incansavelmente, mas parecia que eu era a única. Além do meu berro desesperado, a única coisa que chegava aos meus ouvidos era o som do vento batendo contra a minha pele. Eu não tinha certeza, mas havia uma possibilidade de eu ter ficado surda. Surda de pavor.

      Repentinamente, nós paramos bruscamente. Se eu não tivesse grudada ao assento por todas aquelas cordas, fitas, fivelas e metais estranhos, eu teria voado a quilômetros e quilômetros devido ao efeito da parada inesperada. Mas não aconteceu, embora essa fosse a última coisa com a qual me preocupara.

      Quase não consegui identificar o que estava acontecendo ao meu redor. Meu corpo todo ainda parecia estar dopado pelo pavor. Havia alguém desafivelando todos aqueles aparatos que me mantinham presa ao carinho, enquanto risos de pessoas animadas se espalhava ao meu redor. Sobre todos esses, uma voz se destacava. Talvez por estar mais perto de mim ou porque meu subconsciente já ter memorizado o quão importante aquela melodia soava para mim:

     - Acho que ela entrou em estado de choque...
     - Não... – pronunciei com dificuldade. – Eu... Estou bem. 

     Aparentemente, eu não havia sido tão convincente, já que Justin tomara a iniciativa de me retirar dali, me pegando no colo como costumava fazer quando estávamos a sós. Ele me levava praticamente utilizando um só braço, enquanto carregava com o outro meu novo amigo peludo gigante. Podia sentir olhares sobre mim, mas não me importava. A única coisa que passava pela minha cabeça era que essa experiência aumentava em 80% o meu risco de ter ataques cardíacos bem antes do esperado.

    - Eu não deveria dizer isso, mas você é tão minha, quando está com medo!

    A voz de Justin sempre tivera um efeito tranquilizador em mim, mas não estava dando muito certo dessa. Talvez a teoria sobre o estado de choque fosse mais verdadeira do que eu pensava. Ainda assim, não era exatamente isso em que eu queria pensar, aliás, eu nem sabia se perder meu tempo com pensamentos aleatórios valeria à pena. Tentei apenas me confortar sobre o peitoral do meu namorado, enquanto segurava o choro de desespero. Montanhas russas parecem inocentes, mas não são.
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Capítulo 28, bebês!
  Enfim, eu estou postando logo hoje, porque não tenho certeza quando voltarei a postar. Hahaha, ok, calma! Não será tanto tempo, mas eu provavelmente não postarei nem amanhã, nem depois. É que as coisas estão meio corridas aqui. É passeio da escola, coreografias de trabalho, coreografias da dança fora da escola, apresentação de teatro, teste, testes, etc, etc...
   Resumindo, vou enlouquecer antes dos 16 '-' hahaha
  De qualquer maneira, espero que gostem do capítulo, lindas.

24 novembro 2012

3. You Make Me Love You - Capítulo 27


Impaciência



Belieber's POV


   
Havia fios e mais fios de cabelo jogados sobre o meu rosto, quando acordei pela manhã. Uma claridade fraca ultrapassava a janela, iluminando o quarto. Aquele não era exatamente o clima que eu esperava após a chuva e a ventania da noite passada, mas tudo parecia bem mais seco, embora nem tão ensolarado quando eu queria. Ainda dava para sentir um doce aroma de grama molhada, mas talvez fosse apenas impressão minha.

    Me levantei, enfrentando a preguiça e, observei rapidamente Justin jogado sobre a cama, completamente esparramado. Sua expressão estava vazia, o que me fez concluir que talvez ele não estivesse tendo nenhum sonho realmente intrigante. Ainda assim, continuava parecendo um anjinho dormindo. Dormindo.

     Mantendo a concentração para evitar me distrair com pequenos detalhes, caminhei lenta e calmamente para fora do quarto. Enquanto descia as escadas, me dirigindo ao primeiro andar, notei algo diferente sobre mim mesma. Me sentia incrivelmente mais otimista do que já estivera durante nem sei quanto tempo. Estava motivada o suficiente para levar a sensação a qualquer um que se aproximasse de mim hoje.

      Animada, corri até a cozinha. Vasculhei cada canto quadrado do cômodo, procurando tudo de melhor ali. Preenchi a bancada de alimentos deliciosos que eu particularmente teria um prazer enorme em devorá-los na hora, mas me controlei. Com cuidado, ajeitei tudo em uma bandeja retangular, enchendo, por fim, dois copos de suco e colocando-os sobre o recipiente também. Iria escrever algo em um pequeno bilhete, mas achei desnecessário. Aquilo já deveria bastar por si só.

     Com pressa, peguei a bandeja com firmeza, enquanto lutava para manter o equilíbrio, e corri para retornar ao quarto do meu namorado. Diminuir a velocidade, apenas quando já estava no último degrau. Além disso, precisei quase fazer um milagre para segurar tudo com uma mão só e conseguir assim abrir a porta.

