28 outubro 2012

3. You Make Me Love You - Capítulo 14



Frio



Belieber's POV


   
O barulho de vidro se quebrando ecoou pelo quarto, me fazendo acordar assustada. Um cheiro fortemente doce tomou o ambiente, enquanto eu notava Justin atrapalhado com cacos de vidro no chão e... Espera! O quê?

     Precisei de um segundo para me recompor, enquanto tentava entender se eu realmente estava vendo aquilo ou ainda era algum tipo de sonho maluco. E, feliz ou infelizmente, era tão real e tangível quanto os últimos dias. Assim, apenas aproveitei para continuar observando, enquanto meu namorado(?) continuava a arrumar a bagunça que havia feito, sem perceber que eu já havia acordado.

      - Bom dia! – falei, chamando sua atenção.
      - Ei, você acordou! – ele constatou o óbvio, parecendo meio inseguro.
      - O que aconteceu?
      - Eu não fiz nada! – respondeu, de imediato. – Ele caiu sozinho...
      - Sem problemas. Esse era só o meu perfume preferido, que você me deu há algum tempo! – suspirei.
      - Eu posso comprar outro...
      - Sei que pode!

       A expressão de Justin ficou mais preocupada e séria, enquanto ele, rapidamente, largava os cacos que recolhera em cima da mesa de cabeceira e vinha se sentar ao meu lado na cama. Eu não disse uma só palavra. Aliás, nem me movi, quando seu braço contornou o meu corpo e ele me abraçou de lado.

      - Eu te amo! – sussurrou no meu ouvido, me fazendo arrepiar.
      - Quando você chegou aqui? – ignorei sua declaração, sem disposição para discutir relacionamento.
      - Sei lá. Talvez às 13h... – pelo tom de voz dava para notar que ele não gostara da minha troca de assunto. – Eu não tinha nada para fazer e queria te ver, então Demetria me arranjou uma cópia da sua chave!
      - Nossa, que legal da parte dela! – ironizei. – Espera! Você disse que chegou aqui às 13h... Que horas são?
      - São 15h30... – informou, após olhar o relógio de pulso.
      - O quê? Ah, meu Deus!

      Pulei da cama, pelo outro lado – para não pisar em vidros ou líquidos cheirosos –, antes correr para achar uma roupa decente para usar.

      - O que foi? – perguntou Justin ainda sentando na cama, me observando.
      - Simples! Eu tenho um show essa noite, são quase quatro horas da tarde e eu ainda estava na cama a essa hora. Tem noção do que isso significa?
      - Quer ajuda?
      - Não! –berrei, antes de bater a porta do banheiro.

      Eu realmente não sabia qual era o meu problema. De uma maneira ou de outra, eu quase sempre acabava me enrolando em dias de show. E, como era de se esperar, dessa vez eu acordei tarde demais simplesmente por ter ficado a noite inteira acordada, pensando no Justin, igual uma idiota. O pior é que agora ele está aqui e... Nada.

      Apenas durante o meu banho, pude contar que me chamei de idiota umas 2.678 vezes. Afinal, será que era tão difícil assim falar a verdade? Algo como “eu te amo muito mais” ou “você não tem ideia de como sentir sua falta” serviriam muito bem, mas minha boca evitava dizê-las por um motivo que eu não conhecia.

       Só percebi que realmente estava começando a perder tempo embaixo d’água, quando comecei a cantarolar baixinho musiquinhas tristes da Adele. Fundo do poço é onde estou?

       Após desligar o chuveiro, quase como milagre, consegui me vestir, secar e pentear o cabelo e ainda arrumar a minha bagunça em tempo recorde. Assim, saí do banheiro, com mais pressa do que entrei. Parecia que tudo estava conspirando contra mim, principalmente o relógio que indicava que já passava das 16h30.

       Peguei, rapidamente, o meu celular em cima da mesa de cabeceira e disquei o número da Demi, esperando que ela não demorasse muito a atender, mas demorou. Tive que tentar pela terceira até conseguir.

      - (Seu Nome), onde você está? – perguntou, parecendo ofegante.
      - Hã... No hotel ainda! – respondi sem-graça. – E você?
      - Que tal “no lugar onde você deveria estar”? – falou, cheia de ironia. – (Seu Nome), tem um carro esperando por você, já faz bastante tempo na verdade, mas ainda deve estar aí na porta do hotel. Eu ia te esperar, mas rolou um mal-entendido e eu não pude esperar, ok? À propósito, não demora! Eu tenho que desligar agora. Beijos...