     Justin ainda estava dormindo, tão perdido em si mesmo quanto possível. Tentando manter o silêncio, repousei o que segurava sobre a pequena mesa de cabeceira. Em seguida, me ajeitei novamente a seu lado na cama e fitei-o, tranquila. Lutando contra a pena que sentia ao tê-lo que acordá-lo, comecei a beijar seu rosto, suavemente. Só estava começando, quando um doce sorriso se esboçou em seus lábios.

     - Bom dia! – sussurrei.
     - Não precisa parar, não... – sussurrou baixinho, com uma pequena risadinha, no final.
     - Tarde demais! – cantarolei, antes de me afastar, sentando de novo.

     Justin tapou o rosto com o meu travesseiro, em seguida, como uma criança mimada. Ri, incapaz de permanecer indiferente ao seu lado mais infantil. Me rendendo a ele, agarrei firmemente o travesseiro, tentando tirá-lo das mãos fortes de meu namorado. Obviamente, não obtive tanto sucesso quanto esperava. Não importa o nível de força que eu usasse para tentar pegar o objeto macio, ainda assim, deveria parecer como nada.

     - Fraca! – berrou ele, praticamente se sufocando.
     - Ah, quer ficar se escondendo? Então, fique! – resmunguei, antes de ser atingida por uma excelente ideia. – É até melhor. Assim posso trocar de roupa aqui mesmo e...

     Antes que eu sequer terminasse de falar, o travesseiro já estava sobre o chão e Justin, sentado na cama. Seus olhos estavam arregalados e um sorriso muito safado se alojava em seu rosto. Ele parecia tão empolgado que demorou mais do que o necessário para perceber que eu ainda estava imóvel, ao seu lado, apenas o observando, com um ar inevitável de incredulidade.

     - E aí? – perguntou. – Já pode começar...
     - Ah, não... – soltei um falso suspiro. – Mudei de ideia! Eu estou bem com essa roupa mesmo!
     - É, isso eu não posso discordar! – constatou, claramente me analisando. Ou, em outras palavras, praticamente me devorando com os olhos.
     - Com quem você pensa que está falando, hein, Justin Drew Bieber? – indaguei, tentando parecer exaltada. – Repete o que você disse se é homem. Repete...
     - Eu disse que essa roupa te deixa mais gostosa do que já é, além de me dar vontade de te pegar. Feliz agora?
     - Primeiro, eu deveria te bater muito para ver se você aprende a ter um pouco de vergonha nessa cara. – chiei. – E, segundo, vai sonhando, garoto. Você precisa crescer muito ainda para ser homem o suficiente para me pegar, ok? Ok.
     - Hum... Está duvidando da minha capacidade? – suas sobrancelhas se arquearam, fazendo um arrepio repentino correr pela minha espinha.
     - O que você acha, hein? – continuei, tentando disfarçar ao máximo minha fraqueza.
     - Resposta errada.

     Eu já esperava que Justin estivesse se preparando para ser mau comigo, mas não àquele ponto. Ele pulou em cima de mim e, antes que eu tivesse ao menos chances de gritar, começou a fazer cócegas na minha barriga. Gritei. Nada me deixava mais vulnerável que isso. Meu corpo ficou completamente dormente, enquanto eu era brutalmente torturada. Que tipo de monstro faria tamanha maldade?

     - Para, Justin! – berrei. Minha voz estava sendo entrecortada pelo desespero.
     - Não mesmo! Você duvidou de mim. Agora, aguente as consequências! – falou, rindo da minha situação.
     - Não!
     - Bem... Quem sabe se você implorar... – dramatizou, aliviando um pouco as cócegas, mas sem realmente parar.
     - Ok, qualquer coisa. – concordei, sem fôlego. – Por favor, pare. Eu te imploro. Eu não quero morrer... Para!
   
     Senti um alívio infinito, quando ele finalmente me obedeceu. Porém, eu ainda não estava tão livre quanto imaginava, já que quando me dei o luxo de relaxar, Justin descansou o peso de seu corpo em mim. Teria reclamado se ele não estivesse me fitando, com uma expressão fofa, que amoleceu meu coração e fez com que eu esquecesse que estava completamente incapacitada de me mover.

      - Sabia que você é linda quando está desesperada? – perguntou, sorrindo.
      - E você? Sabia que fica lindo quando não está me maltratando ou abusando da minha pessoa? – provoquei, ressentida.
      - Isso significa que eu continuarei sendo feio, então.

      Estremeci internamente, enquanto ele sorria para mim. Aproveitei o momento e a proximidade para levar meus lábios aos dele. Eu não tinha segundas intenções quando tudo começou, mas sentir a respiração dele tocando meu rosto era uma tentação e eu jamais me perdoaria se resistisse a ela. Assim como eu, Justin também não hesitou nem um só minuto para aproveitar do clima que eu criara.

      Romântico e lento. Nós estávamos indo com calma, mas por dentro eu estava ansiosa. Queria aqueles lábios, aquela língua, aquele sabor e aquele perfume mais e mais. Eu poderia ter aquilo para sempre e nunca me cansar. Eu estava ficando possivelmente viciada e precisaria logo, logo visitar uma clínica de reabilitação ou algo do tipo, mas provavelmente o meu tratamento não seria tão bem sucedido. O beijo do Justin não era algo tão fácil assim de esquecer. Não havia sequer comparação entre ele e substâncias como drogas e álcool.

      Meu coração estalou alto, quando senti meu namorado morder meu lábio inferior. Esse pequeno e safado ato significava que o momento estava para acabar e, no meu dicionário mental, isso era uma coisa terrível. Suspirei, decepcionada, segundos depois que Justin realmente se afastou.
 
      - Não... – miei. – Volte!
      - Hum, está querendo mais, é? – ele me fitou com uma expressão extremamente pervertida. – Safadinha você, hein?   
      - Justin, se você parar de falar e me beijar, eu falo até que sou ninfomaníaca, pervertida e tarada. Só não me deixe com vontade, ok? – continuei, esfregando meu orgulho no chão, enquanto quase implorava.
      - Bom saber, mas, por hora, chega! – falou, endireitando-se ao meu lado. – Não quero me cansar...
       - Você está brincando, não é? – perguntei bem pausadamente, para que ele sentisse minha frustração.
       - Não. Estou apenas me vingando de todas as vezes que você fez o mesmo comigo. – falou, presunçoso. - Prove seu próprio veneno, princesa!
      - Você não tem ideia de quanto é mau, não é?
   
      Justin apenas riu, virando-se na cama para fitar o teto, distraído. Fiquei observando-o, enquanto ele permanecia imóvel, talvez pensativo. Quando ele finalmente desviou o foco do vazio, voltando a olhar para mim, eu congelei. Fechei os olhos, em uma tentativa tola de não ser mais vítima de suas maldades involuntárias. Ainda assim, minha concentração estava completamente direcionada a ele. Era engraçado analisá-lo de olhos fechados. Ouvir sua respiração calma e sentir as batidas de seu coração. Porém, quando tudo pareceu silencioso, estranhei e voltei a olhar o que estava diante de mim.

      Meu namorado ainda estava ao meu lado, tapando o nariz e com a boca fechada, aparentemente, tentando não respirar. Minha testa se franziu involuntariamente. Eu sabia. Aquela história da noite passada fora tudo invenção. A verdade é que ele realmente tem alguma super habilidade que o possibilita ler minha mente. Ou talvez, eu só seja muito previsível.

     - O que foi agora? – perguntei, impaciente.  
     - Estava só testando uma coisa... – informou.
     - O quê, por exemplo?
     - Você analisa minha respiração, quando fecha os olhos, não é? – ele riu, como se aquilo fosse uma grande idiotice.
     - Como você sabe dessas coisas? – tentei não berrar, enquanto era banhada por uma irritação repentina. Aquilo não poderia ser tão óbvio.
     - É engraçado. Você respira no mesmo ritmo que eu, quando faz isso...
     - Quer saber? Continue rindo de mim. Eu não preciso de você. Eu tenho comida!

    Fiz um biquinho, antes de pegar a bandeja, até então esquecida, em cima da mesa de cabeceira, colocando-a sobre meu colo. Ignorando por completo Justin, comecei a cortar um pequeno pão, enquanto decidia com o que rechearia o mesmo. Podia parecer infantil, mas, de certa forma, eu realmente estava com fome. Além de que, se ouvisse a risada do idiota ao meu lado novamente, seria bem provável que eu enfiasse a faca em seu pescoço.

     - Deixa de ser boba, (Seu Nome). – percebi que ele segurou o riso, antes de me beijar levemente minha bochecha. – Eu te amo, ok? E, caso queira saber, é bonitinho quando você faz isso. Parece que você me conhece mais do que eu mesmo.
     - Você só está dizendo isso, porque está com fome.
     - Isso é... Meio verdade! – suspirou.
     - Eu não fiz isso tudo para comer sozinha mesmo, então... Pegue o que quiser!

     Justin pegou o pão que eu estava prestes a levar a boca e deu uma mordida enorme. Olhei fixamente para a faca em minha mão e pensei. Pensei seriamente. Precisei respirar fundo para conseguir finalmente largá-la sobre a bandeja. Não valia a pena. Prisão me daria crises de claustrofobia.