       Ela nem esperou a minha resposta, antes de encerrar a ligação.

       - Justin, eu estou indo agora... – informei, pegando a minha mochila jogada no chão.
       - Como assim “eu”? – perguntou, antes de parar de mexer nas minhas gavetas. – Não vai me chamar para ir com você? Não é por isso que estou aqui?
       - Claro! – suspirei – Vamos...

       Justin caminhou até mim, com pressa e, assim passei pela porta, ele segurou minha mão, me acompanhando pelo corredor. Tentei não demonstrar, mas aquilo estava me matando. Por algum estranho motivo, eu me sentia muito culpada. Em outras palavras, eu estava me sentindo exatamente como me sentia quando começamos a namorar: como se eu nunca fosse ser o suficiente para ele.

      Ainda assim, ele não soltou a minha mão até chegarmos ao carro, onde ele apenas passou o braço pela minha cintura, enquanto eu pedia desculpas ao motorista.

     Durante todo o longo percurso, permaneci intranquila, enquanto Justin não ousara se afastar nem um milímetro de mim. Parecia que o meu silêncio seguro começava a me sufocar, fazendo com que eu me sentisse extremamente fraca e previsível.

     - Justin... – sussurrei, com a voz trêmula de desespero.
     - O quê?
     - Desculpa...

      Felizmente, assim como eu esperava, ele não me respondeu, apenas pressionou o meu corpo para mais perto, enquanto eu deitava a minha cabeça em seu ombro.
 
      Odiava me sentir confusa. Parecia que quanto mais confusa eu ficava, mais magoava as pessoas ao meu redor. De uma forma ou de outra, nesses casos, alguém sempre saia perdendo por minha causa, obviamente. Argh, sou uma idiota!

       - Nós já chegamos! – informou Justin, ao perceber que eu não me movi, quando o carro estacionou.

       Assenti, antes de finalmente abrir a porta e sair, agradecendo ao motorista.
  
        Minutos depois, eu já estava no backstage, ficando surda com os gritos lá fora, enquanto corria feito louca para arrumar o meu figurino e maquiagem, ainda nervosa por saber que os olhos de Justin estavam sobre mim em tudo o que eu fazia. Não que isso fosse ruim. Eu gostava do jeito que ele olhava para mim. Era sempre o mesmo, não importava se eu estava  super produzida para um show ou descabelada por acabar de acordar. Era sempre o mesmo e isso me matava por dentro.

        - (Seu Nome), você já está pronta? – a voz de Demetria ecoou pela sala, quando ela entreabriu a porta.
        - Quase! – suspirei. – Já estou indo...
       
      Demetria fechou a porta, deixando-nos sozinhos novamente. Justin ainda estava largado no pequeno sofá, olhando para mim, quando finalmente tomei coragem para me dirigir diretamente a ele.

      - Então, eu estou bonita? – perguntei, sorrindo.
      - As estrelas teriam vergonha de aparecer hoje à noite se te vissem assim... – respondeu da forma mais doce possível, antes de se levantar.
      - Então, eu acho que já vou... Me deseja boa sorte?
      - Claro...

    Foram necessários apenas alguns segundos para que Justin me puxasse para perto e roubasse um beijo de me fazer delirar. Não era quente. Na verdade, pelo contrário, completamente doce e... Nostálgico. Não era bem essa palavra que eu usava para descrever momentos como esse, mas caiu perfeitamente bem nessa situação.

    Eu estava aproveitando cada segundo daquela amostra grátis do paraíso, quando senti a primeira lágrima começar a deslizar pelo meu rosto. Rapidamente, me afastei quase, sem querer, lançando-o no sofá novamente.

    - Melhor eu ir, né? – falei, secando o rosto com a ponta dos dedos para não borra a maquiagem, embora fosse à prova d’água.
    - Espera! Por que você está chorando? Foi tão ruim assim? – ele se aproximou, mais uma vez.
    - Justin, não é isso e você sabe... É complicado! Melhor conversarmos depois!
    - Ei, eu te...
    - Não diga isso! Não diga... – interrompi. – Eu também, mas... É melhor deixarmos para depois!