     - Está chateada? – perguntou ele, após a segunda mordida no meu antigo alimento.
     - Ainda não. – suspirei, antes de levar o copo de suco à boca, receosa.
     - Olha, para acabar de vez com a sua chatice, eu tenho uma surpresa para você... – anunciou, animado. – Adivinha o que iremos fazer hoje?
     - Que tal dormir?
     - Não, sem-graça! – resmungou, fingindo decepção. – Nós vamos a um parque de diversões...
     - Você está maluco? – perguntei, indignada. – Justin, eu não vou em parque de diversões. São lugares em que você paga para morrer.
     - Como você é careta! Bom, nós vamos mesmo que eu tenha que te amarrar no carro. – ameaçou, sério.
     - Isso se você conseguir me pegar, não é?

     Larguei a bandeja em cima da cama, antes de sair do quarto, correndo o mais rápido que eu conseguia – o que já não era grande coisa mesmo. A porta do cômodo sequer tinha batido ainda, quando escutei um palavrão baixo e, então, percebi que ele não se renderia tão fácil. Assim, era óbvio que uma hora ou outra, eu iria ser pega. Sempre acontecia, mas eu iria adiar isso o quanto pudesse.

     Parques de diversões não são tão divertidos para mim, desde que eu era criança e tive uma má experiência após uma ida à montanha russa. Eu, com certeza, não gostaria de repetir isso na frente do Justin. Então, isso implicava que eu não desistiria sem luta. Até fingir um desmaio era uma opção, mas eu não entraria naquele carro. 
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Capítulo 27, amores :)
   Bem fraquinho, eu sei, mas próximos capítulos virão, então paciência hahah :)
   Mas vamos falar de um assunto IMPORTANTE!
   Vocês já estão sabendo que o vídeo "Baby" do nosso Justin não é mais o mais assistido da história. "Gangnam style" agora suporta isso título. Sabem o que isso significa? Que não deixaremos isso ficar assim! O BIEBERMANIA está disponibilizando um link, onde o vídeo fica repetindo e repetindo sem parar (assim como na época do recorde de "Beauty and a Beat"), então, gatinhas, vamos recuperar o nosso recorde? :)

(PS: A imagem do post é da love-whatisitgoodfor)

21 novembro 2012

3. You Make Me Love You - Capítulo 26



Imaginação


Belieber’s POV

   O caminho até a casa foi completamente silencioso. Mas Justin ainda desviava seus olhos da estrada, algumas vezes, para olhar para mim, com um leve sorriso nos lábios. Conclui, então, que ele já havia deixado passar a nossa última e estranha conversa. Assim, relaxei também, voltando a minha atenção para a chuva que ia ficando mais fraca aos poucos.

    O percurso de volta parece mais curto do que quando estávamos indo. Em razoáveis minutos, já estávamos novamente dentro da garagem da casa de Justin, desafivelando os cintos de segurança. Só então, quando finalmente entrei no aconchego do lar, percebi o quão cansada eu realmente me sentira. Não havia feito nada demais durante o dia, mas mentalmente eu estava esgotada.

    - Está tudo bem? – perguntou Justin, enquanto tirava a camisa molhada, logo após deixar a cesta do piquenique em cima do sofá.
    - Tirando o fato de que estou morrendo de sono, tudo ótimo! – afirmei.

    Não me dei ao trabalho de me livrar das roupas molhadas, apenas me joguei na poltrona, desconsiderando o fato de que nada daquilo me pertencia. Por fim, fechei os olhos, buscando o silêncio e qualquer sonho que pudesse prender meu sono. Estava começando a alcançar algum, quando minha concentração falhou. A sensação de que meu corpo flutuava me incomodou. Em primeiro lugar, cheguei a pensar que era apenas efeito do sono, mas conseguir me libertar da dormência mental e abri os olhos.

    Nós já estávamos no meio da escada que levava ao segundo andar. Justin me carregava no colo com a maior facilidade do mundo. O balanço de seu caminhar só fazia com que eu ficasse ainda mais sonolenta.

    Ia começar a chiar sobre quanto aquilo era desnecessário, mas não estava com paciência para falar no momento. Então, fechei os olhos e deixei que meu namorado me levasse para onde quisesse. Minha audição era a única coisa que me localizava. Ouvi o barulho da maçaneta da porta, passos de Justin embaixo de mim e depois um silêncio estranho e duradouro.

    Água.

    Pingos rápidos de água quente caíram sobre mim, de repente. Berrei, irritada e surpresa. Abri os olhos, me deparando com o banheiro de Justin. Mais particularmente, nós estávamos sobre o chuveiro ligado. Calculei o nível de possíveis danos que ocorreriam a mim caso eu espancasse o meu namorado agora mesmo. Aparentemente, não parecia nada tão insuportável.

    - Justin, qual é o seu problema?