     Justin assentiu, antes de se dispor para me acompanhar até a entrada do palco. Isso não ajudou muito, mas era melhor do que discutir.

     Fiquei escutando os gritos do lado de fora por um minuto, enquanto ajustava o microfone, preparando-me para entrar. Já me sentia pronta, quando Justin apertou minha mão forte e depois soltou, sorrindo. E foi nesse momento que eu percebi que já não dava mais, mas ignorei minhas conclusões e segui para a confortável gritaria.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Capítulo 14 ~purpurina~
Hahahahaha, então, é isso, girls!
Espero que gostem e eu não posso falar muito hoje, porque eu tenho que sair daqui :c
Enfim, boa noite!

(A imagem do post é da Corinna)  

27 outubro 2012

3. You Make Me Love You - Capítulo 13


Dois lados


Belieber's POV

  
As coisas pareciam que só ficavam mais exaustivas e complicadas para mim a cada dia. Como se não bastasse o meu psicológico estar uma bagunça, agora o meu estado físico já não era dos melhores. Mas não havia nada que eu pudesse fazer, já que passara as últimas duas horas ensaiando cada passo errado de cada coreografia das músicas mais animadas do show. Isso tudo após uma péssima noite, dominada pela insônia.

     Felizmente, o dia já estava acabando e eu voltando para o pequeno espaço em que eu poderia ficar sozinha. Mas isso não me deixava mais tranquila. Na verdade, tinha o efeito contrário, já que, pelo menos, ensaiando, caindo e me enrolando – como se aquelas músicas e passos nem fossem meus –, eu tinha a mente ocupada e evitava certos pensamentos desnecessários.

    - (Seu Nome)...

    Meu nome ecoou pelo corredor e eu gelei. Conhecia essa voz e dessa vez não havia dúvidas. Era ele.

    Corri os olhos pelo corredor e, a poucos passos de mim, encostado à parede, próximo à porta do meu quarto, estava Cody. De imediato, me senti uma idiota cega por não tê-lo visto antes, por estar ocupada demais com meus dramas e discussões internas. Mas, aparentemente, agora era tarde. Eu não tinha para onde fugir.

   - Será que poderíamos conversar? – falou, fitando-me de forma insegura.
   - Agora? – suspirei.
   - É importante!
   - Eu estou cansada... – argumentei, persistente.
   - Por favor...

   Eu estava provavelmente enlouquecendo ou ele estava mesmo praticamente implorando?

    - Fala! – pedi, por fim.
    - Agora?
    - É. Você não falou que era importante?
    - É, mas... Você não vai me convidar para entrar?
    - Eu acho melhor nós ficarmos aqui mesmo, Cody!

    O loiro não respondeu, apenas continuou olhando para mim e eu quase pude sentir que ele não acreditava no que estava ouvindo. De qualquer maneira, eu não me sentia culpada por ter dito nada, já que não passara de verdades. Eu realmente não queria provocar mais confusões, como a do dia anterior.

     - É sério que você não vai mais confiar em mim? – indagou o garoto.
     - Cody, nós nos conhecemos há, sei lá, três dias! – comecei, estranhando. – Não temos uma relação tão grande assim de confiança.
     - Mas antes, pelo menos, eu podia ficar no mesmo cômodo que você...
     - É, mas isso foi antes de você tentar me atacar! – acusei, perdendo o ar paciente.
     - O quê? – perguntou, perplexo. - (Seu Nome), eu nunca te ataquei, ok? Admito, eu tentei, sim, te beijar, mas eu não forcei nada. Eu não me aproveitei de você... Jamais faria isso! 
     - Eu não estou falando sobre isso... Você me atacou com palavras, Cody! – afirmei, respirando fundo. – Você realmente acha que eu gostei de ouvir o que você disse? Sinceramente, eu acho que estaria tudo bem, se você apenas tivesse tentando me beijar, mas... Por que, afinal, você tinha que falar aquilo sobre o Justin, hein? Quero dizer... Ele é seu amigo, não é?
     - Claro que é! – falou mais rápido do que conseguia. – Eu não quis dizer aquilo, eu... Eu me enrolei nas palavras. Quero dizer... Eu realmente não sabia que vocês ainda estavam namorando. Se eu soubesse, eu jamais faria aquilo... Foi por esse motivo que eu disse tudo aquilo, ok? Fiquei sem graça por ter feito tamanha besteira, mas eu nunca desrespeitaria você ou o Justin dessa maneira. Eu só... O que eu quis dizer, na verdade, é que qualquer garoto que esteja ao seu lado será um cara de muita sorte... Sério.
    