    Enquanto despejava socos em seu peitoral, ele apenas ria da minha reação exagerada. Isso não ajudou nada na minha raiva. Mas quando Justin me pôs novamente de pé sobre o piso molhado do Box, tentei não fazer um escândalo maior do que causara antes. Ainda assim, o melhor olhar de reprovação e censura não foi diminuído.

     - Você sabe que quanto mais brava parecer, mais eu gostarei de fazer essas coisas com você, não é? – perguntou, sorrindo como uma criança travessa.
     - E você sabe que isso só faz me ter mais vontade de te estrangular até a morte? – provoquei, fingindo seriedade.
    
     O sorriso de Justin apenas aumentou no rosto, antes dele juntar suavemente nossas testas. Sua respiração se misturando com a minha aos poucos me dava vontade de suspirar. Nossas mãos dadas apertadas, enquanto seus olhos permaneciam fixos em meus lábios. Ao longo desses anos, aprendi que logo após isso, ele mexeria suavemente em uma mecha qualquer do meu cabelo, acariciaria minha bochecha e me beijaria fofa e carinhosamente, sendo todo meloso comigo. Gostava dessa sequência, mas gostava mais ainda de me vingar das brincadeiras idiotas do Justin.

    - Já pode sair do meu banheiro! – falei, interrompendo bruscamente o clima.
    - Ei, esse é o meu banheiro! – chiou, menos frustrado do que eu esperava.
    - Você me arrastou para cá porque quis. Agora, eu tomarei banho aqui, enquanto você procura outro lugar. – sorri, utilizando o maior nível de sarcasmo que consegui. – A propósito, quando sair, pega uma roupa para mim no meu quarto?

    A expressão de insatisfação do meu namorado foi evidente, o que só aumentou o prazer da minha provocação. Felizmente, ele não ousou tentar nada contra mim, apenas me lançou um olhar gélido, antes de se afastar, seguindo caminho até a porta do banheiro, enquanto deixava poças d’água por onde passava.

    Quando ele finalmente fechou a porta, provocando um ruído fraco, relaxei. Retirei aquelas roupas encharcadas e pesadas, pendurando-as na porta do Box, antes de tomar meu banho normalmente. Gastei parte do meu tempo lendo os rótulos dos produtos de Justin que estavam em uma prateleira. Não havia nada de muito incomum ali, mas era divertido o padrão dos shampoos que ele usava.

     Ao terminar, logo que desliguei o chuveiro, notei uma toalha e algumas peças de roupa presas ao gancho na parede. Até então, eu não tinha consciência de que meu namorado tinha entrado e saído do banheiro onde eu estava. Ele provavelmente fora realmente silencioso. Ou talvez rótulos de produtos para cabelo sejam mais interessantes e intrigantes do que aparentam.
     Me sequei com pressa e, em seguida, vesti o conjunto de peças íntimas. Estava concentrada em desembaraçar o cabelo molhado, quando notei o traje inapropriado que sobrara preso no gancho. Era simplesmente uma camisola muito, muito curta, de seda rosa e com um decote tão enorme que era mais prático dormir sem roupa. Eu sempre me certificava de nunca usar aquilo. Aliás, só o tinha por ser um presente idiota e bobo que Lucas me dera há bastante tempo. Eu deveria ter me lembrado disso, antes de pedir para Justin fazer algo por mim.

     Sem muitas opções, acabei vestindo aquele pedaço de pano mesmo, embora não fosse nada confortável. Tentei enganar minha vergonha por alguns segundos, me distraindo com alguma ocupação. Assim, juntei as roupas molhadas, dispostas a levá-las à lavanderia. E foi o que fiz, andando pela casa vazia e silenciosa.

    Ao retornar – sem ânimo para fazer qualquer outra coisa –, Justin ainda não estava no quarto. Me deitei na cama, assim mesmo. Eu não estava com tanta vontade de dormir, mas também não estava paciente o suficiente para ficar o esperando, já que não havia nada que eu pudesse fazer enquanto isso.

     Esperei algumas lembranças dançarem em minha cabeça, tentando achar algo que pudesse prender minha atenção por um longo tempo, até que eu acabasse dormindo sem sequer perceber, como era usual.
 
    “Epa, epa! Tem mais. Sabe que o concurso da direito a um acompanhante, não é? E como eu tenho uma Best linda que me ajudou na hora do vídeo, eu...”, Manuela falou, insinuando o que eu menos esperava.
   “Ah, não, Manuela! Esquece isso! Se lembra daquela vez que você inventou de me arrastar para o show desse menino e ROUBARAM MINHA CÂMERA! Você só me mete em roubada com esse negócio de ser... Bieberi?”
  “BELIEBER!”

    Belieber. Pessoa que é, de certa forma, completamente louca por Justin Drew Bieber. O ar que ele respira, o sorriso em seu rosto, as palavras que saem da sua boca, as atitude nem sempre tão racionais, tweets que definem o significado de fofura. Tudo isso é uma forma de recompensa para o amor incondicional de uma pessoa que se considera belieber. Eu não sei quando comecei a me encaixar nesse quadro, mas não me arrependo. Digamos que “esse negócio de ser bieberi” me faz um bem indescritível.

     A porta do quarto se abriu rapidamente e eu me ajeitei na cama, tentando parecer menos desligada da realidade. Assim que Justin entrou e me viu realmente vestindo o que ele escolhera, sua expressão se iluminou de imediato. No momento seguinte, eu já sabia que segundas, terceiras e até quartas intenções enchiam sua mentezinha facilmente influenciável.

     - Ficou melhor do que eu esperava! – afirmou, por fim.

     Agarrei um travesseiro com força, colocando-o sobre mim, em uma tentativa frustrada de cobrir meu corpo praticamente nu. Justin riu da minha reação, antes de sentar-se do outro lado da cama. Ele tirou a camisa e deitou-se a meu lado. Os seus braços se abriram convidativos e, por um instante, não havia qualquer tipo de maldade safada em seus olhos. Pelo contrário, parecia o olhar de uma doce criança pedindo colo.

     Me aconcheguei em seu abraço, sem conseguir resistir. Ele me segurou forte e escondeu o rosto por entre meus cabelos, aspirando o perfume dos mesmos. Me senti encoberta em uma nuvem de nostalgia. Não sabia que sentimento era esse exatamente, mas sempre que ele me abraçava, beijava ou simplesmente encostava em mim, sentia como se fosse a primeira vez. E, por algum estranho motivo, isso parecia tão distante atualmente.

     - Aconteceu alguma coisa? – perguntei, suspirando.
     - Não... – Justin não pareceu nem um pouco surpreso com a minha pergunta. – Mas e com você? Aconteceu alguma coisa?
     - Não que eu me lembre. – sorri, sem vontade.
    
     O silêncio se prolongou por pouco mais de um minuto.

    - Conversa comigo? – pediu, por fim.
    - Claro, mas... Por quê? E sobre o quê especificamente você quer conversar?
    - Eu não sei. Mas sinto falta de conversar com você à noite. Você costumava me contar coisas que eu não sabia...
    - Você fala como se, atualmente, ainda existisse algo que você não saiba sobre mim. – ri, acariciando suavemente seu rosto. – Mas sinta-se à vontade para me perguntar qualquer coisa que quiser!
    - O que está sentindo agora?

    Minha respiração falhou. Eu já havia esquecido o quão direto Justin podia ser, quando queria saber algo. Tentei me afastar da surpresa e voltar a respirar normalmente. Ele continuava me olhando, super seguro de si. Nem por uma fração de segundos, ele havia hesitado ou até mesmo pensando sobre o que perguntaria. Era fácil entender que havia uma preocupação exagerada camuflada em sua questão.

    - Eu não sei. – respondi, não conseguindo ser menos que sincera. – Felicidade por estar com você. Insegurança que me persegue frequentemente. E algo que ainda não tem nome, mas é a confusão que essas duas coisas provocam em mim ao mesmo tempo.
    - Eu já deveria supor... – ele selou seus lábios em minha testa antes de continuar. – Dá para ver, no modo como você sorri, cheia de dúvidas. Mas só ainda não entendi o motivo para tudo isso.
    - Você nunca passou por isso? Quero dizer... Em um dia, eu estou com você, um estágio lotado de fãs e, talvez, no dia seguinte, tudo isso suma em mais uma fumaça que sempre leva os meus sonhos para longe.
   
     Desejei não ter dito uma só palavra, logo após que elas saíram, mas já era tarde. A expressão de Justin permaneceu sem alterações, enquanto ele se endireitava ao meu lado, fitando o teto. Saber que ele estava imerso em pensamentos quase me fez ter medo de que ele pudesse começar a concluir que sou louca.

     - Vem! – quebrou o silêncio, levantando-se da cama. – Quero te mostrar uma coisa...

     Ia protestar, sem a mínima vontade de me levantar, mas isso não seria muito gentil. Então, embora sem vontade, me levantei, contornei a cama e fui para seu lado. Justin segurou firme minha mão e andamos pelo quarto até a janela mais próxima. Observei, enquanto ele afastava as cortinas e a abria. Um vento frio soprou em meu rosto de repente, me fazendo hesitar.

     - Feche os olhos! – pediu, sorrindo.
     - Você... Não vai me jogar daqui, né? – indaguei, com suspeitas não muito agradáveis. – Se você se frustrou com os meus problemas, saiba que foi você que perguntou, ou seja, não pode se livrar de mim assim.
     - Deixa de ser boba, (Seu Nome)! Eu não vou te jogar daqui. Confia em mim!