     Respirei fundo, sem saber o que fazer. Definitivamente, não era o que eu esperava ouvir e isso era definitivamente pior. Meninos fofos, realmente, às vezes, só serviam para bagunçar tudo completamente.

      - Obrigada por dizer essas coisas! – sorri, sem jeito e quase envergonhada por tentar ignorá-lo, segundos atrás. – Você sabe que eu gosto muito de você, não é? Eu fiquei com raiva, mas foi momentânea. De qualquer forma, isso significa que continuamos amigos, não é?
      - É tudo o que mais quero! Você não sabe como isso é um alívio para mim. Achei que fosse mesmo perder sua amizade em tão pouco tempo...
      - Pode ficar tranquilo, você não corre esse risco!

      Eu mal pude terminar de falar e Cody me abraçou forte. Não consegui evitar ficar tensa, no início. Embora soubesse que ele não faria nada demais, meu corpo reagiu de forma instantânea, para que eu permanecesse alerta o suficiente para detectar e evitar qualquer ato suspeito.

      - Bom, é melhor eu entrar agora... – suspirei. – O dia hoje foi trabalhoso e, amanhã será pior.
      - Acredito que sim! – o loiro riu, antes de se afastar. – Boa noite! Dorme bem...

      Assim, selei levemente meus lábios em sua bochecha por um curto minuto, antes de sorrir e entrar no meu quarto, enquanto Cody seguia seu caminho até o elevador.         

      Logo que fechei a porta atrás de mim, desabei no chão, me sentindo mais leve quanto era possível. Era realmente bom saber que, pelo menos, uma coisa já estava resolvida, afinal, eu odiava ficar chateada com as pessoas, de uma forma geral. E, na maioria das vezes, não conseguia evitar a sensação de culpa, mesmo que esta fosse só coisa da minha cabeça.

      Já estava até cogitando a ideia de dormir ali no chão mesmo, por pura preguiça de me levantar, quando senti algo vibrar no meu bolso. Estava completamente disposta a ignorar até que parasse, mas depois da quinta vez, me senti obrigada a pegar o meu celular e descobrir o motivo daquele desespero todo. Quase me arrependi, quando vi o nome “dele” na pequena tela.

    Meu coração definitivamente parou dentro do peito, fazendo esforço para explodir. Eu estava me sentindo como uma garotinha quando vai falar com a sua primeira paixão pela primeira vez. Em outras palavras, eu não conseguia parar de tremer, antes de finalmente atender.

    - Justin? – sussurrei, com dificuldade.

     Ele não respondeu nada, embora desse para ouvir a respiração dele do outro lado. Era só o que me faltava agora. Ele me ligou para me torturar!

     - Justin? – repeti.
     - Hã... (Seu Nome)... Tudo bem?
    
     Justin parecia se esforçar para fazer as palavras saírem, o que me fez pensar que ele estava inseguro demais sobre o que iria dizia. Além disso – eu não sabia se era verdade ou apenas algo em que eu queria acreditar –, deduzi que ele sabia que eu estava precisando dele e se sentia mal por isso.

      - Eu não sei! – respondi, sincera. – E você? Está bem?
      - Não...
      - Por minha causa?
      - Talvez! – a respiração dele se desregulou por um segundo. – Mas eu... Devo chegar aí amanhã! Você ainda está no hotel, onde disse que estaria?
      - É... Eu só vou sair daqui depois de amanhã! – expliquei. – Então, você vem mesmo?
      - Com certeza! – suspirou.
      - Ótimo! – falei, sem ter exatamente certeza disso. – Estou te esperando!
      - Acho que até amanhã!

      Antes que ele terminasse a última palavra, me desesperei. Aquilo soava como uma despedida e Justin não costumava encerrar uma ligação comigo assim. Talvez as coisas estivessem mais confusas do que eu pensava.

      - Justin... – chamei, antes que ele desligasse.
      - O quê?

      “Sinto sua falta!”, pensei comigo mesma.

       - Nada!
       - Eu sei. Eu também...

       E então a ligação foi encerrada, junto com os meus sentidos, que pareciam terem enlouquecido.

       Eu nem sabia se aquela conversa tinha sido boa ou ruim, se ele estava tão chateado como parecia e se eu sobreviveria até amanhã. Mas, ainda assim, havia uma pitada satisfatória de felicidade em mim, apenas por agora estar ciente de que ele sabia. Sim, ele sabia que não estava sendo fácil para mim também. Sabia que eu era complexa demais para me adaptar as coisas que eu não concordava. Mas, principalmente, sabia que eu precisava dele e isso era mais do que suficiente.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Capítulo 13...
 Hahaha, nem um pouco atrasado, né, gatinhas? hahah Desculpem! Na verdade, eu nem deveria estar aqui, mas estou porque achei que já estava enrolando demais para postar, mas AQUI ESTOU e isso que importa! :)
  E olhem que notícia feliz: Minhas notas nas provas forem muito bem,obrigada kk O que significa que eu acho que vou poder voltar a postar todos os dias. Fiquem todas felizes :)
  Enfim, espero que gostem, princesas :)

(A imagem do capítulo é da Sasha)

14 outubro 2012

3. You Make Me Love You - Capítulo 12


Só um beijo



Belieber's POV


   
Depois da minha terrível experiência durante o sonho, resolvi sair da cama o mais rápido possível e me dirigi para o banheiro, pronta a tomar um banho que me tirasse o sono para sempre. Ou quase isso...

     Foi uma das poucas vezes em que tentei não pensar em nada ou cantar, enquanto a água caia sobre mim. Só queria mesmo que toda aquela pressão e negatividade que eu estava carregando escorressem pelo ralo também. Queria me sentir “eu” de novo e pronta para me concentrar no que realmente importava: fãs, sorrisos e shows.

     Saí do chuveiro, após pouco tempo. Vesti uma das roupas que eu mais gostava e, não me preocupei em passar qualquer tipo de maquiagem, como tinha me acostumado a fazer sempre.

     Precisei de apenas um minuto para perceber que não podia, nem queria passar mais tempo no meu quarto. Além do que, já era tarde e eu estava começando a ficar com fome. Assim, peguei meu celular em cima da cama, enfiei-o no bolso e saí porta a fora.

     Eu estava caminhando, distraída, até o elevador. Talvez a minha distração se devesse ao fato de que eu estava quase rezando para não encontrar nenhum loiro no caminho até o restaurante ou mesmo lá.

      - Oi! – falaram no meu ouvido, enquanto eu estava parada, esperando o elevador chegar ao meu andar.

     Por um segundo, gelei. E precisei de mais um tempinho para que minha mente devagar notasse que aquela era uma voz feminina, então eu não tinha que ter maiores preocupações. Assim, virei-me para o lado para que meus olhos encontrassem Demetria, animada, com um sorriso que não cabia no rosto, como era usual.

     - Oi! – sorri, aliviada. – Onde está indo?
     - Eu estava indo jantar. Aliás, iria te chamar, mas achei que estivesse... Cansada! – ela se demorou nas palavras, como se mudasse de ideia sobre o que iria falar.
     - Eu estou ótima! – menti. – E, agora que estou aqui, isso significa que vamos juntas?
    
     Demetria riu, enquanto entrávamos no elevador, que havia chegado. Nós ficamos em silêncio por um longo tempo até chegarmos ao restaurante. Tentei não fingir que isso me incomodava, mas eu sabia que ela me conhecia o suficiente para reconhecer que algo estava errado e mais cedo ou mais tarde eu teria que responder perguntas.

     Logo que escolhemos uma mesa no restaurante, sentamos e fizemos o nosso pedido, o seguro silêncio acabou. Demi me olhou por um longo minuto, antes de fitando o enfeite da mesa, perguntar:

     - Então... Você vai me contar ou não?
     - O quê? – indaguei, me fazendo de desentendida.
     - Ah, (Seu Nome), por favor... Não venha com essa para mim! – falou, convencida. - Você sabe muito bem do que estou falando. Você está estranha desde ontem. Me diz, o que aconteceu?
     - Se eu falar, você não vai acreditar...
     - Tente!
     - É... O Justin! – suspirei.
     - Ai, meu Deus! É sempre ele, não é? – Demetria revirou os olhos, como se já esperasse.
 