    Suspirei, buscando paciência para agir de forma gentil. Fechei os olhos devagar, permitindo que ele pudesse fazer o que bem entendesse. Senti suas mãos em minha cintura e precisei das mais alguns passos para frente, até bater no parapeito da janela. Meus músculos se enrijeceram por um pequeno momento, até que meu bom senso me alertou que Justin era uma das pessoas mais confiáveis que eu conhecia.

     - Agora, faça o que eu disser, ok? – sussurrou calmamente em meu ouvido.
     - E eu tenho escolha?
     - Na verdade, não. – sua risada tilintou suave em meus ouvidos. – Ok. Pense em todas as coisas boas na sua vida.

     Minha cabeça se encheu de um fluxo rápido de informações. Eu provavelmente imaginei tudo o que já me acontecera desde que eu passei a me entender por gente. O carinho extremo dos meus pais. A estrelinha que a professora grudou na minha testa no jardim de infância. A primeira vez que eu fui à praia. Tinta azul sobre minha mão após a primeira tentativa de um quadro. Lucas. O orgulhoso que meus pais demonstravam por mim. Chocolate no café da manhã. Minha primeira paixão platônica. Manuela. A risada dos meus amigos após um programa nem tão bem sucedido. Viagem à Nova York. Chaz. A “primeira vez”. O primeiro show. A primeira turnê. Fãs. Justin.

      Deixei escapar um pequeno e incontrolável sorriso, sabendo que estava sendo observada. Tentei me focar em uma lembrança só, mas eu não conseguia controlar nem a mim mesma. Eu não sabia que tipo de bruxaria o meu namorado estava fazendo, mas estava dando incrivelmente certo.

      - Você está pensando em mim? – perguntou ele, rindo.
      - Eu não sou obrigada a te dizer nada. – retruquei, perdendo a concentração.
      - Você que sabe... – pelo tom de voz, imaginei que Justin não estivesse mais sorrindo. – Posso continuar? Ainda está de olhos fechados, não é?  
      - Por enquanto, sim. Continue...
      - Ok. Agora vamos olhar o futuro. Visualize o local do seu próximo show... – pediu.

      A voz calma do garoto atrás de mim fazia com que fosse mais fácil imaginar tudo o que ele me pedia, tornando as imagens quase tangíveis no meu ponto de vista. Ao que parecia, eu estava indo bem. Até agora.
     
      Estava visualizando um estádio realmente enorme, que não se assemelhava com nada que eu já tivesse visto antes. Eu já me encontrava no palco, pronta para cantar, mas era só isso. Só eu, ali, sozinha. Não havia a usual multidão enlouquecida de fãs. Aliás, não havia nem um para contar a história. Gelei, sem reação. Aquilo não era exatamente o que eu esperava. Não podia acontecer.

     Meus olhos se fecharam com força, em uma tentativa frustrada de me ocultar a realidade, mas não adiantava. Apertei o punho, irritada por não conseguir obrigar a mim mesma a pensar em algo mais agradável. Que tipo de fraca incompetente eu era, hein?

      Um ruído baixo incomodou meus ouvidos, me fazendo estremecer. Permanecia parada, tentando pensar comigo mesma, enquanto o barulho crescia em minha cabeça. Aos poucos, tudo foi ficando mais claro. Nada passava de gritos roucos vindo de um lugar qualquer. E era o meu nome. Meu nome sendo dito de forma alta e subjetiva por o que parecia ser milhares de pessoas. Abri os olhos, quase involuntariamente e eles ainda estavam lá, como deveria ser. Fãs implorando para que eu, ao menos, acenasse uma vez. Mas algo no meio daquela gritaria não estava certo.

      Senti uma respiração perto da minha nuca e, de repente, o som sumiu. A multidão ainda estava lá, mas talvez no modo mudo. Detectei, por fim, sussurros inaudíveis perto de mim.

      Acordei para mim mesma.

      Eu ainda estava lá. Justin ainda estava atrás de mim. Minhas mãos se apertando bruscamente nos seus braços, que permaneciam em minha cintura. O vento se tornara ainda mais forte, balançando as cortinas de forma exagerada. Tentei me concentrar em qualquer detalhe banal, a fim de fugir de uma possível bronca.

     - Está tudo bem? – perguntou ele, novamente.
     - Por que não estaria? – respondi, indiferente.
    
      Justin me fez girar em seus braços, ficando cara a cara com ele. De imediato, me surpreendi. Ele ainda sorria inocentemente para mim, enquanto seus olhos pareciam mais confiantes do que preocupados. Pergunte-me se deveria então relaxar ou se ele apenas esperasse que eu abaixasse a guarda, antes de lançar acusações.

    - Então, eu me saí bem? – indaguei, juntando coragem.
    - Depende. Você entendeu o motivo disso tudo?
    - Eu não tenho certeza...
    - É simplesmente tão óbvio! – seus olhos arderam nos meus, me fazendo corar. – Eu só queria provar a você que é tudo coisa da sua cabeça. Você garante a si mesma que ninguém estará lá por você e se convence disso, mas... Eles estão. Eu estou. E estarei sempre, independente do que aconteça...