      Logo que me prontifiquei para responder, o garçom chegou trazendo nossos pratos. Ia começar a comer, quando notei que Demetria nem se mexera, ainda esperando a minha resposta.

      - É. E, eu nem sei por que isso, mas... Parece que sempre que nos afastamos, damos um jeito de brigar ou discutir. Odeio isso, mas é inevitável!
      - Eu percebi! – falou, após sua primeira garfada no prato. – Acho que desde que eu te conheci, vocês brigam com a mesma frequência que viajam... Parecem aqueles casais clichês de filmes que se odeiam, mas não conseguem ficar separados!
      - É, mas o nosso caso não é assim. A gente não se odeia, exceto quando estamos separados. Ou sei lá... Esse garoto me enlouquece, entende? Eu queria estar perto dele, mas, de repente, ele fica com ciúmes e diz umas coisas sem cabimento e... Eu não sei como, isso só me dá mais vontade de estar perto dele! Que pessoa mais idiota...
      - E é por ele ser idiota assim, que você está sorrindo ao falar dele? – falou, feliz por me provocar.
      - Eu não estou sor...

      Me interrompi, quando notei que realmente estava sorrindo e, o pior, não conseguia parar. Pois é, até quando eu estava ou deveria estar com raiva, ele me deixava desse jeito. Como eu disse, Justin é um grande idiota!

      Assim, aproveitei a deixa para permanecer em silêncio e apreciar minha refeição, embora Demi ainda me olhasse como se tivesse conseguido provar algo para mim mesma. Nesses momentos, não conseguia evitar compará-la com Manuela, que faria exatamente a mesma coisa numa situação como essa. A diferença é que, na época em que eu via Manu todo dia, as coisas pareciam infinitamente mais fáceis, mesmo que não fossem.

       Quando já estava acabando, senti a fome acabar em mim. Eu nem sabia se estava, de fato, satisfeita, mas comecei a fazer conclusões que me deixavam sem vontade de qualquer coisa. Ainda assim, mantive os olhos no prato, tendo total consciência que, à minha frente, Demetria me fitava, inquieta. Tão previsível...  

       - Algo errado? – perguntou.
       - Não. – menti, novamente. – Só estou pensando...
       - Em outras palavras, tudo está errado, não é? – deduziu, sorrindo de forma paciente. – No que está pensando?
       - Eu... Estou tendo sonhos e certos pensamentos já faz um tempo. Eu não gosto disso, mas acho que terei que fazer escolhas, em breve. Você sabe que eu não gosto disso...
      - Que tipos de escolha?
      - Eu não sei. Vai parecer bobo se eu falar e, de qualquer modo, não vai fazer diferença. Acho que essa é uma daquelas coisas que eu terei que fazer sozinha... – suspirei, começando a me sentir uma fraca boba, como sempre. – Demi, você se importa se eu for para o meu quarto agora?
       - Não, sem problemas! Quer que eu vá com você?
       - Claro que não! – sorri, me levantando. – Eu estou bem, só quero pensar um pouco! E, além disso, sei que está ansiosa pela sobremesa. Aproveite!

       Ela sorriu, enquanto eu me afastava. Caminhei pelo hotel até chegar ao elevador, onde uma doce senhora pediu para que eu autografasse um lenço, que ela daria para sua neta, “uma grande fã minha”. Esse pequeno detalhe foi o auge do meu dia. Eu gostava quando pessoas mais velhas vinham pedir coisas, embora imagino que seria melhor se seus filhos, netos ou amigos pudessem falar comigo, pessoalmente.  
  
       A senhora parou no quarto andar, enquanto eu continuei no elevador, até chegar ao último. E, assim que sai deste, quase corri até o meu quarto, imaginando que alguém viria me chamar para falar do próximo show. Eu definitivamente não estava tão bem quando desejava para discutir sobre trabalho agora.

      Assim que entrei no quarto, sentei na cama, liguei a televisão e peguei um caderno que deixara na última gaveta. Eu apenas queria um ruído de fundo, para começar a escrever uma música super melancólica, para, por uma questão de minutos, sentir que eu estava expressando esse sentimento sem nome que me inundava há um bom tempo.