    Franzi a testa involuntariamente. Eu provavelmente já suspeitava de suas palavras, mas era difícil de acreditar, na prática. Embora não tivesse um motivo específico, eu estava sendo mais melancólica e pessimista do que jamais imaginara.

     - E como isso? Como você pode saber o que eu estou pensando? – continuei, procurando fazer as coisas adquirirem sentido.
     - Seja mais específica... – sua expressão pareceu confusa por um minuto, mas eu tinha quase certeza de que ele sabia exatamente sobre o que eu estava falando.
     - Como você consegue? Quero dizer... Você perguntou se eu estava pensando em você, quando eu estava e depois sussurrou meu nome no meu ouvido, como se soubesse que eu estava imaginando algo desagradável. Como? Isso é algum tipo de mutação genética ou algo parecido? Você não se contenta em ser perfeito no mundo humano e, então adquire uma habilidade sobrenatural?
    - Eu não tenho habilidades sobrenaturais, (Seu Nome)! – seu tom de voz questionava claramente meu nível de sanidade.
    - Então, explique-se! – mandei, sem me convencer.
    - Eu te conheço, princesa! – afirmou. – Posso seguramente dizer sempre que você está feliz, irritada, assustada, insegura, incomodada, enciumada. E, pelo modo que você tem se mostrado ao longo da semana, eu já imaginava que você não pensaria em algo bom, quando eu dissesse para olhar para o futuro. Você está insegura e é contra isso que eu estou tentando lutar nesses últimos dias. Eu quero te ver bem, sempre.
    - Isso é realmente você... – suspirei, antes de me focar no que realmente interessava. – Mas, ainda assim, não explica como você sabia que eu estava pensando em você, seu projeto de Edward Cullen.

    Justin revirou os olhos, incrédulo. Imaginei que ele provavelmente estava rindo de mim, por dentro. Mas me controlei para não acertar um soco em seu rosto. Ainda.

    - Para dizer a verdade, quando eu perguntei aquilo, não sabia se você estava pensando exatamente em mim, mas... Esperava que sim. Eu pedi para que você pensasse nas coisas boas da sua vida e, bom, como seu namorado, eu esperava ser considerada uma.

     Sorri, boba. Ele parecia um cachorrinho carente de amor diante de mim. De imediato, senti uma onda de culpa por ser tão dura com ele, quando nem sempre era necessário. A verdade era tão clara na minha frente, que poderia facilmente me dar uma tapa. Incontestavelmente, Justin sempre se importaria comigo e faria o que estivesse ao seu alcance para me deixar bem. E eu nunca seria capaz de recompensá-lo por isso.

       - Você é tão bobo! – miei, antes de abraçá-lo forte. – Eu sempre estarei pensando em você. E, não só quando me perguntarem sobre isso ou te mencionarem. Eu penso em você desde que acordo até... Eu não sei. Eu queria poder dizer “até a hora de dormir”, mas eu sempre espero sonhar com você, então não se encaixa. A verdade é que você está tão presente em mim que eu gostaria que isso me irritasse só um pouco, mas parece impossível. Você é meu de indeterminadas maneiras, mas meu!
       - Bom saber que você sabe disso...

       Precisei morder o lábio inferior para não chorar. Disfarcei meu lado emotiva ao extremo, com um meio sorriso, que não enganou Justin nem um por um segundo, mas pareceu satisfazê-lo. Assim, ele apenas segurou minha cintura com firmeza e depois levou a outra mão até a minha, começando a rodopiar comigo pelo quarto. Suas intenções de me fazer sorrir eram tão puras e sinceras, que ele nem ao menos se incomodou com as inúmeras pisadas que dei em seu pé. Era tão óbvio e certo de que eu jamais conseguiria sair da nuvem de poder que ele tinha sobre mim. E, sinceramente, eu poderia conviver plenamente com isso.

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Capítulo 26, princesas!
   Eu iria me desculpar, mas acho que vocês já estão cansadas disso, porque eu sempre me desculpo e não reparo a demora. Mas, saibam que as desculpas são sempre sinceras, ok? Eu realmente sinto muito por deixar vocês esperando, mas... Sou uma cara de pau, lerda e incompetente, 2bjs hahaha.
   Enfim, amoras, o importante é... Blog novo para animar a lista de IBs de vocês (hahaha). O link é esse aí embaixo. Sigam, persigam, comente e divulguem (porque... bom, eu sempre digo a mesma coisa, então vocês já devem saber. É importante mesmo hahah):


http://diario-de-uma-belieber.blogspot.com.br/
    

   Por fim, espero que tenham gostado do capítulo!
   Booa noite!