      Estava apenas no quarto verso, quando ouvi baterem na porta. Com certeza, era Demetria, desesperada por minha causa.

       - Entra! – berrei, colocando o caderno de volta em seu lugar.
    
       A porta do quarto se abriu e me assustei. A minha dedução estava completamente errada. Não era Demetria, mas, sim o garoto loiro e sedutor do andar de baixo. Que maravilha! Era tudo o que me faltava mesmo...

      - Oi! Tudo bem? – falou Cody, fechando a porta.
      - Claro, por que não estaria? – sorri, me endireitando na cama.
      - Nada demais! É que você parecia bem cansada ontem, dormiu no carro... – ele riu, sentando-se na cama, calmamente. – Por isso não vim te perturbar mais cedo. Mas já se sente melhor agora?
      - Estou renovada! – ri também, enquanto com o controle remoto passeava pelos canais da televisão.
      - Bom saber...

      Cody se ajeitou ao meu lado, sorrindo. Eu não estava tão confortável assim com aquela proximidade, mas agi normalmente, afinal, ele não tinha pouco e nem precisava saber que eu estava enlouquecendo nos últimos dias.

     - O que é isso? – perguntou, olhando para a televisão com a cara fechada, sem entender.
     - Sei lá... – admiti, rindo. – Acho que é algum outro filme. Eu não estava prestando atenção, só assistindo as imagens e posso deduzir que tem romance e drama.
     - E devo supor que você gosta desses gêneros, não é?
     - Eu gosto de muitas coisas!
     - E eu gosto de você... – Cody sussurrou, mas provavelmente as palavras saíram mais alto do que gostaria.
     - Você o quê? – me exaltei involuntariamente, enquanto o fitava espantada.
     - Nada! – corrigiu-se rápido. – Eu só...
    
      Houve um silêncio no quarto. Seus olhos focalizaram nos meus e, por um instante, ele pareceu tão assustado quanto eu. Já ia começar a pensar que aquilo fora só um lapso e que ele realmente não queria dizer essas palavras, quando suas mãos tocaram minha bochecha. Cody afastou suavemente uma mecha do meu cabelo, antes de se endireitar na cama, aproximando seu rosto do meu. Os olhos do loiro se desviaram para minha boca por um longo minuto.

       Eu sabia o que aconteceria em seguida e, não sabia por que ainda não tinha feito nada. Podia sentir minha respiração se misturar com a dele. À medida que o espaço entre nós sumia, meus olhos se fecharam, lentamente. Era estranho poder sentir como o desejo dele pelos meus lábios era algo tão óbvio, mas eu não me importava. Aliás, ultimamente, eu não estava me importando.

        Abri os olhos, rapidamente. Meu dedo indicador estava sobre os lábios dele, mantendo-os longe de mim, embora nós dois já estivéssemos mais próximos do que deveríamos. Cody pareceu confuso com a minha reação, mas eu não estava. Agora mais do que nunca, sabia o que estava fazendo.

        - O que foi? – perguntou o loiro, camuflando uma pontinha de decepção.
        - Eu que pergunto: o que estávamos fazendo? – sorri, apenas para quebrar o clima chato.
        - Bom, eu ia te beijar, mas o que você fez? Eu não sei... – aparentemente, a minha tentativa não teve efeito.
        - Sério? Mas nós nos conhecemos há muito pouco tempo. – suspirei, endireitando minha posição na cama para me afastar dele.
        - (Seu Nome), é só um beijo. Eu não estou de pedindo em casamento. Qual o problema?
        - O problema, Cody, é que eu tenho namorado! – afirmei, por fim.
       
        Houve um pequeno silêncio, enquanto ele parecia analisar minhas palavras. Eu não sabia, de fato, como ele reagiria, mas, com certeza, não foi bem como eu esperava.

        - Namorado? Você está falando do Justin? Sério?
        - Sim. Por quê? Algum problema?
       - Nenhum. Eu só... Não sabia que você ainda estava com ele! – houve uma ênfase clara no “ainda”. – Quero dizer... Ele é um cara legal, mas acha mesmo que ele é bom o bastante para você?
   
       Arqueei as sobrancelhas, perplexa. Eu não podia acreditar que ele realmente tinha acabado de dizer isso. Provavelmente, eu estava usando de todo o meu autocontrole para não socar bem forte a cara daquele garoto. Afinal, ele estava falando do meu namorado e, por mais que eu esteja irritada, só eu posso xingar ou difamar esse retardado.

       - Espera! – falou o loiro, quando percebeu minha expressão nem um pouco feliz. – Eu não quis dizer isso. É só que...
       - Cody, eu realmente não quero conversar com você sobre isso agora, ok? – respirei fundo. – Só vá embora. Está tarde!
       - (Seu Nome), eu não deveria ter falado aquilo. Não quis te chate...
       - Cody, apenas vá! – o interrompi. – Eu não estou chateada. Só quero ficar sozinha! Não pode fazer isso por mim?

      O loiro não pareceu se convencer, mas assentiu, levantando-se da cama. Ele caminhou até a porta, onde só então se virou para mim, novamente.

     - Boa noite!

     Não respondi. Apenas esperei alguns segundos, até que ele realmente saísse, fechando a porta. Eu mal conseguia pensar direito, mas sabia que se ele ficasse no meu quarto por mais um segundo, arrancaria a televisão da parede e tacaria na cabeça dele.

    Bom, não é que eu não goste de Cody. Ele é fofo e eu realmente não ficaria assim se ele apenas tivesse tentando me beijar, mas não. Ele tinha que ter falado aquilo e feito com que eu me sentisse a pior namorada do mundo, por simplesmente estar fazendo um “amigo” do Justin falar mal dele por minha culpa. Que ótimo!

     Mas, ainda assim, havia mais uma coisa com que me preocupar, algo que era mais importante que tudo. O pensamento distante que ecoara em minha cabeça e me impedira de encostar meus lábios no do loiro. Fazia muito tempo desde aquela lembrança, mas quando passou pela minha mente, senti como se tivesse acontecido ontem.

   
- Então... – Justin respirou fundo, fechou os olhos e suspirou, antes de continuar. – Todas as coisas que eu citei até agora... Elas descrevem exatamente como eu me sinto desde que você chegou. E, eu tenho consciência de que prometi que “não teríamos nada sério”, mas isso é impossível, quando se trata de você. (Seu Nome), você não é o tipo de garota para ficar e esquecer. Você é do tipo que... Que me faria o cara mais feliz do mundo, se aceitasse ser minha... Eu sei que, teoricamente, não é possível uma pessoa se apaixonar por outra, em tão “pouco” tempo, mas, é sim! É sim, quando essa “outra pessoa” é, simplesmente, a garota mais perfeita do mundo, para mim! Eu te amo, (Seu Nome)... Você quer namorar comigo?”

     O modo como eu disse “não” para ele, naquela noite, até hoje me assombra como a maior besteira que eu poderia ter feito na vida. E eu não queria repetir isso. Não queria mais errar com ele, nem ter que lhe negar alguma coisa. Eu tinha que parar com essa atitude, mesmo que para isso eu precisasse fazer o que me apavorava só de pensar. De qualquer modo, era uma opção e eu não podia simplesmente descartá-la.

     Ai, Justin, se você soubesse como eu preciso de você agora...
   

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Awn, como prometido, capítulo 12 postado!
   Então, gatinhas, eu serei breve aqui, porque eu nem deveria mais estar no computador (haha). É o seguinte, essa semana agora começam minhas provas "trimestrais" (-Nossa, agora? Em outubro? Sim, lembram que meu colégio estava em greve?Então...) e, de boa, eu as vezes, posto uma vez ou outra na semana de provas, mas dessa vez, eu acho dificil, amores. A matéria é tensa e está bastaste acumulada. Então, o que é melhor: eu ficar essa semana sem postar e estudar para ficar com notas boas ou ficar de recuperação e consequentemente de castigo e não pode postar por tempo indeterminado? Enfim, eu espero que vocês entendam! A semana vai passar rápido, ok? Eu devo voltar a postar no sábado, mas no domingo e na segunda não terão posts, porque na segunda, é minha última prova, a mais tensa. Então, eu estarei estudando no domingo e, na segunda, ESCREVENDO PARA COMPENSAR MUUUUITO VOCÊS HAHA

Paciência e me desejem sorte! (:

Amo vocês!

(A imagem do capítulo é da Fanny